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quinta-feira, novembro 29, 2007

paliativo hipocrita 

Editorial politsBURGER

Em 29/11 o Estadao noticiou o debate em torno de um projeto de lei estadual em Sao Paulo, o qual obriga as casas noturnas a disponibilizarem bebedouros. A motivacao eh o grande consumo de escaty, que provaca muita sede. Devido aa demanda adicional por agua, o preco da agua em casas noturnas disparou (veja link para integra da materia no fim deste post).

A materia enfatiza a discussao juridica, com foco na constitucionalidade da lei, alem de ressaltar o vai e volta do projeto entre o legislativo (a favor) e o executivo (contra) paulista.

Um nazistoide-neoliberal provavelmente seria contra o projeto de lei. Preferiria ver onde vai dar o equilibio bio-economico do “capitalismo da sede selvagem” . Sobreviverao os que podem pagar pela agua, ou aqueles cujo organismo vai se adaptar aa desidratacao, ou um mix dos dois ?

Afinal, ninguem eh obrigado a consumir droga sintetica. Muito pelo contrario, tal consumo eh proibido. Os dono de casa noturna nao estao obrigando ninguem a comprar agua a 6 reais o copo de 200 ml. Entao, para que intervir na relacao entre oferta e demanda de agua mineral em casas noturnas com consumidores de esctasy, sendo que a demanda adicional de agua eh oriunda de uma contravencao ? Nada como um preco paviloviano para educar os drogados de plantao a parar de consumir porcaria !

Alem disso, a lei retira lucro das casas noturnas e os transfere para os que fabircam e fazem a a manutencao de bebedouros .

Um outro ponto nao juridico a observar eh os bastidores do financiamento de campanha. Donos de casas noturnas, fabricantes de bebedouros e o crime organizado sao doadores potencias, e os politicos tem seus interesses. Assim, nao dah para distinguir exatamente se o objetivo eh proteger um potencial doador ou simplismente iludir a sociedade com um pouco mais de agua potavel. Os autos do processo do mensalao deixam claro que, nos bastidores da politca brasileira, nao devemos subestimar a demencia humana .

Mas a discussao eh muito mais que meramente juridica ou economica. O ponto central nao eh se a lei eh ou nao incontistucional ou se terah ou nao impactos sobre a lucratividade de alguns ramos da economia. A questao eh muito mais complexa, e deveria ser analisada por um grupo de especialistas em “ ciencias da mente” e cientistas sociais, haja vista que as razoes para consumir drogas vao muito alem da aparente vontade de beber muita agua mineral a precos salgados .

Este problema nao se limita aos frequentadores de casas noturnas que consumem drogas sinteticas, mas tambem estah relacionado a pessoas de renda mais baixa que vivem nas favelas. As conexoes das drogas com a criminalidade sao substancialmente conhecidas, e frequentam as primeiras paginas dos jornais ha decadas.

Neste sentido, a proposta do legislativo paulista eh absolutamente hipocrita, na medida em que os pontos centrais relacionados ao consumo e fornecimento de drogas nao sao atacados: saude publica e criminalidade.

Mais uma vez a discussao sobre drogas no Brasil, suas origens e consequencias, eh apenas superficial.


Nas baladas, bebedouros contra dano do ecstasy

Estadao, Quinta-Feira, 29 de Novembro de 2007

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071129/not_imp87438,0.php

quarta-feira, novembro 28, 2007

falta pouco para 2122 ! 

Alem de esgoto, falta agua potavel,energia eletrica, estradas, portos, aeroportos, fiscalizacao ambiental, delegados, cadeia para mulheres, educacao de qualidade, entre outros detalhes semanticos.

Enquanto isso, proliferam-se as propostas de aumento do numero de municipios, e temos que conviver com um exercito de parlamentares inuteis - e seus respectivos assessores-parentes, tambem inuteis - nas tres esferas da federacao, todos com um comportamento estritamente rent-seeking.


Pesquisa da FGV prevê universalização do esgoto só em 2122

http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid86614,0.htm

A estimativa está na pesquisa 'Impactos Sociais de Investimentos em Saneamento', disponível online

http://www3.fgv.br/ibrecps/CPS_infra/index_teste.htm

terça-feira, novembro 27, 2007

O erro é esperar sentido em tudo 

O Molusco e seus asseclas vem usando " equacao assassina" abaixo mencionada.

Eh fato que o governo Lula nao tem sentido. Nunca teve nem terah. E eh um erro tentar achar sentido nele. Tambem eh fato que os bossais do PT assim pensam com relacao ao Estado: "se o que eu quero me é de direito, e se eu o não tenho, logo eu o tomo por bem, ou por mal."

Para tal, mensalao, suborno, falcatrua, uso das instituicoes de Estado e de Governo, vies de tratamento, artimanhas, catimbas, o que for necessario para tomar de assalto e nao devolver nunca mais o que sempre lhes foi " de direito".

Afinal, como disse alguem recentemente, " que Dilma, que nada". Eles querem eh se perpetuar no poder, vivendo um eterno gozo rent-seeking.


O erro é esperar sentido em tudo

Gilmar não tinha razão em sua fúria de posse. Forjou uma realidade não negociável nem com a amada

Jorge Forbes*

O Estado de S. Paulo, 25/11/2007

Agora foi na Praia Grande. Até há pouco tempo, falávamos nos crimes inusitados que assustavam uma sociedade recém-globalizada pelos nomes dos seus autores: Suzane, Champinha, etc. Agora nos referimos pelo nome do lugar onde ocorreu: essa semana, Praia Grande. Em Belo Horizonte também se passou algo semelhante, mas foi menos noticiado. Esse tipo de crime já não é tão novidade, começa a ser habitual. O que varia é o local. Espantemos-nos se ainda for possível. Lá na praia, um motoqueiro desempregado chega à farmácia onde trabalhava sua ex-noiva, na hora do fechamento, à meia-noite, rende um outro funcionário e a ex, põe os clientes para fora e, por 11 horas - nas primeiras, os três juntos, e depois só o rapaz e a moça - desenvolve-se uma tragédia que termina com ela e ele, Evellyn e Gilmar, mortos, por tiros de um revólver dele, e algemados um ao outro.

A tragédia é recheada de elementos espetaculares, os quais, como o nome sugere, abrem alas para as mais diversas especulações: “ Nossa! Ele ficou bisbilhotando o Orkut dela, teve crise de ciúme e foi lá bêbado encerrar as contas.” “Nossa! Ele não se contentou em pôr o outro funcionário para fora, trancar as portas daquela pequena farmácia, saber que dali ninguém sairia. Não, ele ainda teve que algemá-la, para se assegurar de que estavam juntos.” “Nossa (comentário mais apurado): vemos aí o efeito do que acontece na indiferenciação do real com o virtual.” “Nossa! E no fim não é que foi ela é que caiu sobre ele, embora os tiros tenham sido dados por ele. Não é incrível?”

Muitas outras exclamações poderiam ser acrescentadas, relevando este ou aquele aspecto mórbido, em uma viagem ficcional de horror. Ah, como dizia Freud, às vezes um charuto é só um charuto. Parodiando-o, um crime é só um crime. Será que devemos chamar a isto de uma história de amor, de história passional? Será que ao fazê-lo não estaremos dourando a pílula da dureza da boçalidade humana? Imaginemos que podemos dizer que esse rapaz seguiu os conselhos de Virgílio, na Eneida: Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo, “Se não puder dobrar os deuses de cima, comoverei o Aqueronte”. Ou seja, vulgarizando, se não vai por bem, vai por mal. Será? Virgílio foi a inspiração? Ou Virgílio teria se inspirado no motoboy de sua época, para discorrer sobre a fúria? Parece-me mais prudente diminuir nossa saga interpretativa, não só para não cairmos no ridículo absurdo, mas, e sobretudo, para que não nos acostumemos com o mal, como previu Hannah Arendt.

Diria que nosso problema está justamente aí. Nosso, de todos nós, do Gilmar, inclusive. Vivemos em uma sociedade que espera que tudo tenha um sentido, tudo possa ser cifrado, numerado, nomeado. É a sociedade do controle detectada por Gilles Deleuze. Nela, a ignorância de hoje é sempre vista como provisória. O progresso do conhecimento humano é alardeado como tendendo à onisciência, o que corresponde a que o progresso da técnica seja alardeado como onipotente. Um, o conhecimento, “faz saber”, outro, a técnica, “sabe fazer”, juntos montam uma miragem de mundo no qual para tudo há remédio. Poucos se lembram de que não existe grande problema que a falta de solução não resolva. No mundo do para tudo tem remédio, cerca elétrica, barreira digital, vidro blindado com escuridão legalizada, neste mundo a angústia fundamental do humano, o que o diferencia singularmente entre todas as espécies de animais, a angústia de ser um ser de linguagem, e por isso indeciso, incompleto, essa angústia passa a ser vista como doença, pois... para tudo tem remédio. Nesta ideologia, vírus do atual laço social, se para tudo tem remédio, tudo é possível, não há limite, não há o impossível. No mundo do tudo é possível, as dificuldades são vividas com revolta, e não, como melhor poderia ser, como um apelo a uma criação inventiva. A possibilidade generalizada é perigosa. É a base da equação, muitas vezes assassina, assim formulada: se o que eu quero me é de direito, e se eu o não tenho, logo eu o tomo por bem, ou por mal.

Gilmar não tinha razão em seu rompante furioso de posse. Isso nos é evidente a todos. Ele forjou uma realidade só dele, não negociável nem com sua amada nem com seus familiares nem com a polícia. Ele e sua razão alcoolizada foram soberanos. Mas, guardando a abissal proporção que os separam, também os espectadores dessa tragédia devem se guardar de tudo quererem entender. Se, para Gilmar, era impossível suportar o desamor de Evellyn, para a sociedade é quase impossível suportar a incompreensão do gesto assassino de Gilmar, que resiste às conhecidas, e muitas vezes verdadeiras, mas não suficientes, interpretações sociais e de gênero masculino e feminino. E, no entanto, é necessário suportarmos o impossível de tudo compreender. Freud explica - Freud explica que nem tudo é explicável, que nem tudo é controlável, que angústia não é doença, mas tal qual o colesterol, tem a ruim e a boa, e não se vive se a eliminarmos com falsas promessas de para tudo tem remédio. Sua eliminação, da angústia, nos torna boçais, como dito.

Sobre o crime de Praia Grande, amanhã, infelizmente, será jornal envelhecido e substituído por outra cidade. O momento é chegado, já estamos atrasados, de darmos um basta ao conforto ilusório e preguiçoso de uma sociedade tão medicalizada - para tudo tem remédio - quanto irresponsável em sua cidadania. Sim, a sociedade de controle, ao pregar que tudo tem nome, que tudo pode ser entendido, nos deixa preguiçosos frente a nossas diferenças com o outro. Não só a angústia é vista como uma doença, mas também quem é diferente de mim, quem não me quer, ou quem eu não quero. Nessa sociedade onde tudo tem nome, a pergunta de Chico e Milton - “O que será, que será, que nunca tem nome, nem nunca terá?” não é respondida, ela é calada. Em uma sociedade onde os poetas são calados, onde o impossível não tem lugar, aí, aqui, estaremos condenados à dura boçalidade de nossa espécie esvaziada.

*Jorge Forbes é psicanalista e psiquiatra, preside o Instituto da Psicanálise Lacaniana e é autor, entre outro livros, de Você Quer o que Deseja? ( Best Seller)

Bolivia, uma opcao de investimento 

Sem duvida, a Boliva eh hoje uma otima opacao de investimento. Agora, mais que nunca, nao faltarao candidatos para extrair gas natural naquelas bandas dos Andes.

Sob os auspicios de Hugo Chaves, Evo Inhonho vem transformando a Bolivia no paraiso das regras estaves. A notoria satisfacao dos cidadaos bolivianos eh a evidencia mais cabal de que o caminho tracado por Inhonho eh o mais promissor.

Em face das evidencias, vale a pena acompanhar se Lula Kiko e Cristina do 71 (quando era mais nova, era Cristina Florinda) vao seguir os passos de Chaves, contando com sua astucia !


Governo e polícia abandonam Sucre

Após onda de violência em reação à aprovação de projeto de Constituição, cidade estabelece "autogoverno"

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071127/not_imp86269,0.php

A cidade de Sucre, centro-sul da Bolívia, amanheceu ontem sem governo e sem polícia após dois dias de intensos confrontos entre manifestantes e policiais por causa da aprovação em plenário do texto da nova Constituição. Ontem, um estudante baleado no fim de semana morreu no hospital, elevando para quatro o total de mortos nos confrontos - três civis e um policial. Ao mesmo tempo, partes do projeto começaram a ser divulgadas de forma extra-oficial na cidade, de cerca de 300 mil habitantes. (...)

quarta-feira, novembro 21, 2007

gastanca lambanca 

Como se estivessem adivinhando que um grande poco de petroleo seria descoberto, com reservas suficientes para possibilitar o ingresso do Brasil na Opep, desde de 2003 os membros da Republica dos Companheiros passaram a levar uma vida digna de Xeiques e Califas.

Ironia do destino, estes mesmos membros da Republica dos Companheiros cassaram Fernando Collor, que entao lutava para acabar com os Marajas.

Certamente estavam antecipando que, se uma mudanca institucional mais efetiva fosse implementada, eles nao poderiam rasgar o dinheiro do contribuinte com a mesma facilidade e sadismo que estao fazendo hoje.


O Arquipélago da Fantasia

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071121/not_imp83139,0.php

(...) em 1975, quando o Estado escancarou os privilégios da elite do poder, numa série de matérias que puseram abaixo a imagem de austeridade apregoada pela propaganda do regime militar. Passados 32 anos - 22 dos quais na democracia - a situação se agravou dramaticamente. Como lembra o Globo, o Estado relatou que o então ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, tinha 28 servidores à disposição; hoje, 21 ganham apenas para cuidar da residência oficial do presidente da Câmara. (Lula, por sua vez, tem 149 "assessores particulares".) E isso ainda é vida monacal perto do extenso rol de privilégios que os titulares dos Poderes federais se autoconcedem e aos seus próximos - um festival de requintadas extravagâncias inadmissíveis mesmo se o povo brasileiro fosse o mais próspero do mundo. Há como que uma competição entre o Executivo, o Judiciário e o Legislativo para emular o fausto dos potentados árabes do petróleo.

Não bastasse a cúpula do setor público - estimada nas reportagens em 74 mil pessoas - sugar do contribuinte (em salários) 24,5 vezes mais do que ele aufere, em média, ante 4,5 nos EUA e 4,4 na Espanha, as regalias de que desfrutam incluem frotas de Ômegas australianos e outras marcas luxuosas, usados também pelos familiares, moradias gratuitas com enxovais periodicamente renovados, serviços de massagem, acupuntura, "ginástica laboral" nos locais de trabalho, hidromassagem, aulas de "gerenciamento de estresse", etc. E roupas, manjares, pedômetros, TVs de plasma, taças "selo ouro" para bebidas alcoólicas, porta-perfumes "em aço inox com gravação a laser" - um desafio à imaginação. O Planalto pode não ser o que mais gasta, mas, sob Lula, gasta cada vez mais, com um abandono de dar gosto - R$ 29 milhões na média mensal deste ano, ante R$ 18,5 milhões em 2003.

Impossível saber a destinação de toda a dinheirama porque R$ 4,8 milhões dos R$ 4,9 milhões gastos em 2006 pela Secretaria de Administração da Presidência com cartões de crédito estão sob sigilo "para garantia da segurança da sociedade e do Estado". (...)

segunda-feira, novembro 19, 2007

Cisco no olho do PT 

Eles nunca sabem de nada ! Nao sao uns coitadinhos ? !

PT recebeu doação de supostos laranjas da Cisco

Partido afirma em nota que não sabia que empresas faziam parte de esquema de sonegação de importação encabeçado pela multinacional

http://www.estado.com.br/editorias/2007/11/19/eco-1.93.4.20071119.15.1.xml

O PT confirma ter recebido R$ 500 mil de doações das empresas ABC Industrial e Nacional Distribuidora de Eletrônicos Ltda., que, segundo reportagem publicada pela Folha de São Paulo, com base em investigações da Polícia Federal, seriam laranjas da multinacional Cisco. Contudo, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz não ter conhecimento de que as empresas seriam laranjas da multinacional e nega que a doação estivesse vinculada a favorecimentos em licitações, como consta da denúncia.

“Reafirmamos que jamais vinculamos qualquer doação ao PT a processos licitatórios ou concorrências no serviço público, nem autorizamos ninguém a proceder dessa maneira em nome do partido”, diz a nota do partido.

De acordo com a reportagem, que cita “interpretação de policiais”, em troca das doações a Caixa Econômica Federal teria alterado o edital de um leilão eletrônico para que uma distribuidora da Cisco, a Damovo, vencesse a disputa - um contrato de R$ 9 milhões.

Ainda segundo a reportagem, recibos das duas doações, no valor de R$ 250 mil cada, ao PT foram encontrados na sede das duas empresas, durante a Operação Persona, que investiga um esquema de sonegação na importação de equipamentos eletrônicos supostamente montado pela Cisco e que teriam dado um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão ao fisco. (...)

sábado, novembro 17, 2007

a Republica dos Companheiros 

Eis um belo alerta sobre as consequencias do movimento peristaltico em prol da perpetuacao do boca livre.

Que Dilma, que nada!

Paulo Ghiraldelli Jr.

http://www.estado.com.br/editorias/2007/11/17/opi-1.93.29.20071117.1.1.xml

Terceiro mandato? O Estadão tem mostrado que há uma tendência entre os governantes da América Latina de sonhar com a reeleição. Hugo Chávez não vai fazer escola como viúva de Fidel Castro, pois ninguém mais quer saber de comunismo ou socialismo não-democrático, mas poderá influenciar outros colegas por algo bem mais atrativo: o continuísmo.

A conjuntura mundial ajuda a América Latina a se imaginar menos pobre do que é e ilude todos os que querem ser iludidos - e quem não quer, não é? Então, não é difícil ver aqui e acolá alguns governantes, que estão grudados nas suas cadeiras também se iludirem. Pensam que não são tão ruins quanto verdadeiramente são e atribuem os índices de popularidade a si mesmos, e não ao contexto favorável em que vivem. Até os que prometeram que não seriam mais candidatos estão com uma terrível vontade de ver a população dizer que “em time que está ganhando não se mexe”. Isso vale para o Brasil?

Lula vai jurar que isso não vale? Mas, entre quatro paredes, ele sabe que o PT não faz o sucessor. E sabe perfeitamente que, mantidas as condições atuais, só ele poderia salvar o PT não só da derrota eleitoral, mas de uma derrota que poderá ter implicações mais amplas. Pois, afinal, o desmando na administração pública continua e outro presidente pode não conseguir pôr tantos panos quentes quantos serão necessários para aplacar a vingança de várias pessoas que não foram bem tratadas pelo atual governo. E não é da oposição do PSDB que os governantes atuais devem ter medo no futuro. Nem mesmo dos mais à direita. Nem da extrema-direita, essa que fica fomentando preconceitos contra Lula em círculos de ricaços embalados pela falsa propaganda de si mesmos, pela qual se acham cultos diante de um presidente meio casca-grossa. O que pode acontecer com o PT fora do poder é outra coisa. Nossa sociedade não é mais tão controlável quanto Leonel Brizola imaginava que era. Pessoas simples podem estar guardando trunfos diante de um governo que não se poupou de escândalos.

Por espontânea atuação de simples funcionários, aqui e acolá, a reação pode vir de uma forma que os petistas vão chamar - sem corar - de “revanchismo”. Pois muita gente que amava o PT ficou magoada com Lula e com o que esse governo fez com ideais caros a elas.

Não estou dizendo que o governo do PSDB recebia bem as pessoas e que o do PT é mais fechado e recebe mal. Não! Estou dizendo que as pessoas em geral jamais acreditaram que um homem como Fernando Henrique Cardoso - e toda a sua equipe - iria ouvi-las. O príncipe dos sociólogos era príncipe do Plano Real, e assim ungido governou o Brasil. Mas com Lula foi diferente. Um número grande de pessoas realmente esperou a democratização do poder, a ampliação da participação popular. E o que veio foi a “república dos companheiros”. Isso foi decepcionante - para muitos.

O que é a “república dos companheiros”? Simples: trata-se de uma geração de sindicalistas pouco competentes e petistas já transformados em funcionários do partido, e alguns nunca foram nem militantes. De fato, essas pessoas que foram ocupando cargos aqui e ali nos Ministérios de Lula são uma lástima. A cada caso de corrupção o partido foi montando um novo governo, até o ponto de chegar a este que está aí. E isso aí é algo que não é nem de esquerda nem de direita, é apenas o rebotalho tentando se agarrar a um primeiro ou segundo emprego público. E é esse conglomerado que pode acabar definindo as coisas.

Há um Ciro Gomes, um José Serra e outros por aí com ambições presidenciais. Certamente, legítimas. Será, todavia, que a “república dos companheiros”, metade por medo do “revanchismo” e a outra metade por não conseguir mais viver em patamares financeiros do passado recente, vai concordar com o que Lula vem dizendo, que não será candidato e vai sossegar lá em São Bernardo?

No Brasil há um problema com os ex-presidentes. Eles não se preparam para deixar o poder e isso os faz extremamente nocivos à sociedade. Nos Estados Unidos os presidentes criam projetos sociais e aproveitam sua popularidade específica para, uma vez fora da Presidência, servirem à sociedade. No Brasil, não. Os presidentes, aqui, querem mais e mais anos, mais e mais mandatos, o que nos faz pensar que são pessoas vazias, incapazes de voltar para casa e, então, ser felizes dirigindo fundações que poderiam beneficiar jovens, por exemplo. Nossos ex-presidentes não atuam socialmente. Quando criam fundações, são inexpressivas. São como reizinhos, querem continuar com o entourage e anseiam ter tanto poder quanto tinham antes.

Essa síndrome, que pegou José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, não poderia também pegar Lula? Afinal, reeleição ele já quis. Falta agora querer o terceiro mandato. Voltar para o partido? Mas que partido? O PT acabou. Sem Francisco Weffort o partido ficou ruim. Sem José Dirceu o partido deixou de ser uma agremiação política. E agora, se empossam José Dirceu de novo, não dá mais! Quem se filiaria a um PT sem moral e longe do poder?

Tudo isso faz a meninada da “república dos companheiros” pôr as barbas de molho. Estão como a direita em 1985: a rapadura vai acabar e ninguém mais quer voltar para os quartéis, pois nos quartéis não há mais charme, não se faz mais política lá. E então, como ficamos? Vão sair por aí carregando uma Dilma Rousseff nas costas, uma desconhecida, para substituir um homem com a popularidade de Lula? Duvido. Vão entregar mesmo a rapadura, assim, sem mais? Quem acredita nisso, agora, após o “mensalão”? É difícil ouvir Lula e acreditar nele após o “mensalão”. Eles, os da “república dos companheiros”, não sabem bem o que fazer, mas que estão pensativos, ah, estão, sim. E quando eles pensam nunca vem boa coisa.

Paulo Ghiraldelli Jr. é filósofo
Site: www.ghiraldelli.pro.br

quinta-feira, novembro 01, 2007

o apagão elétrico voltou 

Este blog já tinha alertado para isso várias vezes.

O racionamento bate à porta
http://www.estado.com.br/editorias/2007/11/01/edi-1.93.5.20071101.1.1.xml

Há pelo menos três anos especialistas vinham advertindo o governo a respeito da iminência de um racionamento de energia elétrica, que só poderia ser evitado se houvesse um ambiente favorável a investimentos privados na ampliação do parque gerador. Mas o governo petista achava que podia contar indefinidamente com as bênçãos de São Pedro e, além disso, queria reviver os tempos gloriosos do governo Geisel, quando o sistema Eletrobrás não apenas ditava a política energética, como se incumbia de fazer os investimentos na área. Perdeu, com isso, um tempo precioso apenas para descobrir que o Estado brasileiro já não dispõe da capacidade de investimento para suprir as necessidades de energia de um País que volta a crescer.

A crise energética, que era uma possibilidade real e concreta, agora bate às nossas portas. Esta semana, a Petrobrás cortou 17% do gás fornecido aos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, simplesmente porque o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) exigiu que a estatal colocasse em funcionamento algumas usinas termoelétricas de sua propriedade, entre elas a de Araucária e a Termorio, que geram cerca de 400 MW cada. O sistema precisava da energia gerada por essas usinas para reduzir o fornecimento das usinas hidrelétricas, cujos reservatórios, com a estação seca, atingem níveis alarmantes.

Verificou-se, então, o que todos já sabiam, mas o governo se recusava a admitir: o cobertor é curto. Para tocar as termoelétricas, a Petrobrás teve de cortar parcialmente o suprimento de gás às distribuidoras que fornecem o insumo nos Estados do Rio e de São Paulo.

O Rio ficou sem 1,3 milhão de metros cúbicos/dia e, com isso, ficaram sem o combustível 89 postos de gasolina e plantas industriais da Companhia Siderúrgica Nacional e da Bayer. (O abastecimento foi restabelecido em obediência a liminar obtida pelo governo do Estado.) Em São Paulo, o corte foi de 2 milhões de metros cúbicos e sete fábricas tiveram de ser convertidas para queimar óleo combustível, mais caro e mais poluente.

Assim, fica à mostra a precariedade do sistema energético. Para compensar a falta de investimentos em usinas hidrelétricas, o governo criou um programa de construção de usinas termoelétricas a gás. Mas não levou na devida conta que a maior parte do gás disponível no mercado estava comprometida com empresas que, nos últimos anos, passaram a usar o insumo e com o abastecimento de uma crescente frota de veículos movidos a gás - quase a totalidade dos táxis do Rio, por exemplo, funciona com o combustível. Testes recentes feitos pelo ONS mostraram que cerca de metade da capacidade instalada das termoelétricas não podia ser usada por falta de combustível. Em maio, a Petrobrás se comprometeu com a Aneel a garantir o suprimento. Foi o que tentou fazer esta semana, com os resultados conhecidos. (...)

o PT acredida na fadinha boliviana ! 

http://www.estado.com.br/editorias/2007/11/01/edi-1.93.5.20071101.1.1.xml

(...) Enquanto a Petrobrás cortava o suprimento para o Rio e São Paulo, o governo federal anunciava que pretende patrocinar a normalização do relacionamento entre a estatal e o governo boliviano. Na semana passada, o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia esteve no Brasil pedindo que a Petrobrás volte a investir em seu país. Carlos Villegas tem uma visão muito própria do que aconteceu nos últimos dois anos. A nacionalização das reservas de gás e petróleo, a ocupação militar das instalações da Petrobrás, o aumento dos impostos para 82%, a encampação das refinarias da estatal brasileira, para ele, foram fatos normais. “Em nenhum momento houve ruptura nem tensões de nenhuma natureza.” E, no governo brasileiro, há quem concorde com ele. A ponto de cozinhar-se, no Palácio do Planalto, um plano para a retomada dos investimentos, desde que existam garantias contratuais. O ministro interino de Minas e Energia é um dos patrocinadores, ao lado do incorrigível assessor Marco Aurélio Garcia.

A Bolívia se comprometeu com o Brasil e a Argentina a entregar mais gás do que produz. Portanto, o que se pede é que se gaste dinheiro numa aventura - afinal, também existiam garantias contratuais quando Evo Morales deu o calote na Petrobrás. Investimento por investimento, é melhor e mais garantido que a Petrobrás gaste seus recursos no desenvolvimento e exploração dos campos de gás descobertos na plataforma continental e na construção de instalações para receber gás liquefeito, comprado de fornecedores confiáveis.

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