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segunda-feira, janeiro 31, 2005

DEBANDADA !!!! 

Ninguem quer ficar perto de Lula Molusco nas vesperas das eleicoes. Vem ai' o troco dos amigos traidos e dos inimigos nao paparicados. Ou ainda, a revanche dos aliados historicos, transformados em inimigos de penultima hora, e que na ultima hora continuarao inimigos; e a dos inimigos historicos, transformados em amigos de penultima hora, mas que na ultima hora vao voltar para oposicao, porque quem e' governo esta queimadissimo !

Petista histórico lidera debandada no PT

O economista Plínio de Arruda Sampaio Junior é um dos principais nomes da dissidência que anuncia desfiliação de cerca de cem pessoas do partido. Segundo eles, grupo pode chegar a 500. Genoino vê saída com naturalidade.

http://oglobo.globo.com/online/pais/164070763.asp

domingo, janeiro 30, 2005

coordenacao entre governos municipais em regioes metropolitanas 

The Economist faz uma descricao interessante dos problemas urbanos herdados pelo Serra em Sao Paulo, passando por cima das fofocas pos eleitorais, chamando a atencao para questoes estruturais, em particular a falta de coordenacao entre governos municipais em regioes metropolitanas. Enjoy yourselves !


Brazil
Taming an urban monster

Jan 27th 2005 | SÃO PAULO
From The Economist print edition

http://www.economist.com/world/la/displayStory.cfm?story_id=3599452

agora e' oficial : vem ai' o "obesidade zero"  

Nao vai faltar gaiato pra dizer que o fome zero foi um sucesso tao grande que a populacao engordou em prazo recorde. De repente por dar `a populacao de baixa renda a mesma racao que o Furlan da pras galinhas dele !


Ministério prepara campanha e quer Lula como garoto-propaganda
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/164062115.asp

O Ministério da Saúde prepara uma campanha de mobilização contra a obesidade e quer ter como garoto-propaganda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que luta contra o peso. A idéia é incentivar a prática de exercícios e divulgar os benefícios de uma dieta saudável, promovendo caminhadas.

O assunto é tratado como prioridade no ministério. Os técnicos torcem para Lula aceitar o convite e participar de uma caminhada em Brasília. O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, diz que a causa é mais do que justa, pois se trata de salvar vidas.

O raciocínio é simples: doenças cardiovasculares, diabetes e a própria obesidade são agravadas ou têm origem num tripé: sedentarismo, má alimentação e fumo. (...)

sábado, janeiro 29, 2005

censura previa no IBGE 

Problemas com indicadores sociais ? Excesso de cobertura da midia com relacao a erros do seu governo? Populacao bem informada sobre os problemas estruturais do seu pais? Seus problemas a-ca-ba-ram !

Chegou a revolucionaria Censura Previa de Institutos de Pesqusia Independentes Powered by Invertebrado Acefalo !

Mais uma sensacional medida arbitraria das Organizacoes Lula Molusco !

p.s. Daqui a pouco vamos ter de pedir habeas data para saber o numero de habitantes !


Censura no IBGE
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/149435.html

Portaria assinada pelo ministro interino do Planejamento, Nelson Machado, institui a censura prévia na divulgação de informações dos indicadores estruturais (de longo prazo, relacionados à raiz dos problemas) apurados daqui para a frente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O instituto goza de alta credibilidade e faz os registros estatísticos sociais e econômicos do País. Machado reconhece a credibilidade do IBGE. Nega que tenha instituído a censura prévia. Diz que a portaria busca adaptar as regras das pesquisas estruturais às das conjunturais (questões atuais). Segundo ele, as conjunturais são submetidas ao crivo do ministro, por conterem dados que podem mexer com o mercado de ações ou com as taxas de juros, por exemplo.

De acordo com a portaria de Machado, publicada ontem no Diário Oficial da União (página 102), todos os dados dos trabalhos do instituto terão de ser encaminhados ao ministro do Planejamento com antecedência mínima de 48 horas antes do dia marcado para sua divulgação para os meios de comunicação e para a liberação na internet. A mesma portaria determina que a divulgação será sempre às 10 horas, tanto para a mídia em geral quanto para a internet.

Portanto, dois dias antes de vir a público, o ministro terá em mãos o material para analisar. Se não gostar do que leu, poderá determinar uma revisão. Também pelo que estabelece a portaria do Ministério do Planejamento, os técnicos do IBGE somente poderão prestar esclarecimentos sobre os resultados dos indicadores apurados depois da liberação da informação para os meios de comunicação e para a internet. E os servidores que tiverem conhecimento prévio dos resultados "deverão manter rigoroso sigilo, sob pena de responsabilidades legais", previstas na Lei 8.112/90 (Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais).

SUBORDINAÇÃO Machado disse que o IBGE é um órgão subordinado ao Ministério do Planejamento e, por isso mesmo, deve dar satisfação do que faz ao superior. Ele afirmou que, ao assinar a Portaria 15, quis deixar claro que o instituto tem de obedecer a regras claras quanto à divulgação dos dados das pesquisas que faz. “Antes, o IBGE fazia quase só pesquisas ligadas à conjuntura. Agora, com a demanda por pesquisas estruturais, decidimos fazer a portaria que cria regras para essa área também”.

Ele defendeu o sigilo das informações e disse que não se trata de censura. “O sigilo da informação de um trabalho como o realizado pelo IBGE é necessário. Como o funcionário que está trabalhando num caso pode divulgar os resultados antes de terminar? Tem de ter cuidados, porque podem alterar bolsa, taxa de juros. Muitas vezes há índice de preços. É por isso que as informações do IBGE, as conjunturais, que são mais sensíveis, são divulgadas somente uma vez por ano. Todo o mercado sabe que naquele dia sai o índice de desemprego e de produção industrial, com hora marcada. Depois, todo mundo trabalha os dados divulgados”, justificou.

boas instituicoes + confianca+ transparencia = desenvolvimento socio-economico 

O recado dos espanhóis

João Mellão Neto

O ESTADO DE S.PAULO
Sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Sem instituições adequadas, nada feito! Esse foi o recado que, em palavras mais diplomáticas, o primeiro-ministro da Espanha deixou para os brasileiros no início da semana. Zapatero é de origem socialista, como Lula. É um significativo sinal dos tempos o fato de ele ter condicionado a vinda de investimentos espanhóis a um fator que é a pedra de toque do capitalismo. "Marcos jurídicos" foi a expressão que ele usou. "Instituições apropriadas" foi o que ele quis dizer.

Socialista ou não, Zapatero é, acima de tudo, um político maduro de uma nação politicamente amadurecida. Ele bem sabe que a Espanha, apesar de seu esplendor colonial do passado, só logrou enriquecer e se desenvolver nos últimos 25 anos, graças às profundas reformas posteriores à ditadura franquista. Portugueses e espanhóis foram os últimos povos da Europa Ocidental a aderir ao capitalismo. O voluntarismo governamental, a cultura do privilégio e o fatalismo religioso, tão caros à alma ibérica, tiveram de ceder espaço ao não-intervencionismo estatal, à liberdade de iniciativa, à cultura do mérito e à crença nada católica de que "Deus só ajuda a quem se ajuda". Não foi fácil. Houve que remexer nas entranhas da cultura popular. Mas valeu a pena. Portugal é hoje uma genuína nação européia - superando um complexo de inferioridade secular - e a Espanha se tornou uma potência econômica.

O que mudou nesses países? Basicamente, as instituições. E os seus exemplos dão respaldo à mais moderna corrente do pensamento econômico: o Institucionalismo. Do que se trata, afinal?

Douglass North, norte-americano, recebeu o Prêmio Nobel de Economia graças ao revolucionário trabalho que desenvolveu, no qual atribui o sucesso ou o fracasso das nações não a fatores econômicos ou riquezas naturais, mas sim às suas instituições. Instituições adequadas levam, naturalmente, à prosperidade. Instituições inapropriadas, por seu lado, as condenam à eterna pobreza.

North fez uma profunda pesquisa de história comparada das nações. Instituições, segundo ele, não se resumem apenas às estruturas jurídico-legais ou aos sistemas de governo. Instituições são também todos os valores, crenças costumes e culturas consensualmente aceitos pela sociedade.

O conjunto de instituições de uma sociedade - desde a sua estrutura jurídica até os valores e convicções populares - é o que determina o sucesso ou o fracasso de seu projeto nacional.

Instituições positivas, tais como confiança mútua, ética do trabalho, reciprocidade, senso comunitário, valorização social do mérito e do esforço individual, respeito à propriedade, cumprimento fiel dos contratos (mesmo que apenas verbais) - entre inúmeras outras - contribuem para a coesão e a interação harmônica da sociedade. Não apenas isso. Despertam também a autoconfiança e o espírito empreendedor dos indivíduos, a convicção da viabilidade do esforço individual e coletivo e diversos outros valores que, em conjunto, levam naturalmente ao progresso e à prosperidade.

Por outro lado, instituições negativas, como desconfiança do próximo, valorização do mínimo esforço, da "esperteza", da malícia e da má-fé; a cultura do "levar vantagem em tudo"; a cobiça da propriedade alheia, o descompromisso com a palavra dada e com as obrigações assumidas, tudo isso, em conjunto, conduz à desagregação e ao permanente conflito social, de onde nascem a corrupção generalizada e o desincentivo ao empreendimento, seja ele individual ou coletivo. Ninguém confia em ninguém, todos querem prevalecer sobre todos e, como conseqüência, a sociedade definha e empobrece.

Há quem imagine que o sistema capitalista, por se lastrear no conceito da livre concorrência, se encaixe neste segundo quadro. Na verdade, é exatamente o contrário. Instituições negativas são típicas de sociedades em que o capitalismo ainda não foi implantado, como muitas das nações africanas, ou foi sufocado, como ocorreu na União Soviética. O sistema capitalista só funciona onde existem instituições positivas.

A base do sistema é o crédito, o que, em sentido amplo, significa confiança. Confiança de todos em todos. Confiança não apenas na honestidade do próximo, como também confiança na capacidade do próximo de empreender, prosperar e honrar seus compromissos.

Confiança que é também autoconfiança. Ninguém empreende nada se não confiar na sua própria capacidade e na garantia institucional de que os frutos de seus esforços não serão apropriados pelo próximo ou expropriados pelo Estado.

Para que o sistema capitalista funcione é preciso que haja uma estrutura legal isenta e eficiente e também uma Justiça ágil e eficaz para garantir o fiel cumprimento dos contratos e coibir a ação dos predadores e oportunistas.

A confiança há de existir também com relação ao próprio Estado. O Estado é o grande avalista do sistema. Para tanto ele deve ser impessoal e imparcial. Todos hão de ser rigorosamente iguais perante a lei. Não cabe ao Estado proteger ou privilegiar ninguém sob que pretexto for. Deve proteger a propriedade de cada um da sanha de todos e a propriedade de todos da sanha de cada um. As relações do Estado com a sociedade devem ser regidas por regras claras e transparentes. Os interesses do Estado jamais devem prevalecer sobre os direitos individuais.

Quando Zapatero, de insuspeita origem socialista, pede "marcos jurídicos", na verdade ele está expressando o que existe de mais avançado no pensamento econômico capitalista. Ele não reivindica, do Brasil, um Estado benevolente ou uma legislação paternalista. O que ele pede, tão-somente, são "marcos jurídicos" isentos. E também instituições positivas. São essas as garantias mínimas para que os talentos e as competências possam livremente desenvolver-se.

As instituições são o sal da terra para o florescimento da riqueza, da abundância e da afluência da sociedade.

Torçamos para que Lula tenha entendido o recado.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

obesidade fiscal e lipidios tributarios  

Eis um serio problema de justica intergeracional.

Previdência tem déficit recorde em 2004
http://www.superavit.com.br/noticias.asp?id=32846

A Previdência Social registrou em 2004 um déficit de R$ 32,7 bilhões, um crescimento de 14,1% sobre o ano anterior. O valor, que já leva em conta o efeito da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é o maior da história.

O fator mais relevante para esse resultado foi o pagamento de aposentados, que cresceu 10,5% e chegou a R$ 128,7 bilhões. As sentenças judiciais tiveram um impacto de R$ 3,1 bilhões nesse valor. Já as receitas cresceram em um ritmo um pouco menor, 9,4%, e somaram entre janeiro e dezembro R$ 96 bilhões.

Segundo o secretário da Previdência Social, Helmut Schwarzer, o aumento da arrecadação deve-se à intensificação do esforço de fiscalização e ao trabalho para a recuperação de créditos.

Também contribuíram para a arrecadação a melhora do mercado de trabalho e do faturamento das empresas.

Previsão
O governo previa que o déficit seria de R$ 29,7 bilhões. O secretário da Previdência explica que esse resultado foi alcançado porque a estimativa era baseada nos valores correntes - sem o efeito da inflação -, excluindo os gastos do Índice de Reajuste do Salário Mínimo (IRSM). O déficit em valores reais foi de R$ 31,985 bilhões, com cerca de R$ 2,7 bilhões. Isso dá um resultado de R$ 29,28 bilhões.

A dívida do IRSM foi criada entre março de 1994, na criação da URV (Unidade Real de Valor), quando o INSS não incluiu nos cálculos de reajuste da tabela da Previdência o índice de 39,67% referente à inflação. O déficit da Previdência representa 1,82% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado para 2004. Maior que o de 2003, que foi de 1,70%. No entanto, o resultado de 2003 inclui a despesa com o Rendas Mensais Vitalícias (RMV) que foi transferida ao Ministério do Desenvolvimento Social em janeiro de 2004.

mais um protesto contra o Itamaraty 

http://www.claudiohumberto.com.br/media/texto_paulo_tarso.doc
disponivel para download em 27/01/2005

À Folha de S. Paulo

“Li com grande surpresa a nota "Fundo do Baú", publicada na seção Painel de 20 de janeiro, segundo a qual, durante minha gestão à frente da Secretaria-Geral do Ministério das Relações Exteriores, as provas de acesso à carreira diplomática não atribuiriam caráter eliminatório à prova de inglês. A primeira fonte de surpresa está em que a informação é dolosamente imprecisa. Em seu anseio de agradar a voz da chefia, a fonte de que se valeu o jornalista preferiu a distorção dos fatos. É verdade, sim, que os editais dos concursos de 1986 a 1990 citam como classificatórias, em seu conjunto, as provas de inglês e de francês. A documentação dos concursos deixa evidente, entretanto, que a nota mínima de aprovação a ser obtida era 50 em uma dessas duas provas. Hipótese que me ocorre é que o rebaixamento do nível de formação e preparo perseguido como política pela atual gestão do Itamaraty já tenha alcançado os áulicos: não percebem, portanto, que uma nota mínima é o que se costuma chamar de critério eliminatório.

Surpreendeu-me, ainda, ter sido citado na nota, de fonte convenientemente anônima, como crítico da política recentemente adotada. Aqui, porém, a surpresa foi feliz. Apenas de forma sucinta manifestei publicamente minha opinião sobre a Portaria do Ministro Amorim que abre as portas do Instituto Rio-Branco a candidatos sem conhecimento do idioma inglês e, em geral, facilita o acesso à Carreira por meio da supressão de toda uma série de avaliações como, entre outras, a prova oral de Questões Internacionais Contemporâneas. Ao citar-me como contrário a essa iniciativa, o autor da nota atende a instrução que terá recebido e que muito me lisonjeia, afinal situa-me no campo majoritário dos que ainda não se apartaram do bom senso e entendem ser a política de baixar o nível de formação dos futuros diplomatas medida que custará demasiadamente caro ao Estado brasileiro e sua capacidade de defender apropriadamente os interesses nacionais.

A que interesses serve o Chanceler ao conspurcar a tradição de excelência do Instituto Rio-Branco é mistério que apenas sua consciência saberá avaliar. Como quer que seja, o argumento de que se trata de instituição "elitista" tem sua precariedade revelada pela própria trajetória de inúmeros dos quadros diplomáticos brasileiros, seja entre Embaixadores, seja entre Terceiros Secretários, que se valem apenas de seus talentos pessoais para alcançar posições de responsabilidade, independentemente de origem social ou classe econômica. Orgulha-se, justamente, o Itamaraty de ser uma instituição republicana onde o esforço pessoal, a inteligência e a dedicação ao serviço público sempre foram os fatores a explicar o êxito profissional. A manutenção de padrões rígidos de seleção não é prova de elitismo. Ao contrário, ela é manifestação de respeito ao contribuinte, de quem não se pode pedir que, em nome de populismos irrefletidos, financie com seus impostos servidores que se revelem aquém de suas responsabilidades na tarefa de promover e defender o Estado brasileiro.

Minha experiência e observação, ao longo das quase cinco décadas em que
tive a honra de servir como funcionário do Itamaraty, é que o domínio sólido da língua inglesa não é acessório inconseqüente; mas sim ferramenta de trabalho indispensável. Imaginar que se trata de "um luxo" da formação diplomática equivale a imaginar um soldado que parta para o campo de batalha sem saber atirar. Nos diversos postos que ocupou o Ministro Amorim, desde chefe da área econômica e depois Representante do Brasil em Genebra durante o governo Collor de Mello até Embaixador do Brasil em Londres, Nova Iorque e Genebra durante a Presidência Fernando Henrique Cardoso, estou certo de que o domínio do inglês terá sido decisivo para seu êxito. Ou alguém imagina que as hábeis negociações conduzidas em Genebra, em conjunto com o então Ministro José Serra, e que resultaram na quebra das patentes para remédios de uso continuado contra o HIV teriam sido possíveis sem um negociador capaz de trabalhar em inglês? Ou que sua atuação, sempre em conjunto com o Ministro José Serra, na Convenção de Controle ao Tabagismo não requereu o uso do idioma hoje considerado de menor importância pelo Instituto Rio-Branco?

A um País que, sob a liderança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retoma o desenvolvimento e se prepara para assumir papéis de cada vez maior presença e visibilidade internacionais, a aposta na mediocridade dos quadros diplomáticos é uma aposta infeliz que nos tolherá em nossa capacidade de atuação externa e, com o tempo, afastará o Itamaraty do núcleo decisório interno em favor de burocracias mais bem preparadas.

Eu, como tantos outros, lamento o caminho tomado e espero que, uma vez
restaurado o bom-senso, se reencontre o Ministério das Relações Exteriores com sua tradição secular de respeito à coisa pública e elevada qualificação profissional.

Paulo Tarso Flecha de Lima”.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Itamaraty deveria abrir uma escolinha de futebol 

Assim, os embaixadores brasileiros aprenderiam a " bater um bolao" nas negociacoes internacionais. No lugar de ingles ou espanhol, embaixadinhas (!) e dribles. Os professores do Instituto Rio Branco (IRB) deveriam ser substitidos por craques renomados, tais como Zico, Pele', Falcao e Rivelino. Alias, o IRB deveria ser chamado de Instituto Mane' Garrincha.

Ronaldo grava mensagem pela libertação de brasileiro no Iraque
http://oglobo.globo.com/online/mundo/164022741.asp

O irmão do engenheiro João José de Vasconcelos Junior, Luis Henrique de Vasconcelos, disse no início da tarde desta quarta-feira durante uma entrevista coletiva no Rio, que atendendo a um pedido da família o jogador de futebol Ronaldinho, do Real Madrid da Espanha, gravou um apelo para que os seqüestradores iraquianos libertem o brasileiro mantido refém há uma semana. O apelo será traduzido para a língua árabe por amigos e veiculado em emissoras de TV do Oriente Médio.

Luis Henrique afirmou, ainda, que a família do engenheiro, funcionário da construtora Odebrecht, também gravou um apelo para os seqüestradores em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais.

Em entrevista publicada nesta quarta-feira no jornal "O Globo", um editor do "Asharq al-Awsat", o maior jornal árabe - com três milhões de leitores em 16 países e escritório na capital britânica - disse ao GLOBO que uma mensagem de estrelas do futebol brasileiro, como Pelé, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, seria mais eficaz que esforços do Itamaraty para sensibilizar os seqüestradores. Segundo o editor, que pediu anonimato, a maioria dos militantes é jovem e fã do futebol brasileiro.

el pais, el jornal, el cabongue  

Governo Lula faz "papelão" na área social, diz jornal espanhol
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/148971.html

O diário espanhol "El País" destaca em reportagem publicada nesta quarta-feira os extremos em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se divide, quando consideradas as áreas econômica e social de sua administração. A reportagem destaca os lucros dos bancos no Brasil, que "nunca ganharam tanto dinheiro como no governo do ex-dirigente sindical que comandou greves históricas entre os anos 70 e 80", e as críticas dos dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Comissão Pastoral da Terra e de dentro do próprio PT.

Os programas sociais do governo Lula, anunciados "com estardalhaço" pelo presidente e por sua equipe não ocorreram. "Ao contrário, a ineficácia administrativa do governo fez que em vários campos se registrasse um claro retrocesso, mal disfarçado por uma agressiva política de marketing", diz o jornal espanhol.

O jornal lembra a peça publicitária do governo exibida na TV em março do ano passado para divulgar um programa de apoio à agricultura familiar. Na propaganda eram exibidas imagens captadas em uma grande propriedade rural da região de Cotia (Grande São Paulo), que não faz parte do programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Os trabalhadores que aparecem na peça publicitária também não são pequenos agricultores, os alvos do programa governamental. A peça fazia parte de uma campanha publicitária em que o governo divulgava números conflitantes sobre preços da gasolina, gás de cozinha e cesta básica. O mote da campanha era "isso é fato, isso é verdade".

"Nem uma coisa nem outra. Os números correspondiam aos recursos previstos pelo orçamento elaborado pelo governo anterior, e o anúncio exibia cenas filmadas em uma propriedade particular, cujo dono se apressou a denunciar a farsa", lembrou o "El País".

A reportagem lembra ainda que um ano e meio depois da implementação do programa Fome Zero, ainda há um acúmulo de grande número de denúncias de desvios, corrupção e ineficácia, o que ocasionou a saída do assessor especial Frei Betto e do ministro da Segurança Alimentar José Graziano, entre outros membros do governo ligados às áreas sociais.

Já no mercado financeiro, a "franca euforia" pelos resultados econômicos, como o crescimento da atividade econômica no ano passado e o crescimento das exportações, tem seu contraponto na sensação de alívio e relativo otimismo na população diante de 2005, diz o "El País". "No fundo, é como se dissesse: 2003 foi tão duro que agora qualquer coisa ocorrida em 2004 é um alívio." O ajuste fiscal sem precedentes empreendido pelo governo para recuperar a confiança internacional custou a "perda constante do poder aquisitivo dos salários, somada a índices de desemprego que em nenhuma das crises dos últimos 30 anos tinham sido tão elevados".

minimizando os efeitos da midia manipuladora 

How to Read a Column
By WILLIAM SAFIRE
Published: January 24, 2005
http://www.nytimes.com/2005/01/24/opinion/24safire1.html

At last I am at liberty to vouchsafe to you the dozen rules in reading a political column.

1. Beware the pundit's device of using a quotation from a liberal opposition figure to make a conservative case, and vice versa. Righties love to quote John F. Kennedy on life's unfairness; lefties love to quote Ronald Reagan. Don't fall for gilding by association.

2. Never look for the story in the lede. Reporters are required to put what's happened up top, but the practiced pundit places a nugget of news, even a startling insight, halfway down the column, directed at the politiscenti. When pressed for time, the savvy reader starts there.

3. Do not be taken in by "insiderisms." Fledgling columnists, eager to impress readers with their grasp of journalistic jargon, are drawn to such arcane spellings as "lede." Where they lede, do not follow.

4. When infuriated by an outrageous column, do not be suckered into responding with an abusive e-mail. Pundits so targeted thumb through these red-faced electronic missives with delight, saying "Hah! Got to 'em."

5. Don't fall for the "snapper" device. To give an aimless harangue the illusion of shapeliness, some of us begin (forget "lede") with a historical allusion or revealing anecdote, then wander around for 600 words before concluding by harking back to an event or quotation in the opening graph. This stylistic circularity gives the reader a snappy sense of completion when the pundit has not figured out his argument's conclusion.

6. Be wary of admissions of minor error. One vituperator wrote recently that the Constitution's requirement for a president to be "natural born" would have barred Alexander Hamilton. Nitpickers pointed out that the Founders exempted themselves. And there were 16, not 20, second inaugural speeches. In piously making these corrections before departing, the pundit gets credit for accuracy while getting away with misjudgments too whopping to admit.

(Note: you are now halfway down the column. Start here.)

7. Watch for repayment of favors. Stewart Alsop jocularly advised a novice columnist: "Never compromise your journalistic integrity - except for a revealing anecdote." Example: a Nixon speechwriter told columnists that the president, at Camp David, boasted "I just shot 120," to which Henry Kissinger said brightly "Your golf game is improving, Mr. President," causing Nixon to growl "I was bowling, Henry." After columnists gobbled that up, the manipulative writer collected in the coin of friendlier treatment.

8. Cast aside any column about two subjects. It means the pundit chickened out on the hard decision about what to write about that day. When the two-topic writer strains to tie together chalk and cheese, turn instead to a pudding with a theme. (Three subjects, however, can give an essay the stability of an oaken barstool. Two's a crowd, but three's a gestalt.)

9. Cherchez la source. Ingest no column (or opinionated reporting labeled "analysis") without asking: Cui bono? And whenever you see the word "respected" in front of a name, narrow your eyes. You have never read "According to the disrespected (whomever)."

10. Resist swaydo-intellectual writing. Only the hifalutin trap themselves into "whomever" and only the tort bar uses the Latin for "who benefits?" Columnists who show off should surely shove off. (And avoid all asinine alliteration.)

11. Do not be suckered by the unexpected. Pundits sometimes slip a knuckleball into their series of curveballs: for variety's sake, they turn on comrades in ideological arms, inducing apostasy-admirers to gush "Ooh, that's so unpredictable." Such pushmi-pullyu advocacy is permissible for Clintonian liberals or libertarian conservatives but is too often the mark of the too-cute contrarian.

12. Scorn personal exchanges between columnists. Observers presuming to be participants in debate remove the reader from the reality of controversy; theirs is merely a photo of a painting of a statue, or a towel-throwing contest between fight managers. Insist on columns taking on only the truly powerful, and then only kicking 'em when they're up.

In bidding Catullus's ave atque vale to readers of this progenitor of all op-ed pages (see rule 10), is it fair for one who has enjoyed its freedom for three decades to spill its secrets? Of course it's unfair to reveal the Code. But punditry is as vibrant as political life itself, and as J.F.K. said, "life is unfair." (Rules 1 and 5.)

cobertura nada fashion dos bastidores da moda e do poder 

O texto abaixo, muito engracado, mostra como a midia manipuladora fulaniza e adjetiva os fatos e eventos. Ao inves de informar o leitor para que possa ter opiniao, deforma-o para que nada entenda e pergunte, simplesmente concorde com tudo o que esta acontecendo. O mesmo comportamento por parte da midia se verifica na cobertura dos fatos associados a firmas e governos.

SÃO PAULO FASHION WEEK
Mídia e moda, uma nova linguagem


Ligia Martins de Almeida
Jornalista
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=313IMQ003

Já está se consagrando um novo concorrente para os tradicionais lugares comuns da mídia impressa, como os da Páscoa ("Não vai faltar pescado na semana Santa"), do dia de Finados ("Movimento recorde nos cemitérios") ou do Natal ("Shoppings esperam crescimento nas vendas"). Há alguns anos, apareceu um novo título: "Fulana é destaque na Fashion Week".

Se é uma feira de moda, o destaque deveria ser para as roupas, supõe-se.

Claro que todo ano surge uma novidade. Nesta feira, foi um costureiro de apenas 14 anos, filho de duas grifes importantes da moda brasileira – Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço. Ficamos sabendo que o pequeno gênio gostava de brincar com bonecas e fazer roupinhas desde criancinha. Encantados com a jovem promessa da moda, os repórteres nem se preocuparam com o fato dele ser menor de idade – e, pelo menos em teoria, estar roubando tempo da escola, onde se espera que uma criança passe pelo menos cinco horas do seu dia. Os jornalistas também não se importaram com outro fato: ele estaria sendo estimulado e explorado, prematuramente, pelos pais?

Será que temos aí um pequeno Einstein ou mais uma jogada de marketing de chiques e famosos? A verdade é que alguém sustenta – com costureiras, tecidos, modelos – os desvarios infantis transformados em moda. Falando de grafismos, babados, roupas fluídas, a entrevista do menino é exatamente igual à de todos os outros costureiros desta e de outras fashion weeks.

Quanto custa?
Como se sentem os profissionais que estudaram moda, os que lutam para conseguir um pouco mais de espaço na cobertura, os que foram à escola estudar e não conseguem o primeiro sucesso? Isso não interessa aos jornalistas de moda.

Para eles, o importante é deixar claro que são iniciados nos mistérios dessa sociedade secreta, usando uma linguagem quase cifrada em que, em vez de descrever roupas, usam os termos dos estilistas e deixam o leitor sem entender o que se passa.

Pelo que a imprensa mostra, a Fashion Week (Rio e São Paulo) é um grande desfile de egos, com caras mais ou menos bonitas, corpos famosos, com seus acompanhantes mais famosos ainda e discussão sobre quem tem mais ou menos curvas. Dinheiro só é mencionado quando se trata do cachê das modelos. Roupas, ao que tudo indica, não têm nada a ver com dinheiro. É uma questão de ficar bem, chamar a atenção dos outros e aparecer. Quanto custa uma roupa? Não é chique perguntar preço.

Só para quem é fashion
Essa linguagem cifrada deixa bem claro para o leitor comum que ele não faz parte do "fechado círculo da moda" – onde, com certeza, as pessoas sabem o que significa "uma inspiração medieval cruzada com cultura de rua". E também entendem como "capuzes conferem o viés histórico, atualizado por zíperes, numa silhueta controlada". E sabem, ainda, porque os "capuzes de paetê preateado fizeram o militarismo relax entrar para a história".

Quando trabalhei em revistas femininas, tive, algumas vezes, que reescrever texto e legendas de moda. E não posso negar que era uma experiência enriquecedora. Descobri coisas como o "pretinho básico" (um vestido preto sem enfeites), "a força dos grafismos" (qualquer roupa em tecido com riscos ou desenhos) e as "peças-coringas" (aquelas que combinam com qualquer outra).

Descobri também que as editoras de moda conceituadas não eram as que ensinavam as leitoras a usar a roupa certa para o seu tipo. Boas eram as que sabiam usar a palavra certa para se comunicar com o estilista e com as outras produtoras de moda. A leitora que se danasse. E descubro agora que, infelizmente, o que antes parecia exclusividade das revistas especializadas acabou virando norma até nos grandes jornais.

Os maiores jornais de São Paulo, neste domingo (23/1), tiveram apenas duas matérias, entre laudas e laudas de non sense, que fugiram da cobertura tradicional: uma, no Estado de S.Paulo ("Visitantes dizem que ainda falta estrutura para negócios no país") e outra na Folha ("Grife cria coleção na sala de apartamento"), falando do estilista que trabalha com 10 funcionários em comparação com uma outra grife, que tem 250 pessoas a seu serviço.

É muito pouco para um evento que apresenta 47 desfiles e mobiliza um exército de criadores, produtores, modelos, maquiladores, faxineiras, passadeiras de roupa, cabeleireiros. O batalhão de fotógrafos (batalhão mesmo, mostrado numa bela foto de Cristiano Mascaro publicada no Estadão) cumpre, mal ou bem, seu papel: mostrar roupas. Mas repórteres e comentaristas apenas mostram seu conhecimento das palavras-chave do esquisito linguajar fashion. Parece que a ordem que recebem do editores é do tipo: "faça um texto-legenda e estamos conversados". Ou, antes, estamos pautados.

terça-feira, janeiro 25, 2005

o PT das trevas mostra a sua face 

Discussao antidemocratica! So ouviram MST e a CUT ! Faltou consultar outros grupos da " sociedade civil organizada" que tambem tem propostas revolucionario-socializantes, tais como as FARC (Forcas Armadas Revolucionarias da Colombia) , a ADA (Amigos dos Amigos), o CV (Comando Vermelho) e o PCC (Primeiro Comando da Capital) !

O desmonte da universidade

Denis Lerrer Rosenfield, professor de Filosofia na UFRGS, com doutorado de Estado em Filosofia pela Universidade de Paris, é autor, entre outras obras, de Hegel (Jorge Zahar Editor, Coleção Passo a Passo) e editor da revista Filosofia Política, da mesma editora.

O Estado de SP, 24/01/05
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24950

Não nos enganemos. Está em curso um verdadeiro desmonte das Universidades brasileiras, públicas e privadas, federais e estaduais, pelo anteprojeto de lei elaborado pelo Ministério da Educação.

Com um vocabulário pretensamente social, o projeto visa a ideologizar o ensino superior, estabelecer formas de controle partidário por organizações ditas sociais e abolir o mérito como critério de conhecimento. Como foi muito bem analisado por dois editoriais do Estadão (16 e 17/1, A3), estamos diante de uma renovação do ‘sovietismo’ ou, ainda, de uma subordinação do conhecimento a critérios determinados como sociais por burocratas de coloração partidária. O stalinismo ganha, assim, uma faceta institucional, pretensamente correta. O PT das trevas mostra a sua face.

Para quem conhece os documentos do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social elaborados pelo ministro Tarso Genro, fica claro que presenciamos um mesmo processo de controle da sociedade, desta feita, da educação.

O ministro mudou de pasta, porém não de concepção, que continua, como antes, enraizada em suas antigas idéias revolucionárias. A ambigüidade no uso das palavras é, aliás, uma expressão daquilo que é omitido. O vocabulário e os nomes mudaram, a postura antidemocrática continua a mesma.

A apresentação do ministro dá o tom do que será depois regulamentado por uma série de artigos e incisos. Ressaltemos alguns, para que se tenha uma idéia do que é proposto.

É, contudo, necessária a utilização de uma espécie de conversor de palavras para que façamos a tradução correspondente. Logo, quando é dito que ‘o ensino de qualidade será aferido por processos participativos de avaliação e executados por mecanismos democráticos de gestão’, deve-se ler ‘processos participativos’ por uma repetição dos ‘orçamentos participativos’, implantados no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, que subordinavam qualquer decisão dita popular ao controle partidário-burocrático do governo.

Da mesma maneira, ‘mecanismos democráticos de gestão’ significam o império das corporações sobre a universidade. Aliás, na ‘eleição direta’ para reitor nem é exigido que ele seja um professor titulado. Pode ser um estudante ou um funcionário. Por que não um funcionário da segurança ou um aluno de primeiro ano? Precisaria ser alfabetizado? Tudo dependeria, evidentemente, da ‘participação’ e da ‘democracia’!

Caberia a um ‘Conselho Comunitário Social’, novo nome do ‘orçamento participativo’, elaborar relatórios que seriam obrigatórios na avaliação da universidade, o que significa que as corporações de funcionários, estudantes e professores, juntamente com o MST, a CUT e, indiretamente, o próprio PT, decidiriam sobre os rumos da pesquisa, do ensino e da extensão.

Se a pesquisa, a formação, a ciência e a tecnologia são centrais do ponto de vista da soberania de um país, elas não são consideradas, senão nominalmente, nesse anteprojeto por ficarem atreladas ao imediatismo de um governo que se rege, na área da educação, por preceitos que seriam admiravelmente bem aceitos em Cuba ou na ex-URSS. Por que não enviá-lo a Chávez e livrar o Brasil desse desserviço à educação nacional?

A consulta à ‘sociedade civil’, tão apregoada em todo o anteprojeto, é outra dessas expressões que encobrem, sob um rótulo aceitável, a participação direta do MST e da CUT nos processos internos da universidade, viabilizando uma ideologização e uma partidarização das instâncias universitárias.

Aliás, o ministro não escondeu a consulta que fez ao MST, organização revolucionária que usa sistematicamente da violência, para decidir dos rumos da reforma universitária.

O artigo 3.º, inciso II, é particularmente claro, embora, como sempre, elíptico: a educação superior atenderá às ‘demandas específicas de grupos e organizações sociais, inclusive do mundo do trabalho, urbano e do campo, voltados para o regime de cooperação’.

Só faltaria designar diretamente os interlocutores, mas não ficaria bem para um anteprojeto que deve ainda passar pelo Congresso Nacional! Alguém poderia entender mais diretamente do que se trata!

Esse mecanismo de consulta, de participação e de dita democracia é sobremaneira conhecido nos lugares, Estados e municípios, onde os setores mais à esquerda do PT foram governo.

Trata-se pura e simplesmente de uma consulta que o PT faz a si mesmo, curtocircuitando toda a sociedade por intermédio dos interlocutores de plantão, que são as organizações sindicais afins a esses setores esquerdistas, o MST, a CPT e movimentos congêneres.

Em nome de uma pretensa consulta à ‘sociedade civil’, esta some como interlocutora, surgindo em seu lugar as ‘organizações sociais’ que têm uma ideologia revolucionária.

O dirigismo estatal coloca-se, então, como instrumento desse processo de desmonte da universidade ao instituir os burocratas-partidários como os sábios que deverão determinar as necessidades sociais e as regionais que serão obrigatoriamente atendidas pelas Universidades.

Sob o pretexto de regulamentar a autonomia há muito almejada pelas Universidades, o governo pretende criar todo um processo de ingerência nas instituições de ensino superior, rebaixando o seu nível e desconsiderando o mérito como valor universitário central.

Quando se limita o saber a diretrizes administrativo-ideológicas desse tipo, o preço a ser pago é alto demais, pois as gerações futuras e o próprio país ficarão com essa conta, impagável em termos de conhecimento e de atraso.

lembra da piada do " bonito e veloz " ?  

Vou contar. Em seguida leia a reportagem.

Um cara estava num fusca 66 todo marcado de lanternagem a mais de 100km/h. A policia parou o carro. O guarda se aproximou do motorista e disse :
- bonito, hein ?
o motorista respondeu :
- bonito e veloz !
- cadeh os cintos de seguranca ?
- estao debaixo do banco de tras, segurando 3 botijoes de gas !
- voce eh engracadinho, hein ?
- soh faco piadinha quando estou muito bebado !
- mais respeito, se nao eu tiro sua carteira !
- tira mesmo dotoh pulicia. eu jah tentei 6 vezes e nao consegui.


Irresponsabilidade ambulante

Ronaldo Braga
http://oglobo.globo.com/jornal/rio/163993860.asp (25/01/2005)

Um buggy vermelho com nove ocupantes, todos sem cinto e uma criança no colo do carona no banco da frente e placa fria. Um Fiat 147 trafegando na chuva sem um equipamento fundamental: limpador de pára-brisa. Ônibus e carros sem lanternas e com pneus carecas e desbalanceados. São exemplos que já se tornaram banais nas ruas do Rio e ilustram uma estatística preocupante. Dos 7.784 veículos vistoriados pelo Detran no ano passado, nas 103 operações realizadas em todo o estado — 80% delas só no município do Rio — 4.653 (59,7%) foram apreendidos por estarem caindo aos pedaços, com documentação irregular ou trafegando fora das normas.

O Baby Buggy LHX-0792, por exemplo, trafegava anteontem pela Zona Sul infringindo várias leis de trânsito. Levava nove ocupantes — sete crianças e duas mulheres, incluindo a motorista — todos sem cinto de segurança. Uma das crianças, aparentando cerca de 5 anos, estava no colo de uma mulher no banco do carona. Durante meia hora repórteres do GLOBO tentaram falar com a motorista, que não quis conversa. O carro foi seguido a partir da saída do Túnel Rebouças na Lagoa. A motorista passou pela Fonte da Saudade, pelo Humaitá e por Botafogo. Estacionou finalmente na Urca, em frente ao Pão de Açúcar, onde as crianças saltaram do carro.

Ontem, outra ronda revelou mais uma irregularidade gritante na Avenida Brasil. Debaixo de chuva, o motorista do Fiat KSR-6763 dirigia com uma mão enquanto com a outra, através da janela, segurava um pára-brisa quebrado para tentar limpar o vidro pelo lado de fora.(...)

como diria o ministro " e' um rumo bifurcado"  

Veja, 22/01/2005

O Brasil para os brasileiros
Diogo Mainardi

Eu tenho uma regra. Uma regra elementar. Qualquer um pode segui-la. Funciona sempre. Quando a imprensa publica repetidas reportagens sobre o aumento do turismo brasileiro para os Estados Unidos, está na hora de juntar suas economias, ir correndo até o cambista da esquina e trocar tudo por dólares. Em seis meses, seu dinheiro terá dobrado de valor. Não há a menor possibilidade de erro. Outro dia, O Globo publicou uma reportagem dessas. Continha cinco sinais inequívocos de descalabro cambial: 1) Depois de dois anos, a loja de departamentos americana Bloomingdale's voltou a exibir a bandeira verde-amarela em sua fachada. 2) Os vôos da Varig para os Estados Unidos estão com a lotação completa para os próximos três meses. 3) As escolas de esqui no Colorado agora oferecem cursos em português. 4) A Disney estima um crescimento de 17,2% de visitantes brasileiros em Orlando. 5) Uma vereadora do Partido Verde do Rio de Janeiro foi passar as férias com a família em Nova York e aproveitou para assistir à montagem do espetáculo A Gaiola das Loucas, na Broadway. Trata-se da mesma vereadora cujo caminhão de som me acordou diariamente durante a última campanha eleitoral. Escute o conselho de seu amigo Diogo. Os números não batem. O real irá despencar. Ponha o carro à venda e compre dólares. Ponha o apartamento à venda e compre dólares. Depois me escreva agradecendo.

Não que haja algo de errado em querer viajar para os Estados Unidos. Pelo contrário. Quem nunca foi até lá deve pegar o primeiro avião e se mandar imediatamente. Entre viajar para os Estados Unidos e rodar pelo Brasil, é muito mais recompensador viajar para os Estados Unidos. O potencial turístico brasileiro costuma ser grandemente superestimado. Jamais seremos uma meta preferencial dos estrangeiros. O país tem pouco a oferecer. Só desembarcam aqui os turistas mais desavisados. Ou então os que buscam sexo barato. O mundo está cheio de lugares mais atraentes que o Brasil. Da Tunísia à Croácia, da Indonésia à Guatemala. Temos muitas praias. Mas nosso mar é feio. Turvo. Desbotado. Com despejos de esgoto. Pouco peixe. Peixe ruim. Chove demais. Chove o ano todo. Não temos monumentos. Não temos ruínas arqueológicas. Nossas cidades históricas são um amontoado de casebres ordinários e igrejas com santos disformes. Não temos o que vender porque não sabemos fazer nada direito. Não temos museus. Sou um pervertido, e teria o maior interesse em conhecer o museu da Base Aérea de Brasília, onde está exposta a taça de champanhe manchada de batom que dona Marisa usou na inauguração do avião presidencial. Mas como convencer um turista dinamarquês de que vale a pena fazer o mesmo? Nossas florestas estão sempre em chamas. Não sabemos comer. Desrespeitamos as normas básicas de higiene, contaminando os estrangeiros e a nós mesmos. Roubamos. Com um pouco de sorte, até matamos. O Brasil só serve para os brasileiros. A Embratur deveria parar de fazer propaganda enganosa sobre o país no exterior. Por falar em exterior, para onde vamos no Carnaval?

segunda-feira, janeiro 24, 2005

baianidade baiana abaianada a servico do contribuinte 

E' surpreeendente como o metodo gal-caetano-gil-cayme-dodo-e-osmar torna tudo tao simples e coerente! Estu cada vez mais orgulhoso de pagar impostos ! Esta entrevista me motiva a pagar 45% de CPMF !

"justo-meio está na igual possibilidade dos extremos..."

entrevista : do Gilberto Gil :

"COITADA DA GLOBO"
Para o ministro Gil, o poder da emissora é mínimo se comparado ao dos grandes grupos mundiais. "Ela não tem essa força toda."

Do quarto de um hotel em Madri – vindo da abertura do ano Brasil França, em Paris – o ministro Gilberto Gil falou a CartaCapital sobre o recuo do governo em relação à Ancinav, o mais ambicioso projeto de sua pasta. Leia a seguir trechos da entrevista:

CartaCapital:
Essa mudança de rumo é fruto do impasse a que chegou o projeto da Ancinav?

Gilberto Gil: A mudança de rumo é que eu não vejo... Eu, na verdade, não interpreto como uma mudança de rumo. É mais correto ver como uma bifurcação. É um rumo bifurcado. Nós vínhamos no rumo da Ancinav e agora bifurcamos para prosseguir com a Ancinav e com a lei.

CC: O MinC está decepcionado? A regulação era o ponto fundamental do projeto.

GG: Para alguns, o fomento é que era o ponto fundamental. Havia um cotejo entre ênfases diferenciadas em certos setores.

CC: Mas o MinC defendia a regulação...

GG: Nós saímos em defesa porque a regulação é importante para setores amplos da economia do audiovisual, como é importante para o setor elétrico, para as águas... Todos os setores precisam de regulação.

CC: Mas não é uma derrota o MinC não ter conseguido levar a regulação adiante?

GG: O fato de que projetos sejam aperfeiçoados eu não vejo como derrota. Você recua para avançar. Se você remete a regulação para uma lei que vai abranger o setor inteiro, não se trata de derrota.

CC: Alguns dos integrantes do setor audiovisual dizem que a mudança atende, justamente, às reivindicações do Fórum do Audiovisual (integrado pela Globo e presidido por Roberto Farias, funcionário da emissora).

GG: Não só deles, mas de tantos outros, como alguns ministros que ponderavam que uma atribuição regulatória numa agência deve estar amparada por uma lei. Eram vários defensores dessa idéia, não era só a Globo. Como diz um livro que estou lendo, o justo-meio está na igual possibilidade dos extremos. O justo-meio não é o meio-termo, a coisa morna e confortável. O justo-meio é esse balançar entre os extremos. E a regulação virá.

CC: O senhor acredita mesmo nisso? Há oito anos se tenta criar essa lei.

GG: A diferença é que nunca houve proposta de governo. O Sérgio Motta morreu antes de ver o esboço do que se tentava fazer. Isso nunca chegou a público. Agora é uma questão colocada como demanda social. No outro governo, essa questão nunca saiu de um gabinete.

CC: Essa lei pode mudar a maneira como é tratada a propriedade cruzada de tevê, rádio, jornal, revista, editora?

GG: Nós não queremos mudar, nós queremos dar à realidade dos fatos o amparo da legalidade.

CC: Ou seja, regulamentar apenas o que está chegando agora, como a possibilidade de produção de conteúdo pelas teles?

GG: E regular coisas que já eram reguladas, mas que ganham uma configuração diferente ao se ligarem a coisas novas. Há os interesses cruzados da televisão com o cinema, há a televisão a cabo, a telefonia produzindo conteúdo. Também há as questões da propriedade cruzada, como você disse, mas isso tem de ser regulado não olhando para trás, mas diante das empresas com novos perfis e possibilidades de oligopólio.

CC: De alguma maneira é um alívio sair desse fogo cruzado? Afinal, o senhor ficou numa posição contrária à de amigos de longa data.

GG: Eram próximas a mim como seres humanos, não como agentes econômicos ou culturais. Eu sou obrigado a ter um grau de abstração em relação a manifestações deles, a oposições. Eu abstraio tudo isso. Não me importo se o Jabor disse isso ou o Cacá disse aquilo. Eles é que assumiram certas posições. Vou me desgastar? Eu tenho é que fazer o meu trabalho.

CC: E em Madri? O que o senhor está fazendo?

GG: Vim conversar com a ministra da Cultura e com as pessoas ligadas ao audiovisual. Eles, aqui, taxaram as televisões em 6% e foi uma celeuma danada. Mas é assim no mundo inteiro. No Brasil, o processo é brando (risos) em comparação à Austrália e outros países.

CC: A particularidade do Brasil talvez seja o poder enorme da Globo...

GG: Olha, uma tevê não, mas grupos de propriedade cruzada, como os Murdoch. A gente, no Brasil, fica falando "porque a Globo, porque a Globo", mas, coitada da Globo...

CC: Coitada?

GG: Num certo sentido, sim. Não tem essa força toda e tem de fazer um enfrentamento brutal com a coisa estrangeira. Tem de se posicionar dramaticamente em relação à questão da propriedade cruzada. A Globo teve de abrir uma brecha societária para os estrangeiros. Então não é assim. A globalização é drástica. Atinge todo mundo.

PERIGO VERMELHO so' gasta com o essencial 

1) O Planalto tem 47 servidores conhecidos como ecônomos da Presidência da república. Cada um deles tem um cartão de crédito corporativo, destinado à compra de passagens aéreas, a gastos com deslocamento de autoridades e ao pagamento de materiais e serviços mais urgentes na Presidência, como lanches ou cartuchos de tinta para impressoras. Em um único mês do ano passado, um desses ecônomos sacou em dinheiro vivo mais de R$ 78 mil. A fatura do mês de janeiro do seu cartão, descontados os saques em dinheiro vivo, já havia alcançado R$ 287,7 mil. Nos dois primeiros anos da administração Lula, os gastos com cartões de crédito corporativos da Presidência da República somaram R$ 16,7 milhões, e os saques em dinheiro beiraram os R$ 6 milhões. O volume de saques em dinheiro cresceu 10% no ano passado.

2) Os gastos oficiais do governo federal com passagens aéreas são de cair a cara. De acordo com os números apontados pelo Sistema Integrado de Administração Financeira, o Siafi, o Executivo desembolsou no ano passado cerca de R$ 800 milhões em viagens. Em contrapartida, utilizou somente R$ 29,4 milhões no programa “Primeiro Emprego”. No Programa Nacional de Combate às Drogas gastou apenas R$ 4,1 milhões, menos de um quarto do valor que Lula se esforçou para levantar junto a empresários para a reforma do Palácio da Alvorada. Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto empenhou R$ 500 mil para a compra de livros e divisórias para a Biblioteca Presidencial; mais R$ 375 mil em uniformes novos para segurança e motoristas, R$ 51 mil em louças, R$ 15 mil em flores e R$ 7,3 mil em um novo tablado especial para que os seguranças de Lula possam treinar lutas marciais. Como o presidente mudou-se em outubro para a Granja do Torto, por causa da reforma no Alvorada, foram gastos R$ 4,6 mil na compra de uma máquina de café expresso, R$ 820 em caixas acústicas para home theatre e outros R$ 666 em um CD player para o Omega australiano que serve ao presidente.

3) O grande rombo na Previdência Social é produzido pelos encarregados de administrar o sistema. A principal suspeita é empresa Dataprev, estatal que processa as aposentadorias no País. E também o INSS. O desvio de recursos pode chegar a R$ 10 bilhões, todos os anos. Por isso a Agência Brasileira de Inteligência começou a investigar a empresa, para saber o tamanho da fraude. Uma auditoria recente do Ministério da Previdência revela que as fraudes contra a Previdência são facilitadas pelo sistema operacional ultrapassado da Unisys. As falhas de segurança permitem a ocorrência de fraudes inacreditáveis: mortos que continuam recebendo, trabalhadores que figuram como ativos em um cadastro e aposentados em outro, dentro do mesmo banco de dados; aposentadorias e pensões por morte em nome dos mesmos segurados; benefícios cancelados por irregularidades e misteriosamente reativados. Os computadores da Dataprev processam o segundo maior orçamento da República, R$ 150 bilhões por ano. A Unisys vai disputar, hoje, o megaleilão para obter a administração das loterias da Caixa Econômica Federal, um negócio de R$ 1,3 bilhão, que hoje está nas mãos da Gtech. Dos arquivos da Previdência, compostos pelo cadastro de 23 milhões de benefícios, 150 milhões de trabalhadores, 20 milhões de empresas, listagens de devedores e registros de óbitos, pouca coisa roda no sistema aberto. Em dezembro, o Ministério Público pediu formalmente ao ministro Amir Lando o afastamento de Jairo Cabral da presidência da Dataprev, junto com o presidente do INSS, Carlos Bezerra, por improbidade administrativa.

4) Maior estatal do país e patrocinadora de projetos sociais, culturais e ambientais, a Petrobrás elevou seus gastos com propaganda em 142,81% entre 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, e 2004. No primeiro ano do governo Lula, a empresa já havia o gasto em 82,35% na comparação com o último ano de seu antecessor. O valor subiu de R$ 253,140 milhões em 2002 para R$ 461,615 milhões em 2003. Em 2004, o orçamento da área aumentou ainda mais, alcançando a cifra recorde de R$ 614,642 milhões, o que representa 142,81% maior do que em 2002 e 33,15% a mais do que em 2003.

domingo, janeiro 23, 2005

pra que mandar policiais federais pro Rio (...) 

(...) se a justica estadual vai catimbar e soltar todo mundo que for preso ? Em conversas com a policia estadual, eles acabam passando informacoes e tecnologia que serao repassadas aos bandidos. Seria melhor colocar estes policiais na franteira e isolar a pocilga centenaria do resto do pais !

Em suma, esta virando piada. Os caras cometem uma infracao. Aih dizem " bom, jah fizeram, entao legaliza " . Ou seja, as leis sao regras a posteriori para beneficiar os infratores, e nao acordos a priori para organizar a vida em coletividade.


Quando a Justiça tarda e falha
http://oglobo.globo.com/jornal/rio/163976533.asp

Num intervalo de apenas cinco meses, agentes federais comemoraram o que acreditavam ser um duro golpe no abastecimento de drogas do Rio. Após mais de um ano de investigações, foram desarticuladas duas quadrilhas e presas nove pessoas — oito delas em flagrante — acusadas de serem atacadistas de maconha e cocaína, que, na outra ponta do esquema, eram vendidas em favelas e até na Praia de Ipanema. As prisões tiveram ampla cobertura dos jornais. Mas o desdobramento dessas notícias só agora vem à tona: todos esses suspeitos estão soltos graças a decisões da Justiça estadual, mesmo sem terem provado sua inocência. Isso porque a mesma Justiça perdeu o prazo para concluir os casos e dar as sentenças aos réus.

Os casos foram descobertos a partir de um levantamento feito pelo GLOBO nos processos de hábeas-corpus impetrados na Justiça estadual ano passado. A pesquisa incluiu as prisões preventivas feitas por agentes da Delegacia de Entorpecentes da Polícia Federal, divisão responsável pela investigação dos grandes fornecedores. Nos casos das duas quadrilhas, as varas criminais responsáveis pelos processos estouraram o prazo de 81 dias previsto para a conclusão das sentenças. Isso levou as instâncias que julgam os recursos a concederem os hábeas-corpus pedidos. E mais: outros 26 réus, igualmente presos por tráfico de drogas e que estão atrás das grades há mais de cem dias, já solicitaram o mesmo benefício e também podem ser soltos.

Um caso é emblemático. Em agosto, a 5 Câmara Criminal concedeu liberdade às irmãs Joana Laura e Maria da Glória da Mata Selva por “injustificável excesso de prazo”, como descreve a desembargadora-relatora do processo, Maria Helena Salcedo, na justificativa de seu voto. As mulheres respondem a processo pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico. O benefício abriu caminho para que outros três supostos integrantes da quadrilha fossem soltos. O grupo, segundo a PF, recebia grande quantidade de maconha de São Paulo e distribuía para traficantes no Rio.

“O juízo coator não apresentou justificativa razoável para tamanho retardo no andamento da ação penal. Já se vão mais de duzentos e quarenta dias desde a data da prisão”, diz um trecho do voto de Maria Helena, obtido pelo GLOBO. Em entrevista, ela explicou que, no julgamento dos hábeas-corpus, os magistrados não levam em consideração (e, por lei, nem podem levar) o mérito do caso ou informações como os antecedentes criminais dos réus.

— Seria um constrangimento ilegal mantê-los presos. Quanto o atraso extrapola muito o prazo de 81 dias, nós temos que reconhecer que não há motivo para manter o réu preso. Se não o fizermos, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) vai fazer — explicou a desembargadora.

Tribunal: a culpa não é só da Justiça
A investigação que levou os suspeitos para a cadeia teve início em agosto de 2003, quando a PF apreendeu um carregamento de 702 quilos de maconha dentro de um caminhão na Rodovia Presidente Dutra. Os agentes descobriram que a droga havia sido encomendada por Gilberto do Carmo, conhecido como Gordo. Ricardo de Araújo, o Cadão, foi preso em sua casa, na Barra, com meio quilo de maconha, comprimidos de ecstasy e uma pistola. Ele venderia a droga para jovens nos postos 9 e 10, na Praia de Ipanema. Todos foram soltos. O chefe do bando, Cristiano de Sá Silva, está foragido.

A juíza Marcia Perrini Bodart, titular da 25 Vara Criminal, responsável pelo processo, não quis comentar o caso. Advogado de um dos réus libertados, Vivaldo Dantas diz que o expediente é muito usado pelos advogados criminais:

— A prisão estava fora do prazo e era totalmente ilegal. Se a Justiça está lotada, não temos nada com isso.

Outra decisão da Justiça, desta vez da 3 Câmara Criminal, pôs em liberdade quatro suspeitos, presos em flagrante em fevereiro de 2004, com 15 quilos de cocaína e mais R$ 50 mil em dinheiro. A droga foi avaliada em U$ 100 mil. Uma das acusadas, Rejane da Silva Torres, é ré confessa, segundo sua advogada, Claudiela Maria Pinheiro. Outro, o policial militar Róbson Paradellas, responde também a um inquérito por assalto e é apontado como segurança de uma grande quadrilha de traficantes. De acordo com os policiais que investigaram o grupo, Rejane seria responsável pela contabilidade e pela entrega de cocaína para Róbson, que forneceria a droga para favelas da Ilha do Governador e do Complexo de Acari.

Também foram beneficiados pelo hábeas-corpus Édson da Silva e Alexandre Oliveira da Silva. Os meses que passaram na prisão, à espera de uma sentença, deram a eles elementos para o pedido do benefício. O primeiro a conquistar a liberdade foi Édson. Num efeito-cascata, os demais também foram soltos.

— A Justiça levou muito tempo para ouvir alguns agentes federais de outros estados que participaram da operação. Esse foi o principal motivo para o atraso — informou a advogada de Édson, Camila Passeado.

A Justiça reconhece o problema, mas não assume a culpa sozinha. O assessor da Presidência do Tribunal de Justiça do Rio, Marcus Henrique Pinto Basílio, reconhece que as varas criminais sobrecarregadas são lentas em alguns casos. Em outros, porém, diz ele, as sentenças atrasam por problemas do Poder Executivo, como a demora na realização de um laudo pericial para escutas telefônicas ou exames toxicológicos.

— Nem sempre a culpa pode ser imputada ao Judiciário. A culpa é do sistema, o juiz é apenas uma parte dele. Em regra, os processos tramitam rapidamente. Quando sai do prazo é porque houve algum incidente — afirma Basílio, que faz uma ressalva. — É bom deixar claro que eles não foram absolvidos e continuarão respondendo ao processo.

Mas o risco do réu solto preocupa o Ministério Público estadual:

— Se houve uma prisão preventiva, é porque o réu representa um risco à ordem pública. Ele pode fugir, ameaçar uma testemunha ou eliminar provas, por exemplo — diz o promotor da 1 Central de Inquéritos, Márcio Noble.

Curiosamente, três advogados que tentaram hábeas-corpus por excesso de prazo para seus clientes ano passado estão ou estiveram, eles mesmos, atrás das grades. Lydio da Hora Santos foi preso em novembro quando tentava negociar com um agente federal a libertação do traficante Marcos José Monteiro Carneiro, ex-tesoureiro de Fernandinho Beira-Mar. Advogado do PM Róbson Paradellas, que obteve o hábeas-corpus, Jorge Bisoli responde a seis inquéritos por estelionato, uso de documento falso, falsidade ideológica e falsificação de documentos. Fábio Henrique Calil Gandara, cujo cliente Alessandro Siton responde por tráfico, foi preso em março, acusado de trabalhar para a máfia de combustíveis.

panorama do mercado eleitoral brasileiro 

Voto está cada vez mais caro
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/85493.html

R$ 1,24 bilhão foi quanto custou a campanha eleitoral de 2004. É a mais cara já registrada na Justiça. O valor representa mais de duas vezes o que foi gasto no pleito geral de 2002

As eleições municipais de 2004 custaram R$ 1,24 bilhão. Trata-se da campanha mais cara já registrada na Justiça Eleitoral. É mais do que duas vezes o gasto nas eleições gerais de 2002, quando foram declarados R$ 580 milhões na disputa pela Presidência da República, governos estaduais e vagas parlamentares. Pela primeira vez na história, a arrecadação nos municípios é totalizada, a partir de dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para alcançar as cadeiras de prefeito, 15.746 candidatos juntaram R$ 656 milhões. Na disputa pelas câmaras municipais, os 346.419 postulantes a vereador somaram R$ 378 milhões. Os comitês dos partidos ajudaram a engordar a cifra, ao distribuir R$ 213 milhões entre os candidatos.

Dirigentes partidários e especialistas políticos levantam três hipóteses para o valor elevado da eleição municipal. Para a maioria, a nova informação é um forte indício da existência, na eleição geral, do “caixa dois” – doações omitidas à Justiça Eleitoral. Alguns acreditam que o custo do marketing de campanha, principalmente dos programas de televisão, foi responsável por inflar o número. Os custos de produção estão cada vez mais altos. O fato de terem sido realizadas 5.561 eleições, em cada um dos municípios brasileiros, também pesa na conta, avaliam.

Maior partido do Brasil, o PMDB obteve a arrecadação mais expressiva. Foram R$ 155,7 milhões conseguidos diretamente pelos candidatos, sem contabilizar os recursos disponibilizados pelos comitês financeiros. Estado mais rico do País, São Paulo contribuiu com cerca de 20% do total das doações feitas por empresas, pessoas físicas e partidos. Os candidatos paulistas juntaram R$ 207 milhões.

A disputa acirrada entre a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e o tucano José Serra pela Prefeitura de São Paulo se repetiu na busca pelos recursos de campanha. A petista conseguiu R$ 16,5 milhões para custear os gastos eleitorais, enquanto Serra chegou à cifra de R$ 14,8 milhões. O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), alcançou o terceiro no ranking dos campões de arrecadação. Conseguiu R$ 4,4 milhões em doações.

Entre os pretendentes a vereador, duas candidatas do Rio de Janeiro ficaram no topo da lista. As contribuições dos apoiadores da tucana Andrea Vieira somaram R$ 819 mil. Dinheiro suficiente para custear uma campanha à Câmara dos Deputados. A candidata do PV Aspásia Camargo, ex-secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, foi a segunda colocada no País. Juntou R$ 733 mil para chegar à Câmara Municipal carioca. As duas foram eleitas.

PREÇO
Nem todo gasto, porém, se traduziu em votos. A candidata Nilmar Ruiz (PL) gastou R$ 1,5 milhão na tentativa frustrada de se reeleger prefeita de Palmas. Seus 29 mil votos custaram em média de R$ 52,2. O voto mais caro nas capitais foi o de Osmar Bertoldi (PFL), candidato derrotado à Prefeitura da Curitiba. Ele gastou R$ 3,5 milhões e conquistou 58 mil eleitores.

A deputada federal Luíza Erundina (PSB) não conseguiu voltar à Prefeitura de São Paulo, mas também não gastou muito. Cada um dos seus 244 mil votos custou apenas R$ 0,34. Muito abaixo da média nacional que é de R$ 12 por eleitor.

Economia
Entre os eleitos, o campeão da economia foi o prefeito reeleito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL). Ele arrecadou R$ 2,7 milhões e fez 1,7 milhão de votos – R$ 1,6 de média.

sábado, janeiro 22, 2005

conspiração em curso contra o mérito e o esforço do aprendizado 

Conspiração contra o mérito
ESPAÇO ABERTO
O ESTADO DE S.PAULO
Sábado, 22 de janeiro de 2005

Mauro Chaves
jornalista, advogado,administrador de empresas, escritor, produtor cultural e pintor, é autor, entre outros livros, de Eu não Disse? (Ed. Perspectiva).

O mais grave não é o deslumbramento do presidente pelo prazeroso desfrute do poder, ou seu suposto "gosto pelo luxo" - que só agora alguns de seus antes fervorosos admiradores parecem descobrir. Não será a satisfação presidencial de degustar um Romanée Conti , ou de saborear cordeiros da Patagônia, ou de usar roupões de linho egípcio, ou de ter à disposição um Ômega australiano e um avião importado sob medida, com chuveiro - enquanto exerce seu papel de líder mundial contra a fome -, que deve causar maiores preocupações à sociedade brasileira.

O mais grave não é a incoerência ideológica, que leva a se repetir hoje, de forma piorada e sem os corretivos originais, tudo aquilo que se torpedeou por mais de duas décadas - em termos de política econômica (mais favorável aos spreadadores do que aos produtores e trabalhadores),de arregimentação fisiológica de base parlamentar, de abafamento de investigações comprometedoras ou de blindagem de acólitos suspeitos.

O mais grave não é o descumprimento de promessas, ou o estardalhaço de lançamento de programas sociais que logo se tornam um shakespeariano muito barulho por nada (much ado about nothing) e, na melhor das hipóteses, não passam de rebatismo de programas alheios, só que mal gerenciados, sem exigência de contrapartidas, ou fraudados (como o Bolsa-Família) ou reduzidos ao velho assistencialismo esmoler, em vez de ser um empuxo ao esforço das famílias visando ao próprio desenvolvimento, pela via insubstituível da educação.

O mais grave não é a desarticulação governamental, que produz desastradas cabeçadas interministeriais, com ministros criticando programas de governo e o chefe de Estado e governo contestando-os publicamente - e ficando tudo por isso mesmo, numa zorra descoordenada, enquanto os áulicos (de dentro e de fora do governo) balançam verticalmente a cabeça, qual sorridentes (e ruminantes) vaquinhas de presépio, ao ouvirem as platitudes dos improvisos presidenciais, num gestual de encantamento, como se estivessem a absorver a sabedoria, em estado puro, de um portentoso estadista.

Mas, então, se não é nada disso, o que é o mais grave?

É o que inocula no espírito da juventude brasileira um assombroso ralo de esvaziamento de valores: é a verdadeira conspiração em curso, neste país, contra o mérito e o esforço do aprendizado. É o conceito de merecimento que se vai esboroando. É o empenho individual na aquisição de conhecimentos que se vai desmoralizando. Parece que se está tentando implantar no País uma espécie de Revolução Incultural (talvez embasada numa Doutrina da Neo-Ignorância), que relega ao desprezível "elitismo" todo o esforço pessoal do aprendizado, toda a busca de conhecimento, para aperfeiçoamento. "Muitos que leram tudo e estudaram muito não fizeram nada pelo Brasil" - eis aí a síntese doutrinária, emanada do Planalto, que tem por conclusão silogística a iluminada dedução: "Logo, os que não lêem e estudam pouco têm condições de fazer mais pelo Brasil."

É assim que se combate o "elitismo" dos que se esforçam para adquirir saber, para conhecer. Por exemplo, combate-se o "elitismo" da exigência do inglês (e de cultura geral) no Itamaraty, impõem-se regimes de "cotas de acesso" (raciais e de outros gêneros) nas universidades, rebaixam-se exigências - para deixar preparados e despreparados em iguais condições de competitividade -, substitui-se o julgamento da aptidão técnica, do engenho, do talento, da operosidade pelos eflúvios sinergéticos do compadrio, do companheirismo, das afinidades de cupincha, a ponto de o velho quociente de inteligência (Q.I.) ter cedido lugar, definitivamente, ao método ascensional pela via do "quem indica" (Q.I.).

Na verdade, o "aparelhamento" geral da administração pública federal, que vai esgarçando o tecido cultural, cognitivo, técnico - e ético - de instituições permanentes do Estado, como o Itamaraty, produz estragos muito maiores do que os das distorções administrativas decorrentes da partidarização governamental. É que, para as novas gerações, ele alimenta a mentalidade perniciosa da política enquanto "atalho" - de crescimento profissional, econômico, social - sem o esforço pessoal, às vezes penoso, do aprendizado. É claro que governo algum pode ser o responsável isolado por esse tipo de mentalidade - mas, sem dúvida, estimula, em todos os campos de atividade, a ilusão de vencer na vida por meio do menor esforço.

O programa Big Brother-5, da Rede Globo, é uma das ilustrações mais emblemáticas do grande sucesso dessa conspiração. Num simulacro capenga de realidade e representação, jovens buscam o estrelato e a fortuna por um "atalho" direto rumo ao status de celebridade, que dispensa quaisquer preparos - desestimulando pretendentes a atores e atrizes ao estudo das artes cênicas, ou a participarem de grupos teatrais e demais empenhos necessários ao início de uma boa carreira artística. Confinados numa casa confortável, vivendo um ócio langoroso, sem demonstrar interesse especial por assunto algum, os participantes desse huis clos apenas exibem um narcisismo barato, expresso em conversas tolas, sem nenhum conteúdo aproveitável, forçando artificialmente - e banalizando - tanto relações amorosas quanto noções de liderança.

A Globo, capaz de produzir seriados de excelente qualidade - como o Hoje é Dia de Maria, um mergulho no realismo mágico da alma popular brasileira - e até de exibir ótimos enlatados, como o 24 Horas - verdadeira aula de carpintaria dramatúrgica em roteiro de ação máxima, com unidade de tempo e ação (como no teatro grego) -, ainda não percebeu que, com a bobagem desse Big Brother, importou um vírus imbecilizante, capaz de, a médio prazo, estragar o senso crítico, o gosto de seu telespectador, o esforço de aprendizado de seus futuros elencos e, a longo prazo, a qualidade da audiência de suas novelas e seriados - seu melhor produto. Neste sentido, esse BBB é uma cabeça de ponte ou patrulha avançada da conspiração contra o mérito, que parece pretender esboroar a inteligência e a criatividade do povo brasileiro.

reducao de impostos so' para os amigos 

Dirceu: país não pode reduzir a carga tributária
http://oglobo.globo.com/jornal/economia/163972576.asp

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse ontem que não há perspectiva de qualquer tipo de redução da carga tributária no país, a despeito das várias promessas já feitas pelo governo. Segundo Dirceu, o que deve acontecer é uma alteração na relação entre a carga e o Produto Interno Bruto (PIB), por causa do crescimento da economia, e ações isoladas de desoneração tributária de alguns setores. (...)

sexta-feira, janeiro 21, 2005

o problema de Lula é se orgulhar de sua ignorância e preguiça 

Pra que diproma se pra seh inbaichadoh num pricisa sabeh ingres ?

Entranhas culturais

Daniel Piza
O Estado de São Paulo
16 de janeiro de 2005
http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=1790

Governo que se diz progressista e não tem proposta sólida para a educação não pode, por nenhum critério, ser considerado progressista. Afinal, se alguém quer democratizar a informação e a reflexão, disseminar o senso crítico e a criatividade, formar cidadãos mais conscientes e exigentes, não pode estar de acordo com um ensino que não produza nada disso.

O governo Lula não tem essa proposta. Pelo contrário: tudo que faz, com seu personalismo desvairado, é endossar a idéia de que aprender não custa esforço e disciplina, de que o importante é subir na vida para usar gravata, de que bastam intuição, patota, jeitinho e auto-estima. Como já escrevi, o problema de Lula não é não ter diploma; é se orgulhar de sua ignorância e preguiça.

É impressionante que, começado o que ele mesmo chamou de “segundo tempo do governo”, sua equipe só leve esse assunto para a mídia quando envolve medidas como cotas raciais (e o conceito de raça, por sinal, é para lá de ultrapassado), programas de bolsas (tão ineficientes quanto o Fome Zero e o Primeiro Emprego) e cobrança de mensalidades nas universidades públicas (como se fosse a única maneira de elas serem viáveis) – ou seja, quando o que está em pauta é o acesso. Mas o acesso a quê?

O conteúdo da educação só é levemente debatido na imprensa quando saem resultados como os do Pisa, que mostram o Brasil sempre entre os últimos de 40 países em tópicos como leitura, matemática e ciência, ao lado ou atrás de Albânia, Indonésia e Peru. Nota: em todos esses exames, o Brasil nem sequer atinge o mínimo de desempenho. E ainda há quem diga que a educação brasileira vem “evoluindo nos últimos anos”.

Esse otimismo mentiroso, oficialista, que assemelha tanto o governo Lula aos do regime militar (e qualquer semelhança não é mera coincidência), é outro sintoma do mesmo abismo educacional. Estudar é, afinal, ver que o mundo é complexo e que essa complexidade pode ser fascinante. É o oposto de maquiar a realidade, de propagar utopias enquanto se perpetua o status quo. É aprender a lidar com esse mundo mais e mais dinâmico e competitivo, onde pouco adianta um país crescer 5% se seus concorrentes mais diretos crescem 8% ou 10%. É ver o que acontece, não abstraí-lo por uma lei ou esquema.

De que serve um ensino que não consegue que jovens de 15 anos sejam capazes de dominar cálculos elementares, de se expressar verbalmente, de entender fenômenos naturais cotidianos? O estudante, em outras palavras, não tem clareza de raciocínio e observação; detém apenas rudimentos de aritmética e gramática e decorou algumas datas e equações, mas não pensa por conta própria, é lento e desinteressado. Português e matemática coincidem exatamente na habilidade lógica. Não por acaso, vemos tantos jornalistas que não sabem fazer conta e engenheiros que são incapazes de redigir um texto límpido.

O Sistema Piza de Avaliação já sabe há muito tempo que a educação brasileira oferece o pior dos dois mundos: não cria trabalhadores com o senso de organização e eficiência que os orientais têm; tampouco lhes dá, apesar da lenda, a criatividade e adaptabilidade que os orientais invejam nos europeus e americanos, que dominam o mundo do software e da internet.

O problema não é só institucional; é cultural, está entranhado nos valores da sociedade brasileira, com sua tendência de não levar nada a sério. Assim como a corrupção não é exclusividade dos políticos, a educação ruim não é apenas culpa do sistema de ensino. A desonestidade e a incultura trombam com a gente em todas as esquinas. Mas o máximo que causam é a indignação passageira de alguns – até que alguém assobia e tudo fica adiado para o escândalo seguinte.

POR QUE NÃO ME UFANO
O domínio do inglês não é mais obrigatório nos testes de admissão do Itamaraty. Lima Barreto já poderia mudar o título de sua obra-prima para Alegre Fim de Policarpo Quaresma.

o air force 51 e' dinheiro jogado fora 

A paixão do presidente
http://txt.estado.com.br/editorias/2005/01/21/aberto002.html

João Mellão Neto
jornalista, foi deputado federal, secretário e ministro de Estado.

Anos atrás, um grande empresário, amigo meu, me contou o episódio a seguir. Ele pretendia adquirir um avião particular para facilitar os seus deslocamentos no Brasil e no Exterior. Como dispunha do capital necessário, procurou o lendário comandante Rolim, que, além da TAM, possuía uma empresa de venda e manutenção de jatos executivos.

Rolim encarregou-se de desvanecer os seus sonhos, com os seguintes argumentos: "Se o seu caso for de paixão (a palavra que ele usou é outra...), não se discute, porque paixão não tem preço. Mas, se você pretende conhecer a viabilidade financeira de possuir um jato, eu tenho de alertá-lo que, se seu uso for de menos de 45 horas por mês, sai mais em conta fretar aviões do que comprá-los."

"Como assim?"

"O cálculo é complexo, mas vamos lá. Uma aeronave, mesmo parada, tem custos fixos mensais gigantescos. Em primeiro lugar, você tem de calcular o custo de oportunidade do avião. Veja a quantia que você vai pagar para adquiri-lo e faça as contas de quanto esse dinheiro renderia caso fosse aplicado no mercado financeiro. Esses juros que deixará de ganhar na aplicação têm de ser computados como parte do custo fixo mensal do aparelho. Um avião, mesmo sem uso nenhum, já tem de início esse custo: pelo menos 1% do seu valor total, por mês."

"Isso dá uma enormidade de dinheiro!"

"Mas não pára por aí. Você tem de levar em conta a depreciação do valor da aeronave, que é de mais de 10% ao ano. Isso dá quase 1% de custo mensal. Já são 2% do valor do avião a cada mês. Esses são apenas os custos financeiros."

"É uma fortuna!"

"Pois é. Agora você tem de calcular os custos de manutenção. Um avião tem, por lei, de passar por uma revisão geral a cada seis meses. Isso tem um preço e não é nada barato. Além da revisão obrigatória, use ou não use o aparelho, você tem de arcar com os salários mensais de, no mínimo, dois pilotos e eles cobram caro. Afora isso, há o custo de estadia do avião em terra. Mais uma fortuna. Somando-se a estes números outros custos em que necessariamente se incorre, como seguro, impostos, manutenção e checagem diária dos aparelhos de bordo e vôos semanais apenas para manter o aparelho em perfeitas condições de uso, você chegará próximo a 3% ao mês do valor do investimento, apenas para manter a sua aeronave, mesmo sem usá-la."

O empresário já estava ficando descorçoado. Ainda assim, arriscou um último argumento: "Mesmo assim, se eu levar em conta que a hora de vôo de um avião fretado custa quatro vezes mais do que eu gasto em combustível voando em aeronave própria, no fim das contas deve valer a pena."

"Os custos de uma hora de vôo não se resumem ao combustível gasto. Há um desgaste normal do aparelho quando ele é usado. A cada cem horas de vôo há que trocar inúmeras peças. A cada mil horas, além da revisão semestral, você terá de proceder a uma outra revisão geral. Como eu disse, isso depende de quantas horas mensais você voará. Pelos meus cálculos, a posse de um avião só se justifica se forem voadas, no mínimo, 45 horas mensais. Isso dá uma média de uma hora e meia para cada dia do mês. Uma empresa aérea, para dar algum lucro, tem de manter os seus aviões permanentemente no ar. Avião no chão é prejuízo na certa. É exatamente por isso que a maioria dos proprietários de jatos aproveita as horas ociosas de seus aparelhos para fazer táxi aéreo..."

O empresário citado, após ouvir essa aula do comandante Rolim, de imediato desistiu de seu sonho do avião próprio. Voa até hoje em aviões de carreira e, quando está com pressa, trata de fretar um jatinho. Há outros, é claro, que preferem, mesmo assim, comprar um avião. Mas isso já é caso de paixão. E, como dizia o Rolim, paixão não tem preço...

Essa história é oportuna porque, ainda na semana passada, chegou ao Brasil o AeroLula, um avião de quase US$ 60 milhões, para uso exclusivo da Presidência da República. As autoridades da Aeronáutica bem que tentaram convencer a opinião pública de que o negócio é vantajoso. Seu principal argumento foi o de que o gasto em combustível do novo avião, por hora, é de um quarto do custo de um avião fretado. Como se pode ver, a alegação não procede. Por mais que queira, Lula não conseguirá voar 45 horas por mês e, como não pode ceder o avião para táxi aéreo, a aquisição está longe de ser lucrativa.

Eu, de minha parte, não tenho nada contra o fato de a Presidência da República possuir um avião moderno para seus deslocamentos. O ridículo, no caso, é a patética tentativa de convencer a opinião pública de que a aquisição da aeronave é economicamente vantajosa.

O episódio adquire ares ainda mais absurdos quando nos recordamos de que, logo após a posse de Lula, o governo petista anunciou o cancelamento da licitação para compra de aviões militares - estes, sim, imprescindíveis -, sob o para lá de demagógico argumento de que o montante envolvido seria mais bem aplicado no programa de combate à fome.

Dois anos se passaram e o que se constatou foi que o dinheiro para a compra dos caças não seria despendido de imediato, e sim ao longo de vários anos; não havia, como ainda não há, um programa efetivo de combate à fome; e, segundo pesquisa inquestionável do IBGE, simplesmente não existem, no Brasil, as dezenas de milhões de famintos que serviram de argumento para o PT se eleger.

Quanto ao AeroLula, bem, paixão realmente não se discute...

Tem R$ 1 para pagar R$ 6 

http://www.primeiraleitura.com.br/auto/leia.php?id=38905

Prefeito de São Paulo diz que gestão Marta Suplicy deixou R$ 1 em caixa para cada R$ 6 em dívidas

O prefeito de São Paulo, José Serra, afirmou, nesta quinta-feira, que fornecedores e prestadores de serviço vão receber o que a Prefeitura lhes deve, mas terão de esperar. Em entrevista ao jornal SPTV, da Rede Globo, o tucano afirmou que os pagamentos deverão ser normalizados em “dois ou três meses”.

Ele disse que a administração Marta Suplicy deixou acumular débitos desde “julho, agosto, setembro do ano passado”, e agora, embora de fato haja dinheiro em caixa, como afirmam assessores da ex-prefeita, as dívidas que herdou são muito maiores do que os recursos disponíveis. “Tem dinheiro em caixa sim. Tem R$ 1 para pagar R$ 6. Essa é a situação. Eles [a gestão anterior] ficam enganando com essa história de que tem dinheiro em caixa. Tem, mas o que tem que pagar é seis vezes mais”, afirmou.

Desde que assumiu a Prefeitura de São Paulo, no dia 1º, Serra tem enfrentado pressões de fornecedores e de prestadores de serviço que cobram pagamentos atrasados. Alguns setores chegaram a paralisar os serviços, como os funcionários do Programa Saúde da Família, que estão sem receber desde dezembro. Nesta quinta, mais cerca de 80 médicos ligados ao programa decidiram aderir à paralisação promovida por outros 160 profissionais desde o início da semana.

Na quarta-feira, a prefeitura anunciou o congelamento temporário de 100% dos recursos previstos no Orçamento municipal de 2005 para investimentos na cidade. Somente verbas com aplicação obrigatória definida pela Constituição, como as destinadas às áreas de saúde e educação, não sofrerão congelamento.

Indagado sobre o que fará para combater as enchentes com o Orçamento congelado, respondeu que haverá “dinheiro” e “trabalho” para resolver problemas. Disse, por exemplo, que a prefeitura começou a limpar os piscinões. “Os piscinões estão todos assoreados, com mato grande. Alguns maiores que minha própria altura. Então eles não retêm toda a água”, disse. Outra iniciativa que, na avaliação do prefeito, pode ajudar a evitar enchentes é a operação “cata bagulho”, que, de acordo com ele, já recolheu 600 toneladas de objetos que iriam para córregos e rios.

No programa, o prefeito afirmou ainda que a promessa de integrar o bilhete único com o metrô e com as linhas intermuncipais está mantida, embora ainda não seja possível falar em datas. “É um sistema bastante complexo”, disse, evitando, porém, falar sobre um eventual reajustes da tarifa de ônibus na cidade, como fez o governo do Estado com o metrô, os trens da CPTM e os ônibus intermunicipais da EMTU.

e assim disse Bornhausen  

“Se os partidos de oposição ficarem sentados, esperando 2006, a inércia vai levar à reeleição de um incompetente, de um homem inexperiente e um homem que governa o país aumentando os tributos e ou juros"

http://www.primeiraleitura.com.br/auto/leia.php?id=38897

nao vai abrir as comportas de Itaipu ?  

Esta e' uma otima oportunidade de mostrar que molusco nao tem medo de ser feliz. Depois de boicotarem a candidatura do Brasil ao conselho de seguranca da ONU e de confessarem que deram um " boa noite Cinderela" na selecao de 1990, agora os cucaratias caloteiros chamam um membro do grupo dos invertebrados de galinaceo. E ai'? Vai pagar pau lulinha paz e amor ?

Líder empresarial argentino chama Furlan de 'criador de galinhas'
http://oglobo.globo.com/especiais/exterior/163955133.asp

Declaração do do presidente da União Industrial Argentina é uma resposta às críticas do ministro do Desenvolvimento que acusou argentinos de impedir o avanço do Mercosul


quinta-feira, janeiro 20, 2005

nao acredito que li esta noticia 

Câmara vai gastar R$ 24 milhões em reforma de apartamentos
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/148066.html

A Câmara dos Deputados vai gastar neste ano R$ 24 milhões para reformar 144 dos 432 apartamentos funcionais que possui em duas quadras nobres de Brasília. A média de preço por unidade é R$ 166 mil. O processo de licitação para a primeira etapa da reforma já foi aberto.

Numa segunda fase, cerca de cem apartamentos deverão ser divididos em dois ou até três. Espaço para isso há, pois todos eles têm mais de 400 metros quadrados. No mercado imobiliário de Brasília, um apartamento igual aos da Câmara custa de R$ 800 mil a R$ 1 milhão.

Mal conservados
Mesmo com toda a estrutura dos imóveis, com a localização privilegiada, por ficarem nas quadras 302 Norte e 311 Sul, e com os gastos pagos pela Câmara, somente 199 apartamentos estão ocupados. Os outros 233 estão vazios. Os que se recusam a morar neles argumentam que os apartamentos estão velhos, que a manutenção diária é dispendiosa e que os móveis estão muito prejudicados pelo tempo ou pela má conservação por parte dos habitantes anteriores. Preferem morar em hotel.

De acordo com informação da presidência da Câmara, com a reforma e a divisão de alguns apartamentos, todos os parlamentares passarão a ter a garantia de um imóvel funcional em bom estado. Os solteiros ou que não levam suas famílias para Brasília, e que hoje fogem dos apartamentos de quatro quartos para morar em hotéis, poderão ficar nos imóveis menores.

Auxílio-moradia
Quem não ocupa o apartamento funcional tem auxílio-moradia de R$ 3 mil. Hoje, 306 estão nesta situação, o que representa gasto mensal de R$ 912 mil com o pagamento do auxílio-moradia. Os oito deputados de Brasília não têm direito ao auxílio-moradia.

O ex-deputado Rogério Silva (PPS-MT), que teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso por compra de votos, ocupa um apartamento da Câmara, em Brasília. Ele alega que ainda busca recuperar o mandato e, por isso, não precisa entregar o imóvel.

Silva foi substituído no cargo pela suplente Teté Bezerra (PMDB-MT), mulher de Carlos Bezerra, presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A direção da Câmara não considera irregular a ocupação do imóvel por parte de Silva porque, de acordo com seus técnicos, o mandato de deputado está sub judice.

Irregularidades
Até o início do mês, 14 imóveis da Câmara estavam ocupados irregularmente por ex-parlamentares. A retirada dos inquilinos indesejáveis cabe à Quarta Secretaria da Mesa da Câmara. Como o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), quarto-secretário, nada fez para tirar os ex-parlamentares, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, o denunciou ao Supremo Tribunal Federal por prevaricação (quando funcionário público deixa de cumprir sua função para satisfazer interesse pessoal).

Fonteles acusou Nogueira de acobertar ex-deputados que ocupavam irregularmente os imóveis funcionais. Para o procurador, o deputado foi omisso, mesmo depois de ouvir da Coordenação de Habitação os avisos sobre as irregularidades. De acordo com Fonteles, Nogueira teria deixado de adotar as providências necessárias para reaver os imóveis utilizados pelos ex-deputados.

Nos documentos enviados a Nogueira, a coordenadoria de habitação pediu que ele recorresse à Advocacia-Geral da União para a ação de despejo. "Patenteia-se inequívoca amizade traduzida no companheirismo, no espírito de corpo, no coleguismo, alimentados ao longo do exercício da atividade parlamentar", acusou Fonteles.

Diante das denúncias do procurador, feitas no início do mês, Ciro Nogueira apelou aos ocupantes dos imóveis para que fossem embora. Argumentou que poderia ser processado. Eles o atenderam e entregaram as chaves dos apartamentos. Ciro Nogueira disse na quarta-feira que todos os imóveis foram desocupados. "Eram 14 e não há mais nenhum em poder dos ex-parlamentares", disse ele.

Nogueira não sabe ainda se terá de responder à ação do procurador-geral, porque somente depois de fevereiro é que ela será distribuída. Mas, se processado, terá a defesa da Câmara. De acordo com informação de assessores do presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), ao negociar a retirada dos ocupantes sem a necessidade de ação judicial, o quarto-secretário ganhou tempo. A Câmara tem uma ação de despejo contra um médico ex-servidor da Casa que já dura 11 anos.

Arrecadação bate recorde  

Alguem tem que pagar o air force 51 !

http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/economia/84945.html
A sociedade brasileira pagou o valor recorde de R$ 333,577 bilhões em impostos e contribuições federais em 2004, um aumento de 10,62% sobre a arrecadação do ano anterior. Os números já descontam os efeitos da inflação pelo IPCA, índice oficial da meta de inflação, que ficou em 7,6% no ano passado.

O resultado foi influenciado pelo aumento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), que, no ano, apresentou crescimento real de 20,60%. Também houve crescimento significativo na arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos automóveis, que subiu 20%, e do Imposto de Renda retido na fonte, que aumentou 11,72%.

A arrecadação da Cofins cresceu por causa do início da nova sistemática de tributação da contribuição, que deixou de ser cumulativa no ano passado, e também por causa da introdução da sua cobrança sobre os bens e serviços importados. Com a mudança nessa sistemática, a alíquota subiu de 3% para 7,6%, o que foi alvo de críticas do setor empresarial ao longo de todo ano, que considerou a calibragem da dívida muito elevada.

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, rebateu as críticas de que o aumento da arrecadação mostra, na verdade, a elevação da carga tributária. Segundo ele, só será possível saber se isso ocorreu quando for divulgado o valor do Produto Interno Bruto (PIB) de 2004. Em 2003, a carga ficou em 34,88% do PIB. “A arrecadação de 2004 foi reflexo do crescimento econômico e da eficiência da máquina arrecadatória (combate à sonegação)”, disse Rachid.

Em dezembro, a arrecadação foi de R$ 32,62 bilhões, contra R$ 27,786 bilhões no mesmo mês de 2003, um aumento de 17,4%. O valor é o maior já registrado pela Receita em um único mês. (...)

A anti economia política da tributação 

Gilson Geraldino Silva Junior
Professor do departamento de Economia do Ibmec-Minas
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/opiniao/84923.html
20/01/2005, p. A9

A discussão sobre o tamanho ótimo do Estado, bem como os princípios que deveriam nortear a implementação e a arrecadação de impostos para financia-lo, são tão antigos quanto a própria Economia enquanto Ciência. As recentes decisões do governo sobre tributação nos levam a refletir sobre a necessidade de observar princípios mínimos de taxação e o dialogo com a sociedade.

O segundo dos quatro princípios de tributação sugeridos por Adam Smith em “A Riqueza das Nações” (1776) diz que “ (...) o imposto que cada individuo e’ obrigado a pagar deve ser fixo e não arbitrário. A data de recolhimento, a forma de recolhimento, a soma a pagar, devem ser claras e evidentes para o contribuinte e para qualquer outra pessoa. Se assim não for, toda pessoa sujeita ao imposto esta’ mais ou menos exposta ao arbítrio do coletor, o qual pode aumentar o imposto para qualquer contribuinte que lhe e’ odioso (...) ”

Os avanços metodológicos em economia permitiram que esta saísse da modelagem estritamente verbal. Muitas premissas foram sintetizadas em proposições demonstráveis. Houve busca por evidencia empírica. Os limites das idéias e a validade dos modelos em um certo lugar do tempo e do espaço passaram a ficar cada vez mais claros.

O ambiente da discussão sobre economia política na Inglaterra do século XIX e’ bem diferente do contexto do mesmo debate no limiar do século XXI. As tecnologias disponíveis na primeira fase da Revolução Industrial não se comparam com o que se tem hoje. Graças aos meios de transporte e comunicação temos uma sociedade efetivamente global, com deslocamentos material na velocidade do som e difusão de informações na velocidade da luz.

Estes avanços, porem, não eliminam a necessidade de se pensar nos princípios. Muito pelo contrario. A despeito do avanço tecnológico, o ser humano e’ essencialmente o mesmo. Necessita de um mínimo de previsibilidade e de critérios para tomar suas decisões. Critérios estes que são estabelecidos `a luz de princípios, os quais devem ser discutidos previamente nas arenas políticas, hoje mais que nunca acessíveis ao cidadão comum graças exatamente aos meios de comunicação em tempo real.

A medida provisória 232 divulgada em 30/12/2004, que altera as regras do Imposto de Renda das Pessoas Físicas e da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido das empresas prestadoras de serviços, fere qualquer principio de tributação que se tenha noticia. Introduziu incerteza. Contribuiu para entropia social. Inviabilizou as atividades menores, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Motivou partidos e entidades a evocar os tribunais para questionar a referida medida, impondo a posteriori uma discussão que a priori deveria ser espontânea. Numa manobra de anti economia política da tributação, o governo, ao invés de criar um quid pro quo (uma coisa por outra), estabeleceu um qüiproquó (confusão).

Cabe ao eleitor-contribuinte deixar claro que a sociedade precisa de referencias, de princípios, e que os mesmos devem ser seguidos por governante e governados.

taxa de juro real do Brasil é a maior do mundo  

http://oglobo.globo.com/jornal/economia/163942172.asp

(...) Com o aumento dos juros básicos do Brasil, a taxa real (ou seja, descontada a inflação) se consolidou como a maior do mundo. Os juros reais saíram de 11,4% ao ano em dezembro para 11,9% agora, contra 9% da Turquia, segunda maior taxa da lista. Os cálculos, feitos pela consultoria GRC Visão, consideram a Selic atual (18,25% ao ano) e a projeção da inflação para os próximos 12 meses. A GRC acompanha os juros e a inflação de 40 países ricos e emergentes. (...)

quarta-feira, janeiro 19, 2005

tudo para os banqueiros 

Entre os grandes doadores de campanha estao os bancos Santander e Itau. A gradiente tambem deu uma boa grana. Curiosamente o PERIGO VERMELHO (i) aumentou acesso ao credito e (ii) aumentou sistematicamente a taxa de juros. Pelo menos no quesito juros reias e nominais estratosfericos estamos entre os lideres mundiais.

BC eleva taxa Selic para 18,25% ao ano
http://www.estadao.com.br/economia/noticias/2005/jan/19/163.htm

Em sua reunião mensal, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic – a taxa básica de juros da economia – em 0,5 ponto porcentual. Com isso, a taxa passou de 17,75% para 18,25% ao ano. A decisão dos diretores do Comitê, que foi tomada de forma unânime, também determina que a taxa não terá viés, o que significa que a Selic permanecerá neste patamar até a reunião de fevereiro, marcada para os dias 15 e 16.

"Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa de juros básica iniciada na reunião de setembro de 2004, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 18,25% ao ano, sem viés", diz o comunicado do Comitê divulgado ao final da reunião.

A taxa Selic em 18,25% ao ano é a mais alta desde outubro de 2003, quando estava no patamar de 19% ao ano. No início do governo Lula, a Selic estava em 25,50% ao ano. Em 2003, os juros recuaram em 9 pontos porcentuais, para 16,5% ao ano. No ano passado, o segundo ano do governo Lula, a Selic recuou para 16% ao ano na reunião mensal do Copom em abril, permaneceu neste patamar até agosto, e encerrou o ano em 17,75% ao ano.

Evolução da Taxa Selic (% ao ano) no governo Lula
Janeiro 2003 25,50
Fevereiro 26,50
Março 26,50
Abril 26,50
Maio 26,50
Junho 26
Julho 24,5
Agosto 22
Setembro 20
Outubro 19,00
Novembro 17,50
Dezembro 16,50
Janeiro 2004 16,50
Fevereiro 16,50
Março 16,25
Abril 16
Maio 16
Junho 16
Julho 16
Agosto 16
Setembro 16,25
Outubro 16,75
Novembro 17,25
Dezembro 17,75
Janeiro 2005 18,25

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