domingo, outubro 31, 2004
DEU SERRA
Como diria Martaxa, a nefasta : a melhor pesquisa eleitoral e' feita na abertura das urnas. Ei-la : Serra 3.250.000, Martaxa 2.620.000 !
p.s. Galos, galinhas e moluscos de toda ordem : tem inicio o festival de desculpas esfarrapadas
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/136361.html
José Serra é eleito para governar São Paulo, a cidade mais importante do País, que pela primeira vez será comandada pelo PSDB. Também será a primeira vez que o município e o governo do Estado estarão sendo conduzidos por um mesmo partido: Serra na prefeitura e Geraldo Alckmin, seu principal cabo eleitoral nesta eleição, à frente do Estado.
Serra derrotou a prefeita Marta Suplicy com mais de 55% dos votos válidos, enquanto a petista ficou obteve pouco mais de 44%.
p.s. Galos, galinhas e moluscos de toda ordem : tem inicio o festival de desculpas esfarrapadas
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/136361.html
José Serra é eleito para governar São Paulo, a cidade mais importante do País, que pela primeira vez será comandada pelo PSDB. Também será a primeira vez que o município e o governo do Estado estarão sendo conduzidos por um mesmo partido: Serra na prefeitura e Geraldo Alckmin, seu principal cabo eleitoral nesta eleição, à frente do Estado.
Serra derrotou a prefeita Marta Suplicy com mais de 55% dos votos válidos, enquanto a petista ficou obteve pouco mais de 44%.
Apuração Eleitoral
Nosso sistema de apuração e’ sem duvida o melhor do mundo. Menos de 5 horas depois do encerramento das eleições e já temos praticamente todos os resultados do segundo turno das eleições municipais 2004. Pena que os candidatos e o sistema eleitoral estão entre os piores do mundo.
Doutor Hélio (PDT) vence em Campinas
Senador Duciomar Costa (PTB) vence disputa pela prefeitura de Belém
Luizianne Lins (PT) ganha prefeitura de Fortaleza
Barjas Negri (PSDB) vence eleição em Piracicaba (SP)
Pedro Wosgrau (PSDB) ganha Prefeitura de Ponta Grossa
Candidato do PMDB vence disputa em Campina Grande por diferença de 700 votos
Termina apuração de votos em Curitiba
Pedetista Cícero Almeida é o novo prefeito de Maceió
José Fogaça (PPS) vence Raul Pont (PT) e é novo prefeito de Porto Alegre
Roberto Sobrinho (PT) vence disputa em Porto Velho
Serafim Fernandes (PSB) supera Amazonino e vence prefeitura de Manaus (AM)
Tucano Gasparini vence em Ribeirão Preto (SP)
Newton Carneiro (PSDC) é eleito prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE)
Irís Resende (PMDB) vence disputa pela prefeitura de Goiânia
Marília Campos é eleita prefeita em Contagem (MG)
Nedson Micheleti (PT) é reeleito em Londrina (PR)
Caxias do Sul (RS): Sartori (PMDB) é o novo prefeito
Bernardo de Souza (PPS) vence em Pelotas (RS)
Em São José do Rio Preto (SP), Edinho Araújo (PPS) vence segundo turno
Cariacica (ES): Helder Salomão (PT) é eleito prefeito
João Henrique (PDT) vence eleição em Salvador
Dário Berger (PSDB) é o novo prefeito de Florianópolis
Pedro Fernando (PSB) é eleito prefeito de Anápolis
Novo prefeito de Teresina é Silvio Mendes (PSDB)
Maringá: Silvio Barros (PP) é o novo prefeito
João Coser (PT) é o novo prefeito de Vitória
Marta reconhece derrota e cumprimenta Serra
Os resultados do segundo turno nas 15 capitais.
http://oglobo.globo.com/especiais/eleicoes2004/146815326.asp
Em Sao Paulo, Jose' Serra (PSDB) foi eleito com 55% dos votos. Marta Suplicy (PT) ficou com 44%.
Em Porto Alegre, o candidato do PPS, José Fogaça, foi eleito com 53,32% dos votos válidos. O petista Raul Pont, que havia terminado na frente no primeiro turno, recebeu 46,68%.
Em Curitiba, Beto Richa (PSDB) foi eleito com 54,78%. O candidato do PT, Ângelo Vanhoni, ficou com 45,22%.
Em Florianópolis, a vitória foi de Dário Berger (PSDB), que teve 58,47% contra 41,53% de Chico Assis, do PP.
Em Vitória, quem se elegeu foi João Coser (PT). Ele recebeu 57,90% e Cesar Colnago, do PSDB, teve 42,10%.
Em Goiânia, um velho cacique da política local saiu vencedor: Íris Rezende (PMDB), que já foi prefeito, governador e senador, ficou com 56,71% dos votos válidos, contra 43,29% de Pedro Wilson, do PT.
Em Cuiabá, o vencedor foi Wilson Santos (PSDB), com 52,85%. Alexandre César, do PT, teve 47,15%.
Em Salvador, João Henrique Carneiro (PDT) venceu com 74,69%. O senador César Borges, apoiado por Antonio Carlos Magalhães, recebeu apenas 25,31%.
Em Maceió, Cícero Almeida (PDT) foi o vencedor, com 56,54%. Sexta-Feira, do PSB, teve 43,46%.
Em Teresina, a vitória foi de Silvio Mendes (PSDB), com 54,48%. Adalgisa Souza, do PMDB, recebeu 41,52%.
Em Fortaleza, vitória de Luizianne Lins (PT), com 56,21%. Moroni Torgan, do PFL, teve 43,79%.
Em Natal, Carlos Eduardo Alves (PSB) se elegeu com 51,92%. Ele derrotou Luiz Almir, do PSDB, que ficou com 48,08%.
Em Belém, a vitória foi de Duciomar Costa (PTB). Ele recebeu 58,28% dos votos válidos e Ana Júlia, do PT, ficou com 41,72%.
Em Manaus, Serafim Corrêa (PSB) foi o eleito, com 51,68%. Ele superou o ex-prefeito Amazonino Mendes, que teve 48,32%.
Em Porto Velho, vitória de Roberto Sobrinho (PT), com 54,31%. Mauro Nazif, o Dr. Mauro, teve 45,69%.
Das 15 capitais com 2º turno, o PSDB venceu em cinco (São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Cuiabá e Teresina); o PT em três (Vitória, Fortaleza e Porto Velho); o PSB (Natal e Manaus) e o PDT (Salvador e Maceió) em duas; e PPS (Porto Alegre), PMDB (Goiânia) e PTB (Belém) ficaram com uma cada.
Somando-se o resultado das 10 capitais que definiram seu prefeitos em 3 de outubro, no primeiro turno, o PT totaliza 9, com as três de agora e mais Belo Horizonte, Recife, Aracaju, Palmas, Macapá e Rio Branco. O PSDB não tinha feito prefeito no primeiro turno e fica com 5 no total. O PSB fica com 3 prefeitos (elegeu-se em João Pessoa no primeiro turno), assim como o PDT, que já tinha vencido em 3 de outubro em São Luís. PMDB tem dois, pois já tinha vencido em Campo Grande e o PPS também ficou com dois, somando-se o resultado de Boa Vista no primeiro turno.O PTB ficou com um no geral, já que não elegera ninguém no primeiro turno nas capitais, e o PFL também só fez uma capital (o Rio de Janeiro, no primeiro turno).
Doutor Hélio (PDT) vence em Campinas
Senador Duciomar Costa (PTB) vence disputa pela prefeitura de Belém
Luizianne Lins (PT) ganha prefeitura de Fortaleza
Barjas Negri (PSDB) vence eleição em Piracicaba (SP)
Pedro Wosgrau (PSDB) ganha Prefeitura de Ponta Grossa
Candidato do PMDB vence disputa em Campina Grande por diferença de 700 votos
Termina apuração de votos em Curitiba
Pedetista Cícero Almeida é o novo prefeito de Maceió
José Fogaça (PPS) vence Raul Pont (PT) e é novo prefeito de Porto Alegre
Roberto Sobrinho (PT) vence disputa em Porto Velho
Serafim Fernandes (PSB) supera Amazonino e vence prefeitura de Manaus (AM)
Tucano Gasparini vence em Ribeirão Preto (SP)
Newton Carneiro (PSDC) é eleito prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE)
Irís Resende (PMDB) vence disputa pela prefeitura de Goiânia
Marília Campos é eleita prefeita em Contagem (MG)
Nedson Micheleti (PT) é reeleito em Londrina (PR)
Caxias do Sul (RS): Sartori (PMDB) é o novo prefeito
Bernardo de Souza (PPS) vence em Pelotas (RS)
Em São José do Rio Preto (SP), Edinho Araújo (PPS) vence segundo turno
Cariacica (ES): Helder Salomão (PT) é eleito prefeito
João Henrique (PDT) vence eleição em Salvador
Dário Berger (PSDB) é o novo prefeito de Florianópolis
Pedro Fernando (PSB) é eleito prefeito de Anápolis
Novo prefeito de Teresina é Silvio Mendes (PSDB)
Maringá: Silvio Barros (PP) é o novo prefeito
João Coser (PT) é o novo prefeito de Vitória
Marta reconhece derrota e cumprimenta Serra
Os resultados do segundo turno nas 15 capitais.
http://oglobo.globo.com/especiais/eleicoes2004/146815326.asp
Em Sao Paulo, Jose' Serra (PSDB) foi eleito com 55% dos votos. Marta Suplicy (PT) ficou com 44%.
Em Porto Alegre, o candidato do PPS, José Fogaça, foi eleito com 53,32% dos votos válidos. O petista Raul Pont, que havia terminado na frente no primeiro turno, recebeu 46,68%.
Em Curitiba, Beto Richa (PSDB) foi eleito com 54,78%. O candidato do PT, Ângelo Vanhoni, ficou com 45,22%.
Em Florianópolis, a vitória foi de Dário Berger (PSDB), que teve 58,47% contra 41,53% de Chico Assis, do PP.
Em Vitória, quem se elegeu foi João Coser (PT). Ele recebeu 57,90% e Cesar Colnago, do PSDB, teve 42,10%.
Em Goiânia, um velho cacique da política local saiu vencedor: Íris Rezende (PMDB), que já foi prefeito, governador e senador, ficou com 56,71% dos votos válidos, contra 43,29% de Pedro Wilson, do PT.
Em Cuiabá, o vencedor foi Wilson Santos (PSDB), com 52,85%. Alexandre César, do PT, teve 47,15%.
Em Salvador, João Henrique Carneiro (PDT) venceu com 74,69%. O senador César Borges, apoiado por Antonio Carlos Magalhães, recebeu apenas 25,31%.
Em Maceió, Cícero Almeida (PDT) foi o vencedor, com 56,54%. Sexta-Feira, do PSB, teve 43,46%.
Em Teresina, a vitória foi de Silvio Mendes (PSDB), com 54,48%. Adalgisa Souza, do PMDB, recebeu 41,52%.
Em Fortaleza, vitória de Luizianne Lins (PT), com 56,21%. Moroni Torgan, do PFL, teve 43,79%.
Em Natal, Carlos Eduardo Alves (PSB) se elegeu com 51,92%. Ele derrotou Luiz Almir, do PSDB, que ficou com 48,08%.
Em Belém, a vitória foi de Duciomar Costa (PTB). Ele recebeu 58,28% dos votos válidos e Ana Júlia, do PT, ficou com 41,72%.
Em Manaus, Serafim Corrêa (PSB) foi o eleito, com 51,68%. Ele superou o ex-prefeito Amazonino Mendes, que teve 48,32%.
Em Porto Velho, vitória de Roberto Sobrinho (PT), com 54,31%. Mauro Nazif, o Dr. Mauro, teve 45,69%.
Das 15 capitais com 2º turno, o PSDB venceu em cinco (São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Cuiabá e Teresina); o PT em três (Vitória, Fortaleza e Porto Velho); o PSB (Natal e Manaus) e o PDT (Salvador e Maceió) em duas; e PPS (Porto Alegre), PMDB (Goiânia) e PTB (Belém) ficaram com uma cada.
Somando-se o resultado das 10 capitais que definiram seu prefeitos em 3 de outubro, no primeiro turno, o PT totaliza 9, com as três de agora e mais Belo Horizonte, Recife, Aracaju, Palmas, Macapá e Rio Branco. O PSDB não tinha feito prefeito no primeiro turno e fica com 5 no total. O PSB fica com 3 prefeitos (elegeu-se em João Pessoa no primeiro turno), assim como o PDT, que já tinha vencido em 3 de outubro em São Luís. PMDB tem dois, pois já tinha vencido em Campo Grande e o PPS também ficou com dois, somando-se o resultado de Boa Vista no primeiro turno.O PTB ficou com um no geral, já que não elegera ninguém no primeiro turno nas capitais, e o PFL também só fez uma capital (o Rio de Janeiro, no primeiro turno).
Piza, irretocavel
A estupidez humana
O Estado de São Paulo 20 de outubro de 2004
http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=1754
Em certo momento do divertido documentário A Estupidez Humana, que a GNT exibe no próximo dia 21 (quinta-feira, às 21h30, com reprises), comenta-se que nosso tempo é de informação e conhecimento disponíveis em quantidades inéditas e, mesmo assim, os exemplos de estupidez, difíceis como são de definir, continuam aí, auto-evidentes, em profusão. Em parte, é o que já apontei em outra ocasião: as pessoas têm todas as doenças da superinformação, mas continuam subinformadas. Há uma dispersão inerente à própria multiplicação dos meios de comunicação. Elas se sentem perdidas, distraídas, sem disposição para acompanhar tanta notícia e atração e, mais importante, para filtrar e reter aquilo que realmente tem valor. E existe outra explicação parcial, só que politicamente incorreta: há pessoas mais inteligentes que as outras, e é um atributo da mediocridade o desejo de que elas sejam coibidas ou obscurecidas, como fontes de incômodos num mundo tão confuso.
As cenas são as previsíveis: shows de rock pesado, gincanas de TV, violência juvenil, sexo grosseiro, guerras, Bush (que Noam Chomsky, discordando de Michael Moore, acha que é mais esperto do que parece), entrevistas com pessoas que demonstram uma lentidão de raciocínio e uma dificuldade de expressão que nos fazem rir. E o roteiro brinca com isto: de certa forma, até os burros riem da burrice alheia, ou seja, são capazes de detectá-la. As videocassetadas, por exemplo, seriam instrutivas, afinal podem fazer o fulano pensar duas vezes antes de empurrar a bicicleta com o filho morro abaixo. No entanto, estupidez não é apenas falta de inteligência ou déficit de atenção; pode ser encontrada em catedráticos, em artistas talentosos que fazem trabalho bem inferior ao seu potencial, em políticos que desprezam a massa que bajulam. A estupidez, soma da burrice com o orgulho, é contagiosa porque oferece soluções fáceis numa realidade complexa.
A estupidez se propaga mediante bordões que não passam de desculpas como “ninguém é perfeito”, “o conceito é relativo” e “eu quero é me divertir”, de esquemas inculcados desde cedo que afugentam a mudança verdadeira de pontos de vista. Inteligência exige, mesmo dos inteligentes, um esforço constante e, como tal, está sempre fora de moda. “Não é cool”, como diz outro entrevistado. Mas aquelas pessoas mais inteligentes e esforçadas existem, e o mercado precisa dar atenção a elas – e ainda dá, ao menos em doses suficientes para o ânimo vital. O grande azar da estupidez é que seu projeto de nivelar todos pela absoluta falta de critérios não pode vingar porque a diversidade humana igualmente é garantida pela biologia e endossada pelo progresso, cujas virtudes são também produtos do engenho crítico e criativo de uma minoria. A vida já é o paradoxo. Para desespero dos estúpidos.
O Estado de São Paulo 20 de outubro de 2004
http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=1754
Em certo momento do divertido documentário A Estupidez Humana, que a GNT exibe no próximo dia 21 (quinta-feira, às 21h30, com reprises), comenta-se que nosso tempo é de informação e conhecimento disponíveis em quantidades inéditas e, mesmo assim, os exemplos de estupidez, difíceis como são de definir, continuam aí, auto-evidentes, em profusão. Em parte, é o que já apontei em outra ocasião: as pessoas têm todas as doenças da superinformação, mas continuam subinformadas. Há uma dispersão inerente à própria multiplicação dos meios de comunicação. Elas se sentem perdidas, distraídas, sem disposição para acompanhar tanta notícia e atração e, mais importante, para filtrar e reter aquilo que realmente tem valor. E existe outra explicação parcial, só que politicamente incorreta: há pessoas mais inteligentes que as outras, e é um atributo da mediocridade o desejo de que elas sejam coibidas ou obscurecidas, como fontes de incômodos num mundo tão confuso.
As cenas são as previsíveis: shows de rock pesado, gincanas de TV, violência juvenil, sexo grosseiro, guerras, Bush (que Noam Chomsky, discordando de Michael Moore, acha que é mais esperto do que parece), entrevistas com pessoas que demonstram uma lentidão de raciocínio e uma dificuldade de expressão que nos fazem rir. E o roteiro brinca com isto: de certa forma, até os burros riem da burrice alheia, ou seja, são capazes de detectá-la. As videocassetadas, por exemplo, seriam instrutivas, afinal podem fazer o fulano pensar duas vezes antes de empurrar a bicicleta com o filho morro abaixo. No entanto, estupidez não é apenas falta de inteligência ou déficit de atenção; pode ser encontrada em catedráticos, em artistas talentosos que fazem trabalho bem inferior ao seu potencial, em políticos que desprezam a massa que bajulam. A estupidez, soma da burrice com o orgulho, é contagiosa porque oferece soluções fáceis numa realidade complexa.
A estupidez se propaga mediante bordões que não passam de desculpas como “ninguém é perfeito”, “o conceito é relativo” e “eu quero é me divertir”, de esquemas inculcados desde cedo que afugentam a mudança verdadeira de pontos de vista. Inteligência exige, mesmo dos inteligentes, um esforço constante e, como tal, está sempre fora de moda. “Não é cool”, como diz outro entrevistado. Mas aquelas pessoas mais inteligentes e esforçadas existem, e o mercado precisa dar atenção a elas – e ainda dá, ao menos em doses suficientes para o ânimo vital. O grande azar da estupidez é que seu projeto de nivelar todos pela absoluta falta de critérios não pode vingar porque a diversidade humana igualmente é garantida pela biologia e endossada pelo progresso, cujas virtudes são também produtos do engenho crítico e criativo de uma minoria. A vida já é o paradoxo. Para desespero dos estúpidos.
Orégano tem gosto de pizza
E’ sempre assim. Cria-se uma regra rígida para depois muda’ – la, ao bel prazer dos infratores. Na verdade, as normas servem muito mais como mecanismo de barganha, que podem ser negociadas no momento oportuno, do que como um referencial de conduta. Em particular, quando um grupo grande e/ou influente descumpre a regra, ao invés de aplica’-la, altera-a para tornar licito o que alguns estao fazendo de ilícito. Eis o que se propõem fazer com a Lei de Responsabilidade fiscal, um marco institucional criado com o propósito de minimizar o efeito de ciclos políticos sobre os ciclos econômicos ; e para evitar a transferência de dividas de um governante para o seu sucessor.Coisas de uma epoca em que marqueteiros criadores de galinhas, galos e moluscos praticam como hobby algo tipificado como crime.
Prefeituras sob pressão
Frente Nacional de Prefeitos estima que mais da metade dos municípios brasileiros não vão conseguir fechar suas contas de acordo com o que manda a Lei de Responsabilidade Fiscal
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/73002.html
(...) a maioria dos prefeitos que têm dificuldades de fechar suas contas até dezembro são de pequenos e médios municípios, justamente os que mais dependem dos repasses do FPM. Dependendo da gravidade das contas públicas, o administrador corre o risco até de ser preso, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Na semana passada, antevéspera do segundo turno das eleições municipais, a prefeita esteve com autoridades do Ministério da Fazenda e da Receita Federal para colocar a gravidade da situação. "Estamos tentando buscar uma fórmula porque os prefeitos não podem ser penalizados pela não aprovação da reforma tributária pelo Congresso".
Aprovada em 2000 e regulamentada pelo Congresso em 2002, esta será a primeira vez que os prefeitos terão que fechar suas contas e entregá-las a seus sucessores sob as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal. "Espero que o ministro (Antonio) Palocci dê uma resposta o mais rápido possível para que os prefeitos possam, com tranqüilidade, fechar suas contas em dezembro", destaca a presidente da Frente Nacional de Prefeitos. (...)
O que diz a lei
A Lei de Responsabilidade Fiscal é um código de conduta para administradores públicos que vale para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal). O seu objetivo é impor limites às autoridades públicas na administração das finanças. A legislação fixa limites para despesas com pessoal, para o endividamento público e ainda determina que sejam criadas metas para controlar receitas e despesas. Nenhum governante pode criar uma nova despesa continuada (por mais de dois anos), sem indicar sua fonte de receita ou sem reduzir outras despesas já existentes. A intenção é que estas limitações sirvam como mecanismos para que não se comprometa o orçamento do ano ou, até mesmo, futuros. No que se refere aos gastos com pessoal estão definidos limites para a União, estados, municípios e Distrito Federal. No caso dos municípios, o limite para gasto com pessoal é o mesmo dos estados: 60%.
Prefeituras sob pressão
Frente Nacional de Prefeitos estima que mais da metade dos municípios brasileiros não vão conseguir fechar suas contas de acordo com o que manda a Lei de Responsabilidade Fiscal
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/73002.html
(...) a maioria dos prefeitos que têm dificuldades de fechar suas contas até dezembro são de pequenos e médios municípios, justamente os que mais dependem dos repasses do FPM. Dependendo da gravidade das contas públicas, o administrador corre o risco até de ser preso, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Na semana passada, antevéspera do segundo turno das eleições municipais, a prefeita esteve com autoridades do Ministério da Fazenda e da Receita Federal para colocar a gravidade da situação. "Estamos tentando buscar uma fórmula porque os prefeitos não podem ser penalizados pela não aprovação da reforma tributária pelo Congresso".
Aprovada em 2000 e regulamentada pelo Congresso em 2002, esta será a primeira vez que os prefeitos terão que fechar suas contas e entregá-las a seus sucessores sob as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal. "Espero que o ministro (Antonio) Palocci dê uma resposta o mais rápido possível para que os prefeitos possam, com tranqüilidade, fechar suas contas em dezembro", destaca a presidente da Frente Nacional de Prefeitos. (...)
O que diz a lei
A Lei de Responsabilidade Fiscal é um código de conduta para administradores públicos que vale para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal). O seu objetivo é impor limites às autoridades públicas na administração das finanças. A legislação fixa limites para despesas com pessoal, para o endividamento público e ainda determina que sejam criadas metas para controlar receitas e despesas. Nenhum governante pode criar uma nova despesa continuada (por mais de dois anos), sem indicar sua fonte de receita ou sem reduzir outras despesas já existentes. A intenção é que estas limitações sirvam como mecanismos para que não se comprometa o orçamento do ano ou, até mesmo, futuros. No que se refere aos gastos com pessoal estão definidos limites para a União, estados, municípios e Distrito Federal. No caso dos municípios, o limite para gasto com pessoal é o mesmo dos estados: 60%.
LULA ESPANTA SINDICALISTAS (2)
Entidades sindicais que já deixaram oficialmente a CUT
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/72936.html
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), 36 mil filiados
(Filiado à CUT desde a fundação da central, há 21 anos, o sindicato se desfiliou há cerca de dois meses)
Sindifisco (SE) (Sindicato dos Fiscais da Receita Estadual), 816 filiados
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Fortaleza (CE)
Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais representa 30 sindicatos e cerca de 160 mil trabalhadores
(Desfiliou-se da CUT há cerca de dois meses)
Sindicato dos Metalúrgicos de Itaúna (MG), 1 mil filiados
(Deixou a CUT há cerca de 30 dias)
Sindicato dos Metalúrgicos de Cambuí (MG)
Sindicato dos Trabalhadores do Colégio Pedro II (RJ)
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Minas Gerais
Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação e Bebidas de São José, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte (SP) , 1.2 mil filiados
(Deixou a CUT em 17 de setembro)
Sindicatos em processo de consulta para desfiliação da CUT
Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes), 71 mil filiados
(Vai discutir entre os dias 5 e 7 de novembro, na reunião do Conselho de Entidades da Andes, uma proposta de desfiliação da CUT. Caso seja aprovada, ela deverá ser encaminhada ao congresso da categoria em fevereiro)
Sindicato da Saúde de Divinópolis (MG), 2.5 mil filiados
(Abriu processo de referendo para desfiliação)
Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores de Educação), 18 mil filiados
(Durante um congresso entre os dias 11 a 15 de novembro, o sindicato vai discutir uma proposta sobre desfiliação da CUT – apesar de polêmica, a tendência é de que ela seja aceita)
Sindipetro de Alagoas e Sergipe, 4 mil filiados
(Já foram realizadas mais de dez assembléias onde foi decidida a desfiliação da CUT. A decisão final vai ser dada durante o congresso da categoria, que acontece entre os dias 12 e 14 de novembro)
Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Privados de Saúde de Belo Horizonte e Região (MG), 20 mil filiados
(Diretora aprovou, com referendo da base, processo de desfiliação)
Sindicato dos Químicos do Vale do Paraíba (SP)
Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá e Paraisópolis (MG)
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/72936.html
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), 36 mil filiados
(Filiado à CUT desde a fundação da central, há 21 anos, o sindicato se desfiliou há cerca de dois meses)
Sindifisco (SE) (Sindicato dos Fiscais da Receita Estadual), 816 filiados
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Fortaleza (CE)
Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais representa 30 sindicatos e cerca de 160 mil trabalhadores
(Desfiliou-se da CUT há cerca de dois meses)
Sindicato dos Metalúrgicos de Itaúna (MG), 1 mil filiados
(Deixou a CUT há cerca de 30 dias)
Sindicato dos Metalúrgicos de Cambuí (MG)
Sindicato dos Trabalhadores do Colégio Pedro II (RJ)
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Minas Gerais
Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação e Bebidas de São José, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte (SP) , 1.2 mil filiados
(Deixou a CUT em 17 de setembro)
Sindicatos em processo de consulta para desfiliação da CUT
Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes), 71 mil filiados
(Vai discutir entre os dias 5 e 7 de novembro, na reunião do Conselho de Entidades da Andes, uma proposta de desfiliação da CUT. Caso seja aprovada, ela deverá ser encaminhada ao congresso da categoria em fevereiro)
Sindicato da Saúde de Divinópolis (MG), 2.5 mil filiados
(Abriu processo de referendo para desfiliação)
Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores de Educação), 18 mil filiados
(Durante um congresso entre os dias 11 a 15 de novembro, o sindicato vai discutir uma proposta sobre desfiliação da CUT – apesar de polêmica, a tendência é de que ela seja aceita)
Sindipetro de Alagoas e Sergipe, 4 mil filiados
(Já foram realizadas mais de dez assembléias onde foi decidida a desfiliação da CUT. A decisão final vai ser dada durante o congresso da categoria, que acontece entre os dias 12 e 14 de novembro)
Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Privados de Saúde de Belo Horizonte e Região (MG), 20 mil filiados
(Diretora aprovou, com referendo da base, processo de desfiliação)
Sindicato dos Químicos do Vale do Paraíba (SP)
Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá e Paraisópolis (MG)
LULA ESPANTA SINDICALISTAS (1)
Sindicatos rompem com a CUT
Postura política alinhada ao governo Lula tira 600 mil trabalhadores da maior central do País
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/
O movimento sindical brasileiro não é mais o mesmo. A eleição do primeiro presidente operário, que começou sua carreira política como líder sindical, no lugar de unir o sindicalismo provocou uma divisão. E no olho desse furacão, está a maior central sindical do País e da América Latina – a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Com 21 anos de existência, a central vem perdendo espaço e também filiados. Acusada de “chapa branca” por muitos dirigentes sindicais, a entidade enfrenta um movimento de desfiliação que começa a tomar corpo nos congressos e assembléias dos sindicatos das mais diversas categorias. O rompimento com a CUT é liderado pela Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), movimento que vem ganhando força e afetando a liderança nacional da CUT. Por enquanto, a Conlutas é apenas um movimento, mas já se articula para se transformar em uma central sindical de oposição ao governo Lula.
Segundo a coordenação da Conlutas, a CUT já perdeu cerca de 600 mil filiados, insatisfeitos com a postura da central em relação ao Executivo. Organizações importantes e que participaram da fundação da CUT, como o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, em São Paulo, deixaram a central. Outras, como a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), já começam a discutir a desfiliação. (...)
Postura política alinhada ao governo Lula tira 600 mil trabalhadores da maior central do País
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/
O movimento sindical brasileiro não é mais o mesmo. A eleição do primeiro presidente operário, que começou sua carreira política como líder sindical, no lugar de unir o sindicalismo provocou uma divisão. E no olho desse furacão, está a maior central sindical do País e da América Latina – a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Com 21 anos de existência, a central vem perdendo espaço e também filiados. Acusada de “chapa branca” por muitos dirigentes sindicais, a entidade enfrenta um movimento de desfiliação que começa a tomar corpo nos congressos e assembléias dos sindicatos das mais diversas categorias. O rompimento com a CUT é liderado pela Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), movimento que vem ganhando força e afetando a liderança nacional da CUT. Por enquanto, a Conlutas é apenas um movimento, mas já se articula para se transformar em uma central sindical de oposição ao governo Lula.
Segundo a coordenação da Conlutas, a CUT já perdeu cerca de 600 mil filiados, insatisfeitos com a postura da central em relação ao Executivo. Organizações importantes e que participaram da fundação da CUT, como o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, em São Paulo, deixaram a central. Outras, como a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), já começam a discutir a desfiliação. (...)
sábado, outubro 30, 2004
Sera' que bin Laden tambem vai decidir as eleicoes americanas, ou teremos um efeito pirraça ?
Osama bin Laden passou de objeto a sujeito
Varios institutos ao redor do mundo fizeram pesquisa sobre qual o candidato preferido por nao americanos para governar os EUA. Em particular no Brasil, na Inglaterra e na Comunidade Europeia. No caso da Inglaterra, o debate no jornal the Guardian registrou de forma veemente a repulsa dos americanos com relacao `a ingerencia de nao americanos nos assuntos dos EUA. Por fim, a al Jazeera, a CNN da arabias, divulgou um video com um recado do bin Laden : " Bush e' mentiroso, nao votem nele" . Isto posto, fiquei pensando no efeito pirraça. Ate' que ponto os gringos votariam em Jorge Arbusto so' para dizer " escolhemos o canditado que NOS achamos melhor, e nao o candidato que voces acham melhor. " ? Este trecho de reportagem de O Globo de hoje ilustra bem a imbiguidade a priori do efeito subjacente ao simbolismo da figura do barbudo atrevido na janela do texano delinquente.
http://oglobo.globo.com/jornal/Mundo/146681140.asp
(...)
Terrorista ofusca participações de Schwarzenegger e Springsteen
Inútil. A América já está intimidada. A visão de Bin Laden vivo, aparentemente gozando de plena saúde, dirigindo-se ao cidadão americano com a serenidade de um louco, competiu com as atuações estelares de Arnold Schwarzenegger e Bruce Springsteen ao lado de seus respectivos candidatos. Não há mais tempo útil para medir o efeito dessa assombração real. Pode-se argumentar que a materialização de Bin Laden favorece Kerry, uma vez que o candidato democrata passou a campanha inteira acusando Bush de abandonar a caça ao terrorista maior. Por outro lado, um país com medo tende a votar conservador.
Se na eleição passada, apenas duas pesquisas realizadas nos cinco dias finais de campanha acertaram o resultado do voto popular — de um total de 40 —, melhor parar de ler as dessa eleição de 2004, que é sem dúvida bem mais complexa.
Caberá ao governo, nestas cem horas que restam até o dia 2, montar uma operação de segurança adequada às ameaças embutidas no pronunciamento de Bin Laden. Qualquer falha neste sentido poderá ser devastadora e a lembrança do atentado à estação de metrô de Madri, às vésperas da eleição geral na Espanha, é imediata. Numa cartada que embaralhou por completo o clima eleitoral, Osama bin Laden passou de objeto a sujeito.
Até ontem, a piada corrente era que só se saberá o nome do vencedor quando 81% dos advogados mobilizados por George W. Bush e John Kerry tiverem concluído o seu parecer. De fato, a mobilização da classe jurídica americana para vigiar a lisura do voto da próxima terça-feira é sem precedentes. Na Flórida, estado pivô da manipulação pró-Bush de quatro anos atrás, haverá mais observadores independentes do que nas eleições da calcinada Bósnia de 1996. (...)
Varios institutos ao redor do mundo fizeram pesquisa sobre qual o candidato preferido por nao americanos para governar os EUA. Em particular no Brasil, na Inglaterra e na Comunidade Europeia. No caso da Inglaterra, o debate no jornal the Guardian registrou de forma veemente a repulsa dos americanos com relacao `a ingerencia de nao americanos nos assuntos dos EUA. Por fim, a al Jazeera, a CNN da arabias, divulgou um video com um recado do bin Laden : " Bush e' mentiroso, nao votem nele" . Isto posto, fiquei pensando no efeito pirraça. Ate' que ponto os gringos votariam em Jorge Arbusto so' para dizer " escolhemos o canditado que NOS achamos melhor, e nao o candidato que voces acham melhor. " ? Este trecho de reportagem de O Globo de hoje ilustra bem a imbiguidade a priori do efeito subjacente ao simbolismo da figura do barbudo atrevido na janela do texano delinquente.
http://oglobo.globo.com/jornal/Mundo/146681140.asp
(...)
Terrorista ofusca participações de Schwarzenegger e Springsteen
Inútil. A América já está intimidada. A visão de Bin Laden vivo, aparentemente gozando de plena saúde, dirigindo-se ao cidadão americano com a serenidade de um louco, competiu com as atuações estelares de Arnold Schwarzenegger e Bruce Springsteen ao lado de seus respectivos candidatos. Não há mais tempo útil para medir o efeito dessa assombração real. Pode-se argumentar que a materialização de Bin Laden favorece Kerry, uma vez que o candidato democrata passou a campanha inteira acusando Bush de abandonar a caça ao terrorista maior. Por outro lado, um país com medo tende a votar conservador.
Se na eleição passada, apenas duas pesquisas realizadas nos cinco dias finais de campanha acertaram o resultado do voto popular — de um total de 40 —, melhor parar de ler as dessa eleição de 2004, que é sem dúvida bem mais complexa.
Caberá ao governo, nestas cem horas que restam até o dia 2, montar uma operação de segurança adequada às ameaças embutidas no pronunciamento de Bin Laden. Qualquer falha neste sentido poderá ser devastadora e a lembrança do atentado à estação de metrô de Madri, às vésperas da eleição geral na Espanha, é imediata. Numa cartada que embaralhou por completo o clima eleitoral, Osama bin Laden passou de objeto a sujeito.
Até ontem, a piada corrente era que só se saberá o nome do vencedor quando 81% dos advogados mobilizados por George W. Bush e John Kerry tiverem concluído o seu parecer. De fato, a mobilização da classe jurídica americana para vigiar a lisura do voto da próxima terça-feira é sem precedentes. Na Flórida, estado pivô da manipulação pró-Bush de quatro anos atrás, haverá mais observadores independentes do que nas eleições da calcinada Bósnia de 1996. (...)
manchetes engracadas
Eis uma coisa que eu admiro em O Globo : textos bem humorados. Esta manchete de hoje, sobre o fato de Osama where-have-you-been Laden ter dado as caras, merece registro.
Rio, 30 de outubro de 2004
Bin Laden entra na campanha
Terrorista reaparece em vídeo, ameaça EUA e critica Bush, tumultuando eleição americana
Rio, 30 de outubro de 2004
Bin Laden entra na campanha
Terrorista reaparece em vídeo, ameaça EUA e critica Bush, tumultuando eleição americana
sexta-feira, outubro 29, 2004
CADE OS REPRESENTANTES DO GOVERNO DE ESQUERDA ANTI-FMI ?
Seminário Internacional sobre o endividamento externo
Ilegitimidade da dívida: um caso de auditoria
dias 10 e 11 de novembro em Brasília.
PROGRAMACAO
09 de novembro – chegada dos participantes.
10 de novembro – Auditório Petrônio Portella, Senado Federal
09 horas -ILEGITIMIDADE DA DÍVIDA
- A Dívida Externa no contexto internacional
Beverly Keene (Rede Jubileu Sul Américas)
- Dívida, Comércio e as Políticas Sociais - Marcos Arruda (PACS)
- Dívida e o Desenvolvimento Nacional - Dércio Garcia Munhoz (UnB)
- Ética e Dívidas Sociais - Dom Demetrio Valentini (CNBB)
14 horas -ILEGITIMIDADE DA DÍVIDA EXTERNA:
UM CASO DE AUDITORIA
- Argumentos Jurídicos da Ilegitimidade da Dívida - Jorge Acosta (Equador)
- O Caso Elliot: um exemplo de Dívida Ilegítima - Ercilio Moura (Peru)
- Auditoria da Dívida Ecológica - Aurora Donoso (Equador)
- Auditoria Cidadã da Dívida: Uma Experiência Brasileira
Maria Lucia Fattorelli (Brasil)
18 horas - DÍVIDA EXTERNA E O PARLAMENTO
- Deputada Maria José da Conceição Maninha, Presidente da Confederação de Parlamentares das Américas - COPA e da Comissão Especial de Acompanhamento da ALCA.
- Deputada Dra. Clair da Flora Martins,
Presidente da Frente Parlamentar de Acompanhamento da Dívida Externa e da Comissão Especial de Acompanhamento da ALCA
- Deputado Ivan Valente,
Frente de Acompanhamento do Financiamento e da Soberania
- Senador Eduardo Matarazzo Suplicy,
Presidente da Comissão de Relações Exteriores
- Deputado Guillermo Landazuri Carillo,
Presidente do Congresso Nacional do Equador e Presidente da Comissão da ALCA na COPA
11 de novembro - Casa das Irmãs Salesianas
SGAN Quadra 911 Lote C/D, em Brasília.
EVENTO INTERNO
08 horas - OFICINA SOBRE AUDITORIA DA DÍVIDA E ESTRATÉGIAS DE TRABALHO
12 horas - ENCERRAMENTO.
Contato:
REDE JUBILEU SUL / BRASIL
Rua Dr. Neto de Araújo, 168 V. Mariana CEP 04111-000
São Paulo/SP - Tel 0xx11 55721518 Fax 0xx11 55738058
E-mail: jubileubrasil@terra.com.br Página: www.jubileubrasil.org.br
Apoio: Cordaid, Fastnopher, CRS, CESI, CERIS, CAFOD, Miserior
Ilegitimidade da dívida: um caso de auditoria
dias 10 e 11 de novembro em Brasília.
PROGRAMACAO
09 de novembro – chegada dos participantes.
10 de novembro – Auditório Petrônio Portella, Senado Federal
09 horas -ILEGITIMIDADE DA DÍVIDA
- A Dívida Externa no contexto internacional
Beverly Keene (Rede Jubileu Sul Américas)
- Dívida, Comércio e as Políticas Sociais - Marcos Arruda (PACS)
- Dívida e o Desenvolvimento Nacional - Dércio Garcia Munhoz (UnB)
- Ética e Dívidas Sociais - Dom Demetrio Valentini (CNBB)
14 horas -ILEGITIMIDADE DA DÍVIDA EXTERNA:
UM CASO DE AUDITORIA
- Argumentos Jurídicos da Ilegitimidade da Dívida - Jorge Acosta (Equador)
- O Caso Elliot: um exemplo de Dívida Ilegítima - Ercilio Moura (Peru)
- Auditoria da Dívida Ecológica - Aurora Donoso (Equador)
- Auditoria Cidadã da Dívida: Uma Experiência Brasileira
Maria Lucia Fattorelli (Brasil)
18 horas - DÍVIDA EXTERNA E O PARLAMENTO
- Deputada Maria José da Conceição Maninha, Presidente da Confederação de Parlamentares das Américas - COPA e da Comissão Especial de Acompanhamento da ALCA.
- Deputada Dra. Clair da Flora Martins,
Presidente da Frente Parlamentar de Acompanhamento da Dívida Externa e da Comissão Especial de Acompanhamento da ALCA
- Deputado Ivan Valente,
Frente de Acompanhamento do Financiamento e da Soberania
- Senador Eduardo Matarazzo Suplicy,
Presidente da Comissão de Relações Exteriores
- Deputado Guillermo Landazuri Carillo,
Presidente do Congresso Nacional do Equador e Presidente da Comissão da ALCA na COPA
11 de novembro - Casa das Irmãs Salesianas
SGAN Quadra 911 Lote C/D, em Brasília.
EVENTO INTERNO
08 horas - OFICINA SOBRE AUDITORIA DA DÍVIDA E ESTRATÉGIAS DE TRABALHO
12 horas - ENCERRAMENTO.
Contato:
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Rua Dr. Neto de Araújo, 168 V. Mariana CEP 04111-000
São Paulo/SP - Tel 0xx11 55721518 Fax 0xx11 55738058
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bonus reeleicao ?
Pimentel e secretários têm aumento de 59 %
Proposta que dá ao prefeito de BH salário maior que o do governador tramitou sem alarde na Câmara, antes da campanha eleitoral. Vereadores evitam falar do reajuste
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/135776.html
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), iniciará o próximo mandato com um aumento salarial de 59%, que será extensivo ao seu secretariado. O subsídio, hoje fixado em R$ 10 mil, pode passar para R$ 15,9 mil. Com o reajuste, a previsão é de que o chefe do Executivo na capital receba mais do que o governador do Estado. O salário de Aécio Neves (PSDB) é de R$ 10,5 mil. Os vereadores belo-horizontinos também lucram com o aumento e entrarão em 2005 com um vencimento de R$ 7.155.
O aumento do salário do prefeito tornou-se um tabu na Câmara Municipal. Nenhum vereador toca no assunto. E quando resolvem discuti-lo, o fazem às escondidas. Da mesma forma como permitiram que a proposta fosse aprovada em plenário. Embutido no projeto de lei que autoriza o reajuste do subsídio dos parlamentares, o aumento foi votado sem alarde, às vésperas do início da campanha eleitoral.
A mesa-diretora da Câmara, encabeçada pelo vereador Betinho Duarte (PMDB), foi autora da proposta, promulgada pelo próprio Betinho em 3 de agosto último. Sem fazer menção diretamente ao aumento salarial do prefeito e seu secretariado, o projeto tramitou sem causar polêmica. Para fazer a relação, é preciso ler nas entrelinhas. A Procuradoria da Câmara informa que o texto deveria ter sido mais claro. “O salário do prefeito deveria ter sido fixado de forma mais clara”, admite o procurador Roberto Paciarelli.
No entanto, Paciarelli e o procurador-geral do Legislativo municipal, Cláudio Meireles, afirmam que a proposta realmente prevê o reajuste salarial para o prefeito. Meireles explica que o subsídio do prefeito é fixado juntamente com o dos vereadores, em uma mesma lei. Os novos vencimentos são válidos para todo o período do governo, de 2005 a 2008. A menos que Pimentel resolva, como o governador do Estado, recusar o aumento.
Passados dois meses da publicação da Lei 8.938, que dispõe sobre o aumento dos salários, o prefeito ainda não se manifestou. A prefeitura informa apenas que a iniciativa e a deliberação foi exclusiva da Câmara Municipal e que somente após uma análise jurídica e detalhada da matéria irá se pronunciar.
Proposta que dá ao prefeito de BH salário maior que o do governador tramitou sem alarde na Câmara, antes da campanha eleitoral. Vereadores evitam falar do reajuste
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/135776.html
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), iniciará o próximo mandato com um aumento salarial de 59%, que será extensivo ao seu secretariado. O subsídio, hoje fixado em R$ 10 mil, pode passar para R$ 15,9 mil. Com o reajuste, a previsão é de que o chefe do Executivo na capital receba mais do que o governador do Estado. O salário de Aécio Neves (PSDB) é de R$ 10,5 mil. Os vereadores belo-horizontinos também lucram com o aumento e entrarão em 2005 com um vencimento de R$ 7.155.
O aumento do salário do prefeito tornou-se um tabu na Câmara Municipal. Nenhum vereador toca no assunto. E quando resolvem discuti-lo, o fazem às escondidas. Da mesma forma como permitiram que a proposta fosse aprovada em plenário. Embutido no projeto de lei que autoriza o reajuste do subsídio dos parlamentares, o aumento foi votado sem alarde, às vésperas do início da campanha eleitoral.
A mesa-diretora da Câmara, encabeçada pelo vereador Betinho Duarte (PMDB), foi autora da proposta, promulgada pelo próprio Betinho em 3 de agosto último. Sem fazer menção diretamente ao aumento salarial do prefeito e seu secretariado, o projeto tramitou sem causar polêmica. Para fazer a relação, é preciso ler nas entrelinhas. A Procuradoria da Câmara informa que o texto deveria ter sido mais claro. “O salário do prefeito deveria ter sido fixado de forma mais clara”, admite o procurador Roberto Paciarelli.
No entanto, Paciarelli e o procurador-geral do Legislativo municipal, Cláudio Meireles, afirmam que a proposta realmente prevê o reajuste salarial para o prefeito. Meireles explica que o subsídio do prefeito é fixado juntamente com o dos vereadores, em uma mesma lei. Os novos vencimentos são válidos para todo o período do governo, de 2005 a 2008. A menos que Pimentel resolva, como o governador do Estado, recusar o aumento.
Passados dois meses da publicação da Lei 8.938, que dispõe sobre o aumento dos salários, o prefeito ainda não se manifestou. A prefeitura informa apenas que a iniciativa e a deliberação foi exclusiva da Câmara Municipal e que somente após uma análise jurídica e detalhada da matéria irá se pronunciar.
quinta-feira, outubro 28, 2004
JA' TEM MAIS DE 400 POSTS
!!!!!!!!!
FEIRAO DE IMPOSTOS
Este artigo vai na direcao dos comentarios feitos aqui em 23/08/2004
ESTÁ EM ANDAMENTO UMA REBELIÃO SEM VOLTA
Gilberto Dimenstein, Folha SP, 25/07/04
Começou a percorrer o país, na semana passada, uma notável lição de cidadania. É uma exposição, em praça pública, de uma série de produtos, na qual uma só idéia está à venda: a de que o consumidor não sabe quanto deixa para o governo ao comprar qualquer coisa - de um automóvel a um chiclete.
Ao analisar as placas com porcentagens grudadas em cada produto, o visitante da exposição saberá, por exemplo, que, ao adquirir um carro de mil cilindradas, terá deixado 44% para o poder público. Cada vez que enche o tanque com gasolina, são mais 53% em impostos. Os organizadores dessa experiência, exibida no centro de São Paulo, apostam no seguinte: quando o consumidor, de fato, souber quanto o governo lhe tira diariamente, haverá mais pressão para que melhore o desempenho
da administração pública.
Essa exposição é um detalhe pedagógico de um crescente movimento no país. "Está em gestação uma rebelião", afirma Gilberto Luiz do Amaral, advogado especialista em impostos, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. A semana passada deu sinais de que há algo novo nascendo no país: uma inconformidade crescente, que envolve líderes empresariais, dirigentes de trabalhadores e classe média, todos contra a carga de impostos.
Sindicalistas foram a Brasília para pedir ao governo que baixasse impostos e, assim, ajudasse os empresários a criar mais empregos - assim seria possível, segundo eles, viabilizar o pedido de redução da jornada de trabalho sem diminuição dos rendimentos dos empregados.
Embute-se aí a percepção dos trabalhadores de que mais impostos significam menos empregos, o que vai muito além de reivindicações corporativas. Diante da gritaria geral, o presidente Lula, na terça-feira, cedeu às pressões e voltou atrás: não vai mais aumentar a contribuição previdenciária.
Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, anunciou um pacote que, supostamente, diminuirá em R$ 2,5 bilhões a carga tributária. Talvez sirva para aliviar o crescente desconforto da opinião pública em relação à voracidade fiscal da gestão Lula. Prepare-se: é apenas o começo!
A experiência do Feirão dos Impostos é apenas um ínfimo detalhe pedagógico no panorama de uma rebelião que, silenciosamente, sem manifesto nem porta-voz, vem sendo feita pelas centenas de milhares de pessoas que optam pela informalidade, ou seja, pela clandestinidade. Uma coisa é os jornais informarem que, em 1988, a carga tributária representava 22% do PIB e agora representa 40% - o que é algo incompreensível para o cidadão comum. Outra é saber que isso custa, por ano, cerca de R$ 212 bilhões. E mais: saber que cada brasileiro trabalha quatro meses e 18 dias só para manter os governos. Mais ainda: saber que a carga de impostos dificulta a geração de empregos e, conseqüentemente, inibe os aumentos salariais.
Trabalha-se cada vez mais para manter os governos. E cada vez mais para comprar os serviços privados que, em tese, deveriam ser públicos. Está nisso a essência da rebelião.
Não está faltando muito para o indivíduo, ao comprar uma barra de chocolate, saber quanto está deixando para o poder público. E, ao sair do supermercado, irritar-se ainda mais ao ver o buraco da rua ou a criança abandonada pedindo dinheiro no semáforo.
Se cada cidadão soubesse que, por ano, dá quatro meses e 18 dias em impostos e ainda recebe tão pouco de volta - e não se esquecesse dessa conta, seria natural que a pressão pela eficiência pública fosse ainda maior. E a capacidade dos governantes de tentar tirar mais dinheiro, menor.
Para desespero dos poderosos, o que está em jogo é simples. É justamente o que se vê na experiência da exposição, em praça pública, de produtos, digamos, pedagógicos. À medida que a democracia se aprofunda, o cidadão vai conhecendo mais seus direitos.
Não dá para o governante confiar por muito tempo mais na ignorância de quem, além de trabalhar tanto e cada vez mais para sustentá-lo, ainda recebe pouco. Está em construção uma nova agenda brasileira, na qual o desempenho do governante será medido pela eficiência administrativa combinada com o respeito ao contribuinte. Ou seja, gastar melhor com menos dinheiro.
PS - Uma medida simples e barata ampliaria enormemente o efeito pedagógico daquela exposição. Cada produto vendido deveria levar o valor dos impostos na embalagem e na nota fiscal. Seria uma implacável lição diária, a começar das crianças que comprassem um sorvete. Se dependesse de mim, eu daria a essa informação a mesma visibilidade das chamadas para os produtos perigosos para a saúde como as advertências sobre os perigos do tabagismo nos maços do cigarro.
Desculpe-me pela obviedade, mas o cidadão tem o direito de saber, em detalhes, quanto de seu dinheiro (e de que maneira) é usado. É a forma de os governantes não fazerem à saúde do contribuinte o mal que o fumo faz aos pulmões dos indivíduos.
ESTÁ EM ANDAMENTO UMA REBELIÃO SEM VOLTA
Gilberto Dimenstein, Folha SP, 25/07/04
Começou a percorrer o país, na semana passada, uma notável lição de cidadania. É uma exposição, em praça pública, de uma série de produtos, na qual uma só idéia está à venda: a de que o consumidor não sabe quanto deixa para o governo ao comprar qualquer coisa - de um automóvel a um chiclete.
Ao analisar as placas com porcentagens grudadas em cada produto, o visitante da exposição saberá, por exemplo, que, ao adquirir um carro de mil cilindradas, terá deixado 44% para o poder público. Cada vez que enche o tanque com gasolina, são mais 53% em impostos. Os organizadores dessa experiência, exibida no centro de São Paulo, apostam no seguinte: quando o consumidor, de fato, souber quanto o governo lhe tira diariamente, haverá mais pressão para que melhore o desempenho
da administração pública.
Essa exposição é um detalhe pedagógico de um crescente movimento no país. "Está em gestação uma rebelião", afirma Gilberto Luiz do Amaral, advogado especialista em impostos, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. A semana passada deu sinais de que há algo novo nascendo no país: uma inconformidade crescente, que envolve líderes empresariais, dirigentes de trabalhadores e classe média, todos contra a carga de impostos.
Sindicalistas foram a Brasília para pedir ao governo que baixasse impostos e, assim, ajudasse os empresários a criar mais empregos - assim seria possível, segundo eles, viabilizar o pedido de redução da jornada de trabalho sem diminuição dos rendimentos dos empregados.
Embute-se aí a percepção dos trabalhadores de que mais impostos significam menos empregos, o que vai muito além de reivindicações corporativas. Diante da gritaria geral, o presidente Lula, na terça-feira, cedeu às pressões e voltou atrás: não vai mais aumentar a contribuição previdenciária.
Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, anunciou um pacote que, supostamente, diminuirá em R$ 2,5 bilhões a carga tributária. Talvez sirva para aliviar o crescente desconforto da opinião pública em relação à voracidade fiscal da gestão Lula. Prepare-se: é apenas o começo!
A experiência do Feirão dos Impostos é apenas um ínfimo detalhe pedagógico no panorama de uma rebelião que, silenciosamente, sem manifesto nem porta-voz, vem sendo feita pelas centenas de milhares de pessoas que optam pela informalidade, ou seja, pela clandestinidade. Uma coisa é os jornais informarem que, em 1988, a carga tributária representava 22% do PIB e agora representa 40% - o que é algo incompreensível para o cidadão comum. Outra é saber que isso custa, por ano, cerca de R$ 212 bilhões. E mais: saber que cada brasileiro trabalha quatro meses e 18 dias só para manter os governos. Mais ainda: saber que a carga de impostos dificulta a geração de empregos e, conseqüentemente, inibe os aumentos salariais.
Trabalha-se cada vez mais para manter os governos. E cada vez mais para comprar os serviços privados que, em tese, deveriam ser públicos. Está nisso a essência da rebelião.
Não está faltando muito para o indivíduo, ao comprar uma barra de chocolate, saber quanto está deixando para o poder público. E, ao sair do supermercado, irritar-se ainda mais ao ver o buraco da rua ou a criança abandonada pedindo dinheiro no semáforo.
Se cada cidadão soubesse que, por ano, dá quatro meses e 18 dias em impostos e ainda recebe tão pouco de volta - e não se esquecesse dessa conta, seria natural que a pressão pela eficiência pública fosse ainda maior. E a capacidade dos governantes de tentar tirar mais dinheiro, menor.
Para desespero dos poderosos, o que está em jogo é simples. É justamente o que se vê na experiência da exposição, em praça pública, de produtos, digamos, pedagógicos. À medida que a democracia se aprofunda, o cidadão vai conhecendo mais seus direitos.
Não dá para o governante confiar por muito tempo mais na ignorância de quem, além de trabalhar tanto e cada vez mais para sustentá-lo, ainda recebe pouco. Está em construção uma nova agenda brasileira, na qual o desempenho do governante será medido pela eficiência administrativa combinada com o respeito ao contribuinte. Ou seja, gastar melhor com menos dinheiro.
PS - Uma medida simples e barata ampliaria enormemente o efeito pedagógico daquela exposição. Cada produto vendido deveria levar o valor dos impostos na embalagem e na nota fiscal. Seria uma implacável lição diária, a começar das crianças que comprassem um sorvete. Se dependesse de mim, eu daria a essa informação a mesma visibilidade das chamadas para os produtos perigosos para a saúde como as advertências sobre os perigos do tabagismo nos maços do cigarro.
Desculpe-me pela obviedade, mas o cidadão tem o direito de saber, em detalhes, quanto de seu dinheiro (e de que maneira) é usado. É a forma de os governantes não fazerem à saúde do contribuinte o mal que o fumo faz aos pulmões dos indivíduos.
LINUX VERSUS WINDOWS
Abaixo, uma das melhores opinioes que eu ja' vi sobre o assunto. Por incrivel que pareca, a discussao sobre sistemas operacionais alternativos e' carregada de ideologia. Finalmente alguem soube colocar com propriedade os pros e contras.
Linux – software livre para as massas ou hobby da elite?
JC e-mail 2635, de 27 de Outubro de 2004.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=22738
por Cesar Boschetti
tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Diz um dito popular que amor, cor, religião, política e futebol não se discutem, numa nítida alusão aos perigos e armadilhas do subjetivismo humano.
Mas discutir é preciso. Faz parte da liberdade, outro conceito igualmente mal compreendido e utilizado. A liberdade sempre envolveu riscos, muito embora não se deva jamais tomar isto como justificativa para cerceá-la.
Mas, deixando a cor e o futebol de lado, não é difícil percebermos que o Linux é uma bela, sutil e complexa combinação de amor, política e religião, tudo livremente temperado ao gosto de cada um.
Creio que em maior ou menor grau todos hão de concordar com isto. Mas e agora? Onde iremos com este coquetel? Para onde queremos ir? O que está em jogo? Queremos realmente democratizar o conhecimento ou apenas anarquizá-lo?
Vamos recordar alguns pontos importantes. O UNIX System IV, existente até hoje, foi lançado em 1983. O UNIX surgiu como uma evolução do Multics projetado na década de 1960.
Trata-se de um sistema sofisticado e caro. Devido ao alto custo do UNIX, surgiu o Minix, uma versão livre e leve do UNIX escrita do zero com fins educacionais para quem quisesse estudar UNIX.
É aqui que entra em cena nosso amigo Linus Torvalds. Em 1991, Linus Torvalds, então um estudante de Ciências da Computação da Universidade de Helsinki - Finlândia, por hobby, decidiu desenvolver um sistema mais poderoso que o Minix e adequado à plataforma 386 da época.
Vale lembrar que nessa época, o 386 era o processador que dominava o mercado. O 486 ainda estava no forno. A Microsoft era uma pequena empresa apoiada no DOS e no Word para DOS (primeiro programa a utilizar o mouse) que disputava o mercado com o WordPerfect.
No setor de planilhas tínhamos o Lotus 123 e em termos de banco de dados dominava o DBASE. Um fato curioso, daquele tipo que nos leva a especular sobre a conspiração do destino, ocorrera cerca de 10 anos antes.
No início da década de 80, a IBM estava procurando por empresas que poderiam desenvolver um sistema operacional que pudesse funcionar em seus computadores.
A primeira escolha foi pela Digital Research, proprietária do CP/M. Mas Gary Kildall, então proprietário e presidente da Digital Research, esqueceu-se da reunião com a IBM e foi jogar golfe.
A IBM foi recebida por Dorothy, mulher de Gary Kildall, que se recusou a assinar o termo de confidencialidade. Com isso o pessoal da IBM fechou contrato com a Microsoft, de Bill Gates.
Se naquele dia Gary Kildall tivesse acordado com dor de cabeça e não fosse jogar golfe, quem sabe Bill Gates não seria hoje apenas um ilustre desconhecido.
Apesar de relativamente recentes em termos históricos, o computador e os sistemas operacionais possuem uma história rica e cheia de coincidências e fatos insólitos. Vale a pena o pessoal vidrado no software, fazer uma pausa nos “how-tos” da vida e dar uma espiada na história.
Além do enriquecimento cultural, permite-nos uma melhor contextualização e compreensão dos fatos. Hoje é muito comum na comunidade Linux, xingarmos o Bill Gates e amaldiçoarmos o Windows.
Mas alguém já se perguntou se isto realmente procede? Será que a Microsoft nasceu grande, poderosa e monopolista? Que fatores levaram o DOS e o Windows ao sucesso? Será que foi tudo uma grande maracutáia? Será que o Linux ganha alguma coisa com essa microsoft-fobia? Está na hora dos mais radicais começarem a se perguntar coisas desse tipo.
O Linux não é apenas um sistema operacional alternativo e gratuito. O Linux significa uma revolução nos conceitos de propriedade intelectual e na socialização do conhecimento.
Num mundo onde o conhecimento e a informação são moedas cada vez mais caras, o Linux desponta como uma ruptura com os velhos e arraigados paradigmas capitalistas e, como toda revolução, traz embutido um certo espírito anarquista. Isso é natural.
Entretanto, a história da humanidade nos ensina que a anarquia nunca foi longe em canto algum deste Planeta. Pode ser compreendida, bem aceita e até louvada dentro de certos limites de tempo e espaço, mas jamais se apresentou como processo duradouro e eficiente na construção de novos modelos e sistemas.
O Linux ainda vive em clima de anarquia e protesto. Isto pode ser perigoso para o seu futuro. São dezenas, centenas, senão milhares de distribuições concorrendo entre si pelo Mundo afora.
O kernel é o mesmo, mas isto pouco ou nada significa em termos de uma real, prática e efetiva compatibilidade. A compatibilidade não existe inclusive entre versões consecutivas da mesma distribuição, o que, a par da gratuidade, não deixa de ser falta de profissionalismo e desrespeito ao usuário.
Esse aspecto, oriundo na liberdade do código livre, é uma faca de dois gumes e precisa ser reavaliado.
Evidentemente, ninguém quer um grupo, seja pequeno ou grande, controlando o Linux e definindo suas diretrizes, formato e evolução. Mas é imperioso que a liberdade individual procure pautar-se por uma consciência democrática mais abrangente e no interesse maior de toda a sociedade.
Trata-se de uma equação difícil e delicada, mas que precisa ser encarada com muita responsabilidade e maturidade.
Temos hoje um sistema poderoso, flexível, seguro mas ainda pouco amigável e ingenuamente ufanista. Os mais aficionados ainda insistem na divulgação equivocada dos recursos obscuros da linha de comando em detrimento de recursos bem mais amigáveis e modernos das interfaces gráficas.
Parece haver uma intenção velada ou inconsciente de se criar em volta do Linux uma certa aura de dificuldade, como se isso fosse sinal de superioridade do sistema e de seus usuários.
Proclama-se o caráter social do Linux de um lado, mas pratica-se o elitismo intelectual do outro. Um elitismo perverso e sectário que faz crer que quem não tem tempo para ler “how-tos” e compilar pacotes não merece ser usuário do Sistema.
Em lugar de uma visão crítica e construtiva sobre o sistema pratica-se o antimarketing da inveja. Em lugar de sugestões edificantes para melhoria do sistema, muitos preferem a propaganda duvidosa das fraquezas do concorrente.
Em lugar de uma estratégia de divulgação simpática e de maior penetração, opta-se por uma repetição monotônica e sem fim de uma pretensa invulnerabilidade do sistema, esquecendo-se de levar em conta o grau de exposição e as leis estatísticas bem estabelecidas.
O que é que se pretende com isto? O que é que estamos pretendendo fazer com o Linux? Mantê-lo cativo de uma casta de “iluminados” ou colocá-lo nas mãos do maior número possível de pessoas, principalmente dos mais humildes e menos afortunados?
Qual é o foco do Linux? A minoria que tem tempo para ler “how to” e satisfazer seu ego na tela preta ou a enorme legião de usuários que precisam de um computador e de um sistema para trabalhar e estudar?
Qual é o público alvo? A minoria radical que vive a jactar-se que se o Linux for tão simples quanto o Windows deixará de prestigiá-lo, ou a maioria que busca a simplicidade e flexibilidade operacional?
Qual é a estratégia do Linux? Fazer do computador um desafio para distração da elite ou a solução para as massas?
Se a resposta for a favor da minoria nada mais há para dizer. Caso a comunidade esteja realmente pensando na maioria e no futuro, está na hora de uma reformulação total de conceitos e atitudes.
É imperioso que haja mais união da comunidade “opensource”. É imperioso que haja maior sintonia e compatibilidade entre as principais distribuições.
Essa união facilitaria enormemente a troca de informações, o suporte a hardware, a instalação de pacotes e o desenvolvimento de novos programas.
A fragmentação, muito embora satisfaça o ego de cada um, está muito aquém de nos conduzir à verdadeira democratização do conhecimento e só contribui para o enfraquecimento do Sistema.
Sem união não há futuro. A supervalorização da liberdade individualizada é um ato irracional próprio de animais selvagens e solitários. Somos seres sociáveis e precisamos de organização e cooperativismo para sobreviver e progredir.
Um Linux anárquico e individualizado está condenado ao fracasso. Não podemos permitir que uma boa idéia se esfarele desta maneira.
Linux – software livre para as massas ou hobby da elite?
JC e-mail 2635, de 27 de Outubro de 2004.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=22738
por Cesar Boschetti
tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Diz um dito popular que amor, cor, religião, política e futebol não se discutem, numa nítida alusão aos perigos e armadilhas do subjetivismo humano.
Mas discutir é preciso. Faz parte da liberdade, outro conceito igualmente mal compreendido e utilizado. A liberdade sempre envolveu riscos, muito embora não se deva jamais tomar isto como justificativa para cerceá-la.
Mas, deixando a cor e o futebol de lado, não é difícil percebermos que o Linux é uma bela, sutil e complexa combinação de amor, política e religião, tudo livremente temperado ao gosto de cada um.
Creio que em maior ou menor grau todos hão de concordar com isto. Mas e agora? Onde iremos com este coquetel? Para onde queremos ir? O que está em jogo? Queremos realmente democratizar o conhecimento ou apenas anarquizá-lo?
Vamos recordar alguns pontos importantes. O UNIX System IV, existente até hoje, foi lançado em 1983. O UNIX surgiu como uma evolução do Multics projetado na década de 1960.
Trata-se de um sistema sofisticado e caro. Devido ao alto custo do UNIX, surgiu o Minix, uma versão livre e leve do UNIX escrita do zero com fins educacionais para quem quisesse estudar UNIX.
É aqui que entra em cena nosso amigo Linus Torvalds. Em 1991, Linus Torvalds, então um estudante de Ciências da Computação da Universidade de Helsinki - Finlândia, por hobby, decidiu desenvolver um sistema mais poderoso que o Minix e adequado à plataforma 386 da época.
Vale lembrar que nessa época, o 386 era o processador que dominava o mercado. O 486 ainda estava no forno. A Microsoft era uma pequena empresa apoiada no DOS e no Word para DOS (primeiro programa a utilizar o mouse) que disputava o mercado com o WordPerfect.
No setor de planilhas tínhamos o Lotus 123 e em termos de banco de dados dominava o DBASE. Um fato curioso, daquele tipo que nos leva a especular sobre a conspiração do destino, ocorrera cerca de 10 anos antes.
No início da década de 80, a IBM estava procurando por empresas que poderiam desenvolver um sistema operacional que pudesse funcionar em seus computadores.
A primeira escolha foi pela Digital Research, proprietária do CP/M. Mas Gary Kildall, então proprietário e presidente da Digital Research, esqueceu-se da reunião com a IBM e foi jogar golfe.
A IBM foi recebida por Dorothy, mulher de Gary Kildall, que se recusou a assinar o termo de confidencialidade. Com isso o pessoal da IBM fechou contrato com a Microsoft, de Bill Gates.
Se naquele dia Gary Kildall tivesse acordado com dor de cabeça e não fosse jogar golfe, quem sabe Bill Gates não seria hoje apenas um ilustre desconhecido.
Apesar de relativamente recentes em termos históricos, o computador e os sistemas operacionais possuem uma história rica e cheia de coincidências e fatos insólitos. Vale a pena o pessoal vidrado no software, fazer uma pausa nos “how-tos” da vida e dar uma espiada na história.
Além do enriquecimento cultural, permite-nos uma melhor contextualização e compreensão dos fatos. Hoje é muito comum na comunidade Linux, xingarmos o Bill Gates e amaldiçoarmos o Windows.
Mas alguém já se perguntou se isto realmente procede? Será que a Microsoft nasceu grande, poderosa e monopolista? Que fatores levaram o DOS e o Windows ao sucesso? Será que foi tudo uma grande maracutáia? Será que o Linux ganha alguma coisa com essa microsoft-fobia? Está na hora dos mais radicais começarem a se perguntar coisas desse tipo.
O Linux não é apenas um sistema operacional alternativo e gratuito. O Linux significa uma revolução nos conceitos de propriedade intelectual e na socialização do conhecimento.
Num mundo onde o conhecimento e a informação são moedas cada vez mais caras, o Linux desponta como uma ruptura com os velhos e arraigados paradigmas capitalistas e, como toda revolução, traz embutido um certo espírito anarquista. Isso é natural.
Entretanto, a história da humanidade nos ensina que a anarquia nunca foi longe em canto algum deste Planeta. Pode ser compreendida, bem aceita e até louvada dentro de certos limites de tempo e espaço, mas jamais se apresentou como processo duradouro e eficiente na construção de novos modelos e sistemas.
O Linux ainda vive em clima de anarquia e protesto. Isto pode ser perigoso para o seu futuro. São dezenas, centenas, senão milhares de distribuições concorrendo entre si pelo Mundo afora.
O kernel é o mesmo, mas isto pouco ou nada significa em termos de uma real, prática e efetiva compatibilidade. A compatibilidade não existe inclusive entre versões consecutivas da mesma distribuição, o que, a par da gratuidade, não deixa de ser falta de profissionalismo e desrespeito ao usuário.
Esse aspecto, oriundo na liberdade do código livre, é uma faca de dois gumes e precisa ser reavaliado.
Evidentemente, ninguém quer um grupo, seja pequeno ou grande, controlando o Linux e definindo suas diretrizes, formato e evolução. Mas é imperioso que a liberdade individual procure pautar-se por uma consciência democrática mais abrangente e no interesse maior de toda a sociedade.
Trata-se de uma equação difícil e delicada, mas que precisa ser encarada com muita responsabilidade e maturidade.
Temos hoje um sistema poderoso, flexível, seguro mas ainda pouco amigável e ingenuamente ufanista. Os mais aficionados ainda insistem na divulgação equivocada dos recursos obscuros da linha de comando em detrimento de recursos bem mais amigáveis e modernos das interfaces gráficas.
Parece haver uma intenção velada ou inconsciente de se criar em volta do Linux uma certa aura de dificuldade, como se isso fosse sinal de superioridade do sistema e de seus usuários.
Proclama-se o caráter social do Linux de um lado, mas pratica-se o elitismo intelectual do outro. Um elitismo perverso e sectário que faz crer que quem não tem tempo para ler “how-tos” e compilar pacotes não merece ser usuário do Sistema.
Em lugar de uma visão crítica e construtiva sobre o sistema pratica-se o antimarketing da inveja. Em lugar de sugestões edificantes para melhoria do sistema, muitos preferem a propaganda duvidosa das fraquezas do concorrente.
Em lugar de uma estratégia de divulgação simpática e de maior penetração, opta-se por uma repetição monotônica e sem fim de uma pretensa invulnerabilidade do sistema, esquecendo-se de levar em conta o grau de exposição e as leis estatísticas bem estabelecidas.
O que é que se pretende com isto? O que é que estamos pretendendo fazer com o Linux? Mantê-lo cativo de uma casta de “iluminados” ou colocá-lo nas mãos do maior número possível de pessoas, principalmente dos mais humildes e menos afortunados?
Qual é o foco do Linux? A minoria que tem tempo para ler “how to” e satisfazer seu ego na tela preta ou a enorme legião de usuários que precisam de um computador e de um sistema para trabalhar e estudar?
Qual é o público alvo? A minoria radical que vive a jactar-se que se o Linux for tão simples quanto o Windows deixará de prestigiá-lo, ou a maioria que busca a simplicidade e flexibilidade operacional?
Qual é a estratégia do Linux? Fazer do computador um desafio para distração da elite ou a solução para as massas?
Se a resposta for a favor da minoria nada mais há para dizer. Caso a comunidade esteja realmente pensando na maioria e no futuro, está na hora de uma reformulação total de conceitos e atitudes.
É imperioso que haja mais união da comunidade “opensource”. É imperioso que haja maior sintonia e compatibilidade entre as principais distribuições.
Essa união facilitaria enormemente a troca de informações, o suporte a hardware, a instalação de pacotes e o desenvolvimento de novos programas.
A fragmentação, muito embora satisfaça o ego de cada um, está muito aquém de nos conduzir à verdadeira democratização do conhecimento e só contribui para o enfraquecimento do Sistema.
Sem união não há futuro. A supervalorização da liberdade individualizada é um ato irracional próprio de animais selvagens e solitários. Somos seres sociáveis e precisamos de organização e cooperativismo para sobreviver e progredir.
Um Linux anárquico e individualizado está condenado ao fracasso. Não podemos permitir que uma boa idéia se esfarele desta maneira.
terça-feira, outubro 26, 2004
Relator da ONU vê Judiciário ligado ao poder público e econômico
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/out/25/180.htm
Depois de viajar durante 12 dias pelo Brasil analisando o Poder Judiciário, o relator especial da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, Leandro Despouy, concluiu que há um comprometimento de parte dos juízes com o poder político e econômico, afetando a independência da Justiça e dificultando a punição dos culpados.
"Em muitas cidades do interior dos Estados, a ligação dos juízes com os setores que detêm o poder político e econômico acaba por afetar a independência do Poder Judiciário e explica o alto nível de impunidade verificado nessas cidades", afirmou Despouy. Ele se disse a favor do controle externo do Judiciário.
Agora, após uma série de mais de 60 reuniões com autoridades brasileiras, dentre as quais o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, Despouy redigirá o relatório. Em março, ele deverá apresentar o trabalho sobre o Brasil às Nações Unidas. Se for aprovado, o texto será a posição oficial do órgão sobre o Judiciário brasileiro e passará a ser uma recomendação com peso internacional.
Advogado argentino, o relator das Nações Unidas disse que um dos fatores mais preocupantes da realidade brasileira é a situação precária das crianças e adolescentes. "Em todos os lugares visitados (Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Pará), e em particular naqueles com maior índice de violência, os jovens são a maior vítima.
"Os testemunhos mostram que, nos Estados do Norte e Nordeste, a maioria dos crimes sexuais contra as crianças e os adolescentes não são investigados e que, em muitos casos, existe o envolvimento do próprio Poder Judiciário", disse o especialista.
Despouy também concluiu que grande parte da população brasileira não tem acesso à Justiça por razões sociais, econômicas ou de exclusão. Segundo ele, essa situação é agravada quando envolve grupos vulneráveis como crianças, adolescentes, mulheres, indígenas, homossexuais, transexuais, quilombolas, negros, idosos e integrantes de movimentos sociais, como dos sem terra.
O relator disse ainda que nos Estados de Pernambuco e Amazonas existem juízes, advogados, procuradores e defensores expostos a alto risco de violência e ameaças. "Isso é ainda mais graves para os que estão envolvidos na resolução de questões agrárias, ambientais e de crime organizado", afirmou.
Despouy demonstrou ser favorável à participação de integrantes do Ministério Público em investigações desde que devidamente regulamentadas. "Em um país como o Brasil, com, por um lado, altos índices de criminalidade e violência e uma forte presença do crime organizado e, por outro, em que a resposta investigativa necessita de aprimoramento, o princípio da complementariedade exige uma adequada articulação entre os vários atores encarregados de levá-la a cabo", disse.
Sobre a reforma do Judiciário, o relator das Nações Unidas defendeu a criação de um órgão de controle externo do Judiciário e a adoção da súmula vinculante, instrumento a partir do qual as instâncias inferiores da Justiça teriam de decidir de acordo com o entendimento dos tribunais. "Não é razoável que o Supremo Tribunal Federal resolva uma questão jurídica e a controvérsia continue nas instâncias ordinárias, o que afeta o princípio da segurança jurídica", opinou.
Depois de viajar durante 12 dias pelo Brasil analisando o Poder Judiciário, o relator especial da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, Leandro Despouy, concluiu que há um comprometimento de parte dos juízes com o poder político e econômico, afetando a independência da Justiça e dificultando a punição dos culpados.
"Em muitas cidades do interior dos Estados, a ligação dos juízes com os setores que detêm o poder político e econômico acaba por afetar a independência do Poder Judiciário e explica o alto nível de impunidade verificado nessas cidades", afirmou Despouy. Ele se disse a favor do controle externo do Judiciário.
Agora, após uma série de mais de 60 reuniões com autoridades brasileiras, dentre as quais o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, Despouy redigirá o relatório. Em março, ele deverá apresentar o trabalho sobre o Brasil às Nações Unidas. Se for aprovado, o texto será a posição oficial do órgão sobre o Judiciário brasileiro e passará a ser uma recomendação com peso internacional.
Advogado argentino, o relator das Nações Unidas disse que um dos fatores mais preocupantes da realidade brasileira é a situação precária das crianças e adolescentes. "Em todos os lugares visitados (Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Pará), e em particular naqueles com maior índice de violência, os jovens são a maior vítima.
"Os testemunhos mostram que, nos Estados do Norte e Nordeste, a maioria dos crimes sexuais contra as crianças e os adolescentes não são investigados e que, em muitos casos, existe o envolvimento do próprio Poder Judiciário", disse o especialista.
Despouy também concluiu que grande parte da população brasileira não tem acesso à Justiça por razões sociais, econômicas ou de exclusão. Segundo ele, essa situação é agravada quando envolve grupos vulneráveis como crianças, adolescentes, mulheres, indígenas, homossexuais, transexuais, quilombolas, negros, idosos e integrantes de movimentos sociais, como dos sem terra.
O relator disse ainda que nos Estados de Pernambuco e Amazonas existem juízes, advogados, procuradores e defensores expostos a alto risco de violência e ameaças. "Isso é ainda mais graves para os que estão envolvidos na resolução de questões agrárias, ambientais e de crime organizado", afirmou.
Despouy demonstrou ser favorável à participação de integrantes do Ministério Público em investigações desde que devidamente regulamentadas. "Em um país como o Brasil, com, por um lado, altos índices de criminalidade e violência e uma forte presença do crime organizado e, por outro, em que a resposta investigativa necessita de aprimoramento, o princípio da complementariedade exige uma adequada articulação entre os vários atores encarregados de levá-la a cabo", disse.
Sobre a reforma do Judiciário, o relator das Nações Unidas defendeu a criação de um órgão de controle externo do Judiciário e a adoção da súmula vinculante, instrumento a partir do qual as instâncias inferiores da Justiça teriam de decidir de acordo com o entendimento dos tribunais. "Não é razoável que o Supremo Tribunal Federal resolva uma questão jurídica e a controvérsia continue nas instâncias ordinárias, o que afeta o princípio da segurança jurídica", opinou.
domingo, outubro 24, 2004
Bolsa quadrilha
AGAMENON MENDES PEDREIRA
está comendo graças ao Bolsa Família: primeiro a mãe, depois a filha
‘O pior cego é aquele que não quer beber’
LUÍSQUE INÁCIO LULA DA SILVA
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/agamenon.asp
24/10/2004
O problema do Brasil é que até pra ser pobre o sujeito tem que arrumar um pistolão. O Ovo Brasileiro ficou chocado com as imagens do “Fantástico” que mostraram os recursos do Bolsa Família indo parar na mão de gente que, além de carro na garagem, também tem amigos e parentes nas prefeituras. Enquanto isso, os pobres de verdade, os miseráveis de raiz, ficam esperando meses para receber o seu Cartão Magnético de Despossuído Carente! E quando recebem, coitados, desarvorados de fome, acabam comendo o cartão! Felizmente, o ministro Pratrás Ananias já bolou uma solução genial para resolver o problema. O ministro vai mandar trocar o nome do programa social de Bolsa Escola para Bolsa Escroque, que fica mais de acordo com o grupo de excluídos beneficiados. Outra idéia revolucionária de Patruz Bananias será a criação de mais um projeto paradigmático de cunho social: o Bolsa Descola. O cidadão só descola uma grana se tiver um amigo no governo ou na prefeitura. E quem não conseguir se cadastrar em nenhum desses ambiciosos programas sociais vai ter um beneficio garantido: o Auxilio Gás, para o miserável poder se matar sufocado e, assim, morrer sem ficar devendo para o atravessador de bujão da favela.
Na minha opinião, os programas sociais não dão certo porque o dinheiro não vai parar no bolso dos miseráveis. Até porque a calça que os pobretões estão usando já está toda esfarrapada e com o bolso todo puído, incapaz de guardar a verba pública. Indignado com essas maracutaias, imediatamente tentei descolar uma meia dúzia de cartões do Bolsa Família para mim, para a Isaura, a minha patroa, e para o Enéas, o meu cunhado esquisitão. Mas não adiantou nada. Entrei na fila em São Paulo mas só tinha direito ao benefício quem tivesse a carteirinha do PT. Em seguida, tentei descolar uma casa a 1 real em Campos com a Rosquinha Garotinho numa prefeitura do estado do Rio, mas só davam para quem fosse crente ou evangélico. Desesperado, resolvi ir até a prefeitura de Pelotas para tentar arrumar um cartão do Bolsa Boiola, mas eles só dão se for gaúcho. Gaúcho de carteirinha.
está comendo graças ao Bolsa Família: primeiro a mãe, depois a filha
‘O pior cego é aquele que não quer beber’
LUÍSQUE INÁCIO LULA DA SILVA
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/agamenon.asp
24/10/2004
O problema do Brasil é que até pra ser pobre o sujeito tem que arrumar um pistolão. O Ovo Brasileiro ficou chocado com as imagens do “Fantástico” que mostraram os recursos do Bolsa Família indo parar na mão de gente que, além de carro na garagem, também tem amigos e parentes nas prefeituras. Enquanto isso, os pobres de verdade, os miseráveis de raiz, ficam esperando meses para receber o seu Cartão Magnético de Despossuído Carente! E quando recebem, coitados, desarvorados de fome, acabam comendo o cartão! Felizmente, o ministro Pratrás Ananias já bolou uma solução genial para resolver o problema. O ministro vai mandar trocar o nome do programa social de Bolsa Escola para Bolsa Escroque, que fica mais de acordo com o grupo de excluídos beneficiados. Outra idéia revolucionária de Patruz Bananias será a criação de mais um projeto paradigmático de cunho social: o Bolsa Descola. O cidadão só descola uma grana se tiver um amigo no governo ou na prefeitura. E quem não conseguir se cadastrar em nenhum desses ambiciosos programas sociais vai ter um beneficio garantido: o Auxilio Gás, para o miserável poder se matar sufocado e, assim, morrer sem ficar devendo para o atravessador de bujão da favela.
Na minha opinião, os programas sociais não dão certo porque o dinheiro não vai parar no bolso dos miseráveis. Até porque a calça que os pobretões estão usando já está toda esfarrapada e com o bolso todo puído, incapaz de guardar a verba pública. Indignado com essas maracutaias, imediatamente tentei descolar uma meia dúzia de cartões do Bolsa Família para mim, para a Isaura, a minha patroa, e para o Enéas, o meu cunhado esquisitão. Mas não adiantou nada. Entrei na fila em São Paulo mas só tinha direito ao benefício quem tivesse a carteirinha do PT. Em seguida, tentei descolar uma casa a 1 real em Campos com a Rosquinha Garotinho numa prefeitura do estado do Rio, mas só davam para quem fosse crente ou evangélico. Desesperado, resolvi ir até a prefeitura de Pelotas para tentar arrumar um cartão do Bolsa Boiola, mas eles só dão se for gaúcho. Gaúcho de carteirinha.
sexta-feira, outubro 22, 2004
Serra tem 51% , Marta 41%
Pesquisa Datafolha realizada a dez dias da eleição aponta vantagem de dez pontos percentuais a José Serra (PSDB) em relação a Marta Suplicy (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo. O tucano aparece com 51% das intenções de votos e a petista, com 41%. (...)
(...) O número de entrevistados que declararam estar indecisos é de 4%. Outros 5% disseram que votarão em branco ou nulo. A sondagem ouviu 1.789 eleitores nesta quinta-feira.
A pesquisa já demonstra os reflexos da volta da propaganda eleitoral no rádio e na TV e o debate entre os candidatos realizado na TV Bandeirantes. Um novo debate está agendado para o próximo dia 29 de outubro, mesma data que marca o final da propaganda eleitoral gratuita. (...)
(...) O número de entrevistados que declararam estar indecisos é de 4%. Outros 5% disseram que votarão em branco ou nulo. A sondagem ouviu 1.789 eleitores nesta quinta-feira.
A pesquisa já demonstra os reflexos da volta da propaganda eleitoral no rádio e na TV e o debate entre os candidatos realizado na TV Bandeirantes. Um novo debate está agendado para o próximo dia 29 de outubro, mesma data que marca o final da propaganda eleitoral gratuita. (...)
eba ! eba ! eba !
TRE mantém multa a Lula por discurso na Radial Leste
descoberto QG onde fazem simulacao das disputas eleitorais
Publicitário Duda Mendonça é preso em "briga de galo"
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/nacional/134672.html
os cerca de 20 sócios do empreendimento poderão ser enquadrados por formação de quadrilha
O publicitário Duda Mendonça foi preso em flagrante na quinta-feira à noite no Rio pela Polícia Federal quando participava de um evento em que eram disputadas brigas de galo. Chefe da operação policial, o delegado Antônio Carlos Rayol disse que o publicitário admitiu ser sócio da rinha (local onde se realizam as brigas de galo), instalada em um sítio no Recreio dos Bandeirantes, na zona Oeste. À reportagem, Duda não afirmou ser sócio. “Eu não vou falar mais nada. Bota o que você quiser”, disse ele ao repórter quando questionado se tem sociedade ou participou da organização do empreendimento. Antes de interromper a entrevista, o publicitário reconheceu que estava acompanhando as brigas de galo. "Não tenho medo de nada. Não estou fazendo nada de errado. O Brasil inteiro sabe que meu hobby é esse”, disse. A equipe da PF (32 policiais) chegou ao sítio no início da noite. Havia, segundo Rayol, cerca de 200 pessoas no local, entre elas o publicitário e o vereador Jorge Babu (PT-RJ).
Cada freqüentador pagou R$ 50 para entrar. “Os dois disseram ser sócios no negócio”, afirmou o delegado, titular da Delegacia de Meio Ambiente da superintendência, acrescentando que ficou surpreso com a presença do publicitário no evento. O sítio Privê, onde as disputas ocorriam, fica em um local ermo do Recreio dos Bandeirantes. O acesso é por estradas de terra enlameadas. A estrutura do sítio para as brigas de galo surpreendeu os policiais. Há na propriedade um arena grade, duas menores, viveiros com cerca de cem aves e até uma enfermaria para tratar os animais feridos nos confrontos. Dentro do sítio, funcionava uma espécie de clube social, com churrasqueira e áreas de lazer.
A PF batizou a ação de Operação Rudis, em referência a uma espada que os gladiadores da Roma Antiga eram presenteados quando sobreviviam nas lutas realizadas em arenas. O delegado disse que chegou ao sítio após denúncias apresentadas à PF por entidades de defesa dos animais. Até o início da madrugada o delegado promoveu uma triagem entre as pessoas flagradas no sítio. De acordo com Rayol, os cerca de 20 sócios do empreendimento poderão ser enquadrados por formação de quadrilha, com pena, segundo ele, de até seis anos de prisão em caso de condenação. A quadrilha teria se formado com o objetivo de promover atos de crueldade contra os animais, crime previsto na Lei de Crimes Ambientais.
“Isso é uma coisa que ainda estamos avaliando (indiciamento por formação de quadrilha)”, afirmou o delegado. Eles também deverão ser indiciados no artigo 32 da lei federal, que pune os maus tratos praticados contra os animais com penas de três meses a um ano de detenção. As demais pessoas flagradas no local deverão responder apenas pelos maus tratos, já que a platéia costuma incentivar os galos a se enfrentarem, de modo a tornar o combate mais violento. De acordo com a PF, cada briga movimentava cerca de R$ 50 mil em apostas. Na quinta-feira, havia dois carros novos da marca Gol que seriam dados aos donos de galos campeões. O vereador Babu reconheceu que é um aficcionado das brigas de galo. “Tenho uma criação de galos de raça e freqüento as rinhas”, disse ele, reeleito neste ano para mais um mandato na Câmara do Rio.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/nacional/134672.html
os cerca de 20 sócios do empreendimento poderão ser enquadrados por formação de quadrilha
O publicitário Duda Mendonça foi preso em flagrante na quinta-feira à noite no Rio pela Polícia Federal quando participava de um evento em que eram disputadas brigas de galo. Chefe da operação policial, o delegado Antônio Carlos Rayol disse que o publicitário admitiu ser sócio da rinha (local onde se realizam as brigas de galo), instalada em um sítio no Recreio dos Bandeirantes, na zona Oeste. À reportagem, Duda não afirmou ser sócio. “Eu não vou falar mais nada. Bota o que você quiser”, disse ele ao repórter quando questionado se tem sociedade ou participou da organização do empreendimento. Antes de interromper a entrevista, o publicitário reconheceu que estava acompanhando as brigas de galo. "Não tenho medo de nada. Não estou fazendo nada de errado. O Brasil inteiro sabe que meu hobby é esse”, disse. A equipe da PF (32 policiais) chegou ao sítio no início da noite. Havia, segundo Rayol, cerca de 200 pessoas no local, entre elas o publicitário e o vereador Jorge Babu (PT-RJ).
Cada freqüentador pagou R$ 50 para entrar. “Os dois disseram ser sócios no negócio”, afirmou o delegado, titular da Delegacia de Meio Ambiente da superintendência, acrescentando que ficou surpreso com a presença do publicitário no evento. O sítio Privê, onde as disputas ocorriam, fica em um local ermo do Recreio dos Bandeirantes. O acesso é por estradas de terra enlameadas. A estrutura do sítio para as brigas de galo surpreendeu os policiais. Há na propriedade um arena grade, duas menores, viveiros com cerca de cem aves e até uma enfermaria para tratar os animais feridos nos confrontos. Dentro do sítio, funcionava uma espécie de clube social, com churrasqueira e áreas de lazer.
A PF batizou a ação de Operação Rudis, em referência a uma espada que os gladiadores da Roma Antiga eram presenteados quando sobreviviam nas lutas realizadas em arenas. O delegado disse que chegou ao sítio após denúncias apresentadas à PF por entidades de defesa dos animais. Até o início da madrugada o delegado promoveu uma triagem entre as pessoas flagradas no sítio. De acordo com Rayol, os cerca de 20 sócios do empreendimento poderão ser enquadrados por formação de quadrilha, com pena, segundo ele, de até seis anos de prisão em caso de condenação. A quadrilha teria se formado com o objetivo de promover atos de crueldade contra os animais, crime previsto na Lei de Crimes Ambientais.
“Isso é uma coisa que ainda estamos avaliando (indiciamento por formação de quadrilha)”, afirmou o delegado. Eles também deverão ser indiciados no artigo 32 da lei federal, que pune os maus tratos praticados contra os animais com penas de três meses a um ano de detenção. As demais pessoas flagradas no local deverão responder apenas pelos maus tratos, já que a platéia costuma incentivar os galos a se enfrentarem, de modo a tornar o combate mais violento. De acordo com a PF, cada briga movimentava cerca de R$ 50 mil em apostas. Na quinta-feira, havia dois carros novos da marca Gol que seriam dados aos donos de galos campeões. O vereador Babu reconheceu que é um aficcionado das brigas de galo. “Tenho uma criação de galos de raça e freqüento as rinhas”, disse ele, reeleito neste ano para mais um mandato na Câmara do Rio.
quinta-feira, outubro 21, 2004
A TEORIA DO 11
O 11 passou a ser um número inquietante. Podem pensar que é uma casualidade forçada ou simplesmente uma tolice, mas o que está claro é que há coisas interessantes.
Senão vejam...
1) New York City tem 11 letras.
2) Afeganistão tem 11 letras.
3) "The Pentagon" tem 11 letras.
4) Ramsin Yuseb (Terrorista que atentou contra as torres gêmeas em 1993) tem 11 letras.
5) George W. Bush tem 11 letras.
Até aqui, meras coincidências ou casualidades forçadas.
Agora começa o interessante.....
1) Nova Iorque é o estado Nº 11 dos EUA.
2) O primeiro dos vôos que bateu contra as Torres Gêmeas era o Nº11.
3) O voo Nº11 levava a bordo 92 passageiros, que somando as cifras dá: 9+2=11.
4) O vôo Nº77, que também embateu contra as Torres, levava a bordo 65 passageiros, que somando dá: 6+5=11.
5) A tragédia teve lugar a 11 de Setembro, ou seja, 11 do 9, que somado dá:1+1+9=11.
6) A data coincide com o número de emergência norte americano o 911. Que somado dá: 9+1+1=11.
E agora o inquietante.....
1) As vítimas totais que faleceram nos aviões são 254: 2+5+4=11.
2) O dia 11 de Setembro, é o dia número 254 do ano: 2+5+4=11.
3) A partir do 11 de setembro sobram 111 dias até o fim de um ano.
4) O famoso Nostradamus (11 letras) profetiza a destruição de Nova Iorque na Centúria número 11 dos seus versos... Mas o mais chocante de tudo é que se pensarmos nas torres gémeas, damo-nos conta que tinham a forma de um gigantesco número 11. E como se não bastasse, o atentado de Madrid aconteceu no dia 11.03.2004, que somado dá: 1+1+3+2+4=11!!
Senão vejam...
1) New York City tem 11 letras.
2) Afeganistão tem 11 letras.
3) "The Pentagon" tem 11 letras.
4) Ramsin Yuseb (Terrorista que atentou contra as torres gêmeas em 1993) tem 11 letras.
5) George W. Bush tem 11 letras.
Até aqui, meras coincidências ou casualidades forçadas.
Agora começa o interessante.....
1) Nova Iorque é o estado Nº 11 dos EUA.
2) O primeiro dos vôos que bateu contra as Torres Gêmeas era o Nº11.
3) O voo Nº11 levava a bordo 92 passageiros, que somando as cifras dá: 9+2=11.
4) O vôo Nº77, que também embateu contra as Torres, levava a bordo 65 passageiros, que somando dá: 6+5=11.
5) A tragédia teve lugar a 11 de Setembro, ou seja, 11 do 9, que somado dá:1+1+9=11.
6) A data coincide com o número de emergência norte americano o 911. Que somado dá: 9+1+1=11.
E agora o inquietante.....
1) As vítimas totais que faleceram nos aviões são 254: 2+5+4=11.
2) O dia 11 de Setembro, é o dia número 254 do ano: 2+5+4=11.
3) A partir do 11 de setembro sobram 111 dias até o fim de um ano.
4) O famoso Nostradamus (11 letras) profetiza a destruição de Nova Iorque na Centúria número 11 dos seus versos... Mas o mais chocante de tudo é que se pensarmos nas torres gémeas, damo-nos conta que tinham a forma de um gigantesco número 11. E como se não bastasse, o atentado de Madrid aconteceu no dia 11.03.2004, que somado dá: 1+1+3+2+4=11!!
somos tao humanos quanto o baiacu verde
Isto ajuda a entender o comportamento do molusculo acefalo que se instalou em Brasilia.
Receita de ser humano é mais econômica
http://oglobo.globo.com/jornal/Ciencia/146403934.asp
O ser humano e o baiacu verde do Japão têm pontos em comum insuspeitos à primeira vista. A mais nova, e talvez última, análise do consórcio internacional que decifrou o código genético da Humanidade — o Projeto Genoma Humano — reduziu ainda mais o número de genes de nossa espécie. Os cientistas obtiveram a confirmação da existência de 20 mil genes e têm indícios de que há, no máximo, mais outros cinco mil. É o mesmo número de genes estimado para o baiacu verde, cujo genoma também foi apresentado ontem.
Ambos os trabalhos estão na edição desta semana da revista britânica “Nature”. A recontagem do número de genes — fruto de uma análise computacional muito mais refinada do que as anteriores — não reduz a riqueza da receita do ser humano. Mostra, na verdade, que ele é muito mais complexo do que o esperado. Os genes humanos combinam-se entre si numa taxa maior do que a cogitada e, por isso, o ser humano tem um número de proteínas muito maior do que, por exemplo, o baiacu verde do Japão. E, se genes são a receita, as proteínas são os constituintes básicos de todos os seres vivos.
O diretor do consórcio, o americano Francis Collins, diretor do Instituto Nacional do Genoma Humano dos EUA, disse que a receita pode ser mais econômica, mas seus frutos são mais complexos.
Um mesmo gene pode ter 20 funções diferentes dependendo das ligações que estabelece com outros genes. Essa complexidade explica as óbvias diferenças entre o ser humano, o baiacu e mesmo nosso parente mais próximo, o chimpanzé.
O cérebro humano demonstra claramente a complexidade do genoma. Ele é totalmente dependente da capacidade dos genes de influenciarem uns aos outros, pois metade de todos os genes humanos está ativa no cérebro.
Quando o Projeto Genoma Humano começou, acreditava-se que o homem tinha cerca de cem mil genes. A primeira versão do código genético obtida pela ciência, em 2001, mostrou que o número seria muito menor, entre 30 mil e 40 mil. Agora, quando os dados foram passados a limpo pelos geneticistas, chegou-se a não mais que 25 mil genes.
A descoberta tem importantes implicações para pesquisas médicas e sobre a evolução e a inteligência humana.
Mas, de qualquer forma, geneticistas admitem que se trata de um golpe contra a vaidade humana. Temos menos genes do que uma planta da família da mostarda muito usada em pesquisas genética: a Arabidopsis alcança a marca de 27 mil genes. A cana-de-açúcar e o arroz podem chegar a 40 mil genes. Pior, um verme microscópico chamado C. elegans tem 19.500 genes, quase o mesmo número do homem.
— Não é o número de genes que importa. É como a natureza os usa. É bom nos acostumarmos com a idéia de que temos mais ou menos o mesmo número de genes que um verme. — disse Eric Lander, um dos principais cientistas envolvidos no projeto.
Receita de ser humano é mais econômica
http://oglobo.globo.com/jornal/Ciencia/146403934.asp
O ser humano e o baiacu verde do Japão têm pontos em comum insuspeitos à primeira vista. A mais nova, e talvez última, análise do consórcio internacional que decifrou o código genético da Humanidade — o Projeto Genoma Humano — reduziu ainda mais o número de genes de nossa espécie. Os cientistas obtiveram a confirmação da existência de 20 mil genes e têm indícios de que há, no máximo, mais outros cinco mil. É o mesmo número de genes estimado para o baiacu verde, cujo genoma também foi apresentado ontem.
Ambos os trabalhos estão na edição desta semana da revista britânica “Nature”. A recontagem do número de genes — fruto de uma análise computacional muito mais refinada do que as anteriores — não reduz a riqueza da receita do ser humano. Mostra, na verdade, que ele é muito mais complexo do que o esperado. Os genes humanos combinam-se entre si numa taxa maior do que a cogitada e, por isso, o ser humano tem um número de proteínas muito maior do que, por exemplo, o baiacu verde do Japão. E, se genes são a receita, as proteínas são os constituintes básicos de todos os seres vivos.
O diretor do consórcio, o americano Francis Collins, diretor do Instituto Nacional do Genoma Humano dos EUA, disse que a receita pode ser mais econômica, mas seus frutos são mais complexos.
Um mesmo gene pode ter 20 funções diferentes dependendo das ligações que estabelece com outros genes. Essa complexidade explica as óbvias diferenças entre o ser humano, o baiacu e mesmo nosso parente mais próximo, o chimpanzé.
O cérebro humano demonstra claramente a complexidade do genoma. Ele é totalmente dependente da capacidade dos genes de influenciarem uns aos outros, pois metade de todos os genes humanos está ativa no cérebro.
Quando o Projeto Genoma Humano começou, acreditava-se que o homem tinha cerca de cem mil genes. A primeira versão do código genético obtida pela ciência, em 2001, mostrou que o número seria muito menor, entre 30 mil e 40 mil. Agora, quando os dados foram passados a limpo pelos geneticistas, chegou-se a não mais que 25 mil genes.
A descoberta tem importantes implicações para pesquisas médicas e sobre a evolução e a inteligência humana.
Mas, de qualquer forma, geneticistas admitem que se trata de um golpe contra a vaidade humana. Temos menos genes do que uma planta da família da mostarda muito usada em pesquisas genética: a Arabidopsis alcança a marca de 27 mil genes. A cana-de-açúcar e o arroz podem chegar a 40 mil genes. Pior, um verme microscópico chamado C. elegans tem 19.500 genes, quase o mesmo número do homem.
— Não é o número de genes que importa. É como a natureza os usa. É bom nos acostumarmos com a idéia de que temos mais ou menos o mesmo número de genes que um verme. — disse Eric Lander, um dos principais cientistas envolvidos no projeto.
quarta-feira, outubro 20, 2004
Investimento público é o menor desde 84
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/134389.html
Os investimentos públicos no primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva encolheram a um ponto que não era visto desde o último ano do regime militar. Os números, levados ao debate nesta terça-feira no Senado sobre as Parcerias Público-Privadas _principal alternativa apresentada pelo governo para enfrentar a falta de dinheiro público para investimentos_, foram produzidos pelo Tesouro Nacional, órgão do Ministério da Fazenda.
A série sobre investimentos do Tesouro atualiza os gastos do governo federal desde 1980, ano de criação do PT, quando Lula ainda era líder sindical dos metalúrgicos no ABC paulista. Não são considerados os gastos das estatais. O Tesouro atualiza os valores pelo IGP-DI (índice de inflação que capta com mais rapidez variação de preços atrelados ao dólar).
O resultado do levantamento mostra, no ano passado, o menor gasto com investimentos públicos desde 1984. Foram R$ 6,9 bilhões no primeiro ano de Lula, contra R$ 6,1 bilhões no último ano completo de mandato do general João Figueiredo.
A série mostra que os melhores anos em investimentos públicos foram 1987, em pleno governo Sarney _R$ 21,7 bilhões em valores já atualizados_, e 2001, ano do "apagão" de energia elétrica, durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando os investimentos alcançaram R$ 20,9 bilhões. Pelos números, FHC investiu em média R$ 15,2 bilhões por ano, mais que o dobro do primeiro ano de mandato de Lula. (...)
Os investimentos públicos no primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva encolheram a um ponto que não era visto desde o último ano do regime militar. Os números, levados ao debate nesta terça-feira no Senado sobre as Parcerias Público-Privadas _principal alternativa apresentada pelo governo para enfrentar a falta de dinheiro público para investimentos_, foram produzidos pelo Tesouro Nacional, órgão do Ministério da Fazenda.
A série sobre investimentos do Tesouro atualiza os gastos do governo federal desde 1980, ano de criação do PT, quando Lula ainda era líder sindical dos metalúrgicos no ABC paulista. Não são considerados os gastos das estatais. O Tesouro atualiza os valores pelo IGP-DI (índice de inflação que capta com mais rapidez variação de preços atrelados ao dólar).
O resultado do levantamento mostra, no ano passado, o menor gasto com investimentos públicos desde 1984. Foram R$ 6,9 bilhões no primeiro ano de Lula, contra R$ 6,1 bilhões no último ano completo de mandato do general João Figueiredo.
A série mostra que os melhores anos em investimentos públicos foram 1987, em pleno governo Sarney _R$ 21,7 bilhões em valores já atualizados_, e 2001, ano do "apagão" de energia elétrica, durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando os investimentos alcançaram R$ 20,9 bilhões. Pelos números, FHC investiu em média R$ 15,2 bilhões por ano, mais que o dobro do primeiro ano de mandato de Lula. (...)
uma espécie de pré-datado com PhD em Princeton
Na mágica de Palocci, ele come o coelho
ELIO GASPARI
A assessoria do senador Tasso Jereissati produziu um documento de seis páginas no qual pode-se encontrar um sério desafio às empulhações da ekipekonômica: o superávit primário de 4,37% do PIB (R$ 39 bilhões)obtido no ano passado foi produto de dois truques contábeis. O propalado aumento da meta de 3,75% do PIB para 4,25%, coisa de R$ 8 bilhões, simplesmente não aconteceu. Quando muito, em termos de abatimento da dívida pública, ele chegou a R$ 1 bilhão.
A primeira mágica é velha. Trata-se de não pagar as contas de um ano, jogando-as para o exercício seguinte. Uma espécie de pré-datado com PhD de Princeton. Em 2002, último ano da ruína tucana, os restos a pagar (inexoráveis, adjetivados como "processados") ficaram em R$ 3,6 bilhões. Em 2003, a ekipe companheira subiu esse valor para R$ 8 bilhões. A diferença de R$ 4,4 bilhões equivale a 0,3% do PIB. Quando o doutor Antonio Palocci anunciou, em setembro, que aumentaria o esforço do superávit fiscal de 2003em 0,5%, levando-o para 4,25% do PIB, esqueceu-se de contar que mais da metade desse esforço seria gasta na compra de um coelho novo para suas mágicas. O bicho deverá se chamar "aumento da dívida líquida do setor público". Pode-se dizer que a ekipekonômica fazia essa mágica ao tempo de FFHH, mas, enquanto os tucanos usaram uma só lebre (0,11% do PIB em 2001), os companheiros tiraram três gatos da cartola (0,3% em 2003).
O segundo truque consistiu em não gastar receitas constitucionalmente vinculadas, quase sempre a atividades sociais. Por exemplo: tungam-se R$ 200 milhões da saúde. Como o ervanário não pode ser gasto em outra coisa, ele vai para uma conta onde rende uns R$ 30 milhões de juros ao ano. O dinheiro fica congelado, até que o usem para a finalidade constitucional a que se destinava. Ou seja, não serve para o abatimento da dívida, objetivo essencial de toda a lenda do superávit primário. Em 2003, a ekipekonômica congelou 17% das receitas vinculadas. Neste ano, congelará 24%.
O enxugamento de R$ 8 bilhões adicionais conseguido pelos çábios foi lorota. R$ 2,6 bilhões vieram da estocagem de receitas vinculadas. Outros R$ 4,4 bilhões vieram do inchaço dos restos a pagar. Ou seja, descontados os coelhos, gatos e lebres, o superávit adicional foi de R$ 1 bilhão.
Se a moçada do doutor Palocci fez o FMI de bobo e a banca de trouxa, tudo bem. (Ou o FMI e a banca, fingindo-se de bobos, fazem de trouxas os nativos, como aconteceu com a patuléia argentina em 2001.) São truques que servirão, quando muito, para estarrecer as visitações do Fundo. Todos os números do estudo dos assessores de Jereissati foram obtidos nas páginas do Tesouro Nacional na internet. A nota ficou pronta no final de setembro e circulou com relativa timidez. Há uns dez dias, o comissário Joaquim Levy, da Secretaria do Tesouro, soube do papel. No seu mais absoluto direito, encomendou uma réplica. Por enquanto, ela está na rubrica "contestações a pagar". Outra cópia teria chegado ao ministro do Planejamento, Guido Mantega.
O mundo das estatísticas oficiais é tão maledicente que corre um boato em Brasília: um çábio teria determinado a abertura de sindicância para apurar como esse papel foi produzido. É o modo petista de acertar contas.
ELIO GASPARI
A assessoria do senador Tasso Jereissati produziu um documento de seis páginas no qual pode-se encontrar um sério desafio às empulhações da ekipekonômica: o superávit primário de 4,37% do PIB (R$ 39 bilhões)obtido no ano passado foi produto de dois truques contábeis. O propalado aumento da meta de 3,75% do PIB para 4,25%, coisa de R$ 8 bilhões, simplesmente não aconteceu. Quando muito, em termos de abatimento da dívida pública, ele chegou a R$ 1 bilhão.
A primeira mágica é velha. Trata-se de não pagar as contas de um ano, jogando-as para o exercício seguinte. Uma espécie de pré-datado com PhD de Princeton. Em 2002, último ano da ruína tucana, os restos a pagar (inexoráveis, adjetivados como "processados") ficaram em R$ 3,6 bilhões. Em 2003, a ekipe companheira subiu esse valor para R$ 8 bilhões. A diferença de R$ 4,4 bilhões equivale a 0,3% do PIB. Quando o doutor Antonio Palocci anunciou, em setembro, que aumentaria o esforço do superávit fiscal de 2003em 0,5%, levando-o para 4,25% do PIB, esqueceu-se de contar que mais da metade desse esforço seria gasta na compra de um coelho novo para suas mágicas. O bicho deverá se chamar "aumento da dívida líquida do setor público". Pode-se dizer que a ekipekonômica fazia essa mágica ao tempo de FFHH, mas, enquanto os tucanos usaram uma só lebre (0,11% do PIB em 2001), os companheiros tiraram três gatos da cartola (0,3% em 2003).
O segundo truque consistiu em não gastar receitas constitucionalmente vinculadas, quase sempre a atividades sociais. Por exemplo: tungam-se R$ 200 milhões da saúde. Como o ervanário não pode ser gasto em outra coisa, ele vai para uma conta onde rende uns R$ 30 milhões de juros ao ano. O dinheiro fica congelado, até que o usem para a finalidade constitucional a que se destinava. Ou seja, não serve para o abatimento da dívida, objetivo essencial de toda a lenda do superávit primário. Em 2003, a ekipekonômica congelou 17% das receitas vinculadas. Neste ano, congelará 24%.
O enxugamento de R$ 8 bilhões adicionais conseguido pelos çábios foi lorota. R$ 2,6 bilhões vieram da estocagem de receitas vinculadas. Outros R$ 4,4 bilhões vieram do inchaço dos restos a pagar. Ou seja, descontados os coelhos, gatos e lebres, o superávit adicional foi de R$ 1 bilhão.
Se a moçada do doutor Palocci fez o FMI de bobo e a banca de trouxa, tudo bem. (Ou o FMI e a banca, fingindo-se de bobos, fazem de trouxas os nativos, como aconteceu com a patuléia argentina em 2001.) São truques que servirão, quando muito, para estarrecer as visitações do Fundo. Todos os números do estudo dos assessores de Jereissati foram obtidos nas páginas do Tesouro Nacional na internet. A nota ficou pronta no final de setembro e circulou com relativa timidez. Há uns dez dias, o comissário Joaquim Levy, da Secretaria do Tesouro, soube do papel. No seu mais absoluto direito, encomendou uma réplica. Por enquanto, ela está na rubrica "contestações a pagar". Outra cópia teria chegado ao ministro do Planejamento, Guido Mantega.
O mundo das estatísticas oficiais é tão maledicente que corre um boato em Brasília: um çábio teria determinado a abertura de sindicância para apurar como esse papel foi produzido. É o modo petista de acertar contas.
59° lugar no ranking
Brasil fracassa em reduzir corrupção, diz estudo de ONG
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/nacional/134391.html
O nível de corrupção no Brasil não melhorou no último ano, de acordo com o Índice de Percepção de Corrupção de 2004, divulgado nesta quarta-feira, em Londres, pela Transparência Internacional. O documento da organização não-governamental afirma que o Brasil permanece com o índice registrado no ano passado: 3,9 em uma escala de 0 a 10 (em que 10 corresponde ao menor grau de corrupção).
Segundo a diretora regional das Américas da Transparência Internacional, Silke Pfeiffer, o nível igual a 3 ou menor indica "corrupção endêmica, em que o sistema já não dispõe mais de mecanismos para lidar com a corrupção". Este é o caso de 50% dos países da América Latina. Todos os outros, com exceção do Chile e do Uruguai, têm índices menores do que 5.
Este é o caso, aliás, de 106 dos 146 países que foram incluídos na pesquisa deste ano. "Isso nos indica que o nível global de percepção de corrupção não melhorou substancialmente nos últimos anos, coisa que nos preocupa", diz Pfeiffer.
Na opinião da analista, os países da América Latina concentram índices baixos por terem passado por processos de democratização recentes e instáveis, que foram interrompidos por crises políticas e econômicas.
"Isso é um problema dos sistemas democráticos, que contam com muitos atores. Em primeiro lugar, vêm os governos, mas também existem outros atores, como o setor privado, a mídia e a sociedade civil, que nesses países ainda não assumiram suas responsabilidades", afirma.
O relatório deste ano apontou a corrupção nos projetos públicos de grande porte como um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento sustentável ao diminuir os investimentos em setores públicos básicos como educação, saúde e redução da pobreza.
Segundo Pfeiffer, 60% dos gastos públicos são aplicados em contratações públicas e em contratações do Estado no setor privado.
"Se sabemos que existe um custo 30% maior nas contratações do Estado por causa da corrupção e do suborno, nos damos conta da quantidade de dinheiro que se perde com isso", afirma.
Por isso, a Transparência Internacional tem recomendado nos últimos anos --e neste ano também-- que os países introduzam níveis maiores de transparência no sistema de contratações, reduzam as exceções, ou seja, as contratações diretas, e criem cláusulas anti-suborno. "As sanções são muito importantes para gerar desincentivos. Se não existem sanções para os que não cumprem as regras, não existe muito incentivo para que se cumpram as regras", diz Pfeiffer, que cita como exemplos de sanções a interrupção de contratos e a inclusão de agentes corruptos em listas negras.
O Índice de Percepção de Corrupção reflete as impressões de empresários e analistas de cada país avaliado, tanto residentes quanto não-residentes. O relatório deste ano foi baseado em 18 pesquisas fornecidas à Transparência Internacional entre 2002 e 2004, conduzidas por 12 instituições independentes.
A Finlândia, a Nova Zelândia, a Dinamarca, a Islândia e Cingapura são os primeiros cinco colocados do ranking, com índices entre 9,3 e 9,7. O primeiro país latino-americano a figurar na lista é o Chile, em 20° lugar, logo depois dos Estados Unidos.
O Brasil aparece na 59¦ posição, apesar de ter ocupado o 53° lugar no ano passado. Porém, não é possível fazer comparações entre as duas colocações, já que alguns países que figuravam na lista do ano passado não estão na deste ano e outros foram incluídos. Melhor do que prestar atenção no ranking, segundo Pfeiffer, "é olhar a pontuação, que é 3,9, e não há muito o que se dizer para saber que esta não é uma boa pontuação".
Para Pfeiffer, o Brasil tem um longo caminho de combate à corrupção pela frente e ela espera que o país tome as medidas corretas para ter um índice melhor no ano que vem.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que diz ter o combate à corrupção como uma de suas prioridades, instalou na terça-feira o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/nacional/134391.html
O nível de corrupção no Brasil não melhorou no último ano, de acordo com o Índice de Percepção de Corrupção de 2004, divulgado nesta quarta-feira, em Londres, pela Transparência Internacional. O documento da organização não-governamental afirma que o Brasil permanece com o índice registrado no ano passado: 3,9 em uma escala de 0 a 10 (em que 10 corresponde ao menor grau de corrupção).
Segundo a diretora regional das Américas da Transparência Internacional, Silke Pfeiffer, o nível igual a 3 ou menor indica "corrupção endêmica, em que o sistema já não dispõe mais de mecanismos para lidar com a corrupção". Este é o caso de 50% dos países da América Latina. Todos os outros, com exceção do Chile e do Uruguai, têm índices menores do que 5.
Este é o caso, aliás, de 106 dos 146 países que foram incluídos na pesquisa deste ano. "Isso nos indica que o nível global de percepção de corrupção não melhorou substancialmente nos últimos anos, coisa que nos preocupa", diz Pfeiffer.
Na opinião da analista, os países da América Latina concentram índices baixos por terem passado por processos de democratização recentes e instáveis, que foram interrompidos por crises políticas e econômicas.
"Isso é um problema dos sistemas democráticos, que contam com muitos atores. Em primeiro lugar, vêm os governos, mas também existem outros atores, como o setor privado, a mídia e a sociedade civil, que nesses países ainda não assumiram suas responsabilidades", afirma.
O relatório deste ano apontou a corrupção nos projetos públicos de grande porte como um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento sustentável ao diminuir os investimentos em setores públicos básicos como educação, saúde e redução da pobreza.
Segundo Pfeiffer, 60% dos gastos públicos são aplicados em contratações públicas e em contratações do Estado no setor privado.
"Se sabemos que existe um custo 30% maior nas contratações do Estado por causa da corrupção e do suborno, nos damos conta da quantidade de dinheiro que se perde com isso", afirma.
Por isso, a Transparência Internacional tem recomendado nos últimos anos --e neste ano também-- que os países introduzam níveis maiores de transparência no sistema de contratações, reduzam as exceções, ou seja, as contratações diretas, e criem cláusulas anti-suborno. "As sanções são muito importantes para gerar desincentivos. Se não existem sanções para os que não cumprem as regras, não existe muito incentivo para que se cumpram as regras", diz Pfeiffer, que cita como exemplos de sanções a interrupção de contratos e a inclusão de agentes corruptos em listas negras.
O Índice de Percepção de Corrupção reflete as impressões de empresários e analistas de cada país avaliado, tanto residentes quanto não-residentes. O relatório deste ano foi baseado em 18 pesquisas fornecidas à Transparência Internacional entre 2002 e 2004, conduzidas por 12 instituições independentes.
A Finlândia, a Nova Zelândia, a Dinamarca, a Islândia e Cingapura são os primeiros cinco colocados do ranking, com índices entre 9,3 e 9,7. O primeiro país latino-americano a figurar na lista é o Chile, em 20° lugar, logo depois dos Estados Unidos.
O Brasil aparece na 59¦ posição, apesar de ter ocupado o 53° lugar no ano passado. Porém, não é possível fazer comparações entre as duas colocações, já que alguns países que figuravam na lista do ano passado não estão na deste ano e outros foram incluídos. Melhor do que prestar atenção no ranking, segundo Pfeiffer, "é olhar a pontuação, que é 3,9, e não há muito o que se dizer para saber que esta não é uma boa pontuação".
Para Pfeiffer, o Brasil tem um longo caminho de combate à corrupção pela frente e ela espera que o país tome as medidas corretas para ter um índice melhor no ano que vem.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que diz ter o combate à corrupção como uma de suas prioridades, instalou na terça-feira o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção.
terça-feira, outubro 19, 2004
(alto) cinismo cordial e (baixo) desenvolvimento socio-economico
CINISMO ZERO
EDUARDO VIOLA
professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB
HÉCTOR LEIS
professor do Departamento de Sociologia e Política da UFSC
O Globo
19 de outubro de 2004
As configurações políticas dos países emergentes estendem-se num arco, que recobre dois tipos ideais de cultura: a democracia liberal e o populismo corporativo. As sociedades mais próximas da cultura democrático-liberal, como Chile, Espanha e Coréia do Sul, estão em rota de prosperidade econômica. Nelas, existe confiança entre os indivíduos que é causa e conseqüência da confiança nas instituições e sua estabilidade. Dentro do populismo corporativo, são os grupos — que não se submetem às instituições — os pilares da ordem social. A confiança é baixa, restringindo o potencial de prosperidade econômica. A América Latina está cheia de exemplos e, entre os mais conspícuos, Brasil, México e Argentina.
Nosso país é um caso sui generis desta cultura: o cinismo cordial. Na filosofia o cinismo pode constituir atitude autêntica de negação de valores e consensos estabelecidos. Na política, ele é a ocultação intencional da verdade dos fatos e dos valores que orientam realmente a ação dos sujeitos. Há na política de democracias avançadas uma aproximação responsável da verdade, que supõe não esconder as diferenças nem os conflitos inerentes a elas.
No caso brasileiro, o cinismo cordial impede essa aproximação, talvez por medo do conflito — em geral, não se diz “não” em público; ou se diz um “sim” difuso ou um “talvez”, que quase sempre querem dizer “não”; apenas um “sim” enfático pode ser “sim”. Assim, o cinismo cordial traz uma racionalidade à política, quando esta carece de racionalidade própria assentada no funcionamento de instituições confiáveis; em compensação, gera irresponsabilidade.
Sérgio Buarque de Holanda já dizia que a “cordialidade” do brasileiro implica emotividade e também superficialidade, indisciplina e falta de sinceridade. No caso do cinismo cordial, os males do grupalismo são ainda mitigados pelo caráter aberto da relação, ainda que esta não seja claramente individualista.
Aumenta-se, nessa cultura, a confiança entre grupos, mas mantém-se a desconfiança interindividual, que impede uma construção institucional plenamente funcional para a economia de mercado moderna.
Com alta confiança nas instituições, não é difícil estabelecer consensos duradouros.
Na cultura cínica cordial brasileira, existem enormes dificuldades; existe pragmatismo, embora pouco realista, com baixo compromisso com a avaliação objetiva de resultados; o pragmatismo é difuso, baseado em acordos de interesses entre grupos que deixam de fora os indivíduos enquanto tais.
O lugar do indivíduo nessa cultura é problemático. Quem fala sem qualquer identidade grupal tem muita dificuldade para ser escutado e entendido, embora tenha havido exceções notáveis, como Roberto Campos e Paulo Francis. As dificuldades não provêm do discurso, mas da falta de referência a um grupo que é a chave para a decodificação do discurso.
Em sua ausência, gera-se incompreensão e um ressentimento contra quem fala.
O “você sabe com quem esta falando?” de Roberto Da Matta passa a ser “você sabe a que grupo pertenço?”. Se a nenhum, o sujeito está desqualificado para falar.
O cinismo cordial é modelo de comunicação dominante na sociedade brasileira — em graus diferentes entre políticos, empresários e cientistas. É evidente no campo das ideologias políticas.
Na esquerda, expressa-se como consciência iluminada falsa: existe um entendimento de que os ideais coletivistas fracassaram, o que não pode ser explicitado por ameaçar sua identidade. Na direita, o cinismo cordial se expressa como consciência travestida, apresentando-se mais à esquerda do que é, rendendo tributo à cultura pós-regime militar.
O cinismo cordial serviu para cimentar uma realidade política e social, tendo sido funcional à transição democrática. Mas é evidente que hoje gera desconfiança e é obstáculo para o aprofundamento da modernização e da democratização. Assim como a tolerância, o cinismo também tem limite. Talvez estejamos chegando hoje ao limite, faltando apenas reconhecê-lo.
EDUARDO VIOLA
professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB
HÉCTOR LEIS
professor do Departamento de Sociologia e Política da UFSC
O Globo
19 de outubro de 2004
As configurações políticas dos países emergentes estendem-se num arco, que recobre dois tipos ideais de cultura: a democracia liberal e o populismo corporativo. As sociedades mais próximas da cultura democrático-liberal, como Chile, Espanha e Coréia do Sul, estão em rota de prosperidade econômica. Nelas, existe confiança entre os indivíduos que é causa e conseqüência da confiança nas instituições e sua estabilidade. Dentro do populismo corporativo, são os grupos — que não se submetem às instituições — os pilares da ordem social. A confiança é baixa, restringindo o potencial de prosperidade econômica. A América Latina está cheia de exemplos e, entre os mais conspícuos, Brasil, México e Argentina.
Nosso país é um caso sui generis desta cultura: o cinismo cordial. Na filosofia o cinismo pode constituir atitude autêntica de negação de valores e consensos estabelecidos. Na política, ele é a ocultação intencional da verdade dos fatos e dos valores que orientam realmente a ação dos sujeitos. Há na política de democracias avançadas uma aproximação responsável da verdade, que supõe não esconder as diferenças nem os conflitos inerentes a elas.
No caso brasileiro, o cinismo cordial impede essa aproximação, talvez por medo do conflito — em geral, não se diz “não” em público; ou se diz um “sim” difuso ou um “talvez”, que quase sempre querem dizer “não”; apenas um “sim” enfático pode ser “sim”. Assim, o cinismo cordial traz uma racionalidade à política, quando esta carece de racionalidade própria assentada no funcionamento de instituições confiáveis; em compensação, gera irresponsabilidade.
Sérgio Buarque de Holanda já dizia que a “cordialidade” do brasileiro implica emotividade e também superficialidade, indisciplina e falta de sinceridade. No caso do cinismo cordial, os males do grupalismo são ainda mitigados pelo caráter aberto da relação, ainda que esta não seja claramente individualista.
Aumenta-se, nessa cultura, a confiança entre grupos, mas mantém-se a desconfiança interindividual, que impede uma construção institucional plenamente funcional para a economia de mercado moderna.
Com alta confiança nas instituições, não é difícil estabelecer consensos duradouros.
Na cultura cínica cordial brasileira, existem enormes dificuldades; existe pragmatismo, embora pouco realista, com baixo compromisso com a avaliação objetiva de resultados; o pragmatismo é difuso, baseado em acordos de interesses entre grupos que deixam de fora os indivíduos enquanto tais.
O lugar do indivíduo nessa cultura é problemático. Quem fala sem qualquer identidade grupal tem muita dificuldade para ser escutado e entendido, embora tenha havido exceções notáveis, como Roberto Campos e Paulo Francis. As dificuldades não provêm do discurso, mas da falta de referência a um grupo que é a chave para a decodificação do discurso.
Em sua ausência, gera-se incompreensão e um ressentimento contra quem fala.
O “você sabe com quem esta falando?” de Roberto Da Matta passa a ser “você sabe a que grupo pertenço?”. Se a nenhum, o sujeito está desqualificado para falar.
O cinismo cordial é modelo de comunicação dominante na sociedade brasileira — em graus diferentes entre políticos, empresários e cientistas. É evidente no campo das ideologias políticas.
Na esquerda, expressa-se como consciência iluminada falsa: existe um entendimento de que os ideais coletivistas fracassaram, o que não pode ser explicitado por ameaçar sua identidade. Na direita, o cinismo cordial se expressa como consciência travestida, apresentando-se mais à esquerda do que é, rendendo tributo à cultura pós-regime militar.
O cinismo cordial serviu para cimentar uma realidade política e social, tendo sido funcional à transição democrática. Mas é evidente que hoje gera desconfiança e é obstáculo para o aprofundamento da modernização e da democratização. Assim como a tolerância, o cinismo também tem limite. Talvez estejamos chegando hoje ao limite, faltando apenas reconhecê-lo.
domingo, outubro 17, 2004
o tabelionato chiou
Defender o mercado’ significa ‘tungar a choldra
Elio Gaspari
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/gaspari.asp
17/10/2004
Toda vez que um empresário ou burocrata diz que uma providência é necessária para preservar investimentos ou por motivos estratégicos, a patuléia pode ter certeza: lá vem facada.
Há dois grupos de preservadores por aí. O primeiro está no setor aéreo. Como até as pedras sabem, duas empresas estão com um pé na cova. A Varig e a Vasp devem cerca de R$ 8,5 bilhões. A TAM, se for deixada em paz, vive. Desde o final do governo FFHH tenta-se uma operação de resgate da Varig, levando-a para o ho$pital do BNDES.
A partir de 2001 começou a operar a Gol. Voa na hora, cobra barato, não pega dinheiro do governo e dá lucro (R$ 113 milhões em 2003). É considerada uma das empresas aéreas com melhor rentabilidade no mundo. Os aerotecas civis e militares tratam-na como um estorvo.
Num país capitalista, quebrariam as empresas quebradas e sobreviveriam as empresas lucrativas. Tenta-se fazer o contrário. Costura-se no eixo Ministério da Defesa-BNDES um plano de reorganização do setor aéreo, suspendendo por dois anos a vigência da legislação contra a formação de cartéis. Ou seja, para salvar empresas quebradas vai-se enfiar a Gol (se ela quiser) num panelão de privilégios essencialmente destinado a lesar a escumalha. Caso raro de colocação da maçã boa na barrica das podres.
O segundo grupo de conservacionistas está no setor de comunicações. Diante da intenção da Anatel de abrir a discussão para a entrada no Brasil de uma nova geração de celulares, o tabelionato chiou:
Francisco Padinha (Vivo) disse que a chegada ao Brasil da nova tecnologia “pode ser prejudicial ao desenvolvimento harmonioso do mercado”.
Luis Eduardo Falco (Oi): “É preciso que haja retorno sobre o capital investido”.
É provável que a nova geração de celulares seja uma solução em busca de um problema. Na Alemanha, virou mico. A argumentação dos doutores, contudo, é falsa como uma nota de três reais. Quem se harmoniza é acordeom. Mercado compete. Capital investido não é cachorro de estimação, que tem retorno prometido.
Quando se pensa que o governo está aí para vigiar esse olho gordo no bolso da choldra, dá-se que o repórter B. Piropo, numa palestra, condenou as restrições existentes à expansão do sistema de telefonia por meio da internet. Essa nova tecnologia assegura uma brutal redução tarifária. Ouviu o seguinte do representante da Anatel justificando a conduta da agência:
“Isso rouba mercado das operadoras e faz parte da missão da Anatel proteger os altos investimentos que elas fizeram no setor”.
Aos contribuintes, uma banana. Na hora de cobrar tarifas aéreas caras, trata-se de preservar objetivos estratégicos do desenvolvimento nacional. Na hora da patuléia pagar menos por ligações telefônicas fala-se em “roubar” mercado. A escumalha só pode entrar no filme no papel de roubada.
O encarregado de preservar investimentos de empresários é o Padre Eterno. Suas casas, espalhadas por todas as cidades do país, são de livre acesso, com bancadas para genuflexões e silêncio para preces. A grande exceção fica ao lado do Convento de Santo Antonio, no Rio. Lá funciona a Igreja de Nossa Mãe do BNDES, gerida pela Irmandade do Espírito Santo do Planalto.
Elio Gaspari
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/gaspari.asp
17/10/2004
Toda vez que um empresário ou burocrata diz que uma providência é necessária para preservar investimentos ou por motivos estratégicos, a patuléia pode ter certeza: lá vem facada.
Há dois grupos de preservadores por aí. O primeiro está no setor aéreo. Como até as pedras sabem, duas empresas estão com um pé na cova. A Varig e a Vasp devem cerca de R$ 8,5 bilhões. A TAM, se for deixada em paz, vive. Desde o final do governo FFHH tenta-se uma operação de resgate da Varig, levando-a para o ho$pital do BNDES.
A partir de 2001 começou a operar a Gol. Voa na hora, cobra barato, não pega dinheiro do governo e dá lucro (R$ 113 milhões em 2003). É considerada uma das empresas aéreas com melhor rentabilidade no mundo. Os aerotecas civis e militares tratam-na como um estorvo.
Num país capitalista, quebrariam as empresas quebradas e sobreviveriam as empresas lucrativas. Tenta-se fazer o contrário. Costura-se no eixo Ministério da Defesa-BNDES um plano de reorganização do setor aéreo, suspendendo por dois anos a vigência da legislação contra a formação de cartéis. Ou seja, para salvar empresas quebradas vai-se enfiar a Gol (se ela quiser) num panelão de privilégios essencialmente destinado a lesar a escumalha. Caso raro de colocação da maçã boa na barrica das podres.
O segundo grupo de conservacionistas está no setor de comunicações. Diante da intenção da Anatel de abrir a discussão para a entrada no Brasil de uma nova geração de celulares, o tabelionato chiou:
Francisco Padinha (Vivo) disse que a chegada ao Brasil da nova tecnologia “pode ser prejudicial ao desenvolvimento harmonioso do mercado”.
Luis Eduardo Falco (Oi): “É preciso que haja retorno sobre o capital investido”.
É provável que a nova geração de celulares seja uma solução em busca de um problema. Na Alemanha, virou mico. A argumentação dos doutores, contudo, é falsa como uma nota de três reais. Quem se harmoniza é acordeom. Mercado compete. Capital investido não é cachorro de estimação, que tem retorno prometido.
Quando se pensa que o governo está aí para vigiar esse olho gordo no bolso da choldra, dá-se que o repórter B. Piropo, numa palestra, condenou as restrições existentes à expansão do sistema de telefonia por meio da internet. Essa nova tecnologia assegura uma brutal redução tarifária. Ouviu o seguinte do representante da Anatel justificando a conduta da agência:
“Isso rouba mercado das operadoras e faz parte da missão da Anatel proteger os altos investimentos que elas fizeram no setor”.
Aos contribuintes, uma banana. Na hora de cobrar tarifas aéreas caras, trata-se de preservar objetivos estratégicos do desenvolvimento nacional. Na hora da patuléia pagar menos por ligações telefônicas fala-se em “roubar” mercado. A escumalha só pode entrar no filme no papel de roubada.
O encarregado de preservar investimentos de empresários é o Padre Eterno. Suas casas, espalhadas por todas as cidades do país, são de livre acesso, com bancadas para genuflexões e silêncio para preces. A grande exceção fica ao lado do Convento de Santo Antonio, no Rio. Lá funciona a Igreja de Nossa Mãe do BNDES, gerida pela Irmandade do Espírito Santo do Planalto.
sábado, outubro 16, 2004
É antipático recusar apoio
diz Genoino sobre a adesão de Maluf
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146346490.asp
" É antipático recusar apoio de candidato. Como vamos discriminar voto de eleitor?" Assim um constrangido José Genoino, presidente do PT, reagiu à formalização ontem do apoio de Paulo Maluf a Marta Suplicy no segundo turno da eleição paulistana. Genoino disse que não vê incoerência no fato de o PT, que passou 22 anos tratando Maluf como uma espécie de anticristo, aceitar ajuda do ex-prefeito, alvo de denúncias de corrupção, para tirar Marta da difícil situação eleitoral em que se encontra:
— Não negociamos com Maluf. No segundo turno, não é opção ideológica. Não estamos mudando nosso programa.
Ao saber que a cúpula malufista negocia com o PT municipal a inclusão no programa de Marta de propostas do ex-prefeito, como o fim de algumas taxas e a adoção de um programa de 32 obras, Genoino recuou:
— Se tiver alguma tese com a qual concordamos, podemos incluir.
O “nefasto Maluf”, segundo definição reiterada pela própria Marta, era a última fronteira da aproximação do PT com seus adversários históricos. Desde que trocou o radicalismo pelo pragmatismo, em meados da década passada, o partido buscou ajuda ou construiu alianças com quase todos os adversários históricos. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), antes associado pelo PT ao coronelismo arcaico do Nordeste, foi convidado de honra em jantar oferecido por Lula recentemente.
— Antonio Carlos é nosso adversário e já avisou que votará contra nós. Não vamos apoiar o candidato dele em Salvador. O que existe são acordos pontuais para determinadas votações no Congresso — disse Genoino.
Até o ex-governador de Minas Newton Cardoso (PMDB), antes demonizado pelo PT, hoje apóia a candidata petista em Contagem, Marília Campos.
— Newtão nos apóia por iniciativa dele e seu apoio não tem mais tanto peso em Contagem — diz Genoino.
Se não tem mais peso, por que então aceitar ajuda?
— É antipático (recusar) — repete Genoino.
O PT já buscou apoio de Orestes Quércia para a eleição de Genoino em 2002 e, anteontem, reuniu a cúpula do PTB, inclusive Luiz Antonio Fleury Filho e Roberto Jefferson, adversários históricos, para dizer que o partido comandado pelo ex-collorido é aliado preferencial do governo. Segundo Genoino, a aproximação com ex-adversários não fere a identidade do PT:
— Não estamos abrindo mão de nossos valores históricos como igualdade social, luta pela democracia e defesa da ética.
O ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, que antes era chamado de oligarca, hoje é um dos maiores aliados do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
— Mas no Maranhão o PT é oposição aos Sarney. E o poder dele lá está fraco — disse Genoino.
Anteontem, o presidente Lula jantou no apartamento do deputado Roberto Jefferson, da tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor, para afagar o PTB.
As novas alianças do PT revoltam petistas, especialmente os de alas mais à esquerda. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), por exemplo, ignorou a orientação de seu partido de apoiar o petebista e collorido de primeira hora Alberto Bejani, em Juiz de Fora, e gravou depoimento de apoio para seu adversário, o tucano Custódio Matos, líder do PSDB na Câmara. O mineiro Paulo Delgado (PT) também condenou a aliança com o collorido.
— O apoio do Maluf constrange nosso eleitorado. Ele não virou santo porque teve 11% dos votos — disse o deputado Chico Alencar (PT-RJ).
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146346490.asp
" É antipático recusar apoio de candidato. Como vamos discriminar voto de eleitor?" Assim um constrangido José Genoino, presidente do PT, reagiu à formalização ontem do apoio de Paulo Maluf a Marta Suplicy no segundo turno da eleição paulistana. Genoino disse que não vê incoerência no fato de o PT, que passou 22 anos tratando Maluf como uma espécie de anticristo, aceitar ajuda do ex-prefeito, alvo de denúncias de corrupção, para tirar Marta da difícil situação eleitoral em que se encontra:
— Não negociamos com Maluf. No segundo turno, não é opção ideológica. Não estamos mudando nosso programa.
Ao saber que a cúpula malufista negocia com o PT municipal a inclusão no programa de Marta de propostas do ex-prefeito, como o fim de algumas taxas e a adoção de um programa de 32 obras, Genoino recuou:
— Se tiver alguma tese com a qual concordamos, podemos incluir.
O “nefasto Maluf”, segundo definição reiterada pela própria Marta, era a última fronteira da aproximação do PT com seus adversários históricos. Desde que trocou o radicalismo pelo pragmatismo, em meados da década passada, o partido buscou ajuda ou construiu alianças com quase todos os adversários históricos. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), antes associado pelo PT ao coronelismo arcaico do Nordeste, foi convidado de honra em jantar oferecido por Lula recentemente.
— Antonio Carlos é nosso adversário e já avisou que votará contra nós. Não vamos apoiar o candidato dele em Salvador. O que existe são acordos pontuais para determinadas votações no Congresso — disse Genoino.
Até o ex-governador de Minas Newton Cardoso (PMDB), antes demonizado pelo PT, hoje apóia a candidata petista em Contagem, Marília Campos.
— Newtão nos apóia por iniciativa dele e seu apoio não tem mais tanto peso em Contagem — diz Genoino.
Se não tem mais peso, por que então aceitar ajuda?
— É antipático (recusar) — repete Genoino.
O PT já buscou apoio de Orestes Quércia para a eleição de Genoino em 2002 e, anteontem, reuniu a cúpula do PTB, inclusive Luiz Antonio Fleury Filho e Roberto Jefferson, adversários históricos, para dizer que o partido comandado pelo ex-collorido é aliado preferencial do governo. Segundo Genoino, a aproximação com ex-adversários não fere a identidade do PT:
— Não estamos abrindo mão de nossos valores históricos como igualdade social, luta pela democracia e defesa da ética.
O ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, que antes era chamado de oligarca, hoje é um dos maiores aliados do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
— Mas no Maranhão o PT é oposição aos Sarney. E o poder dele lá está fraco — disse Genoino.
Anteontem, o presidente Lula jantou no apartamento do deputado Roberto Jefferson, da tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor, para afagar o PTB.
As novas alianças do PT revoltam petistas, especialmente os de alas mais à esquerda. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), por exemplo, ignorou a orientação de seu partido de apoiar o petebista e collorido de primeira hora Alberto Bejani, em Juiz de Fora, e gravou depoimento de apoio para seu adversário, o tucano Custódio Matos, líder do PSDB na Câmara. O mineiro Paulo Delgado (PT) também condenou a aliança com o collorido.
— O apoio do Maluf constrange nosso eleitorado. Ele não virou santo porque teve 11% dos votos — disse o deputado Chico Alencar (PT-RJ).
Os novos amigos do PT
ROBERTO JEFFERSON
Integrante da tropa de choque do presidente Fernando Collor, Jefferson, deputado federal pelo Rio, preside o PTB, um dos principais aliados do PT no governo. Anteontem recebeu Lula para um jantar em seu apartamento em Brasília, junto com o ministro José Dirceu. Foi uma demonstração explícita do prestígio de Jefferson com o governo e com o presidente. Dono de um ministério, o PTB espera obter mais um na reforma prevista para o fim do ano.
ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES
Associado ao regime militar e chamado pelos petistas de "Toninho Malvadeza", foi convidado de honra em recente jantar oferecido por Lula. Acompanha o governo em algumas votações.
NEWTON CARDOSO
Adversário histórico em Minas Gerais, acusado de corrupção, o ex-governador é o mais recente aliado do PT. Foi ele que articulou o apoio do PMDB para a candidata petista a prefeita de Contagem.
ORESTES QUÉRCIA
Adversário histórico do ex-governador de São Paulo, a quem acusava de corrupção, o PT teve apoio de Quércia para a campanha de José Genoino para governador em 2002 e para a campanha de Lula.
ESPERIDIÃO AMIN
Em Santa Catarina, o PT tende a apoiar, no segundo turno, Francisco de Assis (PP), candidato do ex-governador Esperidião Amin e da prefeita Angela Amin — a quem o PT fez oposição sistemática na cidade.
Integrante da tropa de choque do presidente Fernando Collor, Jefferson, deputado federal pelo Rio, preside o PTB, um dos principais aliados do PT no governo. Anteontem recebeu Lula para um jantar em seu apartamento em Brasília, junto com o ministro José Dirceu. Foi uma demonstração explícita do prestígio de Jefferson com o governo e com o presidente. Dono de um ministério, o PTB espera obter mais um na reforma prevista para o fim do ano.
ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES
Associado ao regime militar e chamado pelos petistas de "Toninho Malvadeza", foi convidado de honra em recente jantar oferecido por Lula. Acompanha o governo em algumas votações.
NEWTON CARDOSO
Adversário histórico em Minas Gerais, acusado de corrupção, o ex-governador é o mais recente aliado do PT. Foi ele que articulou o apoio do PMDB para a candidata petista a prefeita de Contagem.
ORESTES QUÉRCIA
Adversário histórico do ex-governador de São Paulo, a quem acusava de corrupção, o PT teve apoio de Quércia para a campanha de José Genoino para governador em 2002 e para a campanha de Lula.
ESPERIDIÃO AMIN
Em Santa Catarina, o PT tende a apoiar, no segundo turno, Francisco de Assis (PP), candidato do ex-governador Esperidião Amin e da prefeita Angela Amin — a quem o PT fez oposição sistemática na cidade.
A adesão do ex-nefasto
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146346495.asp
Adversário histórico do PT e diversas vezes chamado de nefasto pela prefeita Marta Suplicy (PT), o candidato derrotado a prefeito de São Paulo pelo PP, Paulo Maluf, anunciou ontem apoio à candidatura da petista à reeleição. O PT, que já se uniu ao PSDB para derrotar Maluf, aceitou o apoio para enfrentar agora o tucano José Serra, líder nas pesquisas. Maluf justificou a adesão alegando que só o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem salvar a prefeitura de São Paulo, que, afirmou, está quebrada.
Durante todo o tempo, Maluf tentou demonstrar que sua escolha nada tinha a ver com um suposto acordo com o PT. Disse que a decisão deve-se exclusivamente ao “amor que sente por São Paulo”. O candidato a vice na sua chapa, Salim Curiati Júnior, tentou colar o adesivo “Marta prefeita” no paletó de Maluf e ele agiu rapidamente, recusando.
— Lula disse que vai tratar todos os prefeitos de maneira igual, mas ele é ser humano. Tenho certeza que, se a Marta ligar para Brasília, ele atende. Já se for o Serra, não sei (se atende) — disse o ex-prefeito.
“Com a razão, não com a emoção”
Maluf, que teve 11,9% dos votos no primeiro turno, admitiu que a decisão de apoiar o PT pode confundir seus eleitores. Mas disse que a hora exige atitudes tomadas com “a razão e não com a emoção”. Segundo ele, seus eleitores, se forem ver os últimos 20 anos de disputa, vão ter alguma dificuldade, mas só há hoje três opções: Serra, Marta ou voto em branco:
— Como não sou tucano, não vou ficar em cima do muro e votar em branco. Além disso, se o Serra ganhar, para pagar a dívida da cidade ele vai ter de aumentar o IPTU quatro, cinco vezes. Quem não quer pagar isso, que use a razão: tem de votar na Marta.
Sobre as mágoas do passado, Maluf disse que perdoa Marta por tê-lo chamado de nefasto. Negou também que estaria dando apoio em troca de ajuda do PT para se livrar da convocação pela CPI do Banestado para explicar suas contas milionárias no exterior:
— Já fui duas vezes candidato a presidente, o que vocês acham que eu quero para apoiar a prefeita? Uma subprefeitura? Juro por esta luz que estou vendo que tomei essa decisão sem conversar com ninguém do PT. Por isso, não posso dizer se vou ao palanque. Ainda não falei com a Marta. Se ela me ligar, talvez possa ir.
Do lado petista, a estratégia para tentar faturar com o apoio sem ter de pagar o ônus pela rejeição ao ex-prefeito, na faixa dos 50% do eleitorado, é apostar na figura de seu vice Salim Curiati Junior. Ele é visto pelos petistas como o mais promissor herdeiro do malufismo em São Paulo. Ontem, usava adesivo de Marta no peito.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que ainda tem “muitas dúvidas” sobre as conseqüências do apoio malufista e mesmo sobre a transferência de votos. Sobre um aumento da rejeição de Marta, pela aproximação com Maluf, que acaba de ser indiciado pela Polícia Federal, Mercadante disse que as denúncias são de conhecimento dos eleitores há muito tempo e que quase 12% do eleitorado paulistano votaram nele mesmo assim:
— As pessoas sabem que somos uma coisa e ele, outra. São quase 30 anos de história na cidade e no país.
Já líderes tucanos disseram que nem precisarão fazer críticas ao PT por causa da aliança com Maluf.
— O PT está procurando os apoios que sempre criticou no passado. Quem é contraditório na vida pública é o PT — disse o secretário da Casa Civil do governo estadual, Arnaldo Madeira.
O publicitário de Marta, Duda Mendonça, disse que ainda não tinha analisado o apoio.
Adversário histórico do PT e diversas vezes chamado de nefasto pela prefeita Marta Suplicy (PT), o candidato derrotado a prefeito de São Paulo pelo PP, Paulo Maluf, anunciou ontem apoio à candidatura da petista à reeleição. O PT, que já se uniu ao PSDB para derrotar Maluf, aceitou o apoio para enfrentar agora o tucano José Serra, líder nas pesquisas. Maluf justificou a adesão alegando que só o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem salvar a prefeitura de São Paulo, que, afirmou, está quebrada.
Durante todo o tempo, Maluf tentou demonstrar que sua escolha nada tinha a ver com um suposto acordo com o PT. Disse que a decisão deve-se exclusivamente ao “amor que sente por São Paulo”. O candidato a vice na sua chapa, Salim Curiati Júnior, tentou colar o adesivo “Marta prefeita” no paletó de Maluf e ele agiu rapidamente, recusando.
— Lula disse que vai tratar todos os prefeitos de maneira igual, mas ele é ser humano. Tenho certeza que, se a Marta ligar para Brasília, ele atende. Já se for o Serra, não sei (se atende) — disse o ex-prefeito.
“Com a razão, não com a emoção”
Maluf, que teve 11,9% dos votos no primeiro turno, admitiu que a decisão de apoiar o PT pode confundir seus eleitores. Mas disse que a hora exige atitudes tomadas com “a razão e não com a emoção”. Segundo ele, seus eleitores, se forem ver os últimos 20 anos de disputa, vão ter alguma dificuldade, mas só há hoje três opções: Serra, Marta ou voto em branco:
— Como não sou tucano, não vou ficar em cima do muro e votar em branco. Além disso, se o Serra ganhar, para pagar a dívida da cidade ele vai ter de aumentar o IPTU quatro, cinco vezes. Quem não quer pagar isso, que use a razão: tem de votar na Marta.
Sobre as mágoas do passado, Maluf disse que perdoa Marta por tê-lo chamado de nefasto. Negou também que estaria dando apoio em troca de ajuda do PT para se livrar da convocação pela CPI do Banestado para explicar suas contas milionárias no exterior:
— Já fui duas vezes candidato a presidente, o que vocês acham que eu quero para apoiar a prefeita? Uma subprefeitura? Juro por esta luz que estou vendo que tomei essa decisão sem conversar com ninguém do PT. Por isso, não posso dizer se vou ao palanque. Ainda não falei com a Marta. Se ela me ligar, talvez possa ir.
Do lado petista, a estratégia para tentar faturar com o apoio sem ter de pagar o ônus pela rejeição ao ex-prefeito, na faixa dos 50% do eleitorado, é apostar na figura de seu vice Salim Curiati Junior. Ele é visto pelos petistas como o mais promissor herdeiro do malufismo em São Paulo. Ontem, usava adesivo de Marta no peito.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que ainda tem “muitas dúvidas” sobre as conseqüências do apoio malufista e mesmo sobre a transferência de votos. Sobre um aumento da rejeição de Marta, pela aproximação com Maluf, que acaba de ser indiciado pela Polícia Federal, Mercadante disse que as denúncias são de conhecimento dos eleitores há muito tempo e que quase 12% do eleitorado paulistano votaram nele mesmo assim:
— As pessoas sabem que somos uma coisa e ele, outra. São quase 30 anos de história na cidade e no país.
Já líderes tucanos disseram que nem precisarão fazer críticas ao PT por causa da aliança com Maluf.
— O PT está procurando os apoios que sempre criticou no passado. Quem é contraditório na vida pública é o PT — disse o secretário da Casa Civil do governo estadual, Arnaldo Madeira.
O publicitário de Marta, Duda Mendonça, disse que ainda não tinha analisado o apoio.
quinta-feira, outubro 14, 2004
O investimento estrangeiro que não vem
O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 14 de outubro de 2004
ROBERTO MACEDO
economista (USP), com doutorado pela Universidade Harvard (EUA), é pesquisador da Fipe- USP e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Amanchete de ontem deste jornal informou que em apenas um ano o Brasil caiu da nona para a 17.ª posição na lista de países com potencial de atrair investimentos diretos e s t r a n g e i r o s (IDEs), conforme índice da consultoria internacional A. T. Kearney baseado em entrevistas realizadas com executivos de grandes empresas mundiais. É uma pesquisa de opinião, mas dados dos IDEs que chegaram ao Brasil também mostram que o nosso país vem caindo em sua capacidade de atraí-los. Assim, no ano passado eles alcançaram apenas US$ 10,1 bilhões, o menor valor desde 1995. Ainda em 2002, seu valor foi de US$ 16,6 bilhões.
A mesma consultoria realizou outra pesquisa, da qual tomei conhecimento numa palestra a que assisti. Essa pesquisa revelou vários fatores subjacentes à atratividade que um país exerce para os IDEs. Esses fatores são listados a seguir, com a porcentagem de respostas que apontaram cada fator indicada entre parênteses: tamanho do mercado (83%), estabilidade política (54%), ambiente regulatório (52%), estabilidade macroeconômica (43%), presença de competidores (41%), qualidade da infra-estrutura (30%), repatriação dos lucros (29%), custo e qualificação da mão-de-obra (28%), apoio do governo local (23%) e acesso ao mercado exportador (23%).
Tomando os quatro fatores tidos como mais importantes, percebem-se algumas das razões por que o Brasil vem perdendo atratividade. Assim, no seu tamanho de mercado, que os investidores usualmente avaliam pelo produto interno bruto (PIB) em dólares, o Brasil já foi a oitava economia mundial, mas dados internacionais de 2002, levantados pelo Banco Mundial, o deixaram em 13.º lugar, com um PIB de US$ 452,4 bilhões. O Brasil vem crescendo menos que países que lhe tomaram a frente, como México, China, Índia e Coréia do Sul, mas as várias desvalorizações do real também contribuíram para essa queda.
Quanto ao segundo fator, embora nosso sistema político se revele institucionalmente estável, o mesmo não se pode dizer da estabilidade das políticas governamentais.
Quando candidato, nosso presidente adotou posições polêmicas, quando não temerárias ou hostis, sobre questões que interessam de perto aos investidores externos, como a dívida pública e as privatizações.
Mesmo antes de vitorioso, sabiamente começou a mudar algumas de suas opiniões, mas ainda há desconfiança quanto aos rumos do governo em questões delicadas como o ambiente regulatório, além de certezas claramente desestimuladoras, como nas privatizações e na questão agrária.
Já me referi à desconfiança que ainda cerca o terceiro fator (o ambiente regulatório). Quanto ao quarto, a estabilidade macroeconômica, por muito tempo ela foi enfatizada pelo governo anterior como uma das principais, se não a principal, determinantes da atratividade do País com relação aos IDEs. Com inflação baixa, privatizações e outras “lições de casa” essa atração estaria garantida.
Contudo, por conta da obsessão com a inflação baixa e seus dividendos eleitorais, o governo FHC manteve com juros altos o dólar artificialmente barato no seu primeiro mandato (com esses juros atraía outro investimento estrangeiro, o financeiro), no que foi também ajudado pelo ingresso de recursos externos para as privatizações.
Estes, no entanto, se perderam nos enormes déficits fiscais que vieram com os juros altos, bem como na crise externa a que o dólar barato conduziu, tudo isso reduzindo o crescimento da economia. Ou do mercado, na ótica dos investidores externos.
No segundo mandato, o governo FHC procurou emendar- se, buscando o ajuste fiscal e engolindo as inevitáveis desvalorizações. O quadro macroeconômico que legou, e aprimorado pelo governo Lula, é menos desconfortável, mas ainda não entusiasma os estrangeiros. Afinal, a dívida e seu serviço continuam limitando seriamente as opções do governo (por exemplo, como investir na precária infraestrutura, o sexto fator mencionado) e, no lado externo, ainda estamos nos braços do FMI, sem reservas adequadas para uma situação efetivamente tranqüila. Ou seja, o fator estabilidade macroeconômica é mais importante do que indicam os resultados da pesquisa, pois também afeta o primeiro fator, o tamanho do mercado (e seu crescimento), numa interação que escapou às questões pesquisadas.
Mesmo sabendo que o quadro nebuloso da economia não se dissipará a curto prazo, o Brasil não pode ficar parado diante da queda dos IDEs. Em particular, é preciso investigar com detalhe as razões, no meio das quais devem existir muitos problemas microeconômicos passíveis de solução mais imediata.
Nessa linha, uma questão a investigar seria a diferente reação dos investidores externos aos fatores apontados e a outros, levando-se em conta seus interesses estratégicos.
Uns podem estar interessados no atendimento do mercado local; outros, em assegurar matérias-primas e alimentos para seu país de origem, ou em utilizar o país como base exportadora, ou, ainda, para buscar tecnologias locais, efetivas ou potenciais.
Ao lado de pesar as várias dimensões do interesse pelo Brasil, bem como seus desdobramentos, também seria necessário indagar se todos os IDEs são bem-vindos. A essa avaliação não poderiam escapar os custos, como incentivos fiscais e tarifas privilegiadas, como as que esses investidores vêm obtendo na concessão de serviços públicos, corrigidas que são por índices de sua conveniência. A visão usual dos IDEs é viesada ao concentrar-se apenas na avaliação de seus benefícios.
Assim, as duas pesquisas citadas são interessantes não apenas pelas questões s que respondem, mas igualmente pelas muitas mais que suscitam. O certo é que os IDEs vêm perdendo seu interesse pelo país, uma realidade que a ser encarada por algo que não existe, ou seja, uma política governamental de IDEs bem fundamentada e eficaz e eficiente no alcance de seus objetivos.
Quinta-feira, 14 de outubro de 2004
ROBERTO MACEDO
economista (USP), com doutorado pela Universidade Harvard (EUA), é pesquisador da Fipe- USP e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Amanchete de ontem deste jornal informou que em apenas um ano o Brasil caiu da nona para a 17.ª posição na lista de países com potencial de atrair investimentos diretos e s t r a n g e i r o s (IDEs), conforme índice da consultoria internacional A. T. Kearney baseado em entrevistas realizadas com executivos de grandes empresas mundiais. É uma pesquisa de opinião, mas dados dos IDEs que chegaram ao Brasil também mostram que o nosso país vem caindo em sua capacidade de atraí-los. Assim, no ano passado eles alcançaram apenas US$ 10,1 bilhões, o menor valor desde 1995. Ainda em 2002, seu valor foi de US$ 16,6 bilhões.
A mesma consultoria realizou outra pesquisa, da qual tomei conhecimento numa palestra a que assisti. Essa pesquisa revelou vários fatores subjacentes à atratividade que um país exerce para os IDEs. Esses fatores são listados a seguir, com a porcentagem de respostas que apontaram cada fator indicada entre parênteses: tamanho do mercado (83%), estabilidade política (54%), ambiente regulatório (52%), estabilidade macroeconômica (43%), presença de competidores (41%), qualidade da infra-estrutura (30%), repatriação dos lucros (29%), custo e qualificação da mão-de-obra (28%), apoio do governo local (23%) e acesso ao mercado exportador (23%).
Tomando os quatro fatores tidos como mais importantes, percebem-se algumas das razões por que o Brasil vem perdendo atratividade. Assim, no seu tamanho de mercado, que os investidores usualmente avaliam pelo produto interno bruto (PIB) em dólares, o Brasil já foi a oitava economia mundial, mas dados internacionais de 2002, levantados pelo Banco Mundial, o deixaram em 13.º lugar, com um PIB de US$ 452,4 bilhões. O Brasil vem crescendo menos que países que lhe tomaram a frente, como México, China, Índia e Coréia do Sul, mas as várias desvalorizações do real também contribuíram para essa queda.
Quanto ao segundo fator, embora nosso sistema político se revele institucionalmente estável, o mesmo não se pode dizer da estabilidade das políticas governamentais.
Quando candidato, nosso presidente adotou posições polêmicas, quando não temerárias ou hostis, sobre questões que interessam de perto aos investidores externos, como a dívida pública e as privatizações.
Mesmo antes de vitorioso, sabiamente começou a mudar algumas de suas opiniões, mas ainda há desconfiança quanto aos rumos do governo em questões delicadas como o ambiente regulatório, além de certezas claramente desestimuladoras, como nas privatizações e na questão agrária.
Já me referi à desconfiança que ainda cerca o terceiro fator (o ambiente regulatório). Quanto ao quarto, a estabilidade macroeconômica, por muito tempo ela foi enfatizada pelo governo anterior como uma das principais, se não a principal, determinantes da atratividade do País com relação aos IDEs. Com inflação baixa, privatizações e outras “lições de casa” essa atração estaria garantida.
Contudo, por conta da obsessão com a inflação baixa e seus dividendos eleitorais, o governo FHC manteve com juros altos o dólar artificialmente barato no seu primeiro mandato (com esses juros atraía outro investimento estrangeiro, o financeiro), no que foi também ajudado pelo ingresso de recursos externos para as privatizações.
Estes, no entanto, se perderam nos enormes déficits fiscais que vieram com os juros altos, bem como na crise externa a que o dólar barato conduziu, tudo isso reduzindo o crescimento da economia. Ou do mercado, na ótica dos investidores externos.
No segundo mandato, o governo FHC procurou emendar- se, buscando o ajuste fiscal e engolindo as inevitáveis desvalorizações. O quadro macroeconômico que legou, e aprimorado pelo governo Lula, é menos desconfortável, mas ainda não entusiasma os estrangeiros. Afinal, a dívida e seu serviço continuam limitando seriamente as opções do governo (por exemplo, como investir na precária infraestrutura, o sexto fator mencionado) e, no lado externo, ainda estamos nos braços do FMI, sem reservas adequadas para uma situação efetivamente tranqüila. Ou seja, o fator estabilidade macroeconômica é mais importante do que indicam os resultados da pesquisa, pois também afeta o primeiro fator, o tamanho do mercado (e seu crescimento), numa interação que escapou às questões pesquisadas.
Mesmo sabendo que o quadro nebuloso da economia não se dissipará a curto prazo, o Brasil não pode ficar parado diante da queda dos IDEs. Em particular, é preciso investigar com detalhe as razões, no meio das quais devem existir muitos problemas microeconômicos passíveis de solução mais imediata.
Nessa linha, uma questão a investigar seria a diferente reação dos investidores externos aos fatores apontados e a outros, levando-se em conta seus interesses estratégicos.
Uns podem estar interessados no atendimento do mercado local; outros, em assegurar matérias-primas e alimentos para seu país de origem, ou em utilizar o país como base exportadora, ou, ainda, para buscar tecnologias locais, efetivas ou potenciais.
Ao lado de pesar as várias dimensões do interesse pelo Brasil, bem como seus desdobramentos, também seria necessário indagar se todos os IDEs são bem-vindos. A essa avaliação não poderiam escapar os custos, como incentivos fiscais e tarifas privilegiadas, como as que esses investidores vêm obtendo na concessão de serviços públicos, corrigidas que são por índices de sua conveniência. A visão usual dos IDEs é viesada ao concentrar-se apenas na avaliação de seus benefícios.
Assim, as duas pesquisas citadas são interessantes não apenas pelas questões s que respondem, mas igualmente pelas muitas mais que suscitam. O certo é que os IDEs vêm perdendo seu interesse pelo país, uma realidade que a ser encarada por algo que não existe, ou seja, uma política governamental de IDEs bem fundamentada e eficaz e eficiente no alcance de seus objetivos.
Miséria cresceu no 1º ano de Lula
Mais de 47 milhões na miséria
http://oglobo.globo.com/jornal/Economia/146302890.asp
Amiséria aumentou no primeiro ano do governo Lula. Cálculo inédito do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS-FGV) mostra que a parcela da população que não ganha o suficiente para comer passou de 26,23% em 2002 para 27,26% no ano passado. Significa dizer que 47,4 milhões de brasileiros não têm dinheiro para comprar a cesta de alimentos que lhes garanta o consumo diário de 2.888 calorias, nível recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dos economistas dedicados à área social, Marcelo Neri, chefe do CPS-FGV, foi o primeiro a calcular a proporção de indigentes com base nos dados da recém-divulgada Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2003), do IBGE. Ele estimou que, no ano passado, a quantia mínima para suprir as necessidades alimentares dos brasileiros era de R$ 108 mensais por habitante. Em 2002, eram R$ 93.
Os dados da Fundação mostram que a miséria cresceu fortemente nas regiões metropolitanas (de 16,6% para 19,14% de um ano para o outro), mas caiu no campo (de 51,4% para 51%), onde a situação é mais aguda. Para Neri, a crise no mercado de trabalho explica o agravamento dos indicadores sociais nos grandes centros urbanos. Já as áreas rurais, completa, estariam começando a exibir os efeitos das políticas públicas que têm tido prioridade desde o governo passado.
Raciocínio semelhante tem o Ministério do Desenvolvimento Social, que comentou a pesquisa por meio de sua assessoria de imprensa. Mesmo frisando que não conhece a metodologia da FGV, o ministério informou que as estatísticas estão de acordo com a prioridade que o governo Lula deu às áreas pobres do semi-árido em 2003. O governo espera melhorar os indicadores metropolitanos este ano, uma vez que, de janeiro a julho, a meta era incluir no Bolsa Família 901 mil lares dessas regiões. Hoje, o principal programa de transferência de renda do governo federal atende a cinco milhões de famílias em 27 estados.
O aumento da pobreza no ano passado não chegou a surpreender os especialistas da área social. Maurício Blanco, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), previa a tendência desde que viu os resultados da Pnad. Segundo ele, seria difícil haver redução de pobreza com queda real de 8% na renda dos domicílios:
— A renda caiu forte em todas as faixas analisadas e o desemprego aumentou. O ano passado foi difícil.
O economista Marcelo Medeiros, do Centro Internacional de Pobreza da ONU, diz que o aumento do desemprego no ano passado contribuiu para agravar os indicadores sociais. E que os indícios de uma crise estrutural no mercado de trabalho, especialmente para quem tem baixa escolaridade, sugerem que a desocupação tornou-se fator importante para explicar o aumento da miséria. (...)
(...) A linha da fome de Neri é superior a quase todas as outras calculadas no Brasil — e que usam como referência o dólar ou o salário-mínimo. Mas, entre 92 e 2002, seguiu a tendência da linha de indigência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento. O Ipea calcula sua linha com base na ingestão de 2.100 calorias diárias, mínimo fixado pela FAO, órgão das Nações Unidas. No último dado disponível, a parcela de miseráveis caíra de 15,25% em 2001 para 12,16% em 2002. Em 2001, a proporção de indigentes, para Neri, era de 28,72%.
http://oglobo.globo.com/jornal/Economia/146302890.asp
Amiséria aumentou no primeiro ano do governo Lula. Cálculo inédito do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS-FGV) mostra que a parcela da população que não ganha o suficiente para comer passou de 26,23% em 2002 para 27,26% no ano passado. Significa dizer que 47,4 milhões de brasileiros não têm dinheiro para comprar a cesta de alimentos que lhes garanta o consumo diário de 2.888 calorias, nível recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dos economistas dedicados à área social, Marcelo Neri, chefe do CPS-FGV, foi o primeiro a calcular a proporção de indigentes com base nos dados da recém-divulgada Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2003), do IBGE. Ele estimou que, no ano passado, a quantia mínima para suprir as necessidades alimentares dos brasileiros era de R$ 108 mensais por habitante. Em 2002, eram R$ 93.
Os dados da Fundação mostram que a miséria cresceu fortemente nas regiões metropolitanas (de 16,6% para 19,14% de um ano para o outro), mas caiu no campo (de 51,4% para 51%), onde a situação é mais aguda. Para Neri, a crise no mercado de trabalho explica o agravamento dos indicadores sociais nos grandes centros urbanos. Já as áreas rurais, completa, estariam começando a exibir os efeitos das políticas públicas que têm tido prioridade desde o governo passado.
Raciocínio semelhante tem o Ministério do Desenvolvimento Social, que comentou a pesquisa por meio de sua assessoria de imprensa. Mesmo frisando que não conhece a metodologia da FGV, o ministério informou que as estatísticas estão de acordo com a prioridade que o governo Lula deu às áreas pobres do semi-árido em 2003. O governo espera melhorar os indicadores metropolitanos este ano, uma vez que, de janeiro a julho, a meta era incluir no Bolsa Família 901 mil lares dessas regiões. Hoje, o principal programa de transferência de renda do governo federal atende a cinco milhões de famílias em 27 estados.
O aumento da pobreza no ano passado não chegou a surpreender os especialistas da área social. Maurício Blanco, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), previa a tendência desde que viu os resultados da Pnad. Segundo ele, seria difícil haver redução de pobreza com queda real de 8% na renda dos domicílios:
— A renda caiu forte em todas as faixas analisadas e o desemprego aumentou. O ano passado foi difícil.
O economista Marcelo Medeiros, do Centro Internacional de Pobreza da ONU, diz que o aumento do desemprego no ano passado contribuiu para agravar os indicadores sociais. E que os indícios de uma crise estrutural no mercado de trabalho, especialmente para quem tem baixa escolaridade, sugerem que a desocupação tornou-se fator importante para explicar o aumento da miséria. (...)
(...) A linha da fome de Neri é superior a quase todas as outras calculadas no Brasil — e que usam como referência o dólar ou o salário-mínimo. Mas, entre 92 e 2002, seguiu a tendência da linha de indigência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento. O Ipea calcula sua linha com base na ingestão de 2.100 calorias diárias, mínimo fixado pela FAO, órgão das Nações Unidas. No último dado disponível, a parcela de miseráveis caíra de 15,25% em 2001 para 12,16% em 2002. Em 2001, a proporção de indigentes, para Neri, era de 28,72%.
RETOMADA AMEAÇADA
Brasil cai na competição global
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/economia/70055.html
Relatório do Fórum Econômico Mundial revela que o País registrou queda, pelo 4º ano seguido, na lista das nações mais competitivas, usada pelas empresas na hora de investir
Debilidades em infra-estrutura, como as estradas esburacadas, impedem o Brasil de chegar às primeiras posições em competitividadeO Brasil caiu pelo quarto ano consecutivo no ranking de crescimento de competitividade feito anualmente pelo Fórum Econômico Mundial. No relatório divulgado ontem, que faz uma leitura do cenário em 2003, o Brasil perdeu três posições em relação a 2002, saindo da 54º para a 57º posição entre os 104 países analisados. O índice de competitividade é uma ferramenta utilizada por grandes corporações, em todo o mundo, na hora de definir o destino do seus investimentos. Segundo a pesquisa, juros altos, alta carga tributária, inflação, dificuldade de acesso ao financiamento e infra-estrutura inadequada são fatores que impedem o Brasil de alcançar os primeiros lugares na lista de países mais atrativos aos investimentos.
O País também piorou no que se refere à competitividade empresarial (índice de competitividade de negócios), ao sair do 34º lugar para o 37º. Esse índice avalia o ambiente microeconômico, com base performance das empresas. O desempenho do Brasil é pior que o do Chile, México e Uruguai, na comparação entre os países da América Latina. O Chile se destaca, bem à frente dos demais países. Ficou em 22º lugar no índice de competitividade macroeconômico e 28º no de competitividade empresarial.
Pela primeira vez, o Fórum Econômico Mundial divulgou um Índice de Competitividade Global que reúne os dois índices atuais, o de crescimento competitivo e o de competitividade empresarial. Neste ranking, o Brasil ficou em 49º lugar. A Argentina, que ainda sofre as conseqüências da forte crise econômica que resultou na moratória de sua dívida externa, ficou na 74ª posição, nos aspectos macroeconômicos, e no 69° lugar, na avaliação empresarial.
No levantamento geral, a Finlândia está na posição de economia mais competitiva do mundo, encabeçando a lista pelo segundo ano consecutivo. Os Estados Unidos ocupam a primeira posição no critério de competitividade de negócios. O ranking do Fórum Econômico Mundial leva em conta, além das condições macroeconômicas, variáveis como qualidade de instituições públicas, independência do Judiciário, nível de corrupção no governo e disponibilidade tecnológica.
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/economia/70055.html
Relatório do Fórum Econômico Mundial revela que o País registrou queda, pelo 4º ano seguido, na lista das nações mais competitivas, usada pelas empresas na hora de investir
Debilidades em infra-estrutura, como as estradas esburacadas, impedem o Brasil de chegar às primeiras posições em competitividadeO Brasil caiu pelo quarto ano consecutivo no ranking de crescimento de competitividade feito anualmente pelo Fórum Econômico Mundial. No relatório divulgado ontem, que faz uma leitura do cenário em 2003, o Brasil perdeu três posições em relação a 2002, saindo da 54º para a 57º posição entre os 104 países analisados. O índice de competitividade é uma ferramenta utilizada por grandes corporações, em todo o mundo, na hora de definir o destino do seus investimentos. Segundo a pesquisa, juros altos, alta carga tributária, inflação, dificuldade de acesso ao financiamento e infra-estrutura inadequada são fatores que impedem o Brasil de alcançar os primeiros lugares na lista de países mais atrativos aos investimentos.
O País também piorou no que se refere à competitividade empresarial (índice de competitividade de negócios), ao sair do 34º lugar para o 37º. Esse índice avalia o ambiente microeconômico, com base performance das empresas. O desempenho do Brasil é pior que o do Chile, México e Uruguai, na comparação entre os países da América Latina. O Chile se destaca, bem à frente dos demais países. Ficou em 22º lugar no índice de competitividade macroeconômico e 28º no de competitividade empresarial.
Pela primeira vez, o Fórum Econômico Mundial divulgou um Índice de Competitividade Global que reúne os dois índices atuais, o de crescimento competitivo e o de competitividade empresarial. Neste ranking, o Brasil ficou em 49º lugar. A Argentina, que ainda sofre as conseqüências da forte crise econômica que resultou na moratória de sua dívida externa, ficou na 74ª posição, nos aspectos macroeconômicos, e no 69° lugar, na avaliação empresarial.
No levantamento geral, a Finlândia está na posição de economia mais competitiva do mundo, encabeçando a lista pelo segundo ano consecutivo. Os Estados Unidos ocupam a primeira posição no critério de competitividade de negócios. O ranking do Fórum Econômico Mundial leva em conta, além das condições macroeconômicas, variáveis como qualidade de instituições públicas, independência do Judiciário, nível de corrupção no governo e disponibilidade tecnológica.
quarta-feira, outubro 13, 2004
Janeiro de 2007 em Brasília
Um senhor idoso caminha lentamente, com sua bengala, atravavessa a praça dos Tres Poderes, encaminha-se para o Palácio da Alvorada. Quando chega às portas uma sentinela avança e pergunta:
- O que o senhor deseja?
- Eu quero falar com o o presidente Lula, responde o idoso.
- O presidente Lula não mora mais aqui e nem é mais presidente.
O velhinho se afasta e vai embora.
No dia seguinte retorna.
- O que o senhor deseja? pergunta o guarda.
- Quero uma entrevista com o Presidente Lula, responde o ancião.
- O Sr. Lula não mora mais aqui e não é mais presidente, repete o guarda.
O senhor idoso vai embora.
No dia seguinte, volta.
- Eu poderia falar com o Presidente Lula?
- Eu já lhe disse que o Sr. Lula não é mais presidente e não está mais aqui, responde o soldado. O senhor não entendeu?
- Entendi, sim. Mas é que eu gosto tanto de ouvir isso, meu filho, que faço questão de te perguntar todo dia!
- O que o senhor deseja?
- Eu quero falar com o o presidente Lula, responde o idoso.
- O presidente Lula não mora mais aqui e nem é mais presidente.
O velhinho se afasta e vai embora.
No dia seguinte retorna.
- O que o senhor deseja? pergunta o guarda.
- Quero uma entrevista com o Presidente Lula, responde o ancião.
- O Sr. Lula não mora mais aqui e não é mais presidente, repete o guarda.
O senhor idoso vai embora.
No dia seguinte, volta.
- Eu poderia falar com o Presidente Lula?
- Eu já lhe disse que o Sr. Lula não é mais presidente e não está mais aqui, responde o soldado. O senhor não entendeu?
- Entendi, sim. Mas é que eu gosto tanto de ouvir isso, meu filho, que faço questão de te perguntar todo dia!
domingo, outubro 10, 2004
Como somos maduros politicamente !
DANIEL PIZA
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/10/10/cad044.html
Os céticos podem se queixar, mas as provas de maturidade da democracia brasileira são irrefutáveis. Veja o exemplo do prefeito eleito de Unaí, Antério Mânica (PSDB), que saiu da prisão e foi aclamado pelo povo nas ruas. Quanta maturidade! E o que dizer do nosso sistema partidário, com todas as suas legendas, entre as quais os políticos dançam em ritmo de frevo? Nada menos que quatro partidos (PT, PSDB, PMDB e PFL) são dominantes, cada um por um critério (número de votos, número de prefeitos, combinação de ambos, importância das vitórias, etc.), cada um se dizendo o maioral. E essa infinidade de partidos é uma demonstração de sistema maduro!
Também não há problema nenhum no número alto de candidatos semi-analfabetos. Precisamos ser maduros o suficiente para ver que, se analfabeto é obrigado a votar, também pode ocupar cargo público com responsabilidade. Em Fortaleza, a candidata de um partido, Luizianne (PT), não foi apoiada por ele, mas terminou passando para o segundo turno e, com isso, reconquistou todo seu apoio. Mais maturidade que isso, só na Academia Brasileira de Letras! As alianças, por sinal, são uma mais nobre que a outra. ACM (PFL), Sarney (PMDB), Maluf (PP) e Quércia (PMDB), numa mostra do fim das oligarquias arcaicas e da "fulanização" do voto, estão empenhados em cabalar votos para o PT. É uma bela afirmação da tolerância democrática desta nação!
O eleitor, cada vez mais, é um pragmático; não se deixa levar por caciques ideológicos. Por isso só descobre o nome do vereador em quem vai votar na véspera ou no dia da votação. De que serviria analisar suas idéias antes? E não venham os céticos dizer que a polarização PT x PSDB não é um retrato desse Brasil que caminha a passos largos para o Primeiro Mundo. Sei, vocês acham que os dois partidos se distinguem pelo fato de um ser ligeiramente mais intervencionista que o outro; e que se assemelham muito mais por seu gosto em aumentar impostos, em investir mal nas ações sociais, em não alterar o conteúdo da educação, em não ir a fundo em nenhuma reforma estrutural. Mas ambos são de centro, e é no centro que a maturidade se encontra!
Outras críticas, como a de que o presidente não deveria convocar reunião ministerial para lançar projeto caça-voto, misturando partido e governo, são típicas dessa gente estraga-prazer, que não vê como o mundo se dobra à democracia brasileira, às nossas urnas eletrônicas, à alegria que mostramos no futebol e que, se Deus quiser, vai derrotar a violência e a corrupção.
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/10/10/cad044.html
Os céticos podem se queixar, mas as provas de maturidade da democracia brasileira são irrefutáveis. Veja o exemplo do prefeito eleito de Unaí, Antério Mânica (PSDB), que saiu da prisão e foi aclamado pelo povo nas ruas. Quanta maturidade! E o que dizer do nosso sistema partidário, com todas as suas legendas, entre as quais os políticos dançam em ritmo de frevo? Nada menos que quatro partidos (PT, PSDB, PMDB e PFL) são dominantes, cada um por um critério (número de votos, número de prefeitos, combinação de ambos, importância das vitórias, etc.), cada um se dizendo o maioral. E essa infinidade de partidos é uma demonstração de sistema maduro!
Também não há problema nenhum no número alto de candidatos semi-analfabetos. Precisamos ser maduros o suficiente para ver que, se analfabeto é obrigado a votar, também pode ocupar cargo público com responsabilidade. Em Fortaleza, a candidata de um partido, Luizianne (PT), não foi apoiada por ele, mas terminou passando para o segundo turno e, com isso, reconquistou todo seu apoio. Mais maturidade que isso, só na Academia Brasileira de Letras! As alianças, por sinal, são uma mais nobre que a outra. ACM (PFL), Sarney (PMDB), Maluf (PP) e Quércia (PMDB), numa mostra do fim das oligarquias arcaicas e da "fulanização" do voto, estão empenhados em cabalar votos para o PT. É uma bela afirmação da tolerância democrática desta nação!
O eleitor, cada vez mais, é um pragmático; não se deixa levar por caciques ideológicos. Por isso só descobre o nome do vereador em quem vai votar na véspera ou no dia da votação. De que serviria analisar suas idéias antes? E não venham os céticos dizer que a polarização PT x PSDB não é um retrato desse Brasil que caminha a passos largos para o Primeiro Mundo. Sei, vocês acham que os dois partidos se distinguem pelo fato de um ser ligeiramente mais intervencionista que o outro; e que se assemelham muito mais por seu gosto em aumentar impostos, em investir mal nas ações sociais, em não alterar o conteúdo da educação, em não ir a fundo em nenhuma reforma estrutural. Mas ambos são de centro, e é no centro que a maturidade se encontra!
Outras críticas, como a de que o presidente não deveria convocar reunião ministerial para lançar projeto caça-voto, misturando partido e governo, são típicas dessa gente estraga-prazer, que não vê como o mundo se dobra à democracia brasileira, às nossas urnas eletrônicas, à alegria que mostramos no futebol e que, se Deus quiser, vai derrotar a violência e a corrupção.
Martaxa, a nefasta
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/10/10/pol022.html
(...) Serra criticou a decisão da Prefeitura de São Paulo, que adiou o feriado do Dia do Servidor Público (28 de outubro, uma quinta-feira), para o dia seguinte, sexta, dia 29, colando-o ao final de semana. Além disso, a prefeita Marta Suplicy decretou ponto facultativo na segunda-feira, dia 1º, formalizando um feriadão de cinco dias para os servidores municipais. O candidato tucano disse ontem que a decisão da prefeitura estimula as pessoas a se afastarem de São Paulo no dia da eleição (31 de outubro). “A prefeita quer diminuir a presença do eleitorado no dia da eleição na qual ela é candidata. Ela quer colocar os servidores da prefeitura longe das urnas. Haja desconfiança no eleitorado de São Paulo!” (...)
Aliança entre PT e Maluf mostra fim da ideologia http://txt.estado.com.br/editorias/2004/10/10/pol021.html
Avaliação é do cientista político Francisco Weffort, que vê excesso de pragmatismo. (...) “A aliança entre o PT e Maluf pode ser considerada o enterro das distinções entre esquerda e direita”, avalia ele. “É a pá de cal nas ideologias.” (...)
(...) Serra criticou a decisão da Prefeitura de São Paulo, que adiou o feriado do Dia do Servidor Público (28 de outubro, uma quinta-feira), para o dia seguinte, sexta, dia 29, colando-o ao final de semana. Além disso, a prefeita Marta Suplicy decretou ponto facultativo na segunda-feira, dia 1º, formalizando um feriadão de cinco dias para os servidores municipais. O candidato tucano disse ontem que a decisão da prefeitura estimula as pessoas a se afastarem de São Paulo no dia da eleição (31 de outubro). “A prefeita quer diminuir a presença do eleitorado no dia da eleição na qual ela é candidata. Ela quer colocar os servidores da prefeitura longe das urnas. Haja desconfiança no eleitorado de São Paulo!” (...)
Aliança entre PT e Maluf mostra fim da ideologia http://txt.estado.com.br/editorias/2004/10/10/pol021.html
Avaliação é do cientista político Francisco Weffort, que vê excesso de pragmatismo. (...) “A aliança entre o PT e Maluf pode ser considerada o enterro das distinções entre esquerda e direita”, avalia ele. “É a pá de cal nas ideologias.” (...)
sábado, outubro 09, 2004
Marta formaliza pedido de apoio a Maluf
Precisa de comentarios ?
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/132605.html
Sem Luiza Erundina (PSB), que optou pela neutralidade, nem Paulinho (PDT), que se aliou aos tucanos, a prefeita Marta Suplicy (PT) desceu na sexta-feira do muro sobre receber ou não o apoio explícito de Paulo Maluf (PP) e declarou que quer o voto do ex-prefeito no segundo turno. O pedido ao candidato derrotado, no entanto, foi mais tímido em comparação ao apelo feito a seu eleitorado. "Quero o voto de todos os malufistas", disse. Na seqüência, abaixou o tom de voz e, já se afastando dos jornalistas, emendou: "E do próprio também."
Pouco antes, Marta desconversara sobre o assunto, ao ser questionada por um eleitor, durante caminhada na Rua João Cachoeira, no Itaim Bibi, zona Sul.
"Marta, você vai fazer acordo com o Maluf?", perguntou o rapaz, em tom de indignação. Constrangida, a prefeita desconversou. "Eu fechei um acordo com o PP", disse. Não satisfeito com a resposta ele insistiu. "Mas a senhora vai se aliar ao Maluf?" A prefeita limitou-se a dizer: "Provavelmente."
Marta estava evitando falar sobre o assunto desde o mês passado, quando, ao afirmar que Maluf não era bem-vindo em seu palanque, colocou a coordenação de sua campanha em situação delicada. Já naquele momento, petistas e pepebistas tentavam fechar um acordo para o segundo turno.
Na ocasião, a prefeita teve de se retratar. Apareceu em público e disse que foi mal-interpretada. Desde então, mudou o discurso e passou a desconversar sempre que questionada sobre o apoio de Maluf. "Quero o voto de todos os eleitores dele", repetia.
Ao que tudo indica, o pedido feito ontem, sexta-feira, por Marta ao ex-prefeito vem chover no molhado. O apoio de Maluf à petista já está definido. PP e PT estão apenas acertando os termos e o momento mais adequado à declaração de voto, que deve sair na segunda-feira. O grupo malufista negocia com o PT a inclusão de itens do programa de governo à plataforma de Marta. (...)
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/132605.html
Sem Luiza Erundina (PSB), que optou pela neutralidade, nem Paulinho (PDT), que se aliou aos tucanos, a prefeita Marta Suplicy (PT) desceu na sexta-feira do muro sobre receber ou não o apoio explícito de Paulo Maluf (PP) e declarou que quer o voto do ex-prefeito no segundo turno. O pedido ao candidato derrotado, no entanto, foi mais tímido em comparação ao apelo feito a seu eleitorado. "Quero o voto de todos os malufistas", disse. Na seqüência, abaixou o tom de voz e, já se afastando dos jornalistas, emendou: "E do próprio também."
Pouco antes, Marta desconversara sobre o assunto, ao ser questionada por um eleitor, durante caminhada na Rua João Cachoeira, no Itaim Bibi, zona Sul.
"Marta, você vai fazer acordo com o Maluf?", perguntou o rapaz, em tom de indignação. Constrangida, a prefeita desconversou. "Eu fechei um acordo com o PP", disse. Não satisfeito com a resposta ele insistiu. "Mas a senhora vai se aliar ao Maluf?" A prefeita limitou-se a dizer: "Provavelmente."
Marta estava evitando falar sobre o assunto desde o mês passado, quando, ao afirmar que Maluf não era bem-vindo em seu palanque, colocou a coordenação de sua campanha em situação delicada. Já naquele momento, petistas e pepebistas tentavam fechar um acordo para o segundo turno.
Na ocasião, a prefeita teve de se retratar. Apareceu em público e disse que foi mal-interpretada. Desde então, mudou o discurso e passou a desconversar sempre que questionada sobre o apoio de Maluf. "Quero o voto de todos os eleitores dele", repetia.
Ao que tudo indica, o pedido feito ontem, sexta-feira, por Marta ao ex-prefeito vem chover no molhado. O apoio de Maluf à petista já está definido. PP e PT estão apenas acertando os termos e o momento mais adequado à declaração de voto, que deve sair na segunda-feira. O grupo malufista negocia com o PT a inclusão de itens do programa de governo à plataforma de Marta. (...)
sexta-feira, outubro 08, 2004
EDICAO EXTRAORDINARIA
Lula é multado em R$ 50 mil por apoiar Marta em inauguração
http://www.estadao.com.br/eleicoes2004/noticias/2004/out/08/100.htm
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que pagar uma multa de R$ 50 mil à Justiça Eleitoral de São Paulo por ter pedido votos para a prefeita Marta Suplicy durante inauguração de uma obra na zona norte de São Paulo.
O juiz da 1ª Zona Eleitoral, José Joaquim dos Santos, acolheu representação do Ministério Público Eleitoral e entendeu que o presidente usou bem público para beneficiar a candidata à reeleição "no contexto do discurso de 8 minutos que proferiu, violando a legislação eleitoral". Ele poderá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.
De acordo com o juiz, "houve manifesto ato de propaganda eleitoral em favor da candidata Marta Suplicy em evento público, custeado pelo erário municipal, uma vez que a municipalidade foi a sua organizadora."
Para o TRE, Lula infringiu o artigo 73, I, da Lei 9.504/97, que diz serem "proibidas aos agentes públicos ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes a administração pública ressalvada a realização de convenção partidária."
http://www.estadao.com.br/eleicoes2004/noticias/2004/out/08/100.htm
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que pagar uma multa de R$ 50 mil à Justiça Eleitoral de São Paulo por ter pedido votos para a prefeita Marta Suplicy durante inauguração de uma obra na zona norte de São Paulo.
O juiz da 1ª Zona Eleitoral, José Joaquim dos Santos, acolheu representação do Ministério Público Eleitoral e entendeu que o presidente usou bem público para beneficiar a candidata à reeleição "no contexto do discurso de 8 minutos que proferiu, violando a legislação eleitoral". Ele poderá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.
De acordo com o juiz, "houve manifesto ato de propaganda eleitoral em favor da candidata Marta Suplicy em evento público, custeado pelo erário municipal, uma vez que a municipalidade foi a sua organizadora."
Para o TRE, Lula infringiu o artigo 73, I, da Lei 9.504/97, que diz serem "proibidas aos agentes públicos ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes a administração pública ressalvada a realização de convenção partidária."