sábado, fevereiro 28, 2004
IRONIAS
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1) Em uma das várias entrevistas que deu antes do carnaval, o bicheiro Carlos Cachoeira definiu suas conversas com Waldomiro Diniz como "encontros normais entre um empresário e um homem público". Donde um ministro de destacada atuação no caso não resistiu: "É a Parceria Público-Privada em execução", ironizou, numa afiada referência ao PPP do Planalto em tramitação no Congresso.
2) Logo nos primeiro dias do escândalo, quando o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), apenas inaugurava sua personalíssima performance na gestão da crise, dizendo-se contra a CPI porque não fazia sentido "investigar o passado", o presidente do PSDB, José Serra, calado estava, e calado deixou de ficar por instantes, apenas para fazer um comentário: "É extraordinária essa proposta de Mercadante de, a partir de agora, só se investigar o futuro."
1) Em uma das várias entrevistas que deu antes do carnaval, o bicheiro Carlos Cachoeira definiu suas conversas com Waldomiro Diniz como "encontros normais entre um empresário e um homem público". Donde um ministro de destacada atuação no caso não resistiu: "É a Parceria Público-Privada em execução", ironizou, numa afiada referência ao PPP do Planalto em tramitação no Congresso.
2) Logo nos primeiro dias do escândalo, quando o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), apenas inaugurava sua personalíssima performance na gestão da crise, dizendo-se contra a CPI porque não fazia sentido "investigar o passado", o presidente do PSDB, José Serra, calado estava, e calado deixou de ficar por instantes, apenas para fazer um comentário: "É extraordinária essa proposta de Mercadante de, a partir de agora, só se investigar o futuro."
SEREMOS UM NARCO-ESTADO ?
Sobre o governo Lula
O governo opera de tal modo que seus tentáculos autoritários estão, de fato, sufocando instrumentos democráticos fundamentais.O Ministério Público está acuado. Há uma investida forte no Congresso, com apoio do governo, para que se proíba a investigação criminal. Se castrarmos o Ministério Público, vamos capitular diante do crime
ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares
O governo opera de tal modo que seus tentáculos autoritários estão, de fato, sufocando instrumentos democráticos fundamentais.O Ministério Público está acuado. Há uma investida forte no Congresso, com apoio do governo, para que se proíba a investigação criminal. Se castrarmos o Ministério Público, vamos capitular diante do crime
ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares
atual presidente da Casa da Moeda foi indicado pela mafia dos bingos
Waldomiro era pago pelos bingos
O ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares será chamado pela Polícia Federal do Rio para detalhar todas as informações que tem sobre o suposto envolvimento do ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz em um esquema de arrecadação de propina dos bingos, no período em que presidiu a Loteria do Rio de Janeiro (Loterj).
Soares disse ontem, em entrevista ao site AOL (America Online), que, em 2002, foi informado de que Waldomiro Diniz recebia R$ 300 mil reais por mês em propinas pagas pelos bingos do Rio.
Responsável pela investigação de irregularidades em 21 bingos do Rio, o delegado da Polícia Federal Herbert Reis Mesquita explicou que quer ouvir Luiz Eduardo Soares para, na hipótese de ele confirmar as declarações, novas denúncias contra Waldomiro possam ser formalizadas. Waldomiro está sendo investigado por corrupção, prevaricação e concussão no inquérito conduzido por Mesquita.
Soares era candidato a vice-governador na chapa da governadora Benedita da Silva (PT), que tentava a reeleição, em 2002. Ele disse ter alertado o então coordenador da campanha presidencial do PT, Antônio Palocci (atual ministro da Fazenda) e o atual secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, sobre os episódios que envolviam Waldomiro. Revela ainda ter contado o fato também a Benedita da Silva. Segundo o ex-secretário, ela chorou muito mas não afastou Waldomiro da presidência da Loterj, onde atuava desde fevereiro de 2001, no governo de Anthony Garotinho.
Na longa entrevista, dada ao jornalista Kaíke Nanne, Luiz Eduardo Soares disse ter sido procurado por um homem que propôs montar um esquema de recebimento de propina que seria mais eficiente do que o montado por Waldomiro na Loterj, pelo qual Soares ficaria com R$ 5 milhões, Benedita com R$ 10 milhões e ele, o corruptor, com R$ 1 milhão. Soares repete as palavras que ouviu do interlocutor: "Veja, por exemplo, o Waldomiro Diniz. Ele está aqui num esquema, levantando 300 mil reais por mês dos bingos. Está sendo incompetente. É possível chegar a 500 mil, quem sabe. Dá para produzir mais."
Sacrifício - Segundo Soares, a direção nacional petista tinha um acordo de sacrificar a campanha de Benedita da Silva, em troca do apoio de Garotinho a Lula no segundo turno da eleição presidencial.
Ele conta, ainda, que esteve com o atual ministro da Casa Civil, José Dirceu, na época presidente do PT, durante uma reunião de Lula com intelectuais e artistas no Rio. Segundo o ex-secretário, Dirceu reclamou por Soares estar "criando dificuldades" para a campanha de Benedita. "Sentamos lado a lado, na primeira fila. Nós nos conhecíamos muito superficialmente, então nos cumprimentamos formalmente e ele me dirigiu poucas frases: 'Soube que você anda criando dificuldades para nós no Rio de Janeiro'. Eu apenas disse: 'As coisas estão muito complicadas.' Ele respondeu: 'Nosso papel é descomplicar.' Eu disse: 'Às vezes, não é possível.' E a conversa parou aí."
Soares não revela a identidade do homem que fez as acusações a Waldomiro.
Diz que o interlocutor ofereceu-se para organizar um esquema que renderia "em torno de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões" nos nove meses da administração de Benedita.
Sobre o encontro com Palocci e Dulci, Soares disse ter revelado sua preocupação com possíveis esquemas de corrupção no governo do Estado, sem citar Waldomiro Diniz. O nome de outro assessor de José Dirceu surgiu na conversa. "Manifestei minha preocupação com os boatos que corriam em relação a procedimentos escusos. Dei um alerta", afirmou na entrevista. Soares diz que Palocci e Dulci "não manifestaram nenhuma reação em particular" e que entendeu a reação de ambos como "uma manifestação de solidariedade, de preocupação".
Alijado - Os primeiros petistas a serem alertados, segundo Soares, sobre as denúncias contra Waldomiro Diniz, foram três coordenadores da campanha de Benedita da Silva: Marcelo Sereno, que hoje é chefe de gabinete do ministro da Casa Civil, José Dirceu, Manoel Severino (atual presidente da Casa da Moeda) e Val Carvalho. O ex-secretário diz que, a partir deste momento, foi alijado da campanha eleitoral, embora fosse candidato a vice-governador.
O ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares será chamado pela Polícia Federal do Rio para detalhar todas as informações que tem sobre o suposto envolvimento do ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz em um esquema de arrecadação de propina dos bingos, no período em que presidiu a Loteria do Rio de Janeiro (Loterj).
Soares disse ontem, em entrevista ao site AOL (America Online), que, em 2002, foi informado de que Waldomiro Diniz recebia R$ 300 mil reais por mês em propinas pagas pelos bingos do Rio.
Responsável pela investigação de irregularidades em 21 bingos do Rio, o delegado da Polícia Federal Herbert Reis Mesquita explicou que quer ouvir Luiz Eduardo Soares para, na hipótese de ele confirmar as declarações, novas denúncias contra Waldomiro possam ser formalizadas. Waldomiro está sendo investigado por corrupção, prevaricação e concussão no inquérito conduzido por Mesquita.
Soares era candidato a vice-governador na chapa da governadora Benedita da Silva (PT), que tentava a reeleição, em 2002. Ele disse ter alertado o então coordenador da campanha presidencial do PT, Antônio Palocci (atual ministro da Fazenda) e o atual secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, sobre os episódios que envolviam Waldomiro. Revela ainda ter contado o fato também a Benedita da Silva. Segundo o ex-secretário, ela chorou muito mas não afastou Waldomiro da presidência da Loterj, onde atuava desde fevereiro de 2001, no governo de Anthony Garotinho.
Na longa entrevista, dada ao jornalista Kaíke Nanne, Luiz Eduardo Soares disse ter sido procurado por um homem que propôs montar um esquema de recebimento de propina que seria mais eficiente do que o montado por Waldomiro na Loterj, pelo qual Soares ficaria com R$ 5 milhões, Benedita com R$ 10 milhões e ele, o corruptor, com R$ 1 milhão. Soares repete as palavras que ouviu do interlocutor: "Veja, por exemplo, o Waldomiro Diniz. Ele está aqui num esquema, levantando 300 mil reais por mês dos bingos. Está sendo incompetente. É possível chegar a 500 mil, quem sabe. Dá para produzir mais."
Sacrifício - Segundo Soares, a direção nacional petista tinha um acordo de sacrificar a campanha de Benedita da Silva, em troca do apoio de Garotinho a Lula no segundo turno da eleição presidencial.
Ele conta, ainda, que esteve com o atual ministro da Casa Civil, José Dirceu, na época presidente do PT, durante uma reunião de Lula com intelectuais e artistas no Rio. Segundo o ex-secretário, Dirceu reclamou por Soares estar "criando dificuldades" para a campanha de Benedita. "Sentamos lado a lado, na primeira fila. Nós nos conhecíamos muito superficialmente, então nos cumprimentamos formalmente e ele me dirigiu poucas frases: 'Soube que você anda criando dificuldades para nós no Rio de Janeiro'. Eu apenas disse: 'As coisas estão muito complicadas.' Ele respondeu: 'Nosso papel é descomplicar.' Eu disse: 'Às vezes, não é possível.' E a conversa parou aí."
Soares não revela a identidade do homem que fez as acusações a Waldomiro.
Diz que o interlocutor ofereceu-se para organizar um esquema que renderia "em torno de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões" nos nove meses da administração de Benedita.
Sobre o encontro com Palocci e Dulci, Soares disse ter revelado sua preocupação com possíveis esquemas de corrupção no governo do Estado, sem citar Waldomiro Diniz. O nome de outro assessor de José Dirceu surgiu na conversa. "Manifestei minha preocupação com os boatos que corriam em relação a procedimentos escusos. Dei um alerta", afirmou na entrevista. Soares diz que Palocci e Dulci "não manifestaram nenhuma reação em particular" e que entendeu a reação de ambos como "uma manifestação de solidariedade, de preocupação".
Alijado - Os primeiros petistas a serem alertados, segundo Soares, sobre as denúncias contra Waldomiro Diniz, foram três coordenadores da campanha de Benedita da Silva: Marcelo Sereno, que hoje é chefe de gabinete do ministro da Casa Civil, José Dirceu, Manoel Severino (atual presidente da Casa da Moeda) e Val Carvalho. O ex-secretário diz que, a partir deste momento, foi alijado da campanha eleitoral, embora fosse candidato a vice-governador.
sexta-feira, fevereiro 27, 2004
O EPETÁCULO DO CRESCIMENTO??? COMO ASSIM?
Lula está competindo com o Collor nos quesitos recessão, desemprego, concentração de renda, taxas de juros altas, ajuda financeira da máfia e, principalmente, conversa fiada.
PIB recua 0,2% no primeiro ano de Lula, pior resultado desde 1992
A economia brasileira teve retração de 0,2% no ano passado, primeiro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o pior resultado desde 1992, ano do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, quando o Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas produzidas - recuou 0,52%.
O resultado foi fruto de um ano de 2003 marcado por juros altos, queda na renda e aumento nas taxas de desemprego. O resultado só não foi pior devido ao bom desempenho das exportações, que cresceram 21,1% no ano passado e atingiram US$ 73 bilhões.
Embora decepcionante, o resultado era esperado pelos economistas. Previsões de instituições variavam de taxa negativa de 0,2% a crescimento de 0,3%.
PIB recua 0,2% no primeiro ano de Lula, pior resultado desde 1992
A economia brasileira teve retração de 0,2% no ano passado, primeiro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o pior resultado desde 1992, ano do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, quando o Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas produzidas - recuou 0,52%.
O resultado foi fruto de um ano de 2003 marcado por juros altos, queda na renda e aumento nas taxas de desemprego. O resultado só não foi pior devido ao bom desempenho das exportações, que cresceram 21,1% no ano passado e atingiram US$ 73 bilhões.
Embora decepcionante, o resultado era esperado pelos economistas. Previsões de instituições variavam de taxa negativa de 0,2% a crescimento de 0,3%.
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
FERNANDO HENRIQUE, O MAGNIFICO
É impressionante como tínhamos um excelente presidente. Pensador, estadista, homem de espirito público. Suas idéias sempre foram mal entendidas por gente pequena que só pensa em crescer. Segue abaixo uma entrevista recente, fonte de animo, de inspiração. Palvras empolgantes e uma crítica construtiva e sarcástica.
O Globo
Rio, 15 de fevereiro de 2004
FH pede nova agenda para governo e oposição
Depois de seis meses nos EUA, Fernando Henrique Cardoso está de volta ao Brasil. Ele passou a última semana da temporada americana em Nova York, onde saboreou a liberdade de ser ex-presidente: andou com prazer sozinho pelas ruas, conversou e riu com amigos, longe das pompas do poder. Falou ao GLOBO horas antes de embarcar para o Brasil e, apesar de às vezes bater duro no governo, fez questão o tempo todo de ressaltar que estava apenas usando sua prerrogativa de intelectual para pensar o país. “Vou ser ex-presidente, posição que ninguém mais assumiu desde a República Velha”. Seu entusiasmo está direcionado para o Instituto FHC que será inaugurado com pompa no dia 22 de maio. Na platéia de convidados uma constelação de estrelas: de Bill Clinton a Daniel Cohn-Bendit. Sobre o governo Lula, diz: “No sentido moderno da palavra eu fui muito mais de esquerda que o PT. O problema de certas pessoas do PT é que elas acham que são Pedro Álvares Cabral, estão descobrindo o Brasil agora”. Segundo Fernando Henrique, o Brasil precisa de uma nova agenda, e isso inclui até o seu PSDB.
Helena Celestino
Correspondente NOVA YORK
Qual sua perspectiva agora ao voltar para o Brasil?
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO: Estou muito concentrado em montar o instituto e terminar os trabalhos que tenho de escrever. Isto não quer dizer que vou me desinteressar da política, mas não vou me meter no dia-a-dia da coisa partidária. Vou conversar com todos os líderes do PSDB, como sempre converso. Não só do PSDB, do PFL, de toda a parte. Mas não acho que seja construtivo ficar no pingue-pongue, no dia-a-dia. Não é útil para o PSDB nem para mim.
O senhor vai participar da campanha para prefeitura?
FERNANDO HENRIQUE: Se acharem que sou útil, vou. Como presidente, não entrei em campanha de prefeituras. Quando tiver de dar depoimento na TV, dou. Mas não me vejo em comício, onde nunca me senti muito à vontade. Manifestar minha opinião, sim. O Brasil está precisando urgentemente de uma nova agenda. O PSDB, especialmente.
Quais são os temas da agenda que o senhor quer levar para a discussão?
FERNANDO HENRIQUE: Temos hoje no Brasil dois riscos. Um é uma volta à visão do período militar, do Brasil-potência, reinterpretada pela esquerda. Como se isso valesse a pena para o povo. Em vez de canhão, manteiga. Isto é visto, por exemplo, nas declarações do ex-ministro Roberto Amaral sobre a bomba atômica e de alguns setores econômicos-empresariais. A idéia que o bom para o Brasil é o país ter uma presença militar e ter uma atitude agressiva com relação aos focos de poder. E isso vem junto com uma visão quase mercantilista de que o bom é fechar e de que, na economia, quanto mais você exportar e menos importar melhor é. Isso é um perigo.
O senhor identifica esse comportamento na intenção do governo de liderar a América do Sul e criar um bloco dos países do Sul?
FERNANDO HENRIQUE: Vejo indícios sim. O Brasil sempre vai liderar a América do Sul, mas a afirmação agressiva disso é negativa. Liderança não se proclama, se exerce. Tudo o que for aliança para o comércio, acho bom, precisa de mercado. A idéia de pensar que vai se liderar um bloco contra outro bloco, acho ultrapassada. O G-20 foi positivo, foi bom. Em Doha, fizemos isso, com a diferença que lá ganhamos e, em Cancún, não conseguimos ainda as vantagens para o Brasil. A política é a mesma, não acho que mudou. Na retórica, talvez, quando ela deixa de ser um bloco na defesa dos interesses do Brasil e passa a ter a outra idéia, de um grupo de países ricos contra grupos de países pobres. Isso acho infantil. Não é assim que vai se mudar a ordem mundial.
Lula acentua que o Brasil mudou a sua postura nos organismos internacionais, não entra mais como pedinte.
FERNANDO HENRIQUE: Não é agora, nós sempre fizemos isso. O problema de certas pessoas do PT é que acham que são Pedro Álvares Cabral, estão descobrindo o Brasil agora. Não acho que o Brasil vai partir para o confronto com as nações ricas, é só retórica. Mas para que fazer visita à Síria? Gesto gratuito, em política, paga-se um preço.
O senhor falou em dois riscos. Qual é o segundo?
FERNANDO HENRIQUE: Voltar a crer que, para avançar, o país precisa de um Estado intervencionista. Não é um Estado ativo, competente, isso precisa mesmo. Mas um Estado que substitua as forças da sociedade civil, isso leva à burocratização e à outra idéia, muito comum no Brasil, de que falta um projeto nacional. Por projeto nacional se entenda um grupo de intelectuais, às vezes encastelado num partido e às vezes não, que define um objetivo para o país. E que substitui a dinâmica da sociedade. Isso é arcaico. Tem que ter valores e interesses nacionais. A idéia de ter um projeto que se incorpora numa burocracia, e essa burocracia leva o país para frente, é bolchevique. Acho mais preocupante, corre o risco de confundir o Estado com a burocracia ou com o partido. São coisas abstratas mas que têm efeitos práticos.
Dê exemplos de casos em que isso acontece.
FERNANDO HENRIQUE: Dizer que as agências reguladoras foram uma terceirização do Estado. Errado. Não acho correto o que o PT está fazendo de aparelhamento do Estado. O PT está fazendo isso por razões políticas, não populistas, um burocratismo não-populista. É uma visão de partido de esquerda, sem implementar políticas de esquerda. O burocratismo freia o movimento da sociedade, põe a sociedade civil dentro do governo, tira a força dela.
Teoricamente é um governo de esquerda, no qual a sociedade civil está representada.
FERNANDO HENRIQUE: O que é a esquerda? A esquerda é a luta contra injustiça, igualdade de gênero, todos esses valores culturais, mobilidade da sociedade, não-burocracia. É distribuição de renda que vem a partir da ativação da sociedade e não das migalhas do Estado. No sentido moderno, fui muito mais de esquerda. Toda a força de direitos humanos, gênero, negros, nesta acepção. Fui criticado pela esquerda antiga que queria um governo mais estatizante e intervencionista. Não falo isso para criticar o PT; me criticaram tanto pelas alianças, não estão fazendo as mesmas? E em cima de cargos. Não critico as alianças porque sei que têm de fazer, a questão é o que se faz com as alianças.
O senhor sempre disse que o PT não tinha projeto de governo. Ainda acha isso?
FERNANDO HENRIQUE: Lógico, o PT tem apenas uma idéia generosa. Lula vai acabar descobrindo um caminho. Tem momentos da História que você tem condições de mudar o quadro. Na História recente do país, houve dois fatores muito fortes, a Assembléia Constituinte e a estabilização da economia. De alguma maneira, nos anos que atuei no Brasil aconteceram a convergência desses dois fatores. Coube a mim incorporar estas formulações, a conjugação da democracia com a estabilização da economia, o que permitiu novas instituições e abriu um espaço para o Brasil mudar. Não adianta querer fazer porque não tem espaço neste momento para grandes mudanças.
O país elegeu Lula porque queria mudanças.
FERNANDO HENRIQUE: O que o país queria é mais bem-estar, é natural. Quando começa a mudar, aumenta as expectativas, as pessoas querem mais. O PT passou o tempo todo combatendo as mudanças, dizendo que ia mudar muito, para melhor. Quando chegou lá, assumiu as mudanças que fiz por que viu responsavelmente que tinha que fazer. Não fez autocrítica, quem fez foi Heloísa Helena, que disse que teria de fazer um ato de contrição. Não me molesta Lula achar que é Pedro Álvares Cabral, falar em herança maldita, está errado. Mas esse erro é menor diante do que está fazendo, que é agir responsavelmente. Pior se quisesse destruir a herança. Cada período é um. Eu, se estivesse no poder agora, não faria a mesma coisa. Na área social não centralizaria, daria mais força à sociedade do que ao Estado e à burocracia. Tenho muito medo da máquina que se cria para centralizar. Com a visão de se ter alguma coisa asséptica e centralizada, só ganha o partido. É a minha discordância de fundo, porque sou democrata. Sou mais pelas cem flores do Mao Tsé-Tung. Deixa vir mais programas, um é melhor, outro pior. O pensamento único que eles me acusavam é esse, o Estado, que tem tudo em ordem, planeja, vai lá e faz. Não dá certo, nunca deu. Isto é apenas um aspecto, tem que esperar para analisar depois, mas algumas coisas estão emperradas: a reforma agrária parou, investimentos em ciência e tecnologia pararam. Os programas sociais não mudaram, nós que inventamos. Não estou criticando Lula, mas eu não seria favorável a um Ministério do Desenvolvimento Social. Nas áreas fundamentais, não convém mudar ministro.
O senhor acha que é um erro apostar no crescimento para aumentar o emprego e diminuir a desigualdade?
FERNANDO HENRIQUE: Não tenho dúvida que é um engano. Os governos em geral são reféns do mercado, principalmente do mercado financeiro, o que é pior. Crescimento hoje depende mais do mercado do que de políticas públicas nacionais. O crescimento pode vir sem criação de emprego. O que não quer dizer que não tenha que ter crescimento, o problema é apostar tudo nisso. Um exemplo é os anos 70, época em que se cresceu mas o povo ia mal. O que eu tenho medo é não entender que a dinâmica do mundo de hoje requer mais participação, mais democracia, mais softpower . O outro lado, o hardpower , o do investimento, é mais lento e talvez não venha. Apostar só no crescimento é cair numa armadilha. Lula está caindo na armadilha que é julgar o governo dele pelo crescimento.
Como vai ser possível o país sair da armadilha dos juros altos para conter inflação, que aumentam a dívida interna?
FERNANDO HENRIQUE: O Brasil mantém juros altos por razões internas, para conter a inflação e pelo fato de que o governo é o maior devedor. O governo suga toda a poupança interna. Para sair disso, só exportando mais. Nós mudamos a política de exportação, o PT diz que foram eles. A agricultura saiu do buraco, a indústria se modernizou. Só se sai disso aumentando investimento, não tem outro jeito. Tem que fazer mais reformas para equilibrar as contas — no caso do Brasil, a da Previdência — e ter condições de aumentar investimentos. O principal investimento não é dinheiro, é humano e isso não se resolve do dia para a noite. Educação, universidade, ciência e tecnologia, não faz um país em três anos, faz em 20. Acho que o Brasil em 20 anos, mantidas as condições atuais — e o Lula manteve — será outro: mais educado, com mais produtividade. Isso não se resolve com um ano de crescimento. Temos a idéia no Brasil de que se o governo fizer certas coisas resolve o problema. Não resolve, o problema é da sociedade, é do modo de produção do capitalismo.
E sobre os EUA, o senhor vê possibilidades de George W. Bush perder a eleição?
FERNANDO HENRIQUE: Pode, mas é cedo para dizer. Depende de quão central vai ser a questão da guerra e da mentira sobre as armas nucleares. Qual vai ser o efeito da economia, vai depender disso e do candidato democrata. John Kerry, o mais provável, tem boa biografia. Mas me preocupa uma coisa em relação ao Brasil: todos os candidatos democratas são contra livre comércio, acesso abertos aos mercados. São todos petistas.
O Globo
Rio, 15 de fevereiro de 2004
FH pede nova agenda para governo e oposição
Depois de seis meses nos EUA, Fernando Henrique Cardoso está de volta ao Brasil. Ele passou a última semana da temporada americana em Nova York, onde saboreou a liberdade de ser ex-presidente: andou com prazer sozinho pelas ruas, conversou e riu com amigos, longe das pompas do poder. Falou ao GLOBO horas antes de embarcar para o Brasil e, apesar de às vezes bater duro no governo, fez questão o tempo todo de ressaltar que estava apenas usando sua prerrogativa de intelectual para pensar o país. “Vou ser ex-presidente, posição que ninguém mais assumiu desde a República Velha”. Seu entusiasmo está direcionado para o Instituto FHC que será inaugurado com pompa no dia 22 de maio. Na platéia de convidados uma constelação de estrelas: de Bill Clinton a Daniel Cohn-Bendit. Sobre o governo Lula, diz: “No sentido moderno da palavra eu fui muito mais de esquerda que o PT. O problema de certas pessoas do PT é que elas acham que são Pedro Álvares Cabral, estão descobrindo o Brasil agora”. Segundo Fernando Henrique, o Brasil precisa de uma nova agenda, e isso inclui até o seu PSDB.
Helena Celestino
Correspondente NOVA YORK
Qual sua perspectiva agora ao voltar para o Brasil?
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO: Estou muito concentrado em montar o instituto e terminar os trabalhos que tenho de escrever. Isto não quer dizer que vou me desinteressar da política, mas não vou me meter no dia-a-dia da coisa partidária. Vou conversar com todos os líderes do PSDB, como sempre converso. Não só do PSDB, do PFL, de toda a parte. Mas não acho que seja construtivo ficar no pingue-pongue, no dia-a-dia. Não é útil para o PSDB nem para mim.
O senhor vai participar da campanha para prefeitura?
FERNANDO HENRIQUE: Se acharem que sou útil, vou. Como presidente, não entrei em campanha de prefeituras. Quando tiver de dar depoimento na TV, dou. Mas não me vejo em comício, onde nunca me senti muito à vontade. Manifestar minha opinião, sim. O Brasil está precisando urgentemente de uma nova agenda. O PSDB, especialmente.
Quais são os temas da agenda que o senhor quer levar para a discussão?
FERNANDO HENRIQUE: Temos hoje no Brasil dois riscos. Um é uma volta à visão do período militar, do Brasil-potência, reinterpretada pela esquerda. Como se isso valesse a pena para o povo. Em vez de canhão, manteiga. Isto é visto, por exemplo, nas declarações do ex-ministro Roberto Amaral sobre a bomba atômica e de alguns setores econômicos-empresariais. A idéia que o bom para o Brasil é o país ter uma presença militar e ter uma atitude agressiva com relação aos focos de poder. E isso vem junto com uma visão quase mercantilista de que o bom é fechar e de que, na economia, quanto mais você exportar e menos importar melhor é. Isso é um perigo.
O senhor identifica esse comportamento na intenção do governo de liderar a América do Sul e criar um bloco dos países do Sul?
FERNANDO HENRIQUE: Vejo indícios sim. O Brasil sempre vai liderar a América do Sul, mas a afirmação agressiva disso é negativa. Liderança não se proclama, se exerce. Tudo o que for aliança para o comércio, acho bom, precisa de mercado. A idéia de pensar que vai se liderar um bloco contra outro bloco, acho ultrapassada. O G-20 foi positivo, foi bom. Em Doha, fizemos isso, com a diferença que lá ganhamos e, em Cancún, não conseguimos ainda as vantagens para o Brasil. A política é a mesma, não acho que mudou. Na retórica, talvez, quando ela deixa de ser um bloco na defesa dos interesses do Brasil e passa a ter a outra idéia, de um grupo de países ricos contra grupos de países pobres. Isso acho infantil. Não é assim que vai se mudar a ordem mundial.
Lula acentua que o Brasil mudou a sua postura nos organismos internacionais, não entra mais como pedinte.
FERNANDO HENRIQUE: Não é agora, nós sempre fizemos isso. O problema de certas pessoas do PT é que acham que são Pedro Álvares Cabral, estão descobrindo o Brasil agora. Não acho que o Brasil vai partir para o confronto com as nações ricas, é só retórica. Mas para que fazer visita à Síria? Gesto gratuito, em política, paga-se um preço.
O senhor falou em dois riscos. Qual é o segundo?
FERNANDO HENRIQUE: Voltar a crer que, para avançar, o país precisa de um Estado intervencionista. Não é um Estado ativo, competente, isso precisa mesmo. Mas um Estado que substitua as forças da sociedade civil, isso leva à burocratização e à outra idéia, muito comum no Brasil, de que falta um projeto nacional. Por projeto nacional se entenda um grupo de intelectuais, às vezes encastelado num partido e às vezes não, que define um objetivo para o país. E que substitui a dinâmica da sociedade. Isso é arcaico. Tem que ter valores e interesses nacionais. A idéia de ter um projeto que se incorpora numa burocracia, e essa burocracia leva o país para frente, é bolchevique. Acho mais preocupante, corre o risco de confundir o Estado com a burocracia ou com o partido. São coisas abstratas mas que têm efeitos práticos.
Dê exemplos de casos em que isso acontece.
FERNANDO HENRIQUE: Dizer que as agências reguladoras foram uma terceirização do Estado. Errado. Não acho correto o que o PT está fazendo de aparelhamento do Estado. O PT está fazendo isso por razões políticas, não populistas, um burocratismo não-populista. É uma visão de partido de esquerda, sem implementar políticas de esquerda. O burocratismo freia o movimento da sociedade, põe a sociedade civil dentro do governo, tira a força dela.
Teoricamente é um governo de esquerda, no qual a sociedade civil está representada.
FERNANDO HENRIQUE: O que é a esquerda? A esquerda é a luta contra injustiça, igualdade de gênero, todos esses valores culturais, mobilidade da sociedade, não-burocracia. É distribuição de renda que vem a partir da ativação da sociedade e não das migalhas do Estado. No sentido moderno, fui muito mais de esquerda. Toda a força de direitos humanos, gênero, negros, nesta acepção. Fui criticado pela esquerda antiga que queria um governo mais estatizante e intervencionista. Não falo isso para criticar o PT; me criticaram tanto pelas alianças, não estão fazendo as mesmas? E em cima de cargos. Não critico as alianças porque sei que têm de fazer, a questão é o que se faz com as alianças.
O senhor sempre disse que o PT não tinha projeto de governo. Ainda acha isso?
FERNANDO HENRIQUE: Lógico, o PT tem apenas uma idéia generosa. Lula vai acabar descobrindo um caminho. Tem momentos da História que você tem condições de mudar o quadro. Na História recente do país, houve dois fatores muito fortes, a Assembléia Constituinte e a estabilização da economia. De alguma maneira, nos anos que atuei no Brasil aconteceram a convergência desses dois fatores. Coube a mim incorporar estas formulações, a conjugação da democracia com a estabilização da economia, o que permitiu novas instituições e abriu um espaço para o Brasil mudar. Não adianta querer fazer porque não tem espaço neste momento para grandes mudanças.
O país elegeu Lula porque queria mudanças.
FERNANDO HENRIQUE: O que o país queria é mais bem-estar, é natural. Quando começa a mudar, aumenta as expectativas, as pessoas querem mais. O PT passou o tempo todo combatendo as mudanças, dizendo que ia mudar muito, para melhor. Quando chegou lá, assumiu as mudanças que fiz por que viu responsavelmente que tinha que fazer. Não fez autocrítica, quem fez foi Heloísa Helena, que disse que teria de fazer um ato de contrição. Não me molesta Lula achar que é Pedro Álvares Cabral, falar em herança maldita, está errado. Mas esse erro é menor diante do que está fazendo, que é agir responsavelmente. Pior se quisesse destruir a herança. Cada período é um. Eu, se estivesse no poder agora, não faria a mesma coisa. Na área social não centralizaria, daria mais força à sociedade do que ao Estado e à burocracia. Tenho muito medo da máquina que se cria para centralizar. Com a visão de se ter alguma coisa asséptica e centralizada, só ganha o partido. É a minha discordância de fundo, porque sou democrata. Sou mais pelas cem flores do Mao Tsé-Tung. Deixa vir mais programas, um é melhor, outro pior. O pensamento único que eles me acusavam é esse, o Estado, que tem tudo em ordem, planeja, vai lá e faz. Não dá certo, nunca deu. Isto é apenas um aspecto, tem que esperar para analisar depois, mas algumas coisas estão emperradas: a reforma agrária parou, investimentos em ciência e tecnologia pararam. Os programas sociais não mudaram, nós que inventamos. Não estou criticando Lula, mas eu não seria favorável a um Ministério do Desenvolvimento Social. Nas áreas fundamentais, não convém mudar ministro.
O senhor acha que é um erro apostar no crescimento para aumentar o emprego e diminuir a desigualdade?
FERNANDO HENRIQUE: Não tenho dúvida que é um engano. Os governos em geral são reféns do mercado, principalmente do mercado financeiro, o que é pior. Crescimento hoje depende mais do mercado do que de políticas públicas nacionais. O crescimento pode vir sem criação de emprego. O que não quer dizer que não tenha que ter crescimento, o problema é apostar tudo nisso. Um exemplo é os anos 70, época em que se cresceu mas o povo ia mal. O que eu tenho medo é não entender que a dinâmica do mundo de hoje requer mais participação, mais democracia, mais softpower . O outro lado, o hardpower , o do investimento, é mais lento e talvez não venha. Apostar só no crescimento é cair numa armadilha. Lula está caindo na armadilha que é julgar o governo dele pelo crescimento.
Como vai ser possível o país sair da armadilha dos juros altos para conter inflação, que aumentam a dívida interna?
FERNANDO HENRIQUE: O Brasil mantém juros altos por razões internas, para conter a inflação e pelo fato de que o governo é o maior devedor. O governo suga toda a poupança interna. Para sair disso, só exportando mais. Nós mudamos a política de exportação, o PT diz que foram eles. A agricultura saiu do buraco, a indústria se modernizou. Só se sai disso aumentando investimento, não tem outro jeito. Tem que fazer mais reformas para equilibrar as contas — no caso do Brasil, a da Previdência — e ter condições de aumentar investimentos. O principal investimento não é dinheiro, é humano e isso não se resolve do dia para a noite. Educação, universidade, ciência e tecnologia, não faz um país em três anos, faz em 20. Acho que o Brasil em 20 anos, mantidas as condições atuais — e o Lula manteve — será outro: mais educado, com mais produtividade. Isso não se resolve com um ano de crescimento. Temos a idéia no Brasil de que se o governo fizer certas coisas resolve o problema. Não resolve, o problema é da sociedade, é do modo de produção do capitalismo.
E sobre os EUA, o senhor vê possibilidades de George W. Bush perder a eleição?
FERNANDO HENRIQUE: Pode, mas é cedo para dizer. Depende de quão central vai ser a questão da guerra e da mentira sobre as armas nucleares. Qual vai ser o efeito da economia, vai depender disso e do candidato democrata. John Kerry, o mais provável, tem boa biografia. Mas me preocupa uma coisa em relação ao Brasil: todos os candidatos democratas são contra livre comércio, acesso abertos aos mercados. São todos petistas.
terça-feira, fevereiro 24, 2004
Não é só para o caso Diniz que o governo deve respostas
.
As lideranças políticas terão pela frente, superada a fantasia do Carnaval, a difícil escolha sobre o que pretendem de 2004 : que seja o ano da recuperação do ânimo empresarial, fundamental para dissipar a desconfiança que paralisa o investimento privado; ou o da frustração, de mais crise social nas metrópoles e em setores do campo, de acirramento da competição entre as razões de Estado e as da sociedade, de amesquinhamento político e de falta de rumo.
A eclosão do escândalo do funcionário corrupto da Casa Civil, o caso Waldomiro Diniz, que ressuscitou a oposição e tem sido uma provação para o PT, criado como o partido da ética, é mais uma dificuldade – talvez a mais grave, mas apenas mais uma entre tantas definições devidas pelo governo Lula. Se já estava difícil antes da emergência do caso destinado a tirar do PT a soberba de partido diferenciado na cena política e a marcar definitivamente a sua trajetória futura, agora é que tudo ficará mais complexo para o governo e forçará clareza onde sobeja dubiedades.
A disputa de identidade mais flagrante e séria para o destino do País está no conflito latente entre a mono estratégia da política econômica e as correntes desenvolvimentistas que unem setores do PT e ministros do governo Lula à grande maioria do empresariado nacional. Disputas dessa natureza existiram em todos os governos das últimas décadas, não faltando até mesmo ao regime autoritário, mas com o sinal trocado. O problema é que adquiriu maior proporção na gestão atual, com tendência de paralisar as decisões.
Os sinais emitidos são desconexos e têm servido para alimentar dúvidas junto aos donos do capital sobre que desenho de país resultará desse processo. Há muita coisa decidida nestes dias que não dá liga, como a proibição dos bingos e caça-níqueis. A decisão é correta e coerente com a moralidade pública. Mas foi anunciada quatro dias após a mensagem presidencial alusiva à reabertura dos trabalhos legislativos falar em regulamentação das casas de bingo, sugerindo, com isso, um governo decidindo no calor da hora, sem convicção da direção a tomar.
A política econômica tem sido o território destas incertezas. Ela é uma nas palavras, crenças e decisões do ministro Antonio Palocci e é outra para boa parte do ministério, e às vezes até para Lula. Tome-se a gestão do orçamento. De um lado, reforça-se o desafio de que será mantido por muitos anos o esforço fiscal para a geração de superávits antes do pagamento dos juros – algo que vem girando em torno de 5% do PIB, contra a meta de 4,25%, mas suficiente para cobrir apenas dois terços do serviço previsto da dívida pública este ano. De outro, há todo um conjunto de medidas que conspiram contra esta diretriz, como o anúncio da contratação de mais de 41 mil funcionários este ano e os novos gastos sociais.
O governo está compromissado com o superávit primário antes da conta dos juros, mas age como se estivesse livre para fazer o que quisesse com os outros itens orçamentários. No fim, constata-se que rígido mesmo são os gastos defendidos pelas fortes coalizões políticas e corporativas que cercam o Estado seja qual for a orientação do partido momentaneamente no poder, e dane-se o resto. Por um processo aritmético simples de subtração, verifica-se que o governo administra pela diferença de saldos, hoje da ordem de 9% do total das receitas orçamentárias, e vem diminuindo a cada ano.
Não é por menos que cada decisão rotineira se torna um problemão político, como o aumento do salário mínimo, o reajuste do servidor e investimentos obrigatórios, em saúde e saneamento. Hoje o governo está diante do dilema entre o aumento real do salário mínimo, um compromisso de campanha, e investir em saneamento, uma calamidade nacional. Não há dinheiro para ambas prioridades, como veremos em outro artigo. Pior está a situação do reajuste do funcionalismo. A verba disponível é de magro R$ 1,5 bilhão, o que levou o governo a propor apenas 2,6%. Como, então, falar em contratar mais gente?
Perguntas incômodas
Insinua-se no horizonte o cenário de “estagnação com equilíbrio”, nas palavras do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, que é insustentável sob qualquer perspectiva. O BC, nesse quadro, faz o que pode. Avalia se, afrouxando os juros, haverá oferta futura de bens e serviços compatível com o aumento do consumo interno e a necessidade de produção exportável – e infra-estrutura de energia e transportes suficiente para atender um ritmo de crescimento por anos seguidos de 4% ou mais. A impressão é que tais fatores entrarão em desequilíbrio, se a economia sair do marasmo dos últimos anos.
Qual é a análise do governo para estes embaraços, que revelam ser frágeis as condições para o crescimento sustentado? Como se vai sair desse enrosco, se faltam coerência e determinação ao governo em sua plataforma microeconômica, cujo objetivo central é seduzir o capital? Que preço o setor privado vai querer cobrar para entrar em projetos de parceria com o Estado, as chamadas PPP, conhecendo os riscos fiscais subjacentes às finanças públicas e os conflitos de orientação no interior do governo?
As lideranças políticas terão pela frente, superada a fantasia do Carnaval, a difícil escolha sobre o que pretendem de 2004 : que seja o ano da recuperação do ânimo empresarial, fundamental para dissipar a desconfiança que paralisa o investimento privado; ou o da frustração, de mais crise social nas metrópoles e em setores do campo, de acirramento da competição entre as razões de Estado e as da sociedade, de amesquinhamento político e de falta de rumo.
A eclosão do escândalo do funcionário corrupto da Casa Civil, o caso Waldomiro Diniz, que ressuscitou a oposição e tem sido uma provação para o PT, criado como o partido da ética, é mais uma dificuldade – talvez a mais grave, mas apenas mais uma entre tantas definições devidas pelo governo Lula. Se já estava difícil antes da emergência do caso destinado a tirar do PT a soberba de partido diferenciado na cena política e a marcar definitivamente a sua trajetória futura, agora é que tudo ficará mais complexo para o governo e forçará clareza onde sobeja dubiedades.
A disputa de identidade mais flagrante e séria para o destino do País está no conflito latente entre a mono estratégia da política econômica e as correntes desenvolvimentistas que unem setores do PT e ministros do governo Lula à grande maioria do empresariado nacional. Disputas dessa natureza existiram em todos os governos das últimas décadas, não faltando até mesmo ao regime autoritário, mas com o sinal trocado. O problema é que adquiriu maior proporção na gestão atual, com tendência de paralisar as decisões.
Os sinais emitidos são desconexos e têm servido para alimentar dúvidas junto aos donos do capital sobre que desenho de país resultará desse processo. Há muita coisa decidida nestes dias que não dá liga, como a proibição dos bingos e caça-níqueis. A decisão é correta e coerente com a moralidade pública. Mas foi anunciada quatro dias após a mensagem presidencial alusiva à reabertura dos trabalhos legislativos falar em regulamentação das casas de bingo, sugerindo, com isso, um governo decidindo no calor da hora, sem convicção da direção a tomar.
A política econômica tem sido o território destas incertezas. Ela é uma nas palavras, crenças e decisões do ministro Antonio Palocci e é outra para boa parte do ministério, e às vezes até para Lula. Tome-se a gestão do orçamento. De um lado, reforça-se o desafio de que será mantido por muitos anos o esforço fiscal para a geração de superávits antes do pagamento dos juros – algo que vem girando em torno de 5% do PIB, contra a meta de 4,25%, mas suficiente para cobrir apenas dois terços do serviço previsto da dívida pública este ano. De outro, há todo um conjunto de medidas que conspiram contra esta diretriz, como o anúncio da contratação de mais de 41 mil funcionários este ano e os novos gastos sociais.
O governo está compromissado com o superávit primário antes da conta dos juros, mas age como se estivesse livre para fazer o que quisesse com os outros itens orçamentários. No fim, constata-se que rígido mesmo são os gastos defendidos pelas fortes coalizões políticas e corporativas que cercam o Estado seja qual for a orientação do partido momentaneamente no poder, e dane-se o resto. Por um processo aritmético simples de subtração, verifica-se que o governo administra pela diferença de saldos, hoje da ordem de 9% do total das receitas orçamentárias, e vem diminuindo a cada ano.
Não é por menos que cada decisão rotineira se torna um problemão político, como o aumento do salário mínimo, o reajuste do servidor e investimentos obrigatórios, em saúde e saneamento. Hoje o governo está diante do dilema entre o aumento real do salário mínimo, um compromisso de campanha, e investir em saneamento, uma calamidade nacional. Não há dinheiro para ambas prioridades, como veremos em outro artigo. Pior está a situação do reajuste do funcionalismo. A verba disponível é de magro R$ 1,5 bilhão, o que levou o governo a propor apenas 2,6%. Como, então, falar em contratar mais gente?
Perguntas incômodas
Insinua-se no horizonte o cenário de “estagnação com equilíbrio”, nas palavras do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, que é insustentável sob qualquer perspectiva. O BC, nesse quadro, faz o que pode. Avalia se, afrouxando os juros, haverá oferta futura de bens e serviços compatível com o aumento do consumo interno e a necessidade de produção exportável – e infra-estrutura de energia e transportes suficiente para atender um ritmo de crescimento por anos seguidos de 4% ou mais. A impressão é que tais fatores entrarão em desequilíbrio, se a economia sair do marasmo dos últimos anos.
Qual é a análise do governo para estes embaraços, que revelam ser frágeis as condições para o crescimento sustentado? Como se vai sair desse enrosco, se faltam coerência e determinação ao governo em sua plataforma microeconômica, cujo objetivo central é seduzir o capital? Que preço o setor privado vai querer cobrar para entrar em projetos de parceria com o Estado, as chamadas PPP, conhecendo os riscos fiscais subjacentes às finanças públicas e os conflitos de orientação no interior do governo?
BIBLIOTECA ELETRONICA DO politsBURGER
aqui esta a fonte do saber dos salvadores da patria, a fonte de inspiracao da revolucao dos caca-niqueis. Bingo !
Perguntas para o Waldomiro responder
O povo quer saber. A mídia vem noticiando uma série de irregularidades da gestão do PERIGO VERMELHO. Há uma monte de perguntas para o Waldomiro responder ( com eventual ajuda do homem que Lula escolheu para chamar de Dirceu) :
1. Porque separado é tudo junto e tudo junto é separado ?
2. Porque abreviação é uma palavra tão grande ?
3. Porque os kamikazes usavam capacetes ?
4. Pra que esterelizar agulha para aplicar injeção letal ?
5. No caso de guerra nuclear, o eletromagnetismo produzido pelas bombas poderia danificar minhas fitas K7, VHS, meus CD’S e DVD’S ? E meus disquetes?
6. Porque não há comida para ratos sabor gatos ?
7. Adão tinha umbigo ?
8. Porque os aviões não são feitos com o mesmo material usado nas caixas prestas ?
9. Se nada gruda no teflon, como o fixaram nas panelas ?
1. Porque separado é tudo junto e tudo junto é separado ?
2. Porque abreviação é uma palavra tão grande ?
3. Porque os kamikazes usavam capacetes ?
4. Pra que esterelizar agulha para aplicar injeção letal ?
5. No caso de guerra nuclear, o eletromagnetismo produzido pelas bombas poderia danificar minhas fitas K7, VHS, meus CD’S e DVD’S ? E meus disquetes?
6. Porque não há comida para ratos sabor gatos ?
7. Adão tinha umbigo ?
8. Porque os aviões não são feitos com o mesmo material usado nas caixas prestas ?
9. Se nada gruda no teflon, como o fixaram nas panelas ?
segunda-feira, fevereiro 23, 2004
ROUBA MAS NÃO FAZ
ou ainda : incompetentes e sujos.
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/23/pol013.html
O escândalo envolvendo o ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz, flagrado pedindo propina e contribuição para campanhas petistas, antecipou o debate eleitoral e provocou uma onda de euforia na oposição, que pretende aproveitar os efeitos do caso para derrotar o PT no pleito municipal de outubro. Para os dirigentes do PSDB e do PFL, os estragos causados pelo episódio podem desmoralizar a principal bandeira dos adversários, a defesa da ética, e facilitar o discurso da contradição e da comparação que eles já estavam preparando contra os candidatos do governo. "O PT sempre se defendeu da incompetência dizendo que eram limpos", lembra o secretário-executivo do PFL, Saulo Queiroz. "Agora, vamos dizer que eles não são nem bons nem competentes."
Com a mesma avaliação, o deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), um dos coordenadores da campanha tucana, projeta vantagens no debate eleitoral com os candidatos petistas. "O PT não tem nem o discurso da turma do (ex-governador Paulo) Maluf, do rouba mas faz", ressalta Madeira. Embora admita que a campanha só vai esquentar a partir de junho, o deputado diz que o PSDB já começou a preparar seus candidatos para as disputas pelas prefeituras e câmaras municipais, organizando seminários para uniformizar o discurso de seus candidatos. Também com esse objetivo, o PFL está instruindo seus filiados a explorarem ao máximo os efeitos da crise no governo.
O caso Waldomiro também vai reforçar a estratégia oposicionista de federalizar o debate. Pelo menos nas capitais e nas maiores cidades, o PSDB e PFL tentarão fazer uma campanha nacional. Para os tucanos, a palavra de ordem será a comparação. Na avaliação do PSDB, o governo Lula não tem o que apresentar na economia nem no social. "A chance de êxito que temos agora é mostrar ao eleitor que fomos mais competentes no governo do que tem sido o PT", analisa Madeira. Assim, diz ele, "é só mostrar o que a cidade recebia no governo Fernando Henrique e o que recebe agora".
Os tucanos também vão insistir na comparação entre as administrações do PT e do PSDB. "A questão não será comparar pessoas, mas comparar os governos e suas práticas", resume o secretário-geral tucano, senador Leonel Pavan (SC).
Essa estratégia ficará mais evidente em alguns casos, como São Paulo, onde o PSDB governa o Estado enquanto o PT administra a capital. "Vamos mostrar que a prefeita Marta Suplicy (PT) só privilegiou o transporte individual, enquanto o governador (Geraldo) Alckmin (PSDB) priorizou o transporte coletivo", cita o presidente do diretório municipal do PSDB, deputado estadual Édson Aparecido
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/23/pol013.html
O escândalo envolvendo o ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz, flagrado pedindo propina e contribuição para campanhas petistas, antecipou o debate eleitoral e provocou uma onda de euforia na oposição, que pretende aproveitar os efeitos do caso para derrotar o PT no pleito municipal de outubro. Para os dirigentes do PSDB e do PFL, os estragos causados pelo episódio podem desmoralizar a principal bandeira dos adversários, a defesa da ética, e facilitar o discurso da contradição e da comparação que eles já estavam preparando contra os candidatos do governo. "O PT sempre se defendeu da incompetência dizendo que eram limpos", lembra o secretário-executivo do PFL, Saulo Queiroz. "Agora, vamos dizer que eles não são nem bons nem competentes."
Com a mesma avaliação, o deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), um dos coordenadores da campanha tucana, projeta vantagens no debate eleitoral com os candidatos petistas. "O PT não tem nem o discurso da turma do (ex-governador Paulo) Maluf, do rouba mas faz", ressalta Madeira. Embora admita que a campanha só vai esquentar a partir de junho, o deputado diz que o PSDB já começou a preparar seus candidatos para as disputas pelas prefeituras e câmaras municipais, organizando seminários para uniformizar o discurso de seus candidatos. Também com esse objetivo, o PFL está instruindo seus filiados a explorarem ao máximo os efeitos da crise no governo.
O caso Waldomiro também vai reforçar a estratégia oposicionista de federalizar o debate. Pelo menos nas capitais e nas maiores cidades, o PSDB e PFL tentarão fazer uma campanha nacional. Para os tucanos, a palavra de ordem será a comparação. Na avaliação do PSDB, o governo Lula não tem o que apresentar na economia nem no social. "A chance de êxito que temos agora é mostrar ao eleitor que fomos mais competentes no governo do que tem sido o PT", analisa Madeira. Assim, diz ele, "é só mostrar o que a cidade recebia no governo Fernando Henrique e o que recebe agora".
Os tucanos também vão insistir na comparação entre as administrações do PT e do PSDB. "A questão não será comparar pessoas, mas comparar os governos e suas práticas", resume o secretário-geral tucano, senador Leonel Pavan (SC).
Essa estratégia ficará mais evidente em alguns casos, como São Paulo, onde o PSDB governa o Estado enquanto o PT administra a capital. "Vamos mostrar que a prefeita Marta Suplicy (PT) só privilegiou o transporte individual, enquanto o governador (Geraldo) Alckmin (PSDB) priorizou o transporte coletivo", cita o presidente do diretório municipal do PSDB, deputado estadual Édson Aparecido
E ASSIM DISSE JOAQUIM MANOEL
Ca estou eu a refletir sobre a recente decisao do governo do Brasil de criar a BINGO-BRÁS. Ao que me parece, o objetivo do governo de acabar com os jogos de azar, é deixar somente os jogos de sorte. Ora, pois, isto pode ser muito benefico para o brasileiro. Não sei como nós gajos d'além mar não pensamos nisto antes !!
domingo, fevereiro 22, 2004
QUANDO O PROJETO DE PODER SE SOBREPÕE AO PROJETO DE PAÍS
Por que não me ufano (1)
Idéias de jerico não faltam no atual governo. Fico sabendo que a bizarra associação patrioteira entre Rede Globo e Ariano Suassuna teria razões encobertas, como o temor da emissora de que o governo Lula taxe os produtos audiovisuais para dar dinheiro ao cinema brasileiro. A taxação é tão infame quanto a patriotada, porque coloca TV e cinema em trincheiras opostas no momento em que sua aproximação tem dado tantos resultados. Outra idéia tola recente é a de Tarso Genro querendo dar dinheiro às universidades privadas para franquear vagas à população carente. E o que a gente faz com os livros todos de Genro em que ataca o "Estado burguês" por transferir renda da máquina pública para os interesses privados? Enquanto isso, o ministério de Gilberto Gil é acusado de favorecer amigos e sócios, perdendo até alguns de seus mais antigos aliados. E Gil passando a maior parte do tempo em shows mundo afora. Quanto mais purpurina, melhor?
Por que não me ufano (2)
O caso Waldomiro Diniz é um dos muitos aspectos do grande problema que é o PT ter um projeto de poder, não de país, e um projeto dos mais vorazes.
Depois do ocorrido em Porto Alegre e Santo André, entre outras administrações petistas (supostamente mais honestas e eficientes, segundo nossa imprensa servil), nem era preciso mais esse escândalo para perceber como o partido pouco se distingue da pior tradição nacional, salvo por sua capacidade de cooptar e difamar (lembram o "Fora FHC" no caso Eduardo Jorge, muito menos nítido que o atual?) Se o homem mais poderoso do País, José Dirceu, tem relação íntima e antiga com alguém declaradamente corrupto, um alto funcionário federal, é preciso que o ministro se afaste do cargo e que a história seja investigada numa instância política como a CPI.
Alentos engraçados:
ver a imprensa chamando Waldomiro de "ex-assessor" só porque foi demitido na noite em que o escândalo explodiu; ler articulistas que dizem que a corrupção é um assunto secundário, num país em que ela é sistêmica; saber que os oligarcas José Sarney e Antônio Carlos Magalhães participam da operação-abafa. Barbas de molho, companheiros.
Idéias de jerico não faltam no atual governo. Fico sabendo que a bizarra associação patrioteira entre Rede Globo e Ariano Suassuna teria razões encobertas, como o temor da emissora de que o governo Lula taxe os produtos audiovisuais para dar dinheiro ao cinema brasileiro. A taxação é tão infame quanto a patriotada, porque coloca TV e cinema em trincheiras opostas no momento em que sua aproximação tem dado tantos resultados. Outra idéia tola recente é a de Tarso Genro querendo dar dinheiro às universidades privadas para franquear vagas à população carente. E o que a gente faz com os livros todos de Genro em que ataca o "Estado burguês" por transferir renda da máquina pública para os interesses privados? Enquanto isso, o ministério de Gilberto Gil é acusado de favorecer amigos e sócios, perdendo até alguns de seus mais antigos aliados. E Gil passando a maior parte do tempo em shows mundo afora. Quanto mais purpurina, melhor?
Por que não me ufano (2)
O caso Waldomiro Diniz é um dos muitos aspectos do grande problema que é o PT ter um projeto de poder, não de país, e um projeto dos mais vorazes.
Depois do ocorrido em Porto Alegre e Santo André, entre outras administrações petistas (supostamente mais honestas e eficientes, segundo nossa imprensa servil), nem era preciso mais esse escândalo para perceber como o partido pouco se distingue da pior tradição nacional, salvo por sua capacidade de cooptar e difamar (lembram o "Fora FHC" no caso Eduardo Jorge, muito menos nítido que o atual?) Se o homem mais poderoso do País, José Dirceu, tem relação íntima e antiga com alguém declaradamente corrupto, um alto funcionário federal, é preciso que o ministro se afaste do cargo e que a história seja investigada numa instância política como a CPI.
Alentos engraçados:
ver a imprensa chamando Waldomiro de "ex-assessor" só porque foi demitido na noite em que o escândalo explodiu; ler articulistas que dizem que a corrupção é um assunto secundário, num país em que ela é sistêmica; saber que os oligarcas José Sarney e Antônio Carlos Magalhães participam da operação-abafa. Barbas de molho, companheiros.
VEM AI A BINGOBRÁS, A ESTATAL DOS BINGOS
Deveriam criar também a GOIABA-BRÁS, estatal das goiabas. Será que alguém acredita que não há corrupção nas estatais ? Um dos grandes feitos de Fernando Henrique, o magnífico, foi reduzir substancialmente a dimensão do estatal em atividades que não lhe são pertinentes. Bingo e jogos de azar em geral estão longe de ser bem público.
Governo vai propor estatização dos bingos
O governo vai propor a estatização dos bingos e jogos virtuais, informou ontem ao Estado o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. "Ou estatiza tudo ou fecha tudo", disse o ministro. Bastos afirmou que a decisão adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira, quando assinou medida provisória proibindo a atividade dos bingos no Brasil, "é uma posição firme e decidida contra o crime. O governo não está brincando, não haverá reabertura", disse.
Segundo ele, o governo partirá para a regulamentação dos bingos e jogos eletrônicos e virtuais brevemente, como expressou a mensagem presidencial enviada ao Congresso na segunda-feira. A regulamentação virá em formato estatal, podendo incluir algum tipo de concessão a empresas privadas em alguns formatos de jogos virtuais, mas isso não incluirá os bingos.
A idéia da estatização está amparada pelo amplo estudo feito recentemente por um grupo interministerial, que não propôs soluções, mas apontou caminhos. Desse estudo o governo tirou o convencimento de que para combater o crime organizado é fundamental bloquear todas as formas de lavagem de dinheiro. "Não podemos deixar nenhuma brecha para a lavagem de dinheiro", disse o ministro, que vê nas formas de jogo uma "lavanderia" permanente.
Segundo o ministro, a MP deve ser entendida nesse contexto. De um lado, atende ao que ele rotulou de "estrépito nacional" dos últimos dias; de outro, antecipa medidas que o governo já pensava adotar e que devem ser compreendidas num âmbito mais abrangente. Assim, a proibição dos bingos não é uma medida isolada, mas um passo importante de uma estratégia maior, que é o combate à lavagem de dinheiro do crime organizado.
Bastos disse que a maior preocupação do governo agora é assegurar o cumprimento estrito da MP e manter os bingos fechados em todo o País. "Isso vai envolver não só a Polícia Federal, mas o Ministério da Justiça inteiro."
A PF está pronta para intervir com a intensidade necessária a cada cidade e, se for o caso, poderá convocar "outras forças". O governo também se preparou para, no momento seguinte, enfrentar uma previsível batalha judicial nas próximas semanas.
O ministro disse que a MP publicada em edição extra pelo Diário Oficial de ontem, se superpõe, segundo seu entendimento, a todas as legislações estaduais e municipais, e a todas as decisões jurídicas, preliminares ou não, adotadas sobre o funcionamento dos bingos e jogos eletrônicos. "Eu entendo que não pode haver nenhuma dúvida legal sobre a prevalência da MP", afirmou.
Bastos disse que o governo proporá ao Congresso suas soluções para a regulamentação final dos bingos e jogos eletrônicos. No entanto, acatará as soluções definitivas aprovadas pelo Congresso.
Governo vai propor estatização dos bingos
O governo vai propor a estatização dos bingos e jogos virtuais, informou ontem ao Estado o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. "Ou estatiza tudo ou fecha tudo", disse o ministro. Bastos afirmou que a decisão adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira, quando assinou medida provisória proibindo a atividade dos bingos no Brasil, "é uma posição firme e decidida contra o crime. O governo não está brincando, não haverá reabertura", disse.
Segundo ele, o governo partirá para a regulamentação dos bingos e jogos eletrônicos e virtuais brevemente, como expressou a mensagem presidencial enviada ao Congresso na segunda-feira. A regulamentação virá em formato estatal, podendo incluir algum tipo de concessão a empresas privadas em alguns formatos de jogos virtuais, mas isso não incluirá os bingos.
A idéia da estatização está amparada pelo amplo estudo feito recentemente por um grupo interministerial, que não propôs soluções, mas apontou caminhos. Desse estudo o governo tirou o convencimento de que para combater o crime organizado é fundamental bloquear todas as formas de lavagem de dinheiro. "Não podemos deixar nenhuma brecha para a lavagem de dinheiro", disse o ministro, que vê nas formas de jogo uma "lavanderia" permanente.
Segundo o ministro, a MP deve ser entendida nesse contexto. De um lado, atende ao que ele rotulou de "estrépito nacional" dos últimos dias; de outro, antecipa medidas que o governo já pensava adotar e que devem ser compreendidas num âmbito mais abrangente. Assim, a proibição dos bingos não é uma medida isolada, mas um passo importante de uma estratégia maior, que é o combate à lavagem de dinheiro do crime organizado.
Bastos disse que a maior preocupação do governo agora é assegurar o cumprimento estrito da MP e manter os bingos fechados em todo o País. "Isso vai envolver não só a Polícia Federal, mas o Ministério da Justiça inteiro."
A PF está pronta para intervir com a intensidade necessária a cada cidade e, se for o caso, poderá convocar "outras forças". O governo também se preparou para, no momento seguinte, enfrentar uma previsível batalha judicial nas próximas semanas.
O ministro disse que a MP publicada em edição extra pelo Diário Oficial de ontem, se superpõe, segundo seu entendimento, a todas as legislações estaduais e municipais, e a todas as decisões jurídicas, preliminares ou não, adotadas sobre o funcionamento dos bingos e jogos eletrônicos. "Eu entendo que não pode haver nenhuma dúvida legal sobre a prevalência da MP", afirmou.
Bastos disse que o governo proporá ao Congresso suas soluções para a regulamentação final dos bingos e jogos eletrônicos. No entanto, acatará as soluções definitivas aprovadas pelo Congresso.
sábado, fevereiro 21, 2004
E deu na coluna do Agamenon
Este comentario é do casseta !
Chega de pouca vergonha! Ninguém agüenta mais essa sacanagem, esse desfile de obscenidades, essa imoralidade descarada! Evidentemente não estou falando do carnaval e do erotismo libidinoso que atrai milhares de turistas gulosos em busca de sexo na Praia de Copacabana e nos Classificados de O Globo. Me refiro ao escândalo do Waldomiro, assessor especial de Josef Dirceu, o Stálin brasileiro, o único corrupto do mundo que parou de roubar só pra trabalhar no PT. Pior do que as cenas de corrupção explícita do ex-presidente da Loterj só mesmo as desculpas esfarrapadas (aliás, bem de acordo com o Fome Zero) que o partido está dando. Para tentar rebater o escândalo das propinas lotéricas, o PT resolveu que vai fazer uma rigorosa CPI da Corrupção para apurar todas as jogadas no Brasil desde a época do Descobrimento. Inclusive já convocaram o Cabral e o Caminha para depor no Congresso.
Chega de pouca vergonha! Ninguém agüenta mais essa sacanagem, esse desfile de obscenidades, essa imoralidade descarada! Evidentemente não estou falando do carnaval e do erotismo libidinoso que atrai milhares de turistas gulosos em busca de sexo na Praia de Copacabana e nos Classificados de O Globo. Me refiro ao escândalo do Waldomiro, assessor especial de Josef Dirceu, o Stálin brasileiro, o único corrupto do mundo que parou de roubar só pra trabalhar no PT. Pior do que as cenas de corrupção explícita do ex-presidente da Loterj só mesmo as desculpas esfarrapadas (aliás, bem de acordo com o Fome Zero) que o partido está dando. Para tentar rebater o escândalo das propinas lotéricas, o PT resolveu que vai fazer uma rigorosa CPI da Corrupção para apurar todas as jogadas no Brasil desde a época do Descobrimento. Inclusive já convocaram o Cabral e o Caminha para depor no Congresso.
Chegou o momento do presidente Lula agir conforme seu discurso.
Maria Lucia V. Barbosa (*) » 20/02/2004
O escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro da Casa Civil José Dirceu, poderá entrar para o rol dos temas proibidos, misteriosos, ocultos como o do assassinato até hoje não elucidado do prefeito Celso Daniel.
Mas apesar da muralha de proteção que vai se erguendo ao redor do principal homem do governo e, em última instância, do presidente da República, será inútil dizer que a culpa cabe a sempre cômoda e providencial herança maldita, álibi que isenta de qualquer responsabilidade a atual casta dirigente.
Portanto, incriminar pessoas do governo passado ou mesmo deste que não sejam do PT, pode distrair as atenções, mas não elimina o flagrante ilustrado na fita onde Waldomiro Diniz negocia edital ao gosto do bicheiro Carlinhos Cachoeira em troca de dinheiro para campanha de candidatos, entre eles dois do PT: Benedita da Silva, no Rio de Janeiro e Geraldo Magela, no Distrito Federal. De quebra Waldomiro pede 1% para si próprio.
Na verdade, o fator crucial desta estória e que explica o estrondo que provocou, inclusive através de reações negativas do mercado, diz respeito à ligação de doze anos de Waldomiro com o ministro da Casa Cível, o homem mais poderoso do governo.
Diante de aspecto tão grave, que em outros tempos teria posto as tropas em alerta, o presidente do PT José Genoino apressou-se a defender o companheiro com argumentos que não convenceram. Ele alegou que Waldomiro não é do PT e que o encontro com o bicheiro ocorreu no governo passado, o que é contraditado pela revista ÉPOCA.
Igualmente, quando o senador petista Aloísio Mercadante disse que "se o governo soubesse do passado de Waldomiro, ele jamais teria ido trabalhar na Casa Civil", parece estar insultando a capacidade alheia de perceber os fatos.
Estranhável também a corrida atabalhoada dos parlamentares petistas para pedir uma CPI "ampla, geral e irrestrita". Essa atitude sugere a intenção de tumultuar o ambiente do Congresso com o intuito de impedir uma CPI sobre o caso Waldomiro, como se isso pudesse revelar aspectos indesejáveis ligados ao governo. Se o PT não é um partido igual aos outros, se de fato é formado por cidadãos honrados, incorruptíveis e acima de qualquer suspeita como sempre foi apresentado à nação, não há o que temer, não há o que esconder com manobras primárias.
E se ficar comprovado o envolvimento neste episódio de seja lá quem for, que se puna o culpado ou culpados. Caso contrário vão dizer que os petistas são farinha do mesmo saco e que estão tendo de recorrer, para impedir a CPI do caso Waldomiro Diniz, a antigos e execrados adversários dos petistas, como os senadores José Sarney e Antonio Cargos Magalhães, este chamado no passado de Toninho Malvadeza.
Relembre-se ainda, que no governo anterior o PT foi o campeão de pedidos de CPIs. Certa vez, o atual presidente ao referir-se à criação de uma CPI para investigar o falsificado Dossiê Carimã, disse algo que lhe valeu muitos aplausos: "Acho que o presidente da República (FHC) precisa dar uma resposta à sociedade. Não basta dizer que a moralidade está dentro dele. Não basta parecer. Tem que ser". Chegou, então, o momento do presidente Lula agir conforme seu discurso.
É verdade que o governo sabe que não existe mais oposição restando apenas no Congresso partidos que listam cargos para tirar proveito da situação em vez de esclarecê-la; que ai vem o carnaval como trégua de folia onde vigora a amnésia coletiva; que nessa etapa de nossa história não existem mais demolidores de presidentes como Carlos Lacerda; mas mesmo que fatos e atos sejam varridos para debaixo do tapete da República, se as coisas não adquirirem a tão propalada transparência que o PT sempre apregoou uma mancha indelével se fixará para sempre em sua trajetória.
Afinal, até agora o bicho que deu tem cabeça de cobra, corpo de sapo, asas de galinha preta, garras de leão, rabo felpudo de raposa e sabe nadar em mar de lama. Um bicho tão esquisito que não dá mais nem para fazer uma fezinha nele. Do jeito que vai só falta o governo criar o ministério da Jogatina e indicar como ministro Waldomiro Diniz.
O escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro da Casa Civil José Dirceu, poderá entrar para o rol dos temas proibidos, misteriosos, ocultos como o do assassinato até hoje não elucidado do prefeito Celso Daniel.
Mas apesar da muralha de proteção que vai se erguendo ao redor do principal homem do governo e, em última instância, do presidente da República, será inútil dizer que a culpa cabe a sempre cômoda e providencial herança maldita, álibi que isenta de qualquer responsabilidade a atual casta dirigente.
Portanto, incriminar pessoas do governo passado ou mesmo deste que não sejam do PT, pode distrair as atenções, mas não elimina o flagrante ilustrado na fita onde Waldomiro Diniz negocia edital ao gosto do bicheiro Carlinhos Cachoeira em troca de dinheiro para campanha de candidatos, entre eles dois do PT: Benedita da Silva, no Rio de Janeiro e Geraldo Magela, no Distrito Federal. De quebra Waldomiro pede 1% para si próprio.
Na verdade, o fator crucial desta estória e que explica o estrondo que provocou, inclusive através de reações negativas do mercado, diz respeito à ligação de doze anos de Waldomiro com o ministro da Casa Cível, o homem mais poderoso do governo.
Diante de aspecto tão grave, que em outros tempos teria posto as tropas em alerta, o presidente do PT José Genoino apressou-se a defender o companheiro com argumentos que não convenceram. Ele alegou que Waldomiro não é do PT e que o encontro com o bicheiro ocorreu no governo passado, o que é contraditado pela revista ÉPOCA.
Igualmente, quando o senador petista Aloísio Mercadante disse que "se o governo soubesse do passado de Waldomiro, ele jamais teria ido trabalhar na Casa Civil", parece estar insultando a capacidade alheia de perceber os fatos.
Estranhável também a corrida atabalhoada dos parlamentares petistas para pedir uma CPI "ampla, geral e irrestrita". Essa atitude sugere a intenção de tumultuar o ambiente do Congresso com o intuito de impedir uma CPI sobre o caso Waldomiro, como se isso pudesse revelar aspectos indesejáveis ligados ao governo. Se o PT não é um partido igual aos outros, se de fato é formado por cidadãos honrados, incorruptíveis e acima de qualquer suspeita como sempre foi apresentado à nação, não há o que temer, não há o que esconder com manobras primárias.
E se ficar comprovado o envolvimento neste episódio de seja lá quem for, que se puna o culpado ou culpados. Caso contrário vão dizer que os petistas são farinha do mesmo saco e que estão tendo de recorrer, para impedir a CPI do caso Waldomiro Diniz, a antigos e execrados adversários dos petistas, como os senadores José Sarney e Antonio Cargos Magalhães, este chamado no passado de Toninho Malvadeza.
Relembre-se ainda, que no governo anterior o PT foi o campeão de pedidos de CPIs. Certa vez, o atual presidente ao referir-se à criação de uma CPI para investigar o falsificado Dossiê Carimã, disse algo que lhe valeu muitos aplausos: "Acho que o presidente da República (FHC) precisa dar uma resposta à sociedade. Não basta dizer que a moralidade está dentro dele. Não basta parecer. Tem que ser". Chegou, então, o momento do presidente Lula agir conforme seu discurso.
É verdade que o governo sabe que não existe mais oposição restando apenas no Congresso partidos que listam cargos para tirar proveito da situação em vez de esclarecê-la; que ai vem o carnaval como trégua de folia onde vigora a amnésia coletiva; que nessa etapa de nossa história não existem mais demolidores de presidentes como Carlos Lacerda; mas mesmo que fatos e atos sejam varridos para debaixo do tapete da República, se as coisas não adquirirem a tão propalada transparência que o PT sempre apregoou uma mancha indelével se fixará para sempre em sua trajetória.
Afinal, até agora o bicho que deu tem cabeça de cobra, corpo de sapo, asas de galinha preta, garras de leão, rabo felpudo de raposa e sabe nadar em mar de lama. Um bicho tão esquisito que não dá mais nem para fazer uma fezinha nele. Do jeito que vai só falta o governo criar o ministério da Jogatina e indicar como ministro Waldomiro Diniz.
sexta-feira, fevereiro 20, 2004
marcha de carnaval
Ô Waldomiro, ô Waldomiro,
me responda, por favor,
Se neste rolo o bicho pega nosso Lulinha Paz e Amor.
Ô Waldomiro, ô Waldomiro,
me diga o bicho que deu
Se o Zé Dirceu
Se o Zé Dirceu também comeu
Ô Zé Dirceu, que bicho deu?
Ô Zé Dirceu, eu quero o meu.
Ô Waldomiro, Ô Waldomirio me diga o bicho que deu
Se quem comeu foi só o Magela ou Zé Dirceu também comeu
Clique aqui para ouvir a música
me responda, por favor,
Se neste rolo o bicho pega nosso Lulinha Paz e Amor.
Ô Waldomiro, ô Waldomiro,
me diga o bicho que deu
Se o Zé Dirceu
Se o Zé Dirceu também comeu
Ô Zé Dirceu, que bicho deu?
Ô Zé Dirceu, eu quero o meu.
Ô Waldomiro, Ô Waldomirio me diga o bicho que deu
Se quem comeu foi só o Magela ou Zé Dirceu também comeu
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Análise do modelo Waldomiro-Dirceu
Estava pensando sobre o modelo Waldomiro-Drice (WD). Na surdina, eles adotaram a estratégia do pega-bate-arrebenta-extorque-e-depois-pergunta-o-nome-e-se-pode-ou-não-contribuir-para-a-campanha. Na frente das cameras, adotaram a estratégia do pega-bate-arrebenta-fecha-o-setor-e-depois-pergunta-se-vai-ou-não-ter-algum-imapacto-sobre-a-economia. Afinal, fecharam os bingos via medida provisória.
Isto posto e isto feito, pergunto :
1) se o modelo WD fosse implementado no setor de siderurgia ( ou de telecomunicações, portos, aeroportos, etc) o Brasil hoje estaria sem siderúrgicas ( ou telefonia, portos, aeroportos, etc) ??
2) se ninguém tivesse divulgado as gravações da negociata, quem estaria financiando as campanhas de 2003 ? Os militantes da base que acreditam no Lula salvador ou os contrabandistas e fornecedores de cocaína ?
3) Até quando as preferências dos financiadores de campanha prevalecerão em relação à preferência dos eleitores ?
4) Que tal acabar com sigilo bancário e fiscal; e conectar todas as bases de dados (jurídica, previdenciária, eleitoral, fiscal, bancária, etc) ?
5) Porque Lula defende tanto o homem que ele escolheu para chamar de Dirceu ?
Associação de bingos diz que Lula demitirá 320 mil pessoas
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/238.htm
O presidente da Associação Brasileira de Bingos (Abrabin), Olavo Salles, informou na noite desta sexta-feira, em nota, que a decisão do governo federal de proibir o funcionamento de bingos e caça-níqueis transfere a 320 mil trabalhadores e suas famílias o "ônus de um drama para o qual eles não contribuíram e que não ajudará em nada o País".
Isto posto e isto feito, pergunto :
1) se o modelo WD fosse implementado no setor de siderurgia ( ou de telecomunicações, portos, aeroportos, etc) o Brasil hoje estaria sem siderúrgicas ( ou telefonia, portos, aeroportos, etc) ??
2) se ninguém tivesse divulgado as gravações da negociata, quem estaria financiando as campanhas de 2003 ? Os militantes da base que acreditam no Lula salvador ou os contrabandistas e fornecedores de cocaína ?
3) Até quando as preferências dos financiadores de campanha prevalecerão em relação à preferência dos eleitores ?
4) Que tal acabar com sigilo bancário e fiscal; e conectar todas as bases de dados (jurídica, previdenciária, eleitoral, fiscal, bancária, etc) ?
5) Porque Lula defende tanto o homem que ele escolheu para chamar de Dirceu ?
Associação de bingos diz que Lula demitirá 320 mil pessoas
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/238.htm
O presidente da Associação Brasileira de Bingos (Abrabin), Olavo Salles, informou na noite desta sexta-feira, em nota, que a decisão do governo federal de proibir o funcionamento de bingos e caça-níqueis transfere a 320 mil trabalhadores e suas famílias o "ônus de um drama para o qual eles não contribuíram e que não ajudará em nada o País".
GAUCHO TAMBÉM PODE
se ele nega viementemente, eh porque ele fez.
como diriam os mamonas assassinas : faca sua barba / raspe seu bigode / gaucho tambem pode / nao tem que disfarcar.
Paim nega ligação com pressão sobre ex-diretor da Lotergs
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/61.htm
Brasília - O vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), disse hoje a jornalistas que não tem nenhuma ligação com as pressões que teriam sido feitas pela direção da campanha do PT no Rio Grande do Sul em 2002. O ex-diretor-geral da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs) José Vicente Brizola denuncia em entrevista à revista Veja pressões do comando de campanha a governador para arrecadação de recursos junto a proprietários de casas de bingo e caça-níqueis no Estado.
Paim ressaltou que só é citado na reportagem como integrante da chapa majoritária em que foi candidato a senador. "Vejo isso com tranqüilidade pois fiz uma campanha pobre e tenho certeza que o ministro da Educação, Tarso Genro, não teve nenhuma relação com este tipo de atitude", disse o senador. "Sou contra esta prática porque entendo que dinheiro ilegal não deve ser sustentáculo de campanha", salientou.
O senador disse que a Polícia Federal e o Ministério Público devem investigar, caso tenha havido dinheiro do jogo do bicho. O senador chegou a apoiar a CPI do Bingo, proposta pelo senador Magno Malta (PL-ES). "Situação e oposição entendem que pode ser instalada a CPI, então tudo deve ser investigado, inclusive o caso Waldomiro Diniz", reconheceu. "Se os bingos estão numa guerra contra o governo, então uma CPI é oportuna", disse ele, referindo-se à suposição do governo de que as denúncias teriam relação com a intenção do governo de estatizar a atividade.
como diriam os mamonas assassinas : faca sua barba / raspe seu bigode / gaucho tambem pode / nao tem que disfarcar.
Paim nega ligação com pressão sobre ex-diretor da Lotergs
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/61.htm
Brasília - O vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), disse hoje a jornalistas que não tem nenhuma ligação com as pressões que teriam sido feitas pela direção da campanha do PT no Rio Grande do Sul em 2002. O ex-diretor-geral da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs) José Vicente Brizola denuncia em entrevista à revista Veja pressões do comando de campanha a governador para arrecadação de recursos junto a proprietários de casas de bingo e caça-níqueis no Estado.
Paim ressaltou que só é citado na reportagem como integrante da chapa majoritária em que foi candidato a senador. "Vejo isso com tranqüilidade pois fiz uma campanha pobre e tenho certeza que o ministro da Educação, Tarso Genro, não teve nenhuma relação com este tipo de atitude", disse o senador. "Sou contra esta prática porque entendo que dinheiro ilegal não deve ser sustentáculo de campanha", salientou.
O senador disse que a Polícia Federal e o Ministério Público devem investigar, caso tenha havido dinheiro do jogo do bicho. O senador chegou a apoiar a CPI do Bingo, proposta pelo senador Magno Malta (PL-ES). "Situação e oposição entendem que pode ser instalada a CPI, então tudo deve ser investigado, inclusive o caso Waldomiro Diniz", reconheceu. "Se os bingos estão numa guerra contra o governo, então uma CPI é oportuna", disse ele, referindo-se à suposição do governo de que as denúncias teriam relação com a intenção do governo de estatizar a atividade.
FALA DIRCEU !!! GATO COMEU SUA LINGUA ??? HE HE HE
Situação muda com as novas denúncias, diz Suplicy
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/68.htm
O senador Eduardo Suplicy acha que a situação muda, com a revelação, feita pela revista Época, de que o ex-assessor da Presidência da República Waldomiro Diniz participou de reuniões com o bicheiro Carlinhos Cachoeira em 2003, já, portanto, no governo Lula. Em entrevista a uma emissora de rádio de São Paulo, Suplicy lembrou que, em reunião com parlamentares após as primeiras notícias sobre o escândalo, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, assegurou que não tinha relação funcional com os episódios que envolveram seu ex-assessor e que a denúncia dizia respeito a fatos ocorridos em 2002, antes de o atual governo tomar posse.
O senador defendeu que as denúncias sobre as reuniões de Waldomiro em 2003 sejam "investigadas, apuradas". Suplicy afirmou ainda que mantém sua opinião de que o chefe da Casa Civil deveria ir ao Congresso prestar esclarecimentos e responder às dúvidas dos parlamentares
P.S. acompanharia a Heloisa Helena arguindo o Dirceu.
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/68.htm
O senador Eduardo Suplicy acha que a situação muda, com a revelação, feita pela revista Época, de que o ex-assessor da Presidência da República Waldomiro Diniz participou de reuniões com o bicheiro Carlinhos Cachoeira em 2003, já, portanto, no governo Lula. Em entrevista a uma emissora de rádio de São Paulo, Suplicy lembrou que, em reunião com parlamentares após as primeiras notícias sobre o escândalo, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, assegurou que não tinha relação funcional com os episódios que envolveram seu ex-assessor e que a denúncia dizia respeito a fatos ocorridos em 2002, antes de o atual governo tomar posse.
O senador defendeu que as denúncias sobre as reuniões de Waldomiro em 2003 sejam "investigadas, apuradas". Suplicy afirmou ainda que mantém sua opinião de que o chefe da Casa Civil deveria ir ao Congresso prestar esclarecimentos e responder às dúvidas dos parlamentares
P.S. acompanharia a Heloisa Helena arguindo o Dirceu.
A MAFIA ATUA DENTRO DO PLANALTO
Quero ver a matilha lacaia se explicar. BANDIDOS !!!
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/12.htm
O presidente do PT, José Genoino, disse em entrevista nesta manhã à rádio CBN, que o governo deverá apurar as novas denúncias trazidas pela revista Época em edição antecipada nesta sexta-feira. A revista afirma que o ex-assessor do Palácio do Planalto, Waldomiro Diniz, "operou em 2003", ou seja, já no governo Lula. Segundo a Época, em 6 de janeiro do ano passado, recém-instalado no 4º andar do Palácio do Planalto, Waldomiro voltou a se reunir com Carlinhos Cachoeira. Eles tiveram um encontro com dois diretores da multinacional Gtech, empresa que discutia a renovação de um contrato de US$ 130 milhões para operar as loterias da Caixa Econômica Federal. Alem disso, o bicheiro queria propor parceria à Gtech para explorar loterias em São Paulo.
De acordo com a matéria, Waldomiro contou que foi convidado para a conversa por Carlos Ramos (Carlinhos Cachoeira). As tratativas aconteceram no Hotel Blue Tree Park, a 500 metros do Palácio da Alvorada. Os executivos da Gtech eram o então presidente da empresa, Antônio Carlos Rocha, e o diretor de marketing, Marcelo Rovai. Waldomiro contou a Época que esteve novamente com os dois no dia 31 de março, no mesmo hotel, desta vez sem a presença do bicheiro.
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/fev/20/12.htm
O presidente do PT, José Genoino, disse em entrevista nesta manhã à rádio CBN, que o governo deverá apurar as novas denúncias trazidas pela revista Época em edição antecipada nesta sexta-feira. A revista afirma que o ex-assessor do Palácio do Planalto, Waldomiro Diniz, "operou em 2003", ou seja, já no governo Lula. Segundo a Época, em 6 de janeiro do ano passado, recém-instalado no 4º andar do Palácio do Planalto, Waldomiro voltou a se reunir com Carlinhos Cachoeira. Eles tiveram um encontro com dois diretores da multinacional Gtech, empresa que discutia a renovação de um contrato de US$ 130 milhões para operar as loterias da Caixa Econômica Federal. Alem disso, o bicheiro queria propor parceria à Gtech para explorar loterias em São Paulo.
De acordo com a matéria, Waldomiro contou que foi convidado para a conversa por Carlos Ramos (Carlinhos Cachoeira). As tratativas aconteceram no Hotel Blue Tree Park, a 500 metros do Palácio da Alvorada. Os executivos da Gtech eram o então presidente da empresa, Antônio Carlos Rocha, e o diretor de marketing, Marcelo Rovai. Waldomiro contou a Época que esteve novamente com os dois no dia 31 de março, no mesmo hotel, desta vez sem a presença do bicheiro.
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
DE CASO COM A MÁFIA
Empresário ligado a Waldomiro Diniz tinha negócios com a máfia italiana
Gravações enviadas pela procuradoria da república da Itália mostram que o empresário de bingos Alejandro Ortiz, cujos interesses seriam defendidos por Waldomiro Diniz no Congresso e governo, trabalhava com os mafiosos, inclusive no tráfico de drogas
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/90095.html
BRASÍLIA – Grampos telefônicos obtidos pela Procuradoria da República da Itália e enviados nesta quarta-feira a autoridades brasileiras demonstram que a máfia italiana tinha negócios com o empresário de bingos Alejandro Ortiz, que teria os seus interesses defendido por Waldomiro Diniz no Congresso e no governo federal, segundo depoimento de um ex-sócio de Ortiz ao Ministério Público Federal.
Nas conversas gravadas, os mafiosos falam sobre os planos de implantação de “salas de jogo” no Brasil, detalhando a estratégia comercial, os valores a serem investidos e o retorno imediato com o funcionamento das “máquinas de jogo”. Integrantes do mesmo grupo mafioso também conversam sobre a importação de 5 mil quilos de cocaína da Colômbia. Os documentos foram enviados ao Brasil pela Direção Distrital Antimáfia da Procuradoria da República.
Em depoimento ao Ministério Público, em Brasília, Carlos Roberto Martins, ex-sócio de Ortiz em Goiânia, afirmou que, após deixar a presidência da Loterj, o ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro “passou a defender os interesses de Ortiz no Congresso e no governo. Os interesses do jogo são defendidos por Waldomiro através de orientações de Ortiz. Todo mundo da Abrabin sabe que Waldomiro defende os interesses da associação”.
Numa conversa gravada em junho de 1997, os mafiosos Lillo Lauricella e Julien Filippeddu – que se encontrava no Brasil – comentavam os orçamentos de investimento e a situação das sociedades Bingomatic, Betatronic e Nevada, que tinham o grupo Ortiz como sócio. Filippeddu comentou que o acordo previa um embolso preventivo de US$ 600 mensais por “máquina de jogo” e a divisão a 50% com “Alejandro” do restante conseguido.
Em outro telefonema, em outubro daquele ano, Filippeddu informava a Lauricella os desenvolvimentos da negociação. Explicava que podiam iniciar a atividade, colocando as máquinas de jogo nos lugares em que já haviam outras, com um ganho de 30%, e, a seguir, abrir as salas de jogo, para as quais seria necessário um investimento maior, de cerca de US$ 500 mil.
Licença administrativa
Numa conversa anterior, em março, Lauricella dizia a Filippeddu que precisava de US$ 162 mil para enviar a “Alessandro” com o fim de preparar um documento oficial para obter o “Laud”, uma espécie de licença administrativa ou similar, necessária para o funcionamento das máquinas de jogo no Brasil. Dias depois, Lauricella informou que Fausto Pellegrinetti iria ao Brasil com a finalidade de controlar o andamento dos seus investimentos no jogo.
No documento enviado às autoridades brasileiras, a Direção Distrital Antimáfia informa que Filippeddu colaborava em todas as suas atividades com Lillo Lauricella, “alternando-o na administração e condução do negócio relativo à comercialização das máquinas de jogo, não apenas no Brasil, mas também em outros países”.
Carlos Martins também afirmou ao Ministério Público que seu negócio quebrou quando Ortiz “encontrava-se enfraquecido em face da descoberta de suas ligações com a máfia italiana” e que “a ligação da família Ortiz com a máfia se dava através de Lillo Lauricella, que era o investidor apresentado pelo grupo francês de François Fhilippedu, que permitiu o seu ingresso nos negócios de caça-níqueis”.
Em outro depoimento ao Ministério Público, o bicheiro Messias Ribeiro Neto falou sobre o seu negócio de máquinas eletrônicas em Goiânia, que teria sido implantado em parceria com Ortiz. Mais tarde, Ortiz teria sido afastado do negócio porque estava com problemas com as justiças brasileira e italiana. Segundo ele, a empresa de Ortiz era a Bingomatic.
Trechos das gravações
Dia 03 de junho de 1997 - Lauricella e Filippeddu comentam os investimentos e a situação das empresas Bingomatic, Betatronic e Nevada. Filippeddu dizia que “o acordo alcançado previa um embolso preventivo de US$ 600 mensais por máquina de jogo, a título de aluguel, e a divisão a 50% com Alejandro do restante conseguido”
Dia 28 de dezembro de 1997 - Giovanni Carloni informava Fabiola Novelli sobre um projeto de importação de 5 mil quilos de cocaína da Colômbia: “São 5 mil! Na última vez, 20 bilhões por parte, a 110% a segurança, entende?”
Gravações enviadas pela procuradoria da república da Itália mostram que o empresário de bingos Alejandro Ortiz, cujos interesses seriam defendidos por Waldomiro Diniz no Congresso e governo, trabalhava com os mafiosos, inclusive no tráfico de drogas
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/90095.html
BRASÍLIA – Grampos telefônicos obtidos pela Procuradoria da República da Itália e enviados nesta quarta-feira a autoridades brasileiras demonstram que a máfia italiana tinha negócios com o empresário de bingos Alejandro Ortiz, que teria os seus interesses defendido por Waldomiro Diniz no Congresso e no governo federal, segundo depoimento de um ex-sócio de Ortiz ao Ministério Público Federal.
Nas conversas gravadas, os mafiosos falam sobre os planos de implantação de “salas de jogo” no Brasil, detalhando a estratégia comercial, os valores a serem investidos e o retorno imediato com o funcionamento das “máquinas de jogo”. Integrantes do mesmo grupo mafioso também conversam sobre a importação de 5 mil quilos de cocaína da Colômbia. Os documentos foram enviados ao Brasil pela Direção Distrital Antimáfia da Procuradoria da República.
Em depoimento ao Ministério Público, em Brasília, Carlos Roberto Martins, ex-sócio de Ortiz em Goiânia, afirmou que, após deixar a presidência da Loterj, o ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro “passou a defender os interesses de Ortiz no Congresso e no governo. Os interesses do jogo são defendidos por Waldomiro através de orientações de Ortiz. Todo mundo da Abrabin sabe que Waldomiro defende os interesses da associação”.
Numa conversa gravada em junho de 1997, os mafiosos Lillo Lauricella e Julien Filippeddu – que se encontrava no Brasil – comentavam os orçamentos de investimento e a situação das sociedades Bingomatic, Betatronic e Nevada, que tinham o grupo Ortiz como sócio. Filippeddu comentou que o acordo previa um embolso preventivo de US$ 600 mensais por “máquina de jogo” e a divisão a 50% com “Alejandro” do restante conseguido.
Em outro telefonema, em outubro daquele ano, Filippeddu informava a Lauricella os desenvolvimentos da negociação. Explicava que podiam iniciar a atividade, colocando as máquinas de jogo nos lugares em que já haviam outras, com um ganho de 30%, e, a seguir, abrir as salas de jogo, para as quais seria necessário um investimento maior, de cerca de US$ 500 mil.
Licença administrativa
Numa conversa anterior, em março, Lauricella dizia a Filippeddu que precisava de US$ 162 mil para enviar a “Alessandro” com o fim de preparar um documento oficial para obter o “Laud”, uma espécie de licença administrativa ou similar, necessária para o funcionamento das máquinas de jogo no Brasil. Dias depois, Lauricella informou que Fausto Pellegrinetti iria ao Brasil com a finalidade de controlar o andamento dos seus investimentos no jogo.
No documento enviado às autoridades brasileiras, a Direção Distrital Antimáfia informa que Filippeddu colaborava em todas as suas atividades com Lillo Lauricella, “alternando-o na administração e condução do negócio relativo à comercialização das máquinas de jogo, não apenas no Brasil, mas também em outros países”.
Carlos Martins também afirmou ao Ministério Público que seu negócio quebrou quando Ortiz “encontrava-se enfraquecido em face da descoberta de suas ligações com a máfia italiana” e que “a ligação da família Ortiz com a máfia se dava através de Lillo Lauricella, que era o investidor apresentado pelo grupo francês de François Fhilippedu, que permitiu o seu ingresso nos negócios de caça-níqueis”.
Em outro depoimento ao Ministério Público, o bicheiro Messias Ribeiro Neto falou sobre o seu negócio de máquinas eletrônicas em Goiânia, que teria sido implantado em parceria com Ortiz. Mais tarde, Ortiz teria sido afastado do negócio porque estava com problemas com as justiças brasileira e italiana. Segundo ele, a empresa de Ortiz era a Bingomatic.
Trechos das gravações
Dia 03 de junho de 1997 - Lauricella e Filippeddu comentam os investimentos e a situação das empresas Bingomatic, Betatronic e Nevada. Filippeddu dizia que “o acordo alcançado previa um embolso preventivo de US$ 600 mensais por máquina de jogo, a título de aluguel, e a divisão a 50% com Alejandro do restante conseguido”
Dia 28 de dezembro de 1997 - Giovanni Carloni informava Fabiola Novelli sobre um projeto de importação de 5 mil quilos de cocaína da Colômbia: “São 5 mil! Na última vez, 20 bilhões por parte, a 110% a segurança, entende?”
quarta-feira, fevereiro 18, 2004
WALDOMIRO É O BICHO
Esta frase pode entrar para a história.
Ajude a escolher o garoto(a) politsBURGER-lambaca votando aqui
http://www.pfl.org.br/berzoini/default.asp
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terça-feira, fevereiro 17, 2004
VENTILADORES GLOBAIS ESPALHAM FARINHA LOCAL
não é bem farinha, mas tudo bem.
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/17/pol030.html
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ficou sob fogo intenso" com a revelação de um vídeo de dois anos atrás que mostra "um alto funcionário do governo pedindo contribuições de campanha para dois candidatos do partido e oferecendo em troca vantagens políticas". Assim o jornal The New York Times descreve, em sua edição de ontem, as denúncias envolvendo o ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz. Depois de informar que Diniz "foi demitido horas depois de o vídeo aparecer no site da revista Época", o diário americano diz que o escândalo resultante "ameaça engolir o governo esquerdista liderado pelo Partido dos Trabalhadores, que sempre se descreveu como a única força limpa no mundo sujo da política brasileira".
O texto, em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira é chamado de 'Charlie Waterfall", lembra que "não é a primeira vez que o PT está implicado num esquema para beneficiar o jogo do bicho" e menciona que o presidente Lula é favorável à legalização do jogo no País.
Financial Times - Em Londres, o influente Financial Times também tratou do caso na edição de ontem dizendo que o presidente apressou-se para limitar o impacto do "primeiro escândalo de corrupção a atingir os 14 meses da administração de esquerda". Mas o caso, segundo o jornal, "faz estragos na confiança no governo".
O assessor Waldomiro Diniz é descrito como braço direito e amigo íntimo do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. "Mesmo assim, os críticos certamente vão usar o episódio para prejudicar o chefe de gabinete", disse o jornal. "Mesmo dentro do PT, muitos acreditam que a concentração de poder de Dirceu - montada para trazer coerência para a diversificada aliança política - foi longe demais."
Para o Financial Times, ainda que ainda que o caso seja controlado, ele prejudica "a imagem de lisura pregada pelo PT e poderia afetar sua autoridade no Congresso". Depois, cita uma frase do líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), segundo o qual "o PT não é mais virgem". O jornal britânico lembra que partidos de oposição chegaram a pedir a renúncia de Dirceu e se movimentam para criar uma comissão de inquérito para o caso. A preocupação dos investidores com o caso derrubou o mercado na sexta-feira, destaca o jornal.
Le Monde - Sob o título "Um caso de corrupção no coração do governo Lula", o jornal francês Le Monde afirma que o episódio "desencadearam rumores e especulações". Para o Monde, Lula enfrenta "o primeiro caso sério de corrupção" de seu governo.
Depois de relatar o caso em detalhes, o jornal diz em subtítulo que "A imagem íntegra de Lula leva um golpe" e cita um executivo brasileiro segundo o qual é o caso de perguntar "se outras informações desse tipo ainda vão aparecer".
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/17/pol030.html
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ficou sob fogo intenso" com a revelação de um vídeo de dois anos atrás que mostra "um alto funcionário do governo pedindo contribuições de campanha para dois candidatos do partido e oferecendo em troca vantagens políticas". Assim o jornal The New York Times descreve, em sua edição de ontem, as denúncias envolvendo o ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz. Depois de informar que Diniz "foi demitido horas depois de o vídeo aparecer no site da revista Época", o diário americano diz que o escândalo resultante "ameaça engolir o governo esquerdista liderado pelo Partido dos Trabalhadores, que sempre se descreveu como a única força limpa no mundo sujo da política brasileira".
O texto, em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira é chamado de 'Charlie Waterfall", lembra que "não é a primeira vez que o PT está implicado num esquema para beneficiar o jogo do bicho" e menciona que o presidente Lula é favorável à legalização do jogo no País.
Financial Times - Em Londres, o influente Financial Times também tratou do caso na edição de ontem dizendo que o presidente apressou-se para limitar o impacto do "primeiro escândalo de corrupção a atingir os 14 meses da administração de esquerda". Mas o caso, segundo o jornal, "faz estragos na confiança no governo".
O assessor Waldomiro Diniz é descrito como braço direito e amigo íntimo do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. "Mesmo assim, os críticos certamente vão usar o episódio para prejudicar o chefe de gabinete", disse o jornal. "Mesmo dentro do PT, muitos acreditam que a concentração de poder de Dirceu - montada para trazer coerência para a diversificada aliança política - foi longe demais."
Para o Financial Times, ainda que ainda que o caso seja controlado, ele prejudica "a imagem de lisura pregada pelo PT e poderia afetar sua autoridade no Congresso". Depois, cita uma frase do líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), segundo o qual "o PT não é mais virgem". O jornal britânico lembra que partidos de oposição chegaram a pedir a renúncia de Dirceu e se movimentam para criar uma comissão de inquérito para o caso. A preocupação dos investidores com o caso derrubou o mercado na sexta-feira, destaca o jornal.
Le Monde - Sob o título "Um caso de corrupção no coração do governo Lula", o jornal francês Le Monde afirma que o episódio "desencadearam rumores e especulações". Para o Monde, Lula enfrenta "o primeiro caso sério de corrupção" de seu governo.
Depois de relatar o caso em detalhes, o jornal diz em subtítulo que "A imagem íntegra de Lula leva um golpe" e cita um executivo brasileiro segundo o qual é o caso de perguntar "se outras informações desse tipo ainda vão aparecer".
TEM PRATO QUE É MELHOR COMER FRIO
No plenário, sentado no local da Mesa Diretora, entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Maurício Corrêa, e o segundo vice-presidente do Senado, Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO), Dirceu evitava olhar para o lado direito. Se o fizesse, teria de encarar a senadora Heloísa Helena (sem partido-AL). Em pé, durante toda a sessão, Heloísa mantinha um olhar de deboche para o ministro, que defendeu sua expulsão do PT por causa de sua oposição às reformas. A senadora alagoana, sorrindo, comentou: "Tem coisas que eu gosto de olhar olhos nos olhos."
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/17/pol017.html
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/17/pol017.html
segunda-feira, fevereiro 16, 2004
OPERACAO ABAFA
O que o PT governo tem contra CPI ? O PT oposicao a FHC e tudo isto que estava ai nao adorava assinar requerimentos ? Nao custa nada assinar mais este !!
Ordem no governo é não deixar sair a CPI
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/16/pol012.html
BRASÍLIA - O Congresso reabre hoje para dar início à sessão legislativa de 2004 em clima de crise que ameaça arrastar o Palácio do Planalto para uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Depois do flagrante de propina revelado na sexta-feira pela revista Época, envolvendo o ex-subchefe da Assessoria Parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz, ministros e líderes de partidos aliados já avisaram ao Planalto e ao PT que o maior desafio esta semana será um só: controlar a própria tropa, para que os petistas da Câmara e do Senado não assinem o requerimento em favor da CPI. O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) já tem cinco assinaturas para a instalação da CPI. Recomeça hoje a coleta. Precisa de mais 22.
"Ou o José Genoino (presidente do PT) e o governo seguram esses petistas, ou o próprio PT vai desestabilizar os aliados e ninguém segura a CPI", adverte um ministro político. Ontem, depois de examinar todos os noticiários, o núcleo político do Planalto concluiu que o governo administrou bem as primeiras 48 horas da crise, dispensando qualquer esquema de emergência para a reabertura do Congresso. O PT do Senado reúne sua bancada hoje para tomar uma posição sobre a CPI.
Mas a tática de afastar o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, do contato com parlamentares e a imprensa está mantida. Fugindo à tradição, não será Dirceu, mas o ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política, que levará ao Congresso a mensagem presidencial a ser lida ao meio-dia, na sessão solene de abertura dos trabalhos legislativos. Diante da crise, o ministro de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, assumiu emergencialmente todo o sistema de comunicação estratégica do Planalto.
Nas reuniões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros mais próximos, como Gushiken e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) tiveram, a conclusão foi de que "o petardo atingiu o PT e não o governo federal". Portanto, dizem, ao PT cabe a reação.
Os aliados estão muito preocupados e exigem que o PT "dê o exemplo", resistindo à pressão das oposições pela CPI. "Se a dissidência do PT for grande, nosso pessoal não será mais realista que o rei e acabará apoiando a CPI", adverte um ministro não-petista. "Não vamos suportar esse PT tirando onda e dizendo que não tem medo de CPI; se não têm medo, então vamos fazer", diz um líder aliado. "O PT tem de compreender que está no governo e não pode titubear. Entrar no jogo da oposição pró-CPI é burrice política", afirma o vice-líder do governo, Professor Luizinho (PT-SP).
A maior preocupação do Planalto é o Senado, onde bastam 27 assinaturas para criar a CPI e Eduardo Suplicy (PT-SP) já prometeu apoiá-la. O governo terá ainda de administrar as insatisfações do PMDB, dono da maior bancada (23 senadores). O líder Renan Calheiros (AL) disse ao Planalto que a situação está sob controle pelo menos até amanhã, quando a bancada se reunirá para tomar posição sobre a CPI. Mas pelo menos um voto o governo já perdeu: o senador Mão Santa (PMDB-PI) assinou o requerimento.
Eleições - Os parceiros do PT no governo e nas eleições também não escondem o nervosismo com a repercussão do episódio. "O estrago político está feito", avalia um ministro, revelando que seu partido teme ser contaminado.
Entre os aliados, a avaliação é de que o caso começa a desmontar o discurso eleitoral de Lula, que já não era muito fácil. Afinal, raciocina um articulador político da base, o governo petista já reproduz a política econômica tucana e patina no social. "Nos atingiram no que vem sendo nosso grande diferencial, que é o padrão petista de fazer política."
O vice-líder do PT na Câmara, Carlito Merss (SC), diz que a saída é partir para a ofensiva: "O PT tem de mostrar uma coisa: não transige com a corrupção. Tanto que Waldomiro foi degolado, sem conversa."
Ordem no governo é não deixar sair a CPI
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/16/pol012.html
BRASÍLIA - O Congresso reabre hoje para dar início à sessão legislativa de 2004 em clima de crise que ameaça arrastar o Palácio do Planalto para uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Depois do flagrante de propina revelado na sexta-feira pela revista Época, envolvendo o ex-subchefe da Assessoria Parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz, ministros e líderes de partidos aliados já avisaram ao Planalto e ao PT que o maior desafio esta semana será um só: controlar a própria tropa, para que os petistas da Câmara e do Senado não assinem o requerimento em favor da CPI. O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) já tem cinco assinaturas para a instalação da CPI. Recomeça hoje a coleta. Precisa de mais 22.
"Ou o José Genoino (presidente do PT) e o governo seguram esses petistas, ou o próprio PT vai desestabilizar os aliados e ninguém segura a CPI", adverte um ministro político. Ontem, depois de examinar todos os noticiários, o núcleo político do Planalto concluiu que o governo administrou bem as primeiras 48 horas da crise, dispensando qualquer esquema de emergência para a reabertura do Congresso. O PT do Senado reúne sua bancada hoje para tomar uma posição sobre a CPI.
Mas a tática de afastar o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, do contato com parlamentares e a imprensa está mantida. Fugindo à tradição, não será Dirceu, mas o ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política, que levará ao Congresso a mensagem presidencial a ser lida ao meio-dia, na sessão solene de abertura dos trabalhos legislativos. Diante da crise, o ministro de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, assumiu emergencialmente todo o sistema de comunicação estratégica do Planalto.
Nas reuniões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros mais próximos, como Gushiken e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) tiveram, a conclusão foi de que "o petardo atingiu o PT e não o governo federal". Portanto, dizem, ao PT cabe a reação.
Os aliados estão muito preocupados e exigem que o PT "dê o exemplo", resistindo à pressão das oposições pela CPI. "Se a dissidência do PT for grande, nosso pessoal não será mais realista que o rei e acabará apoiando a CPI", adverte um ministro não-petista. "Não vamos suportar esse PT tirando onda e dizendo que não tem medo de CPI; se não têm medo, então vamos fazer", diz um líder aliado. "O PT tem de compreender que está no governo e não pode titubear. Entrar no jogo da oposição pró-CPI é burrice política", afirma o vice-líder do governo, Professor Luizinho (PT-SP).
A maior preocupação do Planalto é o Senado, onde bastam 27 assinaturas para criar a CPI e Eduardo Suplicy (PT-SP) já prometeu apoiá-la. O governo terá ainda de administrar as insatisfações do PMDB, dono da maior bancada (23 senadores). O líder Renan Calheiros (AL) disse ao Planalto que a situação está sob controle pelo menos até amanhã, quando a bancada se reunirá para tomar posição sobre a CPI. Mas pelo menos um voto o governo já perdeu: o senador Mão Santa (PMDB-PI) assinou o requerimento.
Eleições - Os parceiros do PT no governo e nas eleições também não escondem o nervosismo com a repercussão do episódio. "O estrago político está feito", avalia um ministro, revelando que seu partido teme ser contaminado.
Entre os aliados, a avaliação é de que o caso começa a desmontar o discurso eleitoral de Lula, que já não era muito fácil. Afinal, raciocina um articulador político da base, o governo petista já reproduz a política econômica tucana e patina no social. "Nos atingiram no que vem sendo nosso grande diferencial, que é o padrão petista de fazer política."
O vice-líder do PT na Câmara, Carlito Merss (SC), diz que a saída é partir para a ofensiva: "O PT tem de mostrar uma coisa: não transige com a corrupção. Tanto que Waldomiro foi degolado, sem conversa."
domingo, fevereiro 15, 2004
Entre o poder e o país
http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=1676
O que ainda não está claro para muita gente é o fato de que o PT tem um projeto de poder, não um projeto de país. Aqui e ali, pode até ser que esses projetos coincidam. Na maioria dos casos, porém, a politização cria acomodações, obstáculos e indecisões de alto custo para esta democracia capitalista. Os programas de médio ou longo prazo que o governo lança são muito alardeados e mesmo assim não engrenam. Um deles, claro, é o Fome Zero, que até o presidente Lula agora reconhece que não vai além do mutirão assistencialista. Outro é o PPP, a parceria entre investimentos públicos e privados na área de infra-estrutura, que assim como os tais "marcos regulatórios" (as regras e metas para setores como o energético) corre o risco de não ser mais que uma carta de boas intenções e cara execução.
Os focos maiores estão em outros lugares. Muito analista se pergunta por que, por exemplo, China e Índia recebem mais investimentos estrangeiros do que o Brasil, que tem câmbio flutuante e certa estabilidade institucional. É fácil: os investimentos financeiros temem o alto custo do Estado nacional, a dívida interna de quase 60% do PIB, rolada a juros de agiota; e os investimentos produtivos temem o custo do emprego, por causa dos encargos trabalhistas, e as teias tributária, jurídica e burocrática (e o problema não é a quantidade de funcionários públicos, mas seu custo e a falta de critérios técnicos). Não há ambiente para o investimento que não o oportunista. Na China e na Índia, a combinação de mão-de-obra barata, mercado de consumo potencial, saúde fiscal e vigor produtivo são, apesar dos problemas, combinatória bem mais atraente.
Isso não significa que esse seja o caminho brasileiro, antes de mais nada porque aqui a renda per capita e a liberdade civil são muito maiores. Significa apenas que, como o Brasil precisa da poupança externa, deve acordar para essas realidades. E tais reformas seriam extremamente úteis também para o mercado interno, principalmente se acompanhadas da melhora e expansão do ensino. Mas eis o mal do governo petista: para cada mudança estrutural necessária, do sistema judiciário ao agropecuário, do educacional ao político, há dois conceitos vagos e opostos em sua equipe. Vide a recente lei de biossegurança, que dá margem a decisões baseadas no preconceito e não na ciência (área em que a Índia brilha). Não por acaso o choque burro entre o lobby ambientalista e as atividades produtivas se espraia pelo território nacional. Ao PT interessa mais acumular poder do que ajudar o país a tomar o rumo do progresso socioeconômico.
O que ainda não está claro para muita gente é o fato de que o PT tem um projeto de poder, não um projeto de país. Aqui e ali, pode até ser que esses projetos coincidam. Na maioria dos casos, porém, a politização cria acomodações, obstáculos e indecisões de alto custo para esta democracia capitalista. Os programas de médio ou longo prazo que o governo lança são muito alardeados e mesmo assim não engrenam. Um deles, claro, é o Fome Zero, que até o presidente Lula agora reconhece que não vai além do mutirão assistencialista. Outro é o PPP, a parceria entre investimentos públicos e privados na área de infra-estrutura, que assim como os tais "marcos regulatórios" (as regras e metas para setores como o energético) corre o risco de não ser mais que uma carta de boas intenções e cara execução.
Os focos maiores estão em outros lugares. Muito analista se pergunta por que, por exemplo, China e Índia recebem mais investimentos estrangeiros do que o Brasil, que tem câmbio flutuante e certa estabilidade institucional. É fácil: os investimentos financeiros temem o alto custo do Estado nacional, a dívida interna de quase 60% do PIB, rolada a juros de agiota; e os investimentos produtivos temem o custo do emprego, por causa dos encargos trabalhistas, e as teias tributária, jurídica e burocrática (e o problema não é a quantidade de funcionários públicos, mas seu custo e a falta de critérios técnicos). Não há ambiente para o investimento que não o oportunista. Na China e na Índia, a combinação de mão-de-obra barata, mercado de consumo potencial, saúde fiscal e vigor produtivo são, apesar dos problemas, combinatória bem mais atraente.
Isso não significa que esse seja o caminho brasileiro, antes de mais nada porque aqui a renda per capita e a liberdade civil são muito maiores. Significa apenas que, como o Brasil precisa da poupança externa, deve acordar para essas realidades. E tais reformas seriam extremamente úteis também para o mercado interno, principalmente se acompanhadas da melhora e expansão do ensino. Mas eis o mal do governo petista: para cada mudança estrutural necessária, do sistema judiciário ao agropecuário, do educacional ao político, há dois conceitos vagos e opostos em sua equipe. Vide a recente lei de biossegurança, que dá margem a decisões baseadas no preconceito e não na ciência (área em que a Índia brilha). Não por acaso o choque burro entre o lobby ambientalista e as atividades produtivas se espraia pelo território nacional. Ao PT interessa mais acumular poder do que ajudar o país a tomar o rumo do progresso socioeconômico.
A era da clonagem humana chegou
complementando o post abaixo
Coréia do Sul investiu. E conseguiu resultados
País redirecionou foco de investimentos, com prioridade em biotecnologia
HERTON ESCOBAR
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/15/ger019.html
A primeira clonagem comprovada de um embrião humano não ocorreu na Coréia do Sul por acaso. O pioneirismo em um dos campos mais disputados e promissores da biomedicina é resultado de um esforço coordenado de investimento nacional em pesquisa e desenvolvimento, diz o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Henrique de Brito Cruz.
Nos últimos cinco anos, conta, o país redirecionou o foco de suas pesquisas em tecnologia aplicada para temas mais fundamentais, com destaque para a área de biotecnologia.
"Há um esforço intenso para desenvolver a ciência no país", diz o reitor. "O que contrasta em muitos aspectos com o que está ocorrendo no Brasil, onde o Congresso está tentando proibir esse tipo de pesquisa."
A clonagem, mesmo que com fins terapêuticos, vai contra a crença tradicional confuciana dos coreanos de que seus corpos são herdados de ancestrais e, portanto, não devem ser manipulados. Por outro lado, a busca por reconhecimento internacional e a fascinação com a biotecnologia ajudam a explicar porque o país embarcou em uma linha de pesquisa tão polêmica quanto a clonagem terapêutica. "Isso prova que os sul-coreano estão à frente de todos nessa área", disse o líder do projeto, Moon Shin-yong, à agência de notícias Associated Press.
Enquanto a proibição do uso de verbas federais atrasa a pesquisa nos Estados Unidos - país acostumado ao pioneirismo nesse tipo de pesquisa -, cientistas na Inglaterra e em Israel também avançam na produção de células-tronco.
A pesquisadora brasileira Lygia Pereira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), entretanto, lembra que os sul-coreanos foram os primeiros a publicar oficialmente o sucesso da clonagem, o que não significa que grupos de outros países - inclusive nos EUA - já não tenham feito a mesma coisa. Laboratórios da iniciativa privada, por questão estratégica, evitam publicar seus resultados antes de obter as eventuais patentes sobre o processo.
No Brasil, onde a destruição de embriões é proibida por lei, Lygia é uma das cientistas que brigam na linha de frente pela liberação das pesquisas.
"Temos financiamento e profissionais altamente capacitados para trabalhar nessa área", afirma Lygia, que, trabalhando com embriões de camundongo, já produziu cinco linhagens de células-tronco. "A única coisa que diferencia a Coréia do Brasil hoje, portanto, é a legislação."
Coréia do Sul investiu. E conseguiu resultados
País redirecionou foco de investimentos, com prioridade em biotecnologia
HERTON ESCOBAR
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/15/ger019.html
A primeira clonagem comprovada de um embrião humano não ocorreu na Coréia do Sul por acaso. O pioneirismo em um dos campos mais disputados e promissores da biomedicina é resultado de um esforço coordenado de investimento nacional em pesquisa e desenvolvimento, diz o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Henrique de Brito Cruz.
Nos últimos cinco anos, conta, o país redirecionou o foco de suas pesquisas em tecnologia aplicada para temas mais fundamentais, com destaque para a área de biotecnologia.
"Há um esforço intenso para desenvolver a ciência no país", diz o reitor. "O que contrasta em muitos aspectos com o que está ocorrendo no Brasil, onde o Congresso está tentando proibir esse tipo de pesquisa."
A clonagem, mesmo que com fins terapêuticos, vai contra a crença tradicional confuciana dos coreanos de que seus corpos são herdados de ancestrais e, portanto, não devem ser manipulados. Por outro lado, a busca por reconhecimento internacional e a fascinação com a biotecnologia ajudam a explicar porque o país embarcou em uma linha de pesquisa tão polêmica quanto a clonagem terapêutica. "Isso prova que os sul-coreano estão à frente de todos nessa área", disse o líder do projeto, Moon Shin-yong, à agência de notícias Associated Press.
Enquanto a proibição do uso de verbas federais atrasa a pesquisa nos Estados Unidos - país acostumado ao pioneirismo nesse tipo de pesquisa -, cientistas na Inglaterra e em Israel também avançam na produção de células-tronco.
A pesquisadora brasileira Lygia Pereira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), entretanto, lembra que os sul-coreanos foram os primeiros a publicar oficialmente o sucesso da clonagem, o que não significa que grupos de outros países - inclusive nos EUA - já não tenham feito a mesma coisa. Laboratórios da iniciativa privada, por questão estratégica, evitam publicar seus resultados antes de obter as eventuais patentes sobre o processo.
No Brasil, onde a destruição de embriões é proibida por lei, Lygia é uma das cientistas que brigam na linha de frente pela liberação das pesquisas.
"Temos financiamento e profissionais altamente capacitados para trabalhar nessa área", afirma Lygia, que, trabalhando com embriões de camundongo, já produziu cinco linhagens de células-tronco. "A única coisa que diferencia a Coréia do Brasil hoje, portanto, é a legislação."
PERDEMOS O BONDE DA BIOTECNOLOGIA
Se a esperanca venceu o medo (sic!), a realidade produziu uma enorme decepcao. Pelo andar da carroagem, o detentor da maior biodiversidade do planeta ficará, por questões ideológicas, fora da corrida no novo paradigma tecnológico. Como estamos também fora da corrida espacial, isto significa que estaremos fora das discusões relevantes no século XXI. Bem vindos à idade media, eleitores do PT.
Politização da Embrapa assusta cientistas
Petistas e sindicalistas ocupam cargos técnicos; empresa se engaja no Fome Zero e coloca oficialmente agronegócio em segundo plano
LOURIVAL SANT'ANNA
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/15/pol019.html
BRASÍLIA - Logo que assumiu a presidência da Embrapa, no início do ano passado, Clayton Campanhola chamou os chefes das unidades centrais da empresa para contarem o que faziam. Numa dessas sessões - luzes apagadas, retroprojetor ligado -, os especialistas da Secretaria de Propriedade Intelectual discorriam sobre suas conquistas: mais de 140 patentes registradas nos Estados Unidos e na Europa, 250 variedades protegidas no Brasil e nos países vizinhos, 2 mil contratos firmados com produtores de sementes, e assim por diante.
Tudo recheado de milhões de dólares: as empresas que queiram comercializar sementes desenvolvidas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) têm de pagar, em média, 3% de royalties sobre as vendas. No caso da soja desenvolvida com gene da Monsanto, se o empreendimento não tivesse sido declarado ilegal pela Justiça, deflagrando a pirataria desenfreada no País, a comercialização das sementes teria rendido à Embrapa de 6% a 10% em royalties.
Quando olharam para o presidente, contam os técnicos, Campanhola havia adormecido.
Desde então, o presidente não deu mostras de recobrar o entusiasmo pela biotecnologia e pelo agronegócio. Em memorando distribuído no dia 10 de fevereiro de 2003, Campanhola "resolve definir, como primeira vertente prioritária da Embrapa, atividades de pesquisa e desenvolvimento direcionadas aos agricultores familiares, assentados da reforma agrária e pequenos empreendedores rurais".
O agronegócio aparece, literalmente, em segundo plano, no item 2 do comunicado: "Fortalecer, como segunda vertente prioritária, atividades de pesquisa e desenvolvimento voltadas para as cadeias do agronegócio, desenvolvendo sistemas competitivos que amparem os segmentos exportadores e do mercado interno, agreguem valor aos produtos primários, gerem emprego e desenvolvam tecnologias ambiental e socialmente éticas."
Os sinais foram se avolumando. Indicado para o cargo pelo ex-ministro da Segurança Alimentar José Graziano, que orientou seu pós-doutorado na Unicamp, Campanhola manifestou o intuito de engajar a Embrapa no Programa Fome Zero. E abriu espaço para os movimentos sociais, incluindo o MST, nas discussões sobre as políticas de pesquisa e nas bancas de seleção dos chefes de unidade.
Poder - O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) também ganhou espaço. A maioria dos assessores do presidente é oriunda do sindicato e pertence ao PT.
Seguindo o padrão de administração do PT, que reserva ao partido os cargos de confiança, a equipe não foi formada por Campanhola. Dos três diretores-executivos, dois foram indicações políticas: Herbert Lima, cunhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e ex-presidente do Sinpaf, representa os interesses de ambos - freqüentemente convergentes. Gustavo Chianca, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro, foi indicado pela ex-ministra da Assistência Social Benedita da Silva.
Ao longo do último ano, Campanhola foi a campo e trocou 19 dos 37 chefes de centros de pesquisa da Embrapa. Outros 9 estão em processo de escolha. Boa parte deles teve o mandato interrompido pelo presidente.
Desde 1995, a Embrapa tem um sistema de seleção pública dos chefes de unidade, cujos currículos e projetos de gestão são examinados por uma banca composta de especialistas de dentro e de fora da empresa. Pesquisadores de fora também podem concorrer.
O presidente da Embrapa tem de escolher um nome na lista de aprovados, que tem pontuação mínima. O mandato é de dois anos, renováveis por mais dois, se as metas da primeira metade tiverem sido cumpridas. E havia a possibilidade de um segundo mandato. O presidente demitiu os chefes em segundo mandato, sob o argumento de que lhes faltaria motivação. Campanhola, que exerceu dois mandatos de chefe na Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), diz que se inspirou no próprio exemplo: "Aos sete anos, pedi para sair, porque considerei que minhas contribuições estavam esgotadas".
Dos 19 novos chefes de unidades, pelo menos 10 pertencem ao PT e ao Sinpaf.
Desconfiados de que os processos de seleção serviriam apenas para legitimar indicações políticas, vários centros de pesquisa apresentaram apenas um candidato a chefe.
O sindicato, dominado por petistas, assumiu o papel de fiscal da execução das políticas do governo na Embrapa. Signatário do Manifesto por Um Brasil Livre de Transgênicos, o sindicato faz marcação cerrada sobre os pesquisadores mais proeminentes e sobre a direção da empresa.
Se algum cientista é flagrado defendendo a pesquisa com transgênicos, é execrado nos comunicados do Sinpaf, que os acusa de ignorar "a postura do novo governo" e exige providências para calar o transgressor. Diante disso, muitos cientistas interpretam que haja uma "lei de silêncio" na Embrapa acerca do tema.
Campanhola tem titubeado em relação aos transgênicos, o grande nicho da pesquisa de ponta na Embrapa. Durante encontro com líderes de "movimentos sociais", ele enfatizou as incertezas que cercam as pesquisas dos transgênicos, que qualificou de um "abacaxi" herdado por sua gestão. A conversa foi filmada e vazou.
Quando a Lei de Biossegurança entrou em votação na Câmara, no início do mês, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o mais importante defensor dos transgênicos no governo, pareceu virtualmente desamparado, no embate com Marina Silva. Os assessores do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com os ativistas, fizeram lobby ostensivo, enquanto um par de pesquisadores da Embrapa visitava alguns deputados, por iniciativa própria, e quase clandestinamente.
O resultado foi a aprovação de um texto que confere ao Ibama o poder de obstruir a comercialização de produtos, não só vegetais, mas também animais e farmacológicos, além de alterar a composição da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), dificultando a aprovação de decisões.
Armadilha - Tudo isso tem preocupado pesquisadores de ponta na Embrapa, que preferem não ter o nome publicado, para não sofrerem represálias. "Há muita ansiedade e perplexidade", diz um cientista da instituição. A sensação, entre os pesquisadores, é a de que a empresa caiu na armadilha da política e da ideologia, mortal para quem trabalha com inovação tecnológica aplicada à produção.
Coisas caras aos cientistas, como a meritocracia na empresa, a relativa proteção frente às pressões políticas, a liberdade para trabalhar, a motivação, enfim, um conjunto de características que, para eles, explica o êxito e o prestígio da Embrapa, parecem correr sério risco.
Os cientistas temem que a Embrapa perca o foco e se torne um órgão burocrático e irrelevante, como o Ibama. Ou que o governo queira usar a Embrapa para suprir as deficiências de extensão rural do País, ocupando uma rede de 2.221 pesquisadores, 53% deles com doutorado, na solução de problemas prosaicos de pequenos agricultores e assentados, que precisam de um agrônomo ou um veterinário, não de um cientista.
A equipe da Secretaria de Propriedade Intelectual, com sua experiência na negociação de contratos e na obtenção de patentes, praticamente se desfez.
Isso, num momento em que a Embrapa parecia criar uma oportunidade histórica.
"O que mais me entristece nisso tudo é que pela primeira vez o Brasil tinha chance de ser liderança em tecnologia", diz uma pesquisadora. "Podemos exportar tecnologia na área agrícola para todos os países tropicais do mundo."
Politização da Embrapa assusta cientistas
Petistas e sindicalistas ocupam cargos técnicos; empresa se engaja no Fome Zero e coloca oficialmente agronegócio em segundo plano
LOURIVAL SANT'ANNA
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/15/pol019.html
BRASÍLIA - Logo que assumiu a presidência da Embrapa, no início do ano passado, Clayton Campanhola chamou os chefes das unidades centrais da empresa para contarem o que faziam. Numa dessas sessões - luzes apagadas, retroprojetor ligado -, os especialistas da Secretaria de Propriedade Intelectual discorriam sobre suas conquistas: mais de 140 patentes registradas nos Estados Unidos e na Europa, 250 variedades protegidas no Brasil e nos países vizinhos, 2 mil contratos firmados com produtores de sementes, e assim por diante.
Tudo recheado de milhões de dólares: as empresas que queiram comercializar sementes desenvolvidas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) têm de pagar, em média, 3% de royalties sobre as vendas. No caso da soja desenvolvida com gene da Monsanto, se o empreendimento não tivesse sido declarado ilegal pela Justiça, deflagrando a pirataria desenfreada no País, a comercialização das sementes teria rendido à Embrapa de 6% a 10% em royalties.
Quando olharam para o presidente, contam os técnicos, Campanhola havia adormecido.
Desde então, o presidente não deu mostras de recobrar o entusiasmo pela biotecnologia e pelo agronegócio. Em memorando distribuído no dia 10 de fevereiro de 2003, Campanhola "resolve definir, como primeira vertente prioritária da Embrapa, atividades de pesquisa e desenvolvimento direcionadas aos agricultores familiares, assentados da reforma agrária e pequenos empreendedores rurais".
O agronegócio aparece, literalmente, em segundo plano, no item 2 do comunicado: "Fortalecer, como segunda vertente prioritária, atividades de pesquisa e desenvolvimento voltadas para as cadeias do agronegócio, desenvolvendo sistemas competitivos que amparem os segmentos exportadores e do mercado interno, agreguem valor aos produtos primários, gerem emprego e desenvolvam tecnologias ambiental e socialmente éticas."
Os sinais foram se avolumando. Indicado para o cargo pelo ex-ministro da Segurança Alimentar José Graziano, que orientou seu pós-doutorado na Unicamp, Campanhola manifestou o intuito de engajar a Embrapa no Programa Fome Zero. E abriu espaço para os movimentos sociais, incluindo o MST, nas discussões sobre as políticas de pesquisa e nas bancas de seleção dos chefes de unidade.
Poder - O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) também ganhou espaço. A maioria dos assessores do presidente é oriunda do sindicato e pertence ao PT.
Seguindo o padrão de administração do PT, que reserva ao partido os cargos de confiança, a equipe não foi formada por Campanhola. Dos três diretores-executivos, dois foram indicações políticas: Herbert Lima, cunhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e ex-presidente do Sinpaf, representa os interesses de ambos - freqüentemente convergentes. Gustavo Chianca, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro, foi indicado pela ex-ministra da Assistência Social Benedita da Silva.
Ao longo do último ano, Campanhola foi a campo e trocou 19 dos 37 chefes de centros de pesquisa da Embrapa. Outros 9 estão em processo de escolha. Boa parte deles teve o mandato interrompido pelo presidente.
Desde 1995, a Embrapa tem um sistema de seleção pública dos chefes de unidade, cujos currículos e projetos de gestão são examinados por uma banca composta de especialistas de dentro e de fora da empresa. Pesquisadores de fora também podem concorrer.
O presidente da Embrapa tem de escolher um nome na lista de aprovados, que tem pontuação mínima. O mandato é de dois anos, renováveis por mais dois, se as metas da primeira metade tiverem sido cumpridas. E havia a possibilidade de um segundo mandato. O presidente demitiu os chefes em segundo mandato, sob o argumento de que lhes faltaria motivação. Campanhola, que exerceu dois mandatos de chefe na Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), diz que se inspirou no próprio exemplo: "Aos sete anos, pedi para sair, porque considerei que minhas contribuições estavam esgotadas".
Dos 19 novos chefes de unidades, pelo menos 10 pertencem ao PT e ao Sinpaf.
Desconfiados de que os processos de seleção serviriam apenas para legitimar indicações políticas, vários centros de pesquisa apresentaram apenas um candidato a chefe.
O sindicato, dominado por petistas, assumiu o papel de fiscal da execução das políticas do governo na Embrapa. Signatário do Manifesto por Um Brasil Livre de Transgênicos, o sindicato faz marcação cerrada sobre os pesquisadores mais proeminentes e sobre a direção da empresa.
Se algum cientista é flagrado defendendo a pesquisa com transgênicos, é execrado nos comunicados do Sinpaf, que os acusa de ignorar "a postura do novo governo" e exige providências para calar o transgressor. Diante disso, muitos cientistas interpretam que haja uma "lei de silêncio" na Embrapa acerca do tema.
Campanhola tem titubeado em relação aos transgênicos, o grande nicho da pesquisa de ponta na Embrapa. Durante encontro com líderes de "movimentos sociais", ele enfatizou as incertezas que cercam as pesquisas dos transgênicos, que qualificou de um "abacaxi" herdado por sua gestão. A conversa foi filmada e vazou.
Quando a Lei de Biossegurança entrou em votação na Câmara, no início do mês, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o mais importante defensor dos transgênicos no governo, pareceu virtualmente desamparado, no embate com Marina Silva. Os assessores do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com os ativistas, fizeram lobby ostensivo, enquanto um par de pesquisadores da Embrapa visitava alguns deputados, por iniciativa própria, e quase clandestinamente.
O resultado foi a aprovação de um texto que confere ao Ibama o poder de obstruir a comercialização de produtos, não só vegetais, mas também animais e farmacológicos, além de alterar a composição da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), dificultando a aprovação de decisões.
Armadilha - Tudo isso tem preocupado pesquisadores de ponta na Embrapa, que preferem não ter o nome publicado, para não sofrerem represálias. "Há muita ansiedade e perplexidade", diz um cientista da instituição. A sensação, entre os pesquisadores, é a de que a empresa caiu na armadilha da política e da ideologia, mortal para quem trabalha com inovação tecnológica aplicada à produção.
Coisas caras aos cientistas, como a meritocracia na empresa, a relativa proteção frente às pressões políticas, a liberdade para trabalhar, a motivação, enfim, um conjunto de características que, para eles, explica o êxito e o prestígio da Embrapa, parecem correr sério risco.
Os cientistas temem que a Embrapa perca o foco e se torne um órgão burocrático e irrelevante, como o Ibama. Ou que o governo queira usar a Embrapa para suprir as deficiências de extensão rural do País, ocupando uma rede de 2.221 pesquisadores, 53% deles com doutorado, na solução de problemas prosaicos de pequenos agricultores e assentados, que precisam de um agrônomo ou um veterinário, não de um cientista.
A equipe da Secretaria de Propriedade Intelectual, com sua experiência na negociação de contratos e na obtenção de patentes, praticamente se desfez.
Isso, num momento em que a Embrapa parecia criar uma oportunidade histórica.
"O que mais me entristece nisso tudo é que pela primeira vez o Brasil tinha chance de ser liderança em tecnologia", diz uma pesquisadora. "Podemos exportar tecnologia na área agrícola para todos os países tropicais do mundo."
no politsBURGER, toda verdade tem um fundo de boato
Elio Gaspari
O Globo, 15 de fevereiro de 2004
Um jogo para o carnaval, monte o Aerolula
Não é o caso de se concordar com a turma da São Clemente, que entrará na Sapucaí dizendo que “aqui tudo foi tramado para virar esculhambação”, pois “no Brasil o que é sério é o Carnaval”, mas Lula e o PT Federal devem botar os pés no chão.
Admitindo-se que prefiram cortar R$ 400 milhões do programa de erradicação do trabalho infantil a desistir da compra de um avião importado de US$ 56,7 milhões, deveriam organizar uma parceria com a patuléia, convidando-a para o Fórum de Decoração do Aerolula. São 80 metros quadrados de carpete. Trata-se de área superior à média das habitações nacionais.
É possível que no preço divulgado pela Presidência da República esteja incluído o custo da decoração. Pelos costumes do mercado, não está. Ela pode sair, no barato, por R$ 10 milhões, dependendo do gosto do freguês. Não se conhece a decoração preferida pelo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi nem a do sheik Zayid, dos Emirados Árabes, aerocompanheiros de Lula.
Quem quiser brincar de decoração deve levar em conta que o Airbus tem 24 metros de comprimento. O espaço dos passageiros é dividido em blocos. Há seis decoradores europeus e americanos credenciados para fazer o serviço. Seus arquitetos desenharam 17 módulos.
São os seguintes os principais blocos:
Dormitório, com cama de casal e banheiro e chuveiro. (O da Lufthansa Technik parece ser o de melhor desenho.)
Escritório, ou sala de reunião, com sete lugares. As poltronas são maiores que as da primeira classe dos vôos comerciais.
Bloco Vip para 12 ou 18 pessoas, com assentos grandes. Se o Aerolula tiver esse bloco será o primeiro avião presidencial com três classes: na primeira vai o monarca e na segunda fica o andar de cima da comitiva.
Terceira Classe, para 18 pessoas, com assentos semelhantes aos da executiva.
Há magnatas que não voam com gente na terceira classe e usam o espaço para montar uma sala de jantar, o bar ou uma sala de reuniões.
A Presidência da República previu uma lotação de 40 pessoas para o Aerolula, sem bar nem salas.
‘Code-share’ é o novo nome da tunga
Aekipekonômica anunciou que nas próximas semanas o governo concluirá a analise das negociações da Varig com a TAM. Faz um ano que maganos do papelório agenciam a crise da Varig e a aventura da fusão.
Racional e zeloso para cortar verbas sociais e para preservar os juros da banca, o Ministério da Fazenda ainda não percebeu o que está acontecendo com os consumidores que pagam impostos e tarifas aéreas. Fracassada a tentativa de fundir as duas empresas no peito, para alcançar um dinheiro no velho e bom BNDES, anuncia-se agora que será criada uma nova empresa. Será uma companhia virtual, gestores de “vôos compartilhados”, code-share em obscurantês.
Com a chancela do governo, querem criar um cartel virtual para continuar tungando o dinheiro real dos consumidores.
A repórter Maeli Prado comparou os preços de 33 trechos com origem em Congonhas e 26 custavam a mesma coisa, até nos centavos.
As promoções da Varig e da TAM, além de custarem a mesma coisa, vigoraram nos mesmos prazos. Por exemplo: uma ida e volta São Paulo-Recife custava R$ 1.749,35 nas duas empresas. A probabilidade de uma coisa dessas acontecer por acaso é a mesma de uma pessoa ganhar todas as loterias do mundo com o mesmo milhar. Quando as duas empresas passaram a praticar vôos conjuntos, comprometeram-se, junto ao Cade, a “abster-se de qualquer prática uniforme de preços ou de trocar informações sobre preço, em especial o preço final praticado aos consumidores”.
O andar de cima da Varig tem padrinhos, mas não precisa exagerar.
O Globo, 15 de fevereiro de 2004
Um jogo para o carnaval, monte o Aerolula
Não é o caso de se concordar com a turma da São Clemente, que entrará na Sapucaí dizendo que “aqui tudo foi tramado para virar esculhambação”, pois “no Brasil o que é sério é o Carnaval”, mas Lula e o PT Federal devem botar os pés no chão.
Admitindo-se que prefiram cortar R$ 400 milhões do programa de erradicação do trabalho infantil a desistir da compra de um avião importado de US$ 56,7 milhões, deveriam organizar uma parceria com a patuléia, convidando-a para o Fórum de Decoração do Aerolula. São 80 metros quadrados de carpete. Trata-se de área superior à média das habitações nacionais.
É possível que no preço divulgado pela Presidência da República esteja incluído o custo da decoração. Pelos costumes do mercado, não está. Ela pode sair, no barato, por R$ 10 milhões, dependendo do gosto do freguês. Não se conhece a decoração preferida pelo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi nem a do sheik Zayid, dos Emirados Árabes, aerocompanheiros de Lula.
Quem quiser brincar de decoração deve levar em conta que o Airbus tem 24 metros de comprimento. O espaço dos passageiros é dividido em blocos. Há seis decoradores europeus e americanos credenciados para fazer o serviço. Seus arquitetos desenharam 17 módulos.
São os seguintes os principais blocos:
Dormitório, com cama de casal e banheiro e chuveiro. (O da Lufthansa Technik parece ser o de melhor desenho.)
Escritório, ou sala de reunião, com sete lugares. As poltronas são maiores que as da primeira classe dos vôos comerciais.
Bloco Vip para 12 ou 18 pessoas, com assentos grandes. Se o Aerolula tiver esse bloco será o primeiro avião presidencial com três classes: na primeira vai o monarca e na segunda fica o andar de cima da comitiva.
Terceira Classe, para 18 pessoas, com assentos semelhantes aos da executiva.
Há magnatas que não voam com gente na terceira classe e usam o espaço para montar uma sala de jantar, o bar ou uma sala de reuniões.
A Presidência da República previu uma lotação de 40 pessoas para o Aerolula, sem bar nem salas.
‘Code-share’ é o novo nome da tunga
Aekipekonômica anunciou que nas próximas semanas o governo concluirá a analise das negociações da Varig com a TAM. Faz um ano que maganos do papelório agenciam a crise da Varig e a aventura da fusão.
Racional e zeloso para cortar verbas sociais e para preservar os juros da banca, o Ministério da Fazenda ainda não percebeu o que está acontecendo com os consumidores que pagam impostos e tarifas aéreas. Fracassada a tentativa de fundir as duas empresas no peito, para alcançar um dinheiro no velho e bom BNDES, anuncia-se agora que será criada uma nova empresa. Será uma companhia virtual, gestores de “vôos compartilhados”, code-share em obscurantês.
Com a chancela do governo, querem criar um cartel virtual para continuar tungando o dinheiro real dos consumidores.
A repórter Maeli Prado comparou os preços de 33 trechos com origem em Congonhas e 26 custavam a mesma coisa, até nos centavos.
As promoções da Varig e da TAM, além de custarem a mesma coisa, vigoraram nos mesmos prazos. Por exemplo: uma ida e volta São Paulo-Recife custava R$ 1.749,35 nas duas empresas. A probabilidade de uma coisa dessas acontecer por acaso é a mesma de uma pessoa ganhar todas as loterias do mundo com o mesmo milhar. Quando as duas empresas passaram a praticar vôos conjuntos, comprometeram-se, junto ao Cade, a “abster-se de qualquer prática uniforme de preços ou de trocar informações sobre preço, em especial o preço final praticado aos consumidores”.
O andar de cima da Varig tem padrinhos, mas não precisa exagerar.
ATÉ QUANDO ABUSARÃO DE NOSSA PACIÊNCIA?
Maria Lucia Victor Barbosa
socióloga
E-mail: mlucia@sercomtel.com.br
Publicado originalmente em www.diogocasagrande.com.br
(...) Há, porém, que se pensar nas graves conseqüências que daí advirão da estratégia de poder do PT, pois ficou comprovado ao longo da história que Estados centralizadores e intervencionistas são também corruptos, perdulários e ineficientes. Se no Brasil já temos uma ingerência estatal excessiva, não é difícil prever o que nos acontecerá se o PT no poder aprofundar a centralização e o controle do Executivo para colocar em pratica a antiga utopia dos seus sonhos, pesadelo para os brasileiros. Afinal, somos nós que sustentamos a pesada máquina do poder e, portando, nos preparemos para pagar mais impostos, mais taxas, mais aumentos de todos os tipos, enquanto aprofunda o desemprego, deteriora a área da saúde e cai a renda.
O presidente tem pedido paciência, mas num Estado avassalador até quando também bancaremos as convocações inúteis do Congresso, o luxo da corte em contraste com a penúria do povo, o nepotismo que corre solto nos altos escalões, a violência urbana e os desmandos no campo associados à impunidade, os discursos vazios, enfim, a inoperância de um governo que cada vez mais estende seus tentáculos sobre a sociedade, tudo a ela pedindo, mas nada dando em troca? Até quando abusarão de nossa paciência?
A Expo Fome Zero foi um sucesso de marketing. O novo figurino do presidente, também. Mas, e nós, como ficamos? Especialmente depois do carnaval quando aumentam os preços do arroz, do café, do óleo de soja...
socióloga
E-mail: mlucia@sercomtel.com.br
Publicado originalmente em www.diogocasagrande.com.br
(...) Há, porém, que se pensar nas graves conseqüências que daí advirão da estratégia de poder do PT, pois ficou comprovado ao longo da história que Estados centralizadores e intervencionistas são também corruptos, perdulários e ineficientes. Se no Brasil já temos uma ingerência estatal excessiva, não é difícil prever o que nos acontecerá se o PT no poder aprofundar a centralização e o controle do Executivo para colocar em pratica a antiga utopia dos seus sonhos, pesadelo para os brasileiros. Afinal, somos nós que sustentamos a pesada máquina do poder e, portando, nos preparemos para pagar mais impostos, mais taxas, mais aumentos de todos os tipos, enquanto aprofunda o desemprego, deteriora a área da saúde e cai a renda.
O presidente tem pedido paciência, mas num Estado avassalador até quando também bancaremos as convocações inúteis do Congresso, o luxo da corte em contraste com a penúria do povo, o nepotismo que corre solto nos altos escalões, a violência urbana e os desmandos no campo associados à impunidade, os discursos vazios, enfim, a inoperância de um governo que cada vez mais estende seus tentáculos sobre a sociedade, tudo a ela pedindo, mas nada dando em troca? Até quando abusarão de nossa paciência?
A Expo Fome Zero foi um sucesso de marketing. O novo figurino do presidente, também. Mas, e nós, como ficamos? Especialmente depois do carnaval quando aumentam os preços do arroz, do café, do óleo de soja...
viva a ciencia, abaixo o politsBURGER
FOME, IDEOLOGIA E TECNOLOGIA
O ESTADO DE S.PAULO
Sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004
JOÃO MELLÃO NETO
João Mellão Neto é jornalista.
E-mail: j.mellao@uol.com.br
Home page: www.mellao.com.br
Consolidada a revolução, pacificado o país e relativamente estabilizada a economia, a vida transcorria relativamente bem na China, até que, em setembro de 1956, no 8.º Congresso do Partido Comunista, o grande timoneiro Mao Tsé-tung resolveu lançar o extremamente ambicioso 2.º plano qüinqüenal, a iniciar-se em 1958. Era "o grande salto para frente", no qual, entre outras coisas, o país deveria, no prazo de um ano, dobrar a sua produção de aço. Em 1958, em todas as aldeias, alto-falantes transmitiam ao máximo volume a nova palavra de ordem: "Todo mundo fabricando aço!" O mandamento incluía, realmente, todos. Cerca de 100 milhões de camponeses foram deslocados da lavoura para a produção de aço. A agricultura foi particularmente sacrificada. Para evitar dispersões, as terras foram todas expropriadas e organizadas em grandes comunas populares. O regime proibiu refeições em casa. Os camponeses só podiam se alimentar nas cantinas comunitárias e dedicar o melhor de seus esforços à produção de aço, nem que fosse de modo artesanal, no fundo do quintal.
O resultado foi desastroso. Não se produziu uma tonelada sequer de aço economicamente viável, as safras quebraram e, no início dos anos 60, a fome matou mais de 30 milhões de chineses. Foi a segunda maior tragédia da História humana, só superada pela 2.ª Guerra Mundial. Em 1961, Mao viu-se obrigado a voltar atrás. Mas já era tarde. Mais do que com a miséria, o mapa da fome coincide com o das tresloucadas ideologias.
Ao tempo em que os chineses sucumbiam aos milhões, do outro lado do mundo, um jovem cientista norte-americano criava, nos arredores da cidade do México, um centro de pesquisas agrícolas que, poucos anos depois, haveria de revolucionar o planeta. Trazia em mente uma única convicção: a resposta para a fome não estava no campo minado das ideologias, mas sim na ciência e na tecnologia. Seu nome? Norman Borlaug.
Borlaug, após exaustivos experimentos, logrou criar novas sementes de arroz e de trigo de altíssimo rendimento. E, mais importante, perfeitamente ambientadas para os solos e os climas adversos do então Terceiro Mundo. A Ásia - em especial a Índia -, conhecida até ali como o "continente da fome", nunca mais seria a mesma depois de adotar as sementes e os modos de cultivo recomendados pelo cientista. A fome foi erradicada. A Índia e o Paquistão, em menos de uma década, se tornaram auto-suficientes na produção de alimentos. A ciência se encarregou de destruir todos os sombrios prognósticos de Malthus e dos demógrafos. A produção agrícola podia sim crescer em escala geométrica. A chamada "Revolução Verde" foi a resposta cabal e definitiva do Homem - este animal engenhoso - para o tão temido e preconizado problema da superpopulação.
Os cientistas não são como os heróis. A humanidade não lhes ergue monumentos nem dão seu nome a cidades ou avenidas. Se os delírios de Mao foram responsáveis pelo fim de dezenas de milhões de vidas, quantas centenas de milhões não terão sido salvas pelas criações de Borlaug?
Ele logrou conquistar o Prêmio Nobel da Paz, em 1970, mas é só. Embora venerado na comunidade científica, continua sendo um desconhecido para a maior parte da opinião pública.
Tanto isto é verdade que Norman Borlaug, o pai da "Revolução Verde", está no momento visitando o nosso país e, com exceção do Estado, nenhum jornal que eu tenha lido se deu ao trabalho de sequer registrar a sua presença. Salvar vidas é algo que não rende manchetes. Se facínoras como Hitler, Stalin ou Mao - que mataram aos milhões - tivessem vindo ao Brasil, a repercussão, com certeza, teria sido outra.
Poucas pessoas, atualmente, conhecem tão a fundo a agricultura e seus problemas, especialmente nos países pobres. Se os jornais não estão dispostos a publicar as suas opiniões, paciência. O Estadão o fez. E elas não estão plenamente de acordo com o que a nação petista considera como "politicamente correto".
O ministro Rossetto, por exemplo, ficaria mais vermelho do que suas ceroulas ao ouvir a experiente opinião de Borlaug sobre a reforma agrária. Segundo ele: "Se você distribui terras para combater a pobreza, o que você terá são agricultores pobres!"
Tampouco a clorofílica ministra Marina da Silva gostaria de saber o que Borlaug pensa a respeito dos ecologistas: "Essa gente vive nas nuvens. Ficam falando na academia, teorizando, mas nada entendem de como as coisas funcionam na prática."
E quanto aos mal amados transgênicos? Borlaug é categórico:
"Com eles é possível transferir características desejáveis de uma planta para outra, algo que não seria possível de outra forma. Os transgênicos são outra grande revolução."
Fosse outro ianque qualquer, não seria difícil para nossas autoridades tentar desautorizá-lo. Mas estas são as abalizadas opiniões do homem que mais fez concretamente pelo combate à fome em toda a história recente do mundo.
Norman Borlaug é a prova viva de que a tecnologia e a engenhosidade são os únicos e eficientes combustíveis do progresso humano. As ideologias, aos homens, só têm servido para manchá-los de sangue.
sábado, fevereiro 14, 2004
LULA NAO TEM COMO CONTINUAR COM ESTE HOMEM QUE ELE ESCOLHEU PARA CHAMAR DE DIRCEU
Nao tem recurso do BNDES que faça a mídia abafar este escandalo. Ou restaura-se a moralidade, ou todos nos locupretemos.
Oposição exige saída de Dirceu do governo
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88989.html
Senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) defende a exoneração do chefe da Casa Civil durante a apuração do possível envolvimento de seu assessor Waldomiro Diniz na cobrança de propina de bicheiro no Rio, sob a alegação de que os dois eram muito ligados
BRASÍLIA – O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) defendeu nesta sexta-feira, na tribuna do Senado, a exoneração do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, durante as investigações do possível envolvimento do subchefe de Assuntos Parlamentares do Ministério da Articulação Política, Waldomiro Diniz, na cobrança de propinas de bicheiros do Rio de Janeiro. De acordo com reportagem publicada por uma revista, Diniz cobrou, em 2002, propina para financiar as campanhas de candidatos do PT, como Geraldo Magela (DF) e Benedita da Silva (RJ).
“Não tenho dúvidas que o episódio vai respingar no Dirceu. Tem de demitir o Waldomiro (ele foi exonerado quinta-feira, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva), mas, se não demitir o Dirceu, acaba o governo”, disse Barros. O senador tucano sugeriu que o afastamento de Dirceu ocorra ainda durante as investigações do caso e que, se nada fosse comprovado, o ministro voltaria ao cargo.
Como justificativa para o afastamento, ele citou o histórico da relação entre Diniz e Dirceu. Segundo Barros, foi o chefe da Casa Civil quem indicou Diniz para ocupar a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) durante a gestão de Benedita da Silva no governo do Rio.
Diniz também foi assessor de Dirceu na presidência do PT e chefe para assuntos parlamentares durante os mandados de Dirceu como deputado Federal. Ele também foi o único assessor a ser mantido no ministério quando a coordenação política passou para o ministro Aldo Rebelo (PC do B-SP), durante a recente reforma ministerial.
O senador Efraim Morais (PFL-PB) também considerou acertada a decisão de exonerar o assessor Waldomiro Nascimento, porém a considerou insuficiente. “O Waldomiro (Diniz, subchefe para Assuntos Parlamentares do Ministério da Articulação Política) estava a 40 metros do núcleo do poder. Esperamos que também seja afastado o ministro José Dirceu, para que possa haver uma apuração isenta das denúncias”, avaliou Efraim Morais.
PFL e PSDB
O PFL aliou-se ao PSDB nas críticas e no pedido de abertura de CPI para investigar as denúncias contra o assessor do Ministério da Articulação Política, Waldomiro Diniz. “Minha preocupação é saber quantos ‘Waldomiros’ estão encarapitados no Palácio do Planalto”, ironizou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), ao tomar conhecimento das denúncias. Mesmo licenciado e ausente de Brasília, Agripino fez questão de se manifestar por intermédio de sua assessoria. Na nota que mandou divulgar, ele afirma: “Até explicar esse assunto completamente, que o PT não venha falar em moralidade”, disse.
“O Waldomiro (Diniz, subchefe para Assuntos Parlamentares do Ministério da Articulação Política) estava a 40 metros do núcleo do poder. Esperamos que também seja afastado o ministro José Dirceu, para que possa haver uma apuração isenta das denúncias” - Senador Efraim Morais (PFL-PB)
“Com certeza, trataremos desse problema a fundo. A oposição, assim como todos os brasileiros, querem esclarecimentos sobre tudo o que afeta a moralidade pública” - Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA)
Oposição exige saída de Dirceu do governo
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88989.html
Senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) defende a exoneração do chefe da Casa Civil durante a apuração do possível envolvimento de seu assessor Waldomiro Diniz na cobrança de propina de bicheiro no Rio, sob a alegação de que os dois eram muito ligados
BRASÍLIA – O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) defendeu nesta sexta-feira, na tribuna do Senado, a exoneração do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, durante as investigações do possível envolvimento do subchefe de Assuntos Parlamentares do Ministério da Articulação Política, Waldomiro Diniz, na cobrança de propinas de bicheiros do Rio de Janeiro. De acordo com reportagem publicada por uma revista, Diniz cobrou, em 2002, propina para financiar as campanhas de candidatos do PT, como Geraldo Magela (DF) e Benedita da Silva (RJ).
“Não tenho dúvidas que o episódio vai respingar no Dirceu. Tem de demitir o Waldomiro (ele foi exonerado quinta-feira, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva), mas, se não demitir o Dirceu, acaba o governo”, disse Barros. O senador tucano sugeriu que o afastamento de Dirceu ocorra ainda durante as investigações do caso e que, se nada fosse comprovado, o ministro voltaria ao cargo.
Como justificativa para o afastamento, ele citou o histórico da relação entre Diniz e Dirceu. Segundo Barros, foi o chefe da Casa Civil quem indicou Diniz para ocupar a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) durante a gestão de Benedita da Silva no governo do Rio.
Diniz também foi assessor de Dirceu na presidência do PT e chefe para assuntos parlamentares durante os mandados de Dirceu como deputado Federal. Ele também foi o único assessor a ser mantido no ministério quando a coordenação política passou para o ministro Aldo Rebelo (PC do B-SP), durante a recente reforma ministerial.
O senador Efraim Morais (PFL-PB) também considerou acertada a decisão de exonerar o assessor Waldomiro Nascimento, porém a considerou insuficiente. “O Waldomiro (Diniz, subchefe para Assuntos Parlamentares do Ministério da Articulação Política) estava a 40 metros do núcleo do poder. Esperamos que também seja afastado o ministro José Dirceu, para que possa haver uma apuração isenta das denúncias”, avaliou Efraim Morais.
PFL e PSDB
O PFL aliou-se ao PSDB nas críticas e no pedido de abertura de CPI para investigar as denúncias contra o assessor do Ministério da Articulação Política, Waldomiro Diniz. “Minha preocupação é saber quantos ‘Waldomiros’ estão encarapitados no Palácio do Planalto”, ironizou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), ao tomar conhecimento das denúncias. Mesmo licenciado e ausente de Brasília, Agripino fez questão de se manifestar por intermédio de sua assessoria. Na nota que mandou divulgar, ele afirma: “Até explicar esse assunto completamente, que o PT não venha falar em moralidade”, disse.
“O Waldomiro (Diniz, subchefe para Assuntos Parlamentares do Ministério da Articulação Política) estava a 40 metros do núcleo do poder. Esperamos que também seja afastado o ministro José Dirceu, para que possa haver uma apuração isenta das denúncias” - Senador Efraim Morais (PFL-PB)
“Com certeza, trataremos desse problema a fundo. A oposição, assim como todos os brasileiros, querem esclarecimentos sobre tudo o que afeta a moralidade pública” - Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA)
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
LULA É NEOLIBERAL
como já havíamos previsto no subtítulo deste blog.
Sindicalistas discordam de posições de Lula sobre CLT
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88830.html
As três maiores centrais sindicais do País - Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) - consideraram nesta sexta-feira "inoportunas e inadequadas" as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicadas pelos jornais, nas quais ele defende a flexibilização das leis trabalhistas, admitindo o fim da multa de 40% sobre o FGTS e do abono de férias (1/3 do salário).
"Tal reforma deve ser feita para ampliar, não para retirar direitos de trabalhadores", manifestam as três entidades representativas na nota de "estranheza e preocupação" com as declarações de Lula que vão protocolar nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto.
"As palavras do presidente da República sobre flexibilização da legislação trabalhista, principalmente num momento de reduzida atividade econômica, alto desemprego e queda de renda, não só são inoportunas e inadequadas, como podem comprometer os avanços obtidos até agora nos acordos para reforma sindical", manifesta o documento.
As centrais alertam que a discussão da reforma trabalhista só deve ter início em 2005, após o término da reforma sindical, hoje em discussão no Fórum Nacional do Trabalho (FNT), "onde se discutem a organização sindical no local de trabalho e novas formas de resolução de conflitos e contratos coletivos nacionais assim como a legalização das centrais sindicais para fortalecimento do sindicalismo realmente representativo e a superação do sindicalismo corporativista e de gaveta".
A reforma trabalhista, insistem os sindicalistas, é um consenso entre trabalhadores, empregadores e governo, "mas é agenda para discussão no seu devido tempo".
Sindicalistas discordam de posições de Lula sobre CLT
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88830.html
As três maiores centrais sindicais do País - Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) - consideraram nesta sexta-feira "inoportunas e inadequadas" as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicadas pelos jornais, nas quais ele defende a flexibilização das leis trabalhistas, admitindo o fim da multa de 40% sobre o FGTS e do abono de férias (1/3 do salário).
"Tal reforma deve ser feita para ampliar, não para retirar direitos de trabalhadores", manifestam as três entidades representativas na nota de "estranheza e preocupação" com as declarações de Lula que vão protocolar nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto.
"As palavras do presidente da República sobre flexibilização da legislação trabalhista, principalmente num momento de reduzida atividade econômica, alto desemprego e queda de renda, não só são inoportunas e inadequadas, como podem comprometer os avanços obtidos até agora nos acordos para reforma sindical", manifesta o documento.
As centrais alertam que a discussão da reforma trabalhista só deve ter início em 2005, após o término da reforma sindical, hoje em discussão no Fórum Nacional do Trabalho (FNT), "onde se discutem a organização sindical no local de trabalho e novas formas de resolução de conflitos e contratos coletivos nacionais assim como a legalização das centrais sindicais para fortalecimento do sindicalismo realmente representativo e a superação do sindicalismo corporativista e de gaveta".
A reforma trabalhista, insistem os sindicalistas, é um consenso entre trabalhadores, empregadores e governo, "mas é agenda para discussão no seu devido tempo".
CRISE INSTITUCIONAL NO politsBURGER
Estava demorando. As decisoes do PERIGO VERMELHO claramente refletem as preferencias dos financiadores de campanha, nao dos eleitores. Os caras estao jogando para o beleleu o discurso historico e fazendo o que o homem da mala preta quer. Evidentemente, setores descontes comecam a usar de todos os metodos para desestabilizar tamanho estelionato eleitoral.
Diniz foi demitido na quinta à noite, diz senadora do PT
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88837.html
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), informou nesta sexta-feira que o subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, foi demitido do cargo nesta quinta-feira (12) à noite. Em matéria publicada na edição desta semana da revista Época, Diniz é envolvido em pedido de propina ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O presidente do PT, José Genoino, disse nesta sexta que a denúncia de envolvimento do subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, com a cobrança de propinas "não diz respeito ao PT, não é assunto do partido e não é assunto da competência do PT".
Alcançado por telefone logo que desembarcou no Rio de Janeiro procedente de São Paulo, Genoino disse que ainda não tinha lido a matéria publicada na revista Época contendo as denúncias, mas, desde já, observou que o episódio não vai atrapalhar os festejos dos 24 anos de fundação do PT, marcados para esta sexta-feira, a partir as 19 horas, no Hotel Glória, na capital carioca. A propósito, Genoino disse que sequer sabe se Waldomiro é filiado ao PT.
Jutahy Magalhães pede afastamento de José Dirceu
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88838.html
O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Magalhães Junior, fez na manhã desta sexta-feira, um discurso na tribuna da Câmara, para pedir o afastamento do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. O líder disse que as denúncias contra Waldomiro Diniz "são muito graves e mostram que ele agia a mando do PT".
"Ficou claro que o Waldomiro estava lá com uma ação partidária, cumpria uma tarefa do partido", disse ainda Jutahy. "Tanto é assim que parte do dinheiro da propina saiu do Rio e veio para uma campanha eleitoral em Brasília", acrescentou o parlamentar da oposição, referindo-se à parte da denúncia em que parcela dos recursos obtidos por Waldomiro teria sido destinada à campanha de Geraldo Magela ao governo do DF.
A Revista Época divulgou nesta sexta-feira denúncias de envolvimento do subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, na cobrança de propina do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cacheira.
p.s. 1 : tomara que o Genio da lampada atenda o pedido do Jutahy.
p.s. 2: a oposicao melhorou muito.
Diniz foi demitido na quinta à noite, diz senadora do PT
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88837.html
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), informou nesta sexta-feira que o subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, foi demitido do cargo nesta quinta-feira (12) à noite. Em matéria publicada na edição desta semana da revista Época, Diniz é envolvido em pedido de propina ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O presidente do PT, José Genoino, disse nesta sexta que a denúncia de envolvimento do subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, com a cobrança de propinas "não diz respeito ao PT, não é assunto do partido e não é assunto da competência do PT".
Alcançado por telefone logo que desembarcou no Rio de Janeiro procedente de São Paulo, Genoino disse que ainda não tinha lido a matéria publicada na revista Época contendo as denúncias, mas, desde já, observou que o episódio não vai atrapalhar os festejos dos 24 anos de fundação do PT, marcados para esta sexta-feira, a partir as 19 horas, no Hotel Glória, na capital carioca. A propósito, Genoino disse que sequer sabe se Waldomiro é filiado ao PT.
Jutahy Magalhães pede afastamento de José Dirceu
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88838.html
O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Magalhães Junior, fez na manhã desta sexta-feira, um discurso na tribuna da Câmara, para pedir o afastamento do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. O líder disse que as denúncias contra Waldomiro Diniz "são muito graves e mostram que ele agia a mando do PT".
"Ficou claro que o Waldomiro estava lá com uma ação partidária, cumpria uma tarefa do partido", disse ainda Jutahy. "Tanto é assim que parte do dinheiro da propina saiu do Rio e veio para uma campanha eleitoral em Brasília", acrescentou o parlamentar da oposição, referindo-se à parte da denúncia em que parcela dos recursos obtidos por Waldomiro teria sido destinada à campanha de Geraldo Magela ao governo do DF.
A Revista Época divulgou nesta sexta-feira denúncias de envolvimento do subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, na cobrança de propina do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cacheira.
p.s. 1 : tomara que o Genio da lampada atenda o pedido do Jutahy.
p.s. 2: a oposicao melhorou muito.
quinta-feira, fevereiro 12, 2004
Tarso Genro propoe estatizacao de vagas de universidades privadas
A classe trabalhadora, atraves de seus representantes proletarios, tomarah o espaco da burguesia ociosa e perdularia e ajudarah a fazer a revolucao tambem no conhecimento !!!
Tarso Genro propõe estatização de 100 mil vagas de universidades privadas
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88474.html
Brasília - O Governo Federal quer enviar ainda este ano a proposta da reforma universitária ao Congresso Nacional. O anúncio foi feito nesta quarta-feira pelo ministro da Educação, Tarso Genro, que participou de audiência pública na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
O projeto do governo vai permitir a criação, até o final do ano, de 100 mil vagas públicas em instituições privadas de ensino superior. O processo de negociação, que vem sendo desenvolvido com representantes dessas instituições, foi autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deve estar concluído em uma semana.
O objetivo, segundo informou o ministro da Educação, é que essas instituições reservem 25% de suas vagas para estudantes carentes. "As vagas estarão à disposição do MEC para a população de baixa renda, pessoas com capacidade diferenciada, afro-descendentes, índios, egressos ou internos do sistema penitenciário, em processo de recuperação", explicou o ministro, assinalando que a iniciativa visa a garantir acesso a um serviço público explorado pela iniciativa privada.
Segundo Tarso Genro, a negociação que está sendo feita vai permitir a oferta de 300 mil vagas em cinco anos.
O ministro informou que um levantamento demonstra que 37% das vagas nas universidades privadas estão "ociosas". As instituições sem fins lucrativos ou filantrópicas, segundo ele, estão negociando a ocupação pública de parte dessas vagas. Tarso Genro garante que esse acordo é positivo para as universidades privadas, já que as instituições que participarem não precisarão realizar nenhum investimento, pois as vagas já estão disponíveis.
O mecanismo proposto pelo Governo, segundo Tarso Genro, não vai provocar aumento de mensalidade nas universidades particulares, pois não haverá necessidade de acréscimo de capital ou de ampliação de estrutura.
Reforma universitária
Segundo o ministro, já foi criado um grupo executivo no Ministério da Educação para conduzir o processo de debates sobre a reforma universitária, que vão ocorrer em todo o Brasil com reitores, estudantes e professores. Os debates servirão de subsídio para o texto da proposta a ser encaminhada ao Legislativo.
Durante os debates, de acordo com o ministro, serão discutidos temas como financiamento das universidades públicas; possibilidade de aumento do gasto do governo com as universidades federais; e a criação de vagas públicas em instituições particulares - estatização de vagas privadas. Neste caso, a proposta é criar cotas para estudantes carentes, afro-descendentes, índios e presidiários nas instituições sem fins lucrativos, que hoje atuam como instituições privadas.
O ministro reconheceu que, ao longo dos últimos anos, há cada vez menos investimentos nas universidades federais e que é preciso estudar um mecanismo para inverter essa situação.
Tarso Genro participará de nova audiência, que deve ser agendada para depois do Carnaval.
Tarso Genro propõe estatização de 100 mil vagas de universidades privadas
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88474.html
Brasília - O Governo Federal quer enviar ainda este ano a proposta da reforma universitária ao Congresso Nacional. O anúncio foi feito nesta quarta-feira pelo ministro da Educação, Tarso Genro, que participou de audiência pública na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
O projeto do governo vai permitir a criação, até o final do ano, de 100 mil vagas públicas em instituições privadas de ensino superior. O processo de negociação, que vem sendo desenvolvido com representantes dessas instituições, foi autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deve estar concluído em uma semana.
O objetivo, segundo informou o ministro da Educação, é que essas instituições reservem 25% de suas vagas para estudantes carentes. "As vagas estarão à disposição do MEC para a população de baixa renda, pessoas com capacidade diferenciada, afro-descendentes, índios, egressos ou internos do sistema penitenciário, em processo de recuperação", explicou o ministro, assinalando que a iniciativa visa a garantir acesso a um serviço público explorado pela iniciativa privada.
Segundo Tarso Genro, a negociação que está sendo feita vai permitir a oferta de 300 mil vagas em cinco anos.
O ministro informou que um levantamento demonstra que 37% das vagas nas universidades privadas estão "ociosas". As instituições sem fins lucrativos ou filantrópicas, segundo ele, estão negociando a ocupação pública de parte dessas vagas. Tarso Genro garante que esse acordo é positivo para as universidades privadas, já que as instituições que participarem não precisarão realizar nenhum investimento, pois as vagas já estão disponíveis.
O mecanismo proposto pelo Governo, segundo Tarso Genro, não vai provocar aumento de mensalidade nas universidades particulares, pois não haverá necessidade de acréscimo de capital ou de ampliação de estrutura.
Reforma universitária
Segundo o ministro, já foi criado um grupo executivo no Ministério da Educação para conduzir o processo de debates sobre a reforma universitária, que vão ocorrer em todo o Brasil com reitores, estudantes e professores. Os debates servirão de subsídio para o texto da proposta a ser encaminhada ao Legislativo.
Durante os debates, de acordo com o ministro, serão discutidos temas como financiamento das universidades públicas; possibilidade de aumento do gasto do governo com as universidades federais; e a criação de vagas públicas em instituições particulares - estatização de vagas privadas. Neste caso, a proposta é criar cotas para estudantes carentes, afro-descendentes, índios e presidiários nas instituições sem fins lucrativos, que hoje atuam como instituições privadas.
O ministro reconheceu que, ao longo dos últimos anos, há cada vez menos investimentos nas universidades federais e que é preciso estudar um mecanismo para inverter essa situação.
Tarso Genro participará de nova audiência, que deve ser agendada para depois do Carnaval.
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
AVIAO ZERO
O fome zero nao anda, mas o aviao zero esta voando baixo.
74% da verba da FAB será para pagar avião de Lula
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/11/pol006.html
BRASÍLIA - Às vésperas de oficializar um contingenciamento de R$ 6 bilhões nas despesas de investimento e custeio do Orçamento de 2004, o governo publicou ontem uma portaria autorizando que o Ministério da Defesa gaste R$ 143,5 milhões com reaparelhamento e adequação da Força Aérea Brasileira.
Parte deste dinheiro deve garantir a primeira parcela do pagamento do novo avião da Presidência da República adquirido da empresa francesa Airbus.
O contrato com a Airbus, num total de US$ 56,7 milhões (R$ 165 milhões), deve ser assinado nos próximos dias pelo Ministério da Defesa. No ato, o governo brasileiro precisará desembolsar US$ 1 milhão e, em seguida, a segunda parcela de US$ 15,2 milhões, num total de R$ 48,6 milhões.
Para isso, os ministros do Planejamento, Guido Mantega, e da Fazenda, Antônio Palocci, ampliaram de R$ 201,4 para R$ 262 milhões o limite provisório de gasto do Ministério da Defesa estabelecido em janeiro. O limite definitivo constará do decreto de programação a ser divulgado na quinta-feira pelo governo.
A compra do Airbus ACJ consumirá 74% da verba reservada no Orçamento para reaparelhamento da Força Aérea, o que tem deixado os militares queixosos. No ano passado, a Aeronáutica recebeu mais de R$ 300 milhões para investir em novas aeronaves e equipamentos, e neste ano só tem previstos R$ 231 milhões no Orçamento, incluindo aí a substituição do Sucatão e a compra de novos caças.
74% da verba da FAB será para pagar avião de Lula
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/11/pol006.html
BRASÍLIA - Às vésperas de oficializar um contingenciamento de R$ 6 bilhões nas despesas de investimento e custeio do Orçamento de 2004, o governo publicou ontem uma portaria autorizando que o Ministério da Defesa gaste R$ 143,5 milhões com reaparelhamento e adequação da Força Aérea Brasileira.
Parte deste dinheiro deve garantir a primeira parcela do pagamento do novo avião da Presidência da República adquirido da empresa francesa Airbus.
O contrato com a Airbus, num total de US$ 56,7 milhões (R$ 165 milhões), deve ser assinado nos próximos dias pelo Ministério da Defesa. No ato, o governo brasileiro precisará desembolsar US$ 1 milhão e, em seguida, a segunda parcela de US$ 15,2 milhões, num total de R$ 48,6 milhões.
Para isso, os ministros do Planejamento, Guido Mantega, e da Fazenda, Antônio Palocci, ampliaram de R$ 201,4 para R$ 262 milhões o limite provisório de gasto do Ministério da Defesa estabelecido em janeiro. O limite definitivo constará do decreto de programação a ser divulgado na quinta-feira pelo governo.
A compra do Airbus ACJ consumirá 74% da verba reservada no Orçamento para reaparelhamento da Força Aérea, o que tem deixado os militares queixosos. No ano passado, a Aeronáutica recebeu mais de R$ 300 milhões para investir em novas aeronaves e equipamentos, e neste ano só tem previstos R$ 231 milhões no Orçamento, incluindo aí a substituição do Sucatão e a compra de novos caças.
terça-feira, fevereiro 10, 2004
Lula tem pior avaliação desde a posse
mascara esta caindo.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88206.html
BRASÍLIA - A pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta terça-feira revela que o governo Luiz Inácio Lula da Silva tem sua pior avaliação desde a posse, em janeiro do ano passado. Disseram ter uma avaliação positiva, 39,9% dos entrevistados, ao passo que 40,6% avaliaram o governo como regular, e 15,1% avaliaram negativamente a administração. Outros 4,5% não opinaram ou disseram não saber opinar. A margem de erro é de três pontos percentuais para cima, ou para baixo.
No início de seu governo, a avaliação positiva de Lula era de 56,6%. A regular era de 17,7%, e, a negativa, 2,3%. A primeira pesquisa foi realizada em janeiro de 2003. O desempenho pessoal do presidente caiu na avaliação dos entrevistados. Em dezembro de 2003, 69,9% aprovavam a atuação de Lula. No atual levantamento, 65,3% aprovam o desempenho de Lula.
No mesmo período, a desaprovação ao modo como o presidente conduz o país subiu de 21% para 24,2%. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 4 e 6 de fevereiro deste ano em 195 cidades de 24 Estados. Foram ouvidas 2.000 pessoas
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/88206.html
BRASÍLIA - A pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta terça-feira revela que o governo Luiz Inácio Lula da Silva tem sua pior avaliação desde a posse, em janeiro do ano passado. Disseram ter uma avaliação positiva, 39,9% dos entrevistados, ao passo que 40,6% avaliaram o governo como regular, e 15,1% avaliaram negativamente a administração. Outros 4,5% não opinaram ou disseram não saber opinar. A margem de erro é de três pontos percentuais para cima, ou para baixo.
No início de seu governo, a avaliação positiva de Lula era de 56,6%. A regular era de 17,7%, e, a negativa, 2,3%. A primeira pesquisa foi realizada em janeiro de 2003. O desempenho pessoal do presidente caiu na avaliação dos entrevistados. Em dezembro de 2003, 69,9% aprovavam a atuação de Lula. No atual levantamento, 65,3% aprovam o desempenho de Lula.
No mesmo período, a desaprovação ao modo como o presidente conduz o país subiu de 21% para 24,2%. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 4 e 6 de fevereiro deste ano em 195 cidades de 24 Estados. Foram ouvidas 2.000 pessoas
segunda-feira, fevereiro 09, 2004
Naquele então não era pejorativo qualificar alguém como acadêmico
Denis Lerrer Rosenfield é professor de filosofia na UFRS. Artigo publicado em O Globo, 9/2
O presidente Lula maneja com maestria os símbolos da linguagem política. Nada acontece ao acaso.
Suas 'improvisações' nunca são casuais, apesar de terem essa aparência. Ele sempre quer dizer algo quando sai de seu roteiro.
Recentemente, em duas ocasiões, ele se manifestou pejorativamente em relação à Academia ao destituir o senador Cristovam Buarque do Ministério da Educação e ao considerar a autonomia do Banco Central uma questão acadêmica. O que quis o presidente dizer?
Cristovam Buarque foi criticado, em sua gestão no Ministério da Educação, por ser um 'acadêmico'. No caso em questão, essa fala soa um tanto estranha, pois o senador foi governador do Distrito Federal e reitor da Universidade de Brasília. Experiência administrativa não lhe falta.
O presidente já sabia de suas qualificações ou da ausência delas quando o nomeou ministro. O seu sucessor, Tarso Genro, tem uma experiência administrativa equivalente. Logo, não foi o quesito 'experiência administrativa' que norteou a decisão presidencial.
Tentando explorar o que quis o presidente dizer, poderíamos talvez afirmar que um 'acadêmico' é um homem de idéias. Mas o que teria o presidente contra as idéias?
Um acadêmico também poderia significar um homem que não consegue aplicar as suas idéias. Neste caso, o preconceito seria ainda maior, pois seria como dizer que toda a Academia não sabe o que fazer com suas idéias.
Como se explicariam então todas as aplicações científico-tecnológicas da Universidade brasileira? E se nossa Universidade, em sua ampla maioria, votou no PT nas últimas eleições, isto significaria também que ela não sabia o que fazia com suas idéias e escolheu alguém que trata delas com desprezo?
Para titular da pasta de C&T, o presidente decidiu por um não-acadêmico, um deputado sem nenhuma experiência na área. A sua única preocupação foi assegurar um lugar para o PSB, escolhendo o neto de um coronel de esquerda, na melhor tradição patrimonialista brasileira.
Segundo foi noticiado, ele estaria cansado dos acadêmicos e preferiria alguém capaz de realizar coisas. Ora, será que os acadêmicos têm uma inadequada relação prática com o mundo?
Seriam eles, por definição, desajeitados, incapazes para as coisas da política e da administração? Quando na oposição, o PT sempre defendia a tese de que a pasta de C&T deveria ser ocupada por alguém da área. Será que os cientistas brasileiros não têm capacidade para assumir esse ministério? Por que esse preconceito antiintelectual e anticientífico?
Ao tratar da autonomia do Banco Central como uma questão acadêmica, o presidente considerou o problema como algo absolutamente não essencial.
No caso, acadêmico significaria irrelevante, desligado das questões práticas. É, então, a Academia irrelevante? Trata-se de um elogio à ausência de conhecimento?
Ora, os mais fervorosos defensores da autonomia do Banco Central são o ministro Palocci e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Que eu saiba, nenhum dos dois é acadêmico.
O ministro é médico, militante partidário e ex-prefeito de Ribeirão Preto. O seu perfil não é nem foi acadêmico. O presidente do BC, Meirelles, foi alto dirigente do Banco de Boston pelo qual se aposentou e seu perfil não é tampouco acadêmico.
Logo, ao criticar as propostas de seus colaboradores mais próximos, taxando-as de 'acadêmicas', o presidente mostrou que esse problema não tem maior importância. A Academia não tem maior importância?
Não deixa de haver um certo viés masoquista nessa posição, pois é como se o PT estivesse renegando as suas próprias origens, pois o partido deita raízes nas Universidades.
A sua história coincide, em boa parte, com a trajetória recente da Academia, onde encontrou uma forte base de sustentação. O Partido dos Trabalhadores também se definia como um partido de intelectuais e universitários.
Naquele então não era pejorativo qualificar alguém como acadêmico. Os problemas da educação e da C&T decorreriam, nos governos anteriores, da ausência de pessoas qualificadas, com idéias, nestas áreas da administração.
Se houve aqui também uma mudança, ela poderia significar uma espécie de rompimento com a própria história do PT. Será essa origem o alvo da fala presidencial?
O presidente Lula maneja com maestria os símbolos da linguagem política. Nada acontece ao acaso.
Suas 'improvisações' nunca são casuais, apesar de terem essa aparência. Ele sempre quer dizer algo quando sai de seu roteiro.
Recentemente, em duas ocasiões, ele se manifestou pejorativamente em relação à Academia ao destituir o senador Cristovam Buarque do Ministério da Educação e ao considerar a autonomia do Banco Central uma questão acadêmica. O que quis o presidente dizer?
Cristovam Buarque foi criticado, em sua gestão no Ministério da Educação, por ser um 'acadêmico'. No caso em questão, essa fala soa um tanto estranha, pois o senador foi governador do Distrito Federal e reitor da Universidade de Brasília. Experiência administrativa não lhe falta.
O presidente já sabia de suas qualificações ou da ausência delas quando o nomeou ministro. O seu sucessor, Tarso Genro, tem uma experiência administrativa equivalente. Logo, não foi o quesito 'experiência administrativa' que norteou a decisão presidencial.
Tentando explorar o que quis o presidente dizer, poderíamos talvez afirmar que um 'acadêmico' é um homem de idéias. Mas o que teria o presidente contra as idéias?
Um acadêmico também poderia significar um homem que não consegue aplicar as suas idéias. Neste caso, o preconceito seria ainda maior, pois seria como dizer que toda a Academia não sabe o que fazer com suas idéias.
Como se explicariam então todas as aplicações científico-tecnológicas da Universidade brasileira? E se nossa Universidade, em sua ampla maioria, votou no PT nas últimas eleições, isto significaria também que ela não sabia o que fazia com suas idéias e escolheu alguém que trata delas com desprezo?
Para titular da pasta de C&T, o presidente decidiu por um não-acadêmico, um deputado sem nenhuma experiência na área. A sua única preocupação foi assegurar um lugar para o PSB, escolhendo o neto de um coronel de esquerda, na melhor tradição patrimonialista brasileira.
Segundo foi noticiado, ele estaria cansado dos acadêmicos e preferiria alguém capaz de realizar coisas. Ora, será que os acadêmicos têm uma inadequada relação prática com o mundo?
Seriam eles, por definição, desajeitados, incapazes para as coisas da política e da administração? Quando na oposição, o PT sempre defendia a tese de que a pasta de C&T deveria ser ocupada por alguém da área. Será que os cientistas brasileiros não têm capacidade para assumir esse ministério? Por que esse preconceito antiintelectual e anticientífico?
Ao tratar da autonomia do Banco Central como uma questão acadêmica, o presidente considerou o problema como algo absolutamente não essencial.
No caso, acadêmico significaria irrelevante, desligado das questões práticas. É, então, a Academia irrelevante? Trata-se de um elogio à ausência de conhecimento?
Ora, os mais fervorosos defensores da autonomia do Banco Central são o ministro Palocci e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Que eu saiba, nenhum dos dois é acadêmico.
O ministro é médico, militante partidário e ex-prefeito de Ribeirão Preto. O seu perfil não é nem foi acadêmico. O presidente do BC, Meirelles, foi alto dirigente do Banco de Boston pelo qual se aposentou e seu perfil não é tampouco acadêmico.
Logo, ao criticar as propostas de seus colaboradores mais próximos, taxando-as de 'acadêmicas', o presidente mostrou que esse problema não tem maior importância. A Academia não tem maior importância?
Não deixa de haver um certo viés masoquista nessa posição, pois é como se o PT estivesse renegando as suas próprias origens, pois o partido deita raízes nas Universidades.
A sua história coincide, em boa parte, com a trajetória recente da Academia, onde encontrou uma forte base de sustentação. O Partido dos Trabalhadores também se definia como um partido de intelectuais e universitários.
Naquele então não era pejorativo qualificar alguém como acadêmico. Os problemas da educação e da C&T decorreriam, nos governos anteriores, da ausência de pessoas qualificadas, com idéias, nestas áreas da administração.
Se houve aqui também uma mudança, ela poderia significar uma espécie de rompimento com a própria história do PT. Será essa origem o alvo da fala presidencial?