quarta-feira, setembro 29, 2004
BANDALHO (5)
Bird faz crítica à América Latina
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/economia/67720.html
Washington – O Banco Mundial (Bird) denunciou ontem que os empresários latino-americanos, juntamente com os africanos, enfrentam o pior ambiente de negócios, já que têm que lidar com regras arbitrárias, tribunais incompetentes e incerteza governamental. “América Latina, junto com a África, tem o ambiente de negócios mais complicado do mundo”, disse Michael Klein, economista-chefe de Corporação Financeira Internacional, departamento do Banco Mundial que apóia o setor privado na apresentação do Informe de Desenvolvimento Mundial, elaborado pelo organismo.
P.S. isto explica as viagens do perogo vermelho `a Africa
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/economia/67720.html
Washington – O Banco Mundial (Bird) denunciou ontem que os empresários latino-americanos, juntamente com os africanos, enfrentam o pior ambiente de negócios, já que têm que lidar com regras arbitrárias, tribunais incompetentes e incerteza governamental. “América Latina, junto com a África, tem o ambiente de negócios mais complicado do mundo”, disse Michael Klein, economista-chefe de Corporação Financeira Internacional, departamento do Banco Mundial que apóia o setor privado na apresentação do Informe de Desenvolvimento Mundial, elaborado pelo organismo.
P.S. isto explica as viagens do perogo vermelho `a Africa
O Real e a realidade
Paulo Rabello de Castro, 55, doutor em economia pela Universidade de Chicago (EUA), é vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, agência brasileira de classificação de riscos de crédito.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2909200406.htmE-mail -
O vício nas ciências inexatas, em sociologia ou em economia, é a tendência ao dogmatismo. O dogma é a verdade por imposição. É a certeza obtida em face da repetição, e não por obra da verificação. Na impossibilidade de conviver serenamente com a dúvida, o homem cria o dogma. Sociedades subjugadas por fortes hierarquias cognitivas são mais propensas ao dogmatismo. E o Brasil, por azar, ainda não aprendeu a viver sem seus dogmas econômicos.
A repetição dogmática criou, por exemplo, todas as virtudes da meta inflacionária, que o Banco Central tenta cumprir desde 1999, para o bem da nossa moeda, o Real. Para os dogmáticos, a meta de inflação é a âncora do Real, desde que o câmbio passou a um sistema flutuante. Por meio do "regime de metas de inflação", o Banco Central, segundo consta, não deixa os preços explodirem porque a política de juros do Copom nos enquadra na meta preestabelecida. O dogma consiste em acreditar piamente em que:
1) o índice de inflação (IPCA) escolhido para medir a variação dos preços é, de fato, o que melhor reflete a corrosão do valor da moeda;
2) a "meta" de corrosão ou inflação permitida para o ano seguinte é a "ideal" dentro das condições da conjuntura nacional e internacional;
3) a "política de juros", determinada pelo Banco Central para fazer o índice chegar à meta, irá corresponder ao que dela se espera em termos de eficácia e baixo custo social.
Se olhado e analisado pelo prisma da realidade, o dogma do regime de metas de inflação não passa de um mito. Já convivemos com outros mitos no passado. Já houve tempo em que se acreditava ser inalcançável o desenvolvimento econômico no Brasil se não fosse acompanhado de muita inflação. Hoje, no entanto, o dogma é diferente: "Não importa o desenvolvimento, desde que não haja inflação...".
Estamos quase chegando lá. Conseguimos reduzir a taxa de crescimento médio do país a 2,2%, nível próximo à esclerose econômica. À custa da perda de centenas de bilhões de reais em produção não realizada por milhões de brasileiros, quase atingimos as metas de inflação fixadas por apenas três pessoas no Conselho Monetário Nacional. Desde 1999, quando foi implantado o novo regime, o Banco Central ficou perto de acertar duas metas de inflação, em 1999 e 2000, mas ficou muito além do limite superior (original) nos três períodos seguintes. Neste ano, periga errar de novo e ficar acima do limite máximo de 8%. Para o ano que vem, que ainda não começou, já fez diferente: diante de uma meta ainda mais apertada -4,5%-, "flexibilizou-a", por sua conta, para 5,1%. Fez como aquele aluno que, diante do teste terrível de matemática, pediu "revisão de prova" e "2ª época", antes mesmo de conhecer as questões...
Não sabemos bem da qualidade do regime brasileiro de metas de inflação, salvo pelo dogma de que, sem ele, estaríamos de volta à selvageria inflacionária. Como todo dogma, não é para discutir muito, apesar do visível custo de sua aplicação. Sabemos, entretanto, que a tal "política de juros", que hoje se confunde com política monetária (por quê?), é uma faca que despedaça o tecido econômico, pois, além de concentrar a renda num país mal distribuído, bota mais lenha na dívida pública e aumenta a dúvida do mercado sobre a capacidade do governo de continuar extraindo sangue da sociedade para cumprir seus encargos financeiros no futuro. Só por dogma dá para acreditar que todos esses efeitos deletérios foram computados e devidamente considerados nas equações do regime de metas de inflação do nosso Banco Central.
A realidade é que o "regime de metas", com-juros-na-cabeça, foi soprado nos ouvidos da sociedade, que teme agora contestar o dogma e ficar a pé, sem instrumento para controlar a besta da inflação. A besta, no entanto, adora reservas cambiais baixinhas e um câmbio bem favorável à especulação, como está se conformando neste final de ano. A besta também fica bem satisfeita com um alto grau de atrelamento dos ativos a qualquer índice que reflita o câmbio, como IGP (Índice Geral de Preços), pois o efeito de realimentação de qualquer espiral especulativa será bem maior. E, com certeza, a besta adora um certo descompasso qualquer na programação monetária, pois a circulação da moeda é o "barato" dela. Embora o Banco Central nunca tivesse acreditado em controlar a moeda para conter a inflação ou para dar vela ao crescimento, seria bom também rever essa agnosia.
A realidade do país do Real é que, infelizmente, não temos ainda um bom e eficiente sistema de administração macroeconômica. O "regime de metas" está longe de ser a resposta. O IPCA anual não é um bom indicador. O IGP, como indexador generalizado, é uma tragédia. O próprio regime, baseado em revisões sucessivas da meta, é a cara da nossa vulnerabilidade a fatos supervenientes.
Pior que todas essas insuficiências é apenas a nossa equivocada certeza em torno da falta de alternativas para construir, para o Real, uma nova realidade.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2909200406.htmE-mail -
O vício nas ciências inexatas, em sociologia ou em economia, é a tendência ao dogmatismo. O dogma é a verdade por imposição. É a certeza obtida em face da repetição, e não por obra da verificação. Na impossibilidade de conviver serenamente com a dúvida, o homem cria o dogma. Sociedades subjugadas por fortes hierarquias cognitivas são mais propensas ao dogmatismo. E o Brasil, por azar, ainda não aprendeu a viver sem seus dogmas econômicos.
A repetição dogmática criou, por exemplo, todas as virtudes da meta inflacionária, que o Banco Central tenta cumprir desde 1999, para o bem da nossa moeda, o Real. Para os dogmáticos, a meta de inflação é a âncora do Real, desde que o câmbio passou a um sistema flutuante. Por meio do "regime de metas de inflação", o Banco Central, segundo consta, não deixa os preços explodirem porque a política de juros do Copom nos enquadra na meta preestabelecida. O dogma consiste em acreditar piamente em que:
1) o índice de inflação (IPCA) escolhido para medir a variação dos preços é, de fato, o que melhor reflete a corrosão do valor da moeda;
2) a "meta" de corrosão ou inflação permitida para o ano seguinte é a "ideal" dentro das condições da conjuntura nacional e internacional;
3) a "política de juros", determinada pelo Banco Central para fazer o índice chegar à meta, irá corresponder ao que dela se espera em termos de eficácia e baixo custo social.
Se olhado e analisado pelo prisma da realidade, o dogma do regime de metas de inflação não passa de um mito. Já convivemos com outros mitos no passado. Já houve tempo em que se acreditava ser inalcançável o desenvolvimento econômico no Brasil se não fosse acompanhado de muita inflação. Hoje, no entanto, o dogma é diferente: "Não importa o desenvolvimento, desde que não haja inflação...".
Estamos quase chegando lá. Conseguimos reduzir a taxa de crescimento médio do país a 2,2%, nível próximo à esclerose econômica. À custa da perda de centenas de bilhões de reais em produção não realizada por milhões de brasileiros, quase atingimos as metas de inflação fixadas por apenas três pessoas no Conselho Monetário Nacional. Desde 1999, quando foi implantado o novo regime, o Banco Central ficou perto de acertar duas metas de inflação, em 1999 e 2000, mas ficou muito além do limite superior (original) nos três períodos seguintes. Neste ano, periga errar de novo e ficar acima do limite máximo de 8%. Para o ano que vem, que ainda não começou, já fez diferente: diante de uma meta ainda mais apertada -4,5%-, "flexibilizou-a", por sua conta, para 5,1%. Fez como aquele aluno que, diante do teste terrível de matemática, pediu "revisão de prova" e "2ª época", antes mesmo de conhecer as questões...
Não sabemos bem da qualidade do regime brasileiro de metas de inflação, salvo pelo dogma de que, sem ele, estaríamos de volta à selvageria inflacionária. Como todo dogma, não é para discutir muito, apesar do visível custo de sua aplicação. Sabemos, entretanto, que a tal "política de juros", que hoje se confunde com política monetária (por quê?), é uma faca que despedaça o tecido econômico, pois, além de concentrar a renda num país mal distribuído, bota mais lenha na dívida pública e aumenta a dúvida do mercado sobre a capacidade do governo de continuar extraindo sangue da sociedade para cumprir seus encargos financeiros no futuro. Só por dogma dá para acreditar que todos esses efeitos deletérios foram computados e devidamente considerados nas equações do regime de metas de inflação do nosso Banco Central.
A realidade é que o "regime de metas", com-juros-na-cabeça, foi soprado nos ouvidos da sociedade, que teme agora contestar o dogma e ficar a pé, sem instrumento para controlar a besta da inflação. A besta, no entanto, adora reservas cambiais baixinhas e um câmbio bem favorável à especulação, como está se conformando neste final de ano. A besta também fica bem satisfeita com um alto grau de atrelamento dos ativos a qualquer índice que reflita o câmbio, como IGP (Índice Geral de Preços), pois o efeito de realimentação de qualquer espiral especulativa será bem maior. E, com certeza, a besta adora um certo descompasso qualquer na programação monetária, pois a circulação da moeda é o "barato" dela. Embora o Banco Central nunca tivesse acreditado em controlar a moeda para conter a inflação ou para dar vela ao crescimento, seria bom também rever essa agnosia.
A realidade do país do Real é que, infelizmente, não temos ainda um bom e eficiente sistema de administração macroeconômica. O "regime de metas" está longe de ser a resposta. O IPCA anual não é um bom indicador. O IGP, como indexador generalizado, é uma tragédia. O próprio regime, baseado em revisões sucessivas da meta, é a cara da nossa vulnerabilidade a fatos supervenientes.
Pior que todas essas insuficiências é apenas a nossa equivocada certeza em torno da falta de alternativas para construir, para o Real, uma nova realidade.
Renda do trabalhador tem a pior queda em seis anos
DADOS DO IBGE
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/nacional/131012.html
O desempenho negativo da economia em 2003, que registrou uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2%, teve um impacto significativo na renda do trabalhador, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIB).
A política fiscal, o combate à inflação e as altas taxas de juros podem ter contribuído para segurar as contas do governo e estabilizar a macroeconomia, mas o primeiro ano da gestão Lula teve um efeito de curto prazo doloroso para o trabalhador.
De 2002 para 2003, a remuneração média real das pessoas com rendimento de trabalho caiu 7,4%. Esta é a maior redução desde 1997, quando começou o período de declínio nas remunerações. Os ganhos passaram de R$ 747 em 2002 para R$ 692 em 2003, descontada a inflação. De 1996 a 2003, a perda acumulada foi de 18,8%.
“Os ajustes na política econômica, iniciados ao final de 2002, definindo a elevação das taxas de juros, contribuíram para a desaceleração na economia em 2003, que foi acompanhada pelo crescimento da inflação. Em decorrência intensificou-se a perda real nos rendimentos, mantendo a tendência declinante iniciada em 1997”, afirma o IBGE.
A queda foi generalizada, mas atingiu principalmente os que contavam com maiores salários. Entre os 50% com os maiores rendimentos, as perdas chegaram a 8,1%. Entre os 50% dos ocupados com as menores remunerações a queda foi de 4,2%.
A desigualdade entre os salários permanece alta. Em 2003, 27,8% das pessoas ocupadas ganhavam até um salário mínimo e apenas 1,3% recebia mais de 20 salários mínimos.
Entre os sexos, também persistem diferenças marcantes nas faixas de rendimentos. Em 2003, o rendimento médio das mulheres representava 64% do que os homens recebiam na categoria dos conta-próprias e 90% na dos empregados.
A população ocupada aumentou 1,4% de 2002 para 2003, o que representa menos da metade do crescimento de 2001 para 2002, de 3,6%. Além da queda no número de pessoas absorvidas pelo mercado de trabalho, o percentual ficou abaixo do crescimento da população em idade ativa, de 1,9%.
A taxa de desemprego passou de 9,2% em 2002 para 9,7% em 2003. No ano passado apenas 55,4% das pessoas em idade ativa tinham uma ocupação. Em 1992, este percentual era de 57,5%. Na prática, o número de desempregados passou de 7,878 milhões de pessoas em 2002 para 8,537 milhões em 2003.
As mulheres encontram mais dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre as mulheres foi de 12,3%, entre os homens este percentual cai para 7,8%.
O número de mulheres supera o dos homens nos contingentes dos trabalhadores não-remunerados e na produção para o próprio consumo e, especialmente, no dos trabalhadores domésticos. Entre os empregados, a parcela feminina é maior na categoria dos militares e funcionários públicos estatutários.
De 2002 para 2003 houve redução de pessoal em três grandes atividades: construção; alojamento e alimentação e serviços coletivos, sociais e pessoais. Na construção a queda foi generalizada e atingiu tanto as grandes construtoras como as firmas de pequenas obras e reparos. A queda foi de 7,2%.
O setor de serviços registrou o maior crescimento na absorção de mão-de-obra, de 4,7%. Na atividade agrícola houve aumento de 1,7%.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/nacional/131012.html
O desempenho negativo da economia em 2003, que registrou uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2%, teve um impacto significativo na renda do trabalhador, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIB).
A política fiscal, o combate à inflação e as altas taxas de juros podem ter contribuído para segurar as contas do governo e estabilizar a macroeconomia, mas o primeiro ano da gestão Lula teve um efeito de curto prazo doloroso para o trabalhador.
De 2002 para 2003, a remuneração média real das pessoas com rendimento de trabalho caiu 7,4%. Esta é a maior redução desde 1997, quando começou o período de declínio nas remunerações. Os ganhos passaram de R$ 747 em 2002 para R$ 692 em 2003, descontada a inflação. De 1996 a 2003, a perda acumulada foi de 18,8%.
“Os ajustes na política econômica, iniciados ao final de 2002, definindo a elevação das taxas de juros, contribuíram para a desaceleração na economia em 2003, que foi acompanhada pelo crescimento da inflação. Em decorrência intensificou-se a perda real nos rendimentos, mantendo a tendência declinante iniciada em 1997”, afirma o IBGE.
A queda foi generalizada, mas atingiu principalmente os que contavam com maiores salários. Entre os 50% com os maiores rendimentos, as perdas chegaram a 8,1%. Entre os 50% dos ocupados com as menores remunerações a queda foi de 4,2%.
A desigualdade entre os salários permanece alta. Em 2003, 27,8% das pessoas ocupadas ganhavam até um salário mínimo e apenas 1,3% recebia mais de 20 salários mínimos.
Entre os sexos, também persistem diferenças marcantes nas faixas de rendimentos. Em 2003, o rendimento médio das mulheres representava 64% do que os homens recebiam na categoria dos conta-próprias e 90% na dos empregados.
A população ocupada aumentou 1,4% de 2002 para 2003, o que representa menos da metade do crescimento de 2001 para 2002, de 3,6%. Além da queda no número de pessoas absorvidas pelo mercado de trabalho, o percentual ficou abaixo do crescimento da população em idade ativa, de 1,9%.
A taxa de desemprego passou de 9,2% em 2002 para 9,7% em 2003. No ano passado apenas 55,4% das pessoas em idade ativa tinham uma ocupação. Em 1992, este percentual era de 57,5%. Na prática, o número de desempregados passou de 7,878 milhões de pessoas em 2002 para 8,537 milhões em 2003.
As mulheres encontram mais dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre as mulheres foi de 12,3%, entre os homens este percentual cai para 7,8%.
O número de mulheres supera o dos homens nos contingentes dos trabalhadores não-remunerados e na produção para o próprio consumo e, especialmente, no dos trabalhadores domésticos. Entre os empregados, a parcela feminina é maior na categoria dos militares e funcionários públicos estatutários.
De 2002 para 2003 houve redução de pessoal em três grandes atividades: construção; alojamento e alimentação e serviços coletivos, sociais e pessoais. Na construção a queda foi generalizada e atingiu tanto as grandes construtoras como as firmas de pequenas obras e reparos. A queda foi de 7,2%.
O setor de serviços registrou o maior crescimento na absorção de mão-de-obra, de 4,7%. Na atividade agrícola houve aumento de 1,7%.
BANDALHO (4)
Servidores estimam que Judiciário voltará ao normal em três anos
http://oglobo.globo.com/online/sp/146085731.asp
Depois de mais de três meses de greve no Judiciário, esta terça-feira foi o dia de correr atrás o prejuízo. Na porta do Fórum, uma avalanche de processos.
- Faz três meses que os processos estão parados no escritório - diz o assistente jurídico Fabrício Oliveira. Isso sem falar nos 12 milhões de processos que ficaram 91 dias parados em cima da mesa.
Ainda vai levar muito tempo para botar a casa em ordem. A direção do Tribunal de Justiça diz que vai acelerar os prazos com a ajuda da informática e de estagiários. Os funcionários são menos otimistas, dizem que o Judiciário só volta ao normal daqui a três anos.
- Pela proposta do Tribunal de Justiça, o servidor do Judiciário não poderá fazer hora extra, não poderá compensar os dias, não poderá fazer mutirões para agilizar os processos - diz o comandante da greve Ronaldo Curumba.
- Em média quatro meses é o prazo razoável para que tudo volte à normalidade - diz o presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Elias Tâmbara.
O Tribunal de Justiça informou que vai descontar os dias parados. Para não ficar sem salário, os funcionários poderão receber adiantado dinheiro de férias, licença-prêmio ou fator de atualização monetária. Quem não tem dinheiro extra a ser recebido não terá o aumento de 14,5% incorporado ao salário até que seja quitado o pagamento dos dias parados.
Os servidores avisaram voltam ao trabalho insatisfeitos e que a solução ainda não é definitiva. Eles querem que não haja qualquer punição aos grevistas, como desconto dos dias parados ou processos administrativos por abandono no emprego.
http://oglobo.globo.com/online/sp/146085731.asp
Depois de mais de três meses de greve no Judiciário, esta terça-feira foi o dia de correr atrás o prejuízo. Na porta do Fórum, uma avalanche de processos.
- Faz três meses que os processos estão parados no escritório - diz o assistente jurídico Fabrício Oliveira. Isso sem falar nos 12 milhões de processos que ficaram 91 dias parados em cima da mesa.
Ainda vai levar muito tempo para botar a casa em ordem. A direção do Tribunal de Justiça diz que vai acelerar os prazos com a ajuda da informática e de estagiários. Os funcionários são menos otimistas, dizem que o Judiciário só volta ao normal daqui a três anos.
- Pela proposta do Tribunal de Justiça, o servidor do Judiciário não poderá fazer hora extra, não poderá compensar os dias, não poderá fazer mutirões para agilizar os processos - diz o comandante da greve Ronaldo Curumba.
- Em média quatro meses é o prazo razoável para que tudo volte à normalidade - diz o presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Elias Tâmbara.
O Tribunal de Justiça informou que vai descontar os dias parados. Para não ficar sem salário, os funcionários poderão receber adiantado dinheiro de férias, licença-prêmio ou fator de atualização monetária. Quem não tem dinheiro extra a ser recebido não terá o aumento de 14,5% incorporado ao salário até que seja quitado o pagamento dos dias parados.
Os servidores avisaram voltam ao trabalho insatisfeitos e que a solução ainda não é definitiva. Eles querem que não haja qualquer punição aos grevistas, como desconto dos dias parados ou processos administrativos por abandono no emprego.
BANDALHO (3)
Banco Mundial: 52,2% das empresas brasileiras apontam criminalidade como obstáculo ao investimento
http://oglobo.globo.com/online/economia/146083475.asp
WASHINGTON - O Banco Mundial (Bird) divulgou o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2005, o principal estudo anual realizado pela instituição, com dados alarmantes sobre os efeitos da criminalidade na economia do país: 52,2% das empresas brasileiras consultadas apontam a criminalidade como um sério obstáculo ao investimento no país.
O relatório, que tem como sub-título "Um Melhor Clima de Investimento para Todos", baseia-se em pesquisas com mais de 30 mil empresas em 53 países em desenvolvimento, no banco de dados Doing Business (Fazendo Negócios) do Banco Mundial, em estudos de casos dos países e em novas pesquisas. O estudo destaca "as oportunidades para os governos melhorarem seus climas de investimento, ampliando as oportunidades e os incentivos para que empresas de todo tipo possam investir de forma produtiva, criar empregos e ampliar-se".
Na América Latina, o crime é indicado como uma das restrições principais ou sérias pela metade das empresas, duas vezes a proporção de qualquer outra região e quatro vezes a proporção da Europa Oriental e da Ásia Central. No Brasil, diz o relatório, o crime custa mais de 10% do PIB país por ano, e as empresas dizem perder o equivalente a 2,8% por causa da criminalidade.
http://oglobo.globo.com/online/economia/146083475.asp
WASHINGTON - O Banco Mundial (Bird) divulgou o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2005, o principal estudo anual realizado pela instituição, com dados alarmantes sobre os efeitos da criminalidade na economia do país: 52,2% das empresas brasileiras consultadas apontam a criminalidade como um sério obstáculo ao investimento no país.
O relatório, que tem como sub-título "Um Melhor Clima de Investimento para Todos", baseia-se em pesquisas com mais de 30 mil empresas em 53 países em desenvolvimento, no banco de dados Doing Business (Fazendo Negócios) do Banco Mundial, em estudos de casos dos países e em novas pesquisas. O estudo destaca "as oportunidades para os governos melhorarem seus climas de investimento, ampliando as oportunidades e os incentivos para que empresas de todo tipo possam investir de forma produtiva, criar empregos e ampliar-se".
Na América Latina, o crime é indicado como uma das restrições principais ou sérias pela metade das empresas, duas vezes a proporção de qualquer outra região e quatro vezes a proporção da Europa Oriental e da Ásia Central. No Brasil, diz o relatório, o crime custa mais de 10% do PIB país por ano, e as empresas dizem perder o equivalente a 2,8% por causa da criminalidade.
BANDALHO (2)
Metade das empresas confessa ter pago propina no Brasil
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/09/29/eco049.html
WASHINGTON - Metade das empresas consultadas no Brasil, numa pesquisa do Banco Mundial (Bird), informou haver pago propinas a funcionários de governo e 67,2% avaliaram a corrupção como um obstáculo importante à atividade econômica. A confissão do crime por 51% das empresas pode ser a grande novidade, mas outros problemas têm maior destaque na lista das preocupações. Impostos foram apontados como grande limitação de negócios por 84,5% das firmas, insegurança quanto às políticas, por 75,9%, e condições de crédito, por 71,7%.
Não haverá crescimento econômico no País, a longo prazo, se as condições macroeconômicas não permitirem a redução dos juros, disse ontem de manhã o economista-chefe e vice-presidente do banco, François Bourguignon, lembrando que a maior fatia dos empréstimos do setor privado vai para grandes empresas. Mas não adiantará, advertiu o economista, baixar os juros antes de criar condições para isso, nem subsidiar o crédito, o que resultaria, segundo ele, em especulação.
Bourguignon falou à imprensa durante o lançamento do Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial, que o banco publica anualmente e é dedicado, nesta edição, a um estudo global sobre o ambiente para investimentos. Foram pesquisadas mais de 30 mil firmas, em 53 países, e o retrato do Brasil é dos menos favoráveis.
Nem todos os países da América Latina, esclareceu o economista, respondendo a uma pergunta, têm clima ruim para investimentos. Há muitas queixas em relação ao Brasil, disse, mas não em relação ao Chile.
No conjunto dos 53 países, a incerteza quanto ao conteúdo e à aplicação das políticas oficiais foi a preocupação apontada pelo maior número de firmas.
Instabilidade econômica, regulação arbitrária e insegurança da propriedade também estavamentre as preocupações.
No Brasil, dois terços dos entrevistados disseram que a interpretação das regras é imprevisível. Na Rússia, essa avaliação foi apresentada por 75,1%.
No entanto, apenas 31,5% dos russos deram importância a esse tipo de insegurança, ressaltado por 75,9% dos brasileiros.
Essa aparente inconsistência dos números não explicada no relatório, provavelmente reflete usos e costumes bem estabelecidos. No caso da Rússia, só 13,7% das empresas classificam a corrupção como grande problema, embora 78% pagaram propinas.
Também não há relação entre avanço democrático e segurança quanto a regras.
Na China, apenas 33,7% afirmaram que a interpretação das regras é imprevisível e 32,9% declararam que a incerteza quanto às políticas é um problema.
O relatório do Bird, neste ano intitulado "Um Melhor Clima de Investimentos para Todos", aprofunda uma linha de pesquisa iniciada há vários anos pelo banco. Pertencem a essa linha os estudos intitulados "Fazendo Negócios", que foram divulgados em 2003 e 2004 e nos dois a posição brasileira é comparativamente ruim. No Brasil, segundo informações de janeiro deste ano, são necessários 566 dias para conseguir judicialmente o cumprimento de um contrato e 25 procedimentos. Na Austrália, modelo de eficiência nos vários itens pesquisados, problemas de contratos são resolvidos em 157 dias e os passos necessários são 11.
"Um bom clima para investimentos é uma- condição central para o crescimento econômico e para a redução da pobreza", disse Bourguignon. Na pesquisa, coordenada pelo economista Warrick Smith, deu-se atenção especial ao desempenho da China, da Índia e de Uganda, que têm mantido taxas elevadas de crescimento há vários anos e já conseguiram diminuir substancialmente a parcela da população que vive na pobreza. Esses resultados, segundo o estudo, são explicáveis em grande parte pela criação de ambientes favoráveis ao investimento, ainda que as reformas tenham sido parciais.
O governos deveriam, segundo o relatório, concentrar os esforços de mudanças em quatro grandes áreas: 1) estabilidade e segurança, incluída a garantia dos direitos de propriedade; 2) regulação e tributação, para simplificação de procedimentos, aumento de segurança e diminuição de custos; 3) financiamento e infra-estrutura; 4) mão-de-obra e mercado de trabalho. "Ir além desses pontos básicos e criar políticas especiais para firmas ou atividades é uma estratégia arriscada", de acordo com a avaliação do banco.
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/09/29/eco049.html
WASHINGTON - Metade das empresas consultadas no Brasil, numa pesquisa do Banco Mundial (Bird), informou haver pago propinas a funcionários de governo e 67,2% avaliaram a corrupção como um obstáculo importante à atividade econômica. A confissão do crime por 51% das empresas pode ser a grande novidade, mas outros problemas têm maior destaque na lista das preocupações. Impostos foram apontados como grande limitação de negócios por 84,5% das firmas, insegurança quanto às políticas, por 75,9%, e condições de crédito, por 71,7%.
Não haverá crescimento econômico no País, a longo prazo, se as condições macroeconômicas não permitirem a redução dos juros, disse ontem de manhã o economista-chefe e vice-presidente do banco, François Bourguignon, lembrando que a maior fatia dos empréstimos do setor privado vai para grandes empresas. Mas não adiantará, advertiu o economista, baixar os juros antes de criar condições para isso, nem subsidiar o crédito, o que resultaria, segundo ele, em especulação.
Bourguignon falou à imprensa durante o lançamento do Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial, que o banco publica anualmente e é dedicado, nesta edição, a um estudo global sobre o ambiente para investimentos. Foram pesquisadas mais de 30 mil firmas, em 53 países, e o retrato do Brasil é dos menos favoráveis.
Nem todos os países da América Latina, esclareceu o economista, respondendo a uma pergunta, têm clima ruim para investimentos. Há muitas queixas em relação ao Brasil, disse, mas não em relação ao Chile.
No conjunto dos 53 países, a incerteza quanto ao conteúdo e à aplicação das políticas oficiais foi a preocupação apontada pelo maior número de firmas.
Instabilidade econômica, regulação arbitrária e insegurança da propriedade também estavamentre as preocupações.
No Brasil, dois terços dos entrevistados disseram que a interpretação das regras é imprevisível. Na Rússia, essa avaliação foi apresentada por 75,1%.
No entanto, apenas 31,5% dos russos deram importância a esse tipo de insegurança, ressaltado por 75,9% dos brasileiros.
Essa aparente inconsistência dos números não explicada no relatório, provavelmente reflete usos e costumes bem estabelecidos. No caso da Rússia, só 13,7% das empresas classificam a corrupção como grande problema, embora 78% pagaram propinas.
Também não há relação entre avanço democrático e segurança quanto a regras.
Na China, apenas 33,7% afirmaram que a interpretação das regras é imprevisível e 32,9% declararam que a incerteza quanto às políticas é um problema.
O relatório do Bird, neste ano intitulado "Um Melhor Clima de Investimentos para Todos", aprofunda uma linha de pesquisa iniciada há vários anos pelo banco. Pertencem a essa linha os estudos intitulados "Fazendo Negócios", que foram divulgados em 2003 e 2004 e nos dois a posição brasileira é comparativamente ruim. No Brasil, segundo informações de janeiro deste ano, são necessários 566 dias para conseguir judicialmente o cumprimento de um contrato e 25 procedimentos. Na Austrália, modelo de eficiência nos vários itens pesquisados, problemas de contratos são resolvidos em 157 dias e os passos necessários são 11.
"Um bom clima para investimentos é uma- condição central para o crescimento econômico e para a redução da pobreza", disse Bourguignon. Na pesquisa, coordenada pelo economista Warrick Smith, deu-se atenção especial ao desempenho da China, da Índia e de Uganda, que têm mantido taxas elevadas de crescimento há vários anos e já conseguiram diminuir substancialmente a parcela da população que vive na pobreza. Esses resultados, segundo o estudo, são explicáveis em grande parte pela criação de ambientes favoráveis ao investimento, ainda que as reformas tenham sido parciais.
O governos deveriam, segundo o relatório, concentrar os esforços de mudanças em quatro grandes áreas: 1) estabilidade e segurança, incluída a garantia dos direitos de propriedade; 2) regulação e tributação, para simplificação de procedimentos, aumento de segurança e diminuição de custos; 3) financiamento e infra-estrutura; 4) mão-de-obra e mercado de trabalho. "Ir além desses pontos básicos e criar políticas especiais para firmas ou atividades é uma estratégia arriscada", de acordo com a avaliação do banco.
BANDALHO (1)
Relatório da Controladoria-Geral da União comprova irregularidades nas contas públicas de todos os 61 municípios fiscalizados. Duas cidades do Estado apresentaram falhas graves
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/130992.html
Os resultados de uma nova fiscalização realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 61 municípios brasileiros revelaram um dado preocupante: todos praticaram irregularidades no emprego de verbas da União. E o que é pior: entre os fiscalizados, 47 apresentaram o que a controladoria classifica como “falha grave” – entre eles a cidade mineira de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha. Na prática, isso significa haver fortes indícios de desvio de recursos, em benefício de gestores públicos como prefeitos e secretários municipais, o que pode gerar, além de processo judicial, suspensão do repasse de verbas.
Outros 14 municípios apresentaram “falha intermediária”, o que indica ter havido apenas problemas administrativos, como erro no preenchimento de documentos, mas que podem prejudicar o recebimento de recursos. Nessa classificação, porém, não há indícios de desvio. Nenhum dos municípios apresentou a classificação “falha formal”, caracterizada por erros administrativos, provocados pelo despreparo técnico de prefeitos e secretários. Neste caso, não há interrupção do repasse das verbas.
O grupo de 61 municípios se junta a outras 248 cidades reprovadas no pente-fino da CGU. Desde abril do ano passado, já foram fiscalizadas 561 municípios, escolhidos por sorteio. Do total, apenas 390 já tiveram dados compilados. Na última fiscalização, os principais problemas identificados – todos enquadrados em “falha grave” – foram direcionamento de licitações públicas, uso de notas fiscais falsas, de empresas fantasmas e de “laranjas”, para desviar recursos federais.
Na cidade baiana de Brejões, por exemplo, os fiscais da CGU encontraram indícios de desvio de R$ 448 mil do Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), destinados à ampliação de escolas entre 2001 e 2004. Apesar de o dinheiro ter sido repassado após realização de licitações por tomada de preços e carta-convite, os fiscais, em visita às escolas “beneficiadas”, não encontraram indícios de que os prédios tenham passado por obras.
A cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, também entrou para a lista de irregulares da CGU por ter, segundo a CGU, recebido R$ 2,3 milhões do Ministério das Cidades para pavimentação e drenagem de ruas e ter alegado estado de calamidade pública para realizar as obras sem licitação. Conforme apuraram os fiscais da controladoria, a fraude ocorreu para beneficiar empresas que pertencem ao prefeito ou a pessoas ligadas a ele. A construtora Jucema, que realiza obras na cidade, está entre elas. A empresa , segundo os fiscais, tem como dona uma empregada doméstica, atualmente desempregada, que vive com a filha e a mãe de criação e usa a aposentadoria de um salário mínimo para manter a família.
A empregada, que seria “laranja” do prefeito, revelou aos fiscais ter sido induzida a assinar, em 2000, documentos para abertura da empresa. Um agricultor, que vive com a mulher e três filhos na região e que figura como sócio da empregada doméstica, também alegou ter assinado documentação para abertura da empresa no mesmo ano. A pessoa que induziu ambos a assinar os papéis é o "procurador" da empresa, cuja assinatura aparece em documentação da prefeitura. Apesar de todo o levantamento, a CGU não tem o valor exato da sangria dos cofres públicos.
Dos 61 municípios com irregularidades, oito estão em Minas Gerais. Além de Capelinha, Vespasiano, na Grande Belo Horizonte, apresentou falha grave. Em Espera Feliz, Matipó, Piranga e Antônio Prado de Minas, todas na Zona da Mata, Paraopeba, região Central, e Águas Vermelhas, no Norte de Minas, foram encontradas falhas intermediárias
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/130992.html
Os resultados de uma nova fiscalização realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 61 municípios brasileiros revelaram um dado preocupante: todos praticaram irregularidades no emprego de verbas da União. E o que é pior: entre os fiscalizados, 47 apresentaram o que a controladoria classifica como “falha grave” – entre eles a cidade mineira de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha. Na prática, isso significa haver fortes indícios de desvio de recursos, em benefício de gestores públicos como prefeitos e secretários municipais, o que pode gerar, além de processo judicial, suspensão do repasse de verbas.
Outros 14 municípios apresentaram “falha intermediária”, o que indica ter havido apenas problemas administrativos, como erro no preenchimento de documentos, mas que podem prejudicar o recebimento de recursos. Nessa classificação, porém, não há indícios de desvio. Nenhum dos municípios apresentou a classificação “falha formal”, caracterizada por erros administrativos, provocados pelo despreparo técnico de prefeitos e secretários. Neste caso, não há interrupção do repasse das verbas.
O grupo de 61 municípios se junta a outras 248 cidades reprovadas no pente-fino da CGU. Desde abril do ano passado, já foram fiscalizadas 561 municípios, escolhidos por sorteio. Do total, apenas 390 já tiveram dados compilados. Na última fiscalização, os principais problemas identificados – todos enquadrados em “falha grave” – foram direcionamento de licitações públicas, uso de notas fiscais falsas, de empresas fantasmas e de “laranjas”, para desviar recursos federais.
Na cidade baiana de Brejões, por exemplo, os fiscais da CGU encontraram indícios de desvio de R$ 448 mil do Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), destinados à ampliação de escolas entre 2001 e 2004. Apesar de o dinheiro ter sido repassado após realização de licitações por tomada de preços e carta-convite, os fiscais, em visita às escolas “beneficiadas”, não encontraram indícios de que os prédios tenham passado por obras.
A cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, também entrou para a lista de irregulares da CGU por ter, segundo a CGU, recebido R$ 2,3 milhões do Ministério das Cidades para pavimentação e drenagem de ruas e ter alegado estado de calamidade pública para realizar as obras sem licitação. Conforme apuraram os fiscais da controladoria, a fraude ocorreu para beneficiar empresas que pertencem ao prefeito ou a pessoas ligadas a ele. A construtora Jucema, que realiza obras na cidade, está entre elas. A empresa , segundo os fiscais, tem como dona uma empregada doméstica, atualmente desempregada, que vive com a filha e a mãe de criação e usa a aposentadoria de um salário mínimo para manter a família.
A empregada, que seria “laranja” do prefeito, revelou aos fiscais ter sido induzida a assinar, em 2000, documentos para abertura da empresa. Um agricultor, que vive com a mulher e três filhos na região e que figura como sócio da empregada doméstica, também alegou ter assinado documentação para abertura da empresa no mesmo ano. A pessoa que induziu ambos a assinar os papéis é o "procurador" da empresa, cuja assinatura aparece em documentação da prefeitura. Apesar de todo o levantamento, a CGU não tem o valor exato da sangria dos cofres públicos.
Dos 61 municípios com irregularidades, oito estão em Minas Gerais. Além de Capelinha, Vespasiano, na Grande Belo Horizonte, apresentou falha grave. Em Espera Feliz, Matipó, Piranga e Antônio Prado de Minas, todas na Zona da Mata, Paraopeba, região Central, e Águas Vermelhas, no Norte de Minas, foram encontradas falhas intermediárias
terça-feira, setembro 28, 2004
estamos entre Azerbaijão e Filipinas
Fitch eleva Brasil e iguala nota a do Azerbaijão, Peru e Vietnã
http://www.superavit.com.br/noticias.asp?id=29583
A agência internacional de classificação de risco Fitch elevou nesta terça-feira o rating (nota de crédito) do Brasil. A melhora da avaliação foi influenciada pela performance positiva da balança comercial, que voltou a bater recorde nesta semana.
A agência melhorou a nota para as emissões de longo prazo em moeda estrangeira de "B+" para "BB-" e reafirmou a nota de curto prazo em "B". A perspectiva foi fixada em estável, o que significa uma chance mínima de nova melhora no curto prazo.
Com essa nota, o Brasil fica três degraus abaixo do "investment grade" (nível de investimento confiável). Mas, apesar da elevação, a nota do Brasil ainda está abaixo do rating de países como Colômbia, Costa Rica e Filipinas, e no mesmo patamar do Azerbaijão, Peru e Vietnã. O precedente em moratórias justifica a classificação baixa, segundo as agências internacionais de avaliação de crédito.(...)
A restrição para melhora do rating, segundo o analista, passa pelas limitações para a implantação das reformas microeconômicas --muitas das quais dependem de negociações políticas por passarem pelo Congresso.
http://www.superavit.com.br/noticias.asp?id=29583
A agência internacional de classificação de risco Fitch elevou nesta terça-feira o rating (nota de crédito) do Brasil. A melhora da avaliação foi influenciada pela performance positiva da balança comercial, que voltou a bater recorde nesta semana.
A agência melhorou a nota para as emissões de longo prazo em moeda estrangeira de "B+" para "BB-" e reafirmou a nota de curto prazo em "B". A perspectiva foi fixada em estável, o que significa uma chance mínima de nova melhora no curto prazo.
Com essa nota, o Brasil fica três degraus abaixo do "investment grade" (nível de investimento confiável). Mas, apesar da elevação, a nota do Brasil ainda está abaixo do rating de países como Colômbia, Costa Rica e Filipinas, e no mesmo patamar do Azerbaijão, Peru e Vietnã. O precedente em moratórias justifica a classificação baixa, segundo as agências internacionais de avaliação de crédito.(...)
A restrição para melhora do rating, segundo o analista, passa pelas limitações para a implantação das reformas microeconômicas --muitas das quais dependem de negociações políticas por passarem pelo Congresso.
Indefinição do PT eleva risco Brasil
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/set/28/13.htm
O Partido dos Trabalhadores assumiu o poder e ainda não se decidiu se aceita ou não o modelo capitalista, o mesmo ocorrendo com a chamada esquerda brasileira. Essa foi uma das constatações feitas pelo cientista político Bolivar Lamounier, entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura. Para ele, e preciso que o governo Lula deixe claro se é a favor ou contra o capitalismo e que explicite qual o modelo que pretende seguir.
Essa falta de definição, segundo Lamounier, explica o fato de o risco Brasil ser maior do que o da Argentina e o da Colômbia. "Há um certa esquizofrenia no PT, mas eu não quero ser injusto com o partido. Quero apenas que ele desacerbe um traço que é disseminado pela elite da classe media brasileira. Há uma certa esquizofrenia a respeito disso. Acho que nos temos de nos pôr de acordo. Se o sistema é capitalista, não se pode evitar que a maior parte das atividades estatais tenha de ser privada, não necessariamente todas. Tem de haver as agencias reguladoras, tem de haver um mercado de trabalho mais simples. O nosso é excessivamente complicado", exemplificou.
Segundo Lamounier, o PT pulou da ponta esquerda para o centro. "Mas, em vez de ser um partido pragmático de centro-esquerda, como o PSDB se formou, ele saltou de uma posição quase messiânica de esquerda para uma posição pragmática de centro, a ponto de executar uma política monetária mais conservadora do que a anterior." Para o entrevistado, o PT precisa definir-se de uma forma transparente, a fim de não frustrar seus eleitores e aumentar ainda mais a confusão em seus quadros.
O Partido dos Trabalhadores assumiu o poder e ainda não se decidiu se aceita ou não o modelo capitalista, o mesmo ocorrendo com a chamada esquerda brasileira. Essa foi uma das constatações feitas pelo cientista político Bolivar Lamounier, entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura. Para ele, e preciso que o governo Lula deixe claro se é a favor ou contra o capitalismo e que explicite qual o modelo que pretende seguir.
Essa falta de definição, segundo Lamounier, explica o fato de o risco Brasil ser maior do que o da Argentina e o da Colômbia. "Há um certa esquizofrenia no PT, mas eu não quero ser injusto com o partido. Quero apenas que ele desacerbe um traço que é disseminado pela elite da classe media brasileira. Há uma certa esquizofrenia a respeito disso. Acho que nos temos de nos pôr de acordo. Se o sistema é capitalista, não se pode evitar que a maior parte das atividades estatais tenha de ser privada, não necessariamente todas. Tem de haver as agencias reguladoras, tem de haver um mercado de trabalho mais simples. O nosso é excessivamente complicado", exemplificou.
Segundo Lamounier, o PT pulou da ponta esquerda para o centro. "Mas, em vez de ser um partido pragmático de centro-esquerda, como o PSDB se formou, ele saltou de uma posição quase messiânica de esquerda para uma posição pragmática de centro, a ponto de executar uma política monetária mais conservadora do que a anterior." Para o entrevistado, o PT precisa definir-se de uma forma transparente, a fim de não frustrar seus eleitores e aumentar ainda mais a confusão em seus quadros.
atrocidades eleitorais 2004
MST dá trégua ao governo em período eleitoral
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146067292.asp
(...) O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) cumpriu a promessa de não atormentar o governo com invasões durante o período eleitoral. Relatório divulgado ontem pela Ouvidoria Agrária Nacional registra 16 ocupações em agosto, mês em que se iniciou a campanha eleitoral com a propaganda de rádio e TV. Em julho, foram invadidas 25 áreas. As ocupações caíram 36%. (...) O MST e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) participam ativamente das eleições com seus candidatos. O MST tem candidatos no país inteiro. (...)
Serra ganha 64 minutos do tempo de Maluf
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146067320.asp
(...) tucanos comemoram o fato de conseguir tirar do ar a “língua de aluguel”, como chamam Maluf desde que ele começou a poupar a prefeita Marta Suplicy para bater em Serra. (...)
Genoino critica cobertura da imprensa paulista
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146067317.asp
(...) É uma coisa antidemocrática e totalmente desigual o que alguns veículos de comunicação estão fazendo contra a candidata do PT.(...)
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146067292.asp
(...) O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) cumpriu a promessa de não atormentar o governo com invasões durante o período eleitoral. Relatório divulgado ontem pela Ouvidoria Agrária Nacional registra 16 ocupações em agosto, mês em que se iniciou a campanha eleitoral com a propaganda de rádio e TV. Em julho, foram invadidas 25 áreas. As ocupações caíram 36%. (...) O MST e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) participam ativamente das eleições com seus candidatos. O MST tem candidatos no país inteiro. (...)
Serra ganha 64 minutos do tempo de Maluf
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146067320.asp
(...) tucanos comemoram o fato de conseguir tirar do ar a “língua de aluguel”, como chamam Maluf desde que ele começou a poupar a prefeita Marta Suplicy para bater em Serra. (...)
Genoino critica cobertura da imprensa paulista
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/146067317.asp
(...) É uma coisa antidemocrática e totalmente desigual o que alguns veículos de comunicação estão fazendo contra a candidata do PT.(...)
domingo, setembro 26, 2004
um CFJ para os jornalistas do politsBURGER
O comissário Gushiken voltou a atacar
ELIO GASPARI
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/67265.html
26/09/2004
O modo petista de informar é insuperável. Já inventaram conselhos, paisagens campestres e uma falsa entrevista do ministro Gilberto Gil na qual ele se referia ao "fascismo das grandes corporações da mídia". O aparelho do comissário Luiz Gushiken fez mais uma: adulterou (de novo) um texto de discurso do presidente da República.
No último dia 18, numa inauguração em São Paulo, Lula disse: "Se as pessoas querem continuar tendo progresso nas políticas sociais, não têm outro jeito, dia 3 de outubro é votar na Marta Suplicy para continuar administrando São Paulo".
Deu bolo. O comissariado podia ter retirado o discurso de Lula da página de "íntegras" do sítio do Palácio do Planalto. Seria uma solução torta, mas seria uma solução. Preferiram adulterar o texto, suprimindo o trecho maldito. Foi a solução desonesta destinada a lograr quem consulta (e sustenta) o sistema oficial de divulgação de notícias.
Não é a primeira vez que alteram discursos de Lula. Em março do ano passado, a página de discursos de Lula informou que o companheiro dissera o seguinte:
"Napoleão Bonaparte disse: 'A China é um gigante adormecido, que, no dia em que acordar, o mundo vai tremer'. E a China acordou, e o mundo está, pelo menos, preocupado com o potencial de crescimento da China. Antes de Napoleão Bonaparte ter visitado a China, o hino brasileiro já falava que nós somos um gigante."
Foi mal. Napoleão nunca pôs o pé na China.
Semanas depois, fizeram um peeling no discurso. Lula passou a dizer assim:
"Napoleão Bonaparte, ele fez ecoar uma frase que ficou muito famosa junto aos chineses. Disse ele: 'A China é um gigante adormecido. No dia em que a China acordar, o mundo vai tremer'. Possivelmente, se ele, na mesma época, tivesse visitado o Brasil, também diria o mesmo."
Lula deveria criar um conselho de jornalismo petista só para "orientar, disciplinar e fiscalizar" as atividades da brigada do comissário Gushiken.
ELIO GASPARI
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/67265.html
26/09/2004
O modo petista de informar é insuperável. Já inventaram conselhos, paisagens campestres e uma falsa entrevista do ministro Gilberto Gil na qual ele se referia ao "fascismo das grandes corporações da mídia". O aparelho do comissário Luiz Gushiken fez mais uma: adulterou (de novo) um texto de discurso do presidente da República.
No último dia 18, numa inauguração em São Paulo, Lula disse: "Se as pessoas querem continuar tendo progresso nas políticas sociais, não têm outro jeito, dia 3 de outubro é votar na Marta Suplicy para continuar administrando São Paulo".
Deu bolo. O comissariado podia ter retirado o discurso de Lula da página de "íntegras" do sítio do Palácio do Planalto. Seria uma solução torta, mas seria uma solução. Preferiram adulterar o texto, suprimindo o trecho maldito. Foi a solução desonesta destinada a lograr quem consulta (e sustenta) o sistema oficial de divulgação de notícias.
Não é a primeira vez que alteram discursos de Lula. Em março do ano passado, a página de discursos de Lula informou que o companheiro dissera o seguinte:
"Napoleão Bonaparte disse: 'A China é um gigante adormecido, que, no dia em que acordar, o mundo vai tremer'. E a China acordou, e o mundo está, pelo menos, preocupado com o potencial de crescimento da China. Antes de Napoleão Bonaparte ter visitado a China, o hino brasileiro já falava que nós somos um gigante."
Foi mal. Napoleão nunca pôs o pé na China.
Semanas depois, fizeram um peeling no discurso. Lula passou a dizer assim:
"Napoleão Bonaparte, ele fez ecoar uma frase que ficou muito famosa junto aos chineses. Disse ele: 'A China é um gigante adormecido. No dia em que a China acordar, o mundo vai tremer'. Possivelmente, se ele, na mesma época, tivesse visitado o Brasil, também diria o mesmo."
Lula deveria criar um conselho de jornalismo petista só para "orientar, disciplinar e fiscalizar" as atividades da brigada do comissário Gushiken.
sexta-feira, setembro 24, 2004
SOBRE FIMJAS E BALADAS
by Silva Jr
Recentemente o mercado de ensino no Brasil foi invadido por cursos de graduacao de curta duracao, alternativos aos tradicionais bacharelado e licenciatura. Há duas firmas liderando este mercado, cada qual em seu respectivo nicho. A FIMJA, ou Faculdades Integradas Mãe Joana; e a BALADA Treinamentos em Vida Mansa S.A. Ambas procuram aliar teoria `a pratica através da "rapidinha do saber" , um rígido método de penetração de conhecimento em profundidade em curto espaco de tempo. Este método permite alargar o back ground analítico através de uma esfincto-interacao entre docentes e discentes. A parte pratica fica por conta de estágios em mosteiros austríacos e em visitas técnicas aos estúdios da Evil Angel. A avaliacao e' sempre atraves de prova oral.
Recentemente estes dois grandes players do mercado de adestramento no Brasil resolveram unir forcas e alargar os horizontes. Alem dos tradicionais cursos de formação de parlamentares, gestores de instituições evangélicas e especialistas em serviços sexuais, resolveram enfiar no mercado o exclusivo, sensacional, revolucionário, suntuoso e nababesco curso de reabilitação cerebral feminino. O único que tem estrutura híbrida modular atemporal pendular, ideal para quem quer empregabilidade e cabelos lisos e sedosos.
Curso Integrado de Reabilitação Cerebral Feminina
Pré-Requisito:
Existência de tutor do sexo masculino para acompanhamento em regime domiciliar, sem o qual o curso perde sua eficácia.
Objetivos:
Iniciar as mulheres nessa experiência tão excitante que é o uso do cérebro.
Carga Horária:
Morenas: 30 dias por módulo
Ruivas: 60 dias por módulo
Loiras: Vitalício
MODULO 1: "USANDO O CÉREBRO - ESSE DESCONHECIDO"
a.. O neurônio e a depressão da existência solitária
b.. Você pode fazer compras em menos de 4 horas: noções básicas
c.. Já está pronta? - definição da palavra "sim"
d.. Estabelecendo limites - o uso da maquiagem
e.. Programação Básica - você e o forno de microondas
f.. Programação Avançada - você e o videocassete (só para morenas e ruivas)
certificado em operadora de cérebro
MODULO 2 - DIRIGINDO
a.. Mudança de marcha - o guia completo e definitivo
b.. Tudo o que você queria saber sobre esquerda/direita e tinha medo de perguntar
c.. Freio e Acelerador - um desafio a ser vencido
d.. Uso da seta antes de virar - aprendendo através de exemplos
e.. Jogo das cores - conhecendo o sinal.
f.. Geometria Descritiva Avançada - colocando um Uno na garagem
g..O pedal da embreagem não é descanso de pé - em duas lições
h.. O espelho e suas outras utilidades além da maquiagem
i.. Você e o poste - como evitá-lo
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas
MODULO 3 - VIDA A DOIS
a.. TPM (Tensão Pré-Menstrual) - o problema é seu e não meu
b.. Campeonato Brasileiro de Futebol - não é um jogo. É Sagrado
c.. Como ganhar seu próprio dinheiro - uma visão geral
d.. Porque sua mãe não é bem-vinda - 100 exemplos comentados
e.. Aqui se faz, aqui se paga - o uso correto do Cartão de Crédito
f.. Tudo na vida tem limites, até o cheque especial - como não passar dele
g.. Você não deve dizer "sim" a tudo que ele pede: Diga "sim senhor, meu marido"
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas, e relacionamento conjugal
MODULO 4 - TOPICOS AVANÇADOS
a.. O fenômeno do tempo - o jantar na hora do jantar
b.. Uso do telefone - alternativas inovadoras para solucionar o problema
c.. Retocando a maquiagem enquanto dirige - uma questão de "timing"
d.. Largando o vício das novelas - o processo de desintoxicação cerebral
e.. Não faça como as outras pessoas: Acredite que você é capaz.
f.. Interface paralela: o desafio das atividades simultâneas – respirar e raciocinar simultaneamente.
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas, relacionamento conjugal e gestão de tempo
MODULO 5 - O MUNDO DA INFORMÁTICA
a.. Computador X Geladeira - assinalando as diferenças
b.. Teclado - usando corretamente as letrinhas
c.. Mouse - como dominar esse pedalzinho
d.. CPU X Monitor - descobrindo quem é quem
e.. A diferença entre "on" e "off".
f.. A mensagem "O himem está testando a memória estendida..." não se refere a você.
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas, relacionamento conjugal, gestão de tempo e coisinhas lindinhas de informática
Em pleno respeito `as minorias, a FIMJA e a BALADA dão `aquele que comprovar que , simultaneamente, e' fanho, surdo, mudo, cego, tetraplégico, aidético, negro, judeu e homossexual, 5% de desconto no aluguel da beca de formatura e a indicação para orador da turma.
Recentemente o mercado de ensino no Brasil foi invadido por cursos de graduacao de curta duracao, alternativos aos tradicionais bacharelado e licenciatura. Há duas firmas liderando este mercado, cada qual em seu respectivo nicho. A FIMJA, ou Faculdades Integradas Mãe Joana; e a BALADA Treinamentos em Vida Mansa S.A. Ambas procuram aliar teoria `a pratica através da "rapidinha do saber" , um rígido método de penetração de conhecimento em profundidade em curto espaco de tempo. Este método permite alargar o back ground analítico através de uma esfincto-interacao entre docentes e discentes. A parte pratica fica por conta de estágios em mosteiros austríacos e em visitas técnicas aos estúdios da Evil Angel. A avaliacao e' sempre atraves de prova oral.
Recentemente estes dois grandes players do mercado de adestramento no Brasil resolveram unir forcas e alargar os horizontes. Alem dos tradicionais cursos de formação de parlamentares, gestores de instituições evangélicas e especialistas em serviços sexuais, resolveram enfiar no mercado o exclusivo, sensacional, revolucionário, suntuoso e nababesco curso de reabilitação cerebral feminino. O único que tem estrutura híbrida modular atemporal pendular, ideal para quem quer empregabilidade e cabelos lisos e sedosos.
Curso Integrado de Reabilitação Cerebral Feminina
Pré-Requisito:
Existência de tutor do sexo masculino para acompanhamento em regime domiciliar, sem o qual o curso perde sua eficácia.
Objetivos:
Iniciar as mulheres nessa experiência tão excitante que é o uso do cérebro.
Carga Horária:
Morenas: 30 dias por módulo
Ruivas: 60 dias por módulo
Loiras: Vitalício
MODULO 1: "USANDO O CÉREBRO - ESSE DESCONHECIDO"
a.. O neurônio e a depressão da existência solitária
b.. Você pode fazer compras em menos de 4 horas: noções básicas
c.. Já está pronta? - definição da palavra "sim"
d.. Estabelecendo limites - o uso da maquiagem
e.. Programação Básica - você e o forno de microondas
f.. Programação Avançada - você e o videocassete (só para morenas e ruivas)
certificado em operadora de cérebro
MODULO 2 - DIRIGINDO
a.. Mudança de marcha - o guia completo e definitivo
b.. Tudo o que você queria saber sobre esquerda/direita e tinha medo de perguntar
c.. Freio e Acelerador - um desafio a ser vencido
d.. Uso da seta antes de virar - aprendendo através de exemplos
e.. Jogo das cores - conhecendo o sinal.
f.. Geometria Descritiva Avançada - colocando um Uno na garagem
g..O pedal da embreagem não é descanso de pé - em duas lições
h.. O espelho e suas outras utilidades além da maquiagem
i.. Você e o poste - como evitá-lo
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas
MODULO 3 - VIDA A DOIS
a.. TPM (Tensão Pré-Menstrual) - o problema é seu e não meu
b.. Campeonato Brasileiro de Futebol - não é um jogo. É Sagrado
c.. Como ganhar seu próprio dinheiro - uma visão geral
d.. Porque sua mãe não é bem-vinda - 100 exemplos comentados
e.. Aqui se faz, aqui se paga - o uso correto do Cartão de Crédito
f.. Tudo na vida tem limites, até o cheque especial - como não passar dele
g.. Você não deve dizer "sim" a tudo que ele pede: Diga "sim senhor, meu marido"
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas, e relacionamento conjugal
MODULO 4 - TOPICOS AVANÇADOS
a.. O fenômeno do tempo - o jantar na hora do jantar
b.. Uso do telefone - alternativas inovadoras para solucionar o problema
c.. Retocando a maquiagem enquanto dirige - uma questão de "timing"
d.. Largando o vício das novelas - o processo de desintoxicação cerebral
e.. Não faça como as outras pessoas: Acredite que você é capaz.
f.. Interface paralela: o desafio das atividades simultâneas – respirar e raciocinar simultaneamente.
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas, relacionamento conjugal e gestão de tempo
MODULO 5 - O MUNDO DA INFORMÁTICA
a.. Computador X Geladeira - assinalando as diferenças
b.. Teclado - usando corretamente as letrinhas
c.. Mouse - como dominar esse pedalzinho
d.. CPU X Monitor - descobrindo quem é quem
e.. A diferença entre "on" e "off".
f.. A mensagem "O himem está testando a memória estendida..." não se refere a você.
certificado em operadora de cérebro e veículos com rodas, relacionamento conjugal, gestão de tempo e coisinhas lindinhas de informática
Em pleno respeito `as minorias, a FIMJA e a BALADA dão `aquele que comprovar que , simultaneamente, e' fanho, surdo, mudo, cego, tetraplégico, aidético, negro, judeu e homossexual, 5% de desconto no aluguel da beca de formatura e a indicação para orador da turma.
mafia chinesa compra o Estado por uma pechincha
China pode investir US$ 6 bi no Brasil
http://oglobo.globo.com/jornal/Economia/146020647.asp
O governo decidiu antecipar o cronograma das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e vai adiantar alguns procedimentos, inclusive o lançamento de editais de licitação para obras prioritárias. As primeiras licitações têm endereço certo: captar investimentos da China da ordem de US$ 6 bilhões, até meados do ano que vem. Uma delegação de 12 representantes do governo chinês, chefiada pelo vice-ministro do Comércio, Gao Hucheng, reuniu-se ontem com o ministro do Planejamento, Guido Mantega, para discutir investimentos.
— Eles estão interessados nas PPPs para investir em infra-estrutura. Os chineses estão de olho nisso, seja para viabilizar o transporte de insumos que lhes interessam, seja para entrar nos negócios brasileiros. E o Brasil está interessado no mercado chinês — disse Mantega.
A idéia é adiantar a parte burocrática para que as obras comecem logo após a aprovação do projeto de lei das PPPs pelo Congresso, esperada para novembro, depois que o governo modificou o projeto devido a críticas da oposição.
A missão antecede a vinda do presidente chinês ao Brasil, em novembro. Segundo o ministro, os chineses estão interessados em dois projetos: a conclusão da Ferrovia Norte-Sul (Transnordestina) e a melhoria dos portos de Itaqui (MA) e Santos (SP). A missão também pediu ao governo brasileiro para facilitar a entrada e permanência de cidadãos chineses no Brasil.
Eles querem ainda que o governo revise as tarifas incidentes sobre produtos exportados para a China. Em contrapartida, eles financiariam a infra-estrutura para o escoamento de itens como minério de ferro e soja. Concluída a Ferrovia Norte-Sul, os produtos poderiam ser escoados pelo Oceano Pacífico, com grande redução nos custos.
A missão também avançou na negociação para a construção do gasoduto Gaserne, ligando Cabiúnas (RJ) a Catu (BA). O gasoduto, que começa a ser construído ano que vem e deve ser concluído em 2008, terá investimento total de US$ 1,3 bilhão, uma parceria entre a Petrobras e a China Petroleum & Chemical (Sinopec).
http://oglobo.globo.com/jornal/Economia/146020647.asp
O governo decidiu antecipar o cronograma das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e vai adiantar alguns procedimentos, inclusive o lançamento de editais de licitação para obras prioritárias. As primeiras licitações têm endereço certo: captar investimentos da China da ordem de US$ 6 bilhões, até meados do ano que vem. Uma delegação de 12 representantes do governo chinês, chefiada pelo vice-ministro do Comércio, Gao Hucheng, reuniu-se ontem com o ministro do Planejamento, Guido Mantega, para discutir investimentos.
— Eles estão interessados nas PPPs para investir em infra-estrutura. Os chineses estão de olho nisso, seja para viabilizar o transporte de insumos que lhes interessam, seja para entrar nos negócios brasileiros. E o Brasil está interessado no mercado chinês — disse Mantega.
A idéia é adiantar a parte burocrática para que as obras comecem logo após a aprovação do projeto de lei das PPPs pelo Congresso, esperada para novembro, depois que o governo modificou o projeto devido a críticas da oposição.
A missão antecede a vinda do presidente chinês ao Brasil, em novembro. Segundo o ministro, os chineses estão interessados em dois projetos: a conclusão da Ferrovia Norte-Sul (Transnordestina) e a melhoria dos portos de Itaqui (MA) e Santos (SP). A missão também pediu ao governo brasileiro para facilitar a entrada e permanência de cidadãos chineses no Brasil.
Eles querem ainda que o governo revise as tarifas incidentes sobre produtos exportados para a China. Em contrapartida, eles financiariam a infra-estrutura para o escoamento de itens como minério de ferro e soja. Concluída a Ferrovia Norte-Sul, os produtos poderiam ser escoados pelo Oceano Pacífico, com grande redução nos custos.
A missão também avançou na negociação para a construção do gasoduto Gaserne, ligando Cabiúnas (RJ) a Catu (BA). O gasoduto, que começa a ser construído ano que vem e deve ser concluído em 2008, terá investimento total de US$ 1,3 bilhão, uma parceria entre a Petrobras e a China Petroleum & Chemical (Sinopec).
quarta-feira, setembro 22, 2004
O exercício histérico da fé
Mercantilização da fé
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/opiniao/66537.html
Maria Amélia Bracks Duarte - Procuradora do Trabalho
Revista de circulação nacional publica, em matéria de capa, que pastores brasileiros levam suas igrejas a todos os cantos do mundo, conquistam fiéis em mais de 130 países e fazem pregações, via satélite, para os cinco continentes. E revela que pelo menos 80 igrejas brasileiras, da chamada linha pentecostal, que crêem nos dons do Espírito Santo como cura e o poder de falar línguas estranhas, têm templos no exterior. O Brasil é um país laico, onde política e religião não devem se misturar, e que proclama, como direito e garantia fundamental, a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Não é de se estranhar, pois, que essas igrejas se proliferem como farmácias e padarias, mas sem as exigências que tais tipos de comércio possuem, pois bastam um galpão, cadeiras e um microfone possante, além, é lógico, da capacidade de persuasão litúrgica do pastor e da carência da população presente.
Para arrebanhar ovelhas desgarradas e perdidas em dívidas financeiras, dores de amor, problemas de saúde, morte prematura de pessoas queridas, os pastores – tal e qual a Igreja Católica nos primórdios dos tempos – vendem salvação e milagres, indulgências e vida eterna. A proliferação de igrejas é tão intensa que artistas e músicos criam púlpitos para cantar seus hinos e alavancar vendas de CDs. Pastores se especializam em criar igrejas, com estratégia mercadológica, mudando de crenças, como diretores migram de empresas. Segundo a notícia veiculada na imprensa, sob o título “Deus é dinheiro também”, há um missionário que dedica 80% do seu tempo de pregação – que chega a durar duas horas – para pedir dinheiro aos fiéis. O repórter revela que o líder evangélico chama seus seguidores de fariseus, por não responderem imediatamente aos pedidos de contribuição. E adverte o pastor: “Vocês não podem mentir a Jesus. Se alguém disser que não tem R$ 10, está mentindo. E se Deus pode ver o seu coração, ele vê o seu bolso”. E para chegar ao mínimo de R$ 10, já havia insistido em R$ 1 mil, R$ 200 e R$ 100, porque a força da oração depende do valor da doação.
O exercício histérico da fé é dimensionado nos inúmeros programas de rádio e televisão, onde se misturam o ascetismo e o fanatismo, a vitória e o desespero, a misericórdia e o charlatanismo, a fé e a cura para todos os males, desde o desemprego, o abandono sentimental, a injustiça, até a impotência sexual. Os demônios abandonam o corpo frágil da mulher que se submete ao exorcismo e que, agora, liberta, deve jejuar e orar, ofertar bens materiais, sacrificar-se em nome de um Jesus punitivo.
O filósofo britânico Bertrand Russell, no final dos anos 20, quando foi lançar o seu livro Por que não sou cristão, afirmou, entre várias declarações polêmicas, que “toda concepção de Deus deriva de despotismos do Oriente. Uma concepção bastante inválida para homens livres. Quando se vêem na igreja pessoas se rebaixando, ao afirmar que são pecadores miseráveis e tudo o mais, parece ser uma coisa incompatível e sem o auto-respeito de seres humanos”. Mesmo que não se aprove o que o iconoclasta e ateu questionava, é preciso que a religião volte a ser um símbolo de fraternidade, de amor ao próximo, de espiritualidade, de perdão, de alegria, e não de insanidade, de inclemência, de purgação, de exploração de incautos e de mercantilização da fé.
p.s. eu aprovo o que o iconoclasta e ateu questionava
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/opiniao/66537.html
Maria Amélia Bracks Duarte - Procuradora do Trabalho
Revista de circulação nacional publica, em matéria de capa, que pastores brasileiros levam suas igrejas a todos os cantos do mundo, conquistam fiéis em mais de 130 países e fazem pregações, via satélite, para os cinco continentes. E revela que pelo menos 80 igrejas brasileiras, da chamada linha pentecostal, que crêem nos dons do Espírito Santo como cura e o poder de falar línguas estranhas, têm templos no exterior. O Brasil é um país laico, onde política e religião não devem se misturar, e que proclama, como direito e garantia fundamental, a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Não é de se estranhar, pois, que essas igrejas se proliferem como farmácias e padarias, mas sem as exigências que tais tipos de comércio possuem, pois bastam um galpão, cadeiras e um microfone possante, além, é lógico, da capacidade de persuasão litúrgica do pastor e da carência da população presente.
Para arrebanhar ovelhas desgarradas e perdidas em dívidas financeiras, dores de amor, problemas de saúde, morte prematura de pessoas queridas, os pastores – tal e qual a Igreja Católica nos primórdios dos tempos – vendem salvação e milagres, indulgências e vida eterna. A proliferação de igrejas é tão intensa que artistas e músicos criam púlpitos para cantar seus hinos e alavancar vendas de CDs. Pastores se especializam em criar igrejas, com estratégia mercadológica, mudando de crenças, como diretores migram de empresas. Segundo a notícia veiculada na imprensa, sob o título “Deus é dinheiro também”, há um missionário que dedica 80% do seu tempo de pregação – que chega a durar duas horas – para pedir dinheiro aos fiéis. O repórter revela que o líder evangélico chama seus seguidores de fariseus, por não responderem imediatamente aos pedidos de contribuição. E adverte o pastor: “Vocês não podem mentir a Jesus. Se alguém disser que não tem R$ 10, está mentindo. E se Deus pode ver o seu coração, ele vê o seu bolso”. E para chegar ao mínimo de R$ 10, já havia insistido em R$ 1 mil, R$ 200 e R$ 100, porque a força da oração depende do valor da doação.
O exercício histérico da fé é dimensionado nos inúmeros programas de rádio e televisão, onde se misturam o ascetismo e o fanatismo, a vitória e o desespero, a misericórdia e o charlatanismo, a fé e a cura para todos os males, desde o desemprego, o abandono sentimental, a injustiça, até a impotência sexual. Os demônios abandonam o corpo frágil da mulher que se submete ao exorcismo e que, agora, liberta, deve jejuar e orar, ofertar bens materiais, sacrificar-se em nome de um Jesus punitivo.
O filósofo britânico Bertrand Russell, no final dos anos 20, quando foi lançar o seu livro Por que não sou cristão, afirmou, entre várias declarações polêmicas, que “toda concepção de Deus deriva de despotismos do Oriente. Uma concepção bastante inválida para homens livres. Quando se vêem na igreja pessoas se rebaixando, ao afirmar que são pecadores miseráveis e tudo o mais, parece ser uma coisa incompatível e sem o auto-respeito de seres humanos”. Mesmo que não se aprove o que o iconoclasta e ateu questionava, é preciso que a religião volte a ser um símbolo de fraternidade, de amor ao próximo, de espiritualidade, de perdão, de alegria, e não de insanidade, de inclemência, de purgação, de exploração de incautos e de mercantilização da fé.
p.s. eu aprovo o que o iconoclasta e ateu questionava
segunda-feira, setembro 20, 2004
PERIGO VERMELHO se arrasta sem escrupulos pelas brechas da lei atraves dos descaminhos da imoralidade
Se o pais fosse serio, Lula teria voltado para Brasilia de camburao e desembarcado na Papuda
Militância sob suspeita
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/145954939.asp
Integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmaram ontem que foi ilegal a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de pedir votos para a prefeita e candidata à reeleição Marta Suplicy (PT), numa inauguração de obra pública em São Paulo no último sábado. O ministro-substituto José Gerardo Grossi acredita que Lula feriu a Lei Eleitoral. O ministro disse que, se for proposta uma ação contra a candidata por causa do episódio, existem fortes chances de ela ser punida pela Justiça Eleitoral.
— Pode atrapalhar a vida dela. Há limites para propaganda. No mínimo, o que aconteceu é completamente inadequado. O presidente da República não pode se engajar em campanha. Isso fere visivelmente a Lei Eleitoral — opinou Grossi. (...)
Um outro ministro declarou concordar com a opinião do colega. Ele explicou que a Lei Eleitoral impede o uso político de inaugurações de obras municipais em favor de um determinado candidato. O ministro argumentou que, no caso, Marta levou vantagem em relação aos concorrentes — o que é vedado pela legislação.
No entanto, esse magistrado acredita que Marta dificilmente seja punida pelo episódio. Como ela não estava presente à inauguração, pode alegar que não sabia das intenções do presidente em prestar-lhe apoio público. Existe, portanto, uma brecha na lei: candidato não pode inaugurar obras, mas não existe menção à presença do presidente da República no evento sem o conhecimento do concorrente.
— Em princípio, nenhuma obra municipal pode ser inaugurada com menção ao candidato. Mesmo sem a presença de Marta, um terceiro não poderia fazer campanha por ela. (...)
Militância sob suspeita
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/145954939.asp
Integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmaram ontem que foi ilegal a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de pedir votos para a prefeita e candidata à reeleição Marta Suplicy (PT), numa inauguração de obra pública em São Paulo no último sábado. O ministro-substituto José Gerardo Grossi acredita que Lula feriu a Lei Eleitoral. O ministro disse que, se for proposta uma ação contra a candidata por causa do episódio, existem fortes chances de ela ser punida pela Justiça Eleitoral.
— Pode atrapalhar a vida dela. Há limites para propaganda. No mínimo, o que aconteceu é completamente inadequado. O presidente da República não pode se engajar em campanha. Isso fere visivelmente a Lei Eleitoral — opinou Grossi. (...)
Um outro ministro declarou concordar com a opinião do colega. Ele explicou que a Lei Eleitoral impede o uso político de inaugurações de obras municipais em favor de um determinado candidato. O ministro argumentou que, no caso, Marta levou vantagem em relação aos concorrentes — o que é vedado pela legislação.
No entanto, esse magistrado acredita que Marta dificilmente seja punida pelo episódio. Como ela não estava presente à inauguração, pode alegar que não sabia das intenções do presidente em prestar-lhe apoio público. Existe, portanto, uma brecha na lei: candidato não pode inaugurar obras, mas não existe menção à presença do presidente da República no evento sem o conhecimento do concorrente.
— Em princípio, nenhuma obra municipal pode ser inaugurada com menção ao candidato. Mesmo sem a presença de Marta, um terceiro não poderia fazer campanha por ela. (...)
sexta-feira, setembro 17, 2004
DECISAO SENSACIONAL ou TUDO PELA SUBSTANCIA
coisa tipica de governo repleto de gente preparada !!!!!
Ancinav deve mudar de nome para Anav
http://www.estadao.com.br/divirtase/noticias/2004/set/17/108.htm
Um dos temas da discussão que durou 10 horas na terça, em Brasília foi a mudança de nome, para não centralizar os temas da agência em único setor
(...) Esse foi um tema, entre os vários tratados durante a reunião que durou 10 horas em Brasília, na terça. "Não foi um ponto muito importante da reunião, e também não foi decidido nem votado, mas alguns conselheiros ponderaram que a mudança talvez seja importante", disse ontem Orlando Senna, secretário do Audiovisual do MinC, que concorda com a proposta. (...)
Ancinav deve mudar de nome para Anav
http://www.estadao.com.br/divirtase/noticias/2004/set/17/108.htm
Um dos temas da discussão que durou 10 horas na terça, em Brasília foi a mudança de nome, para não centralizar os temas da agência em único setor
(...) Esse foi um tema, entre os vários tratados durante a reunião que durou 10 horas em Brasília, na terça. "Não foi um ponto muito importante da reunião, e também não foi decidido nem votado, mas alguns conselheiros ponderaram que a mudança talvez seja importante", disse ontem Orlando Senna, secretário do Audiovisual do MinC, que concorda com a proposta. (...)
quarta-feira, setembro 15, 2004
COMO FAZER UM MONOPOLISTA PERDER DINHEIRO ? PERGUNTE AO politsBURGER !!!
Produção cai e Petrobrás importa 54% mais
Extração de petróleo teve queda de 1,2% por causa do atraso na construção de plataformas
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/09/15/eco052.html
O atraso na construção de plataformas vem atrapalhando os planos da Petrobrás de se manter como empresa superavitária em sua balança comercial. Desde o início do ano, a produção nacional de petróleo caiu 1,2%, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), por causa da demora no início das operações dos campos de Barracuda, Caratinga e Albacora Leste, todos na Bacia de Santos. De outra parte, o consumo interno de combustíveis aumentou 5,7% no período, acompanhando a retomada da economia. Para suprir a demanda, a estatal foi buscar petróleo no exterior, o já que provocou um aumento de 54% nas importações brasileiras de óleo cru.
A balança comercial do setor acumula déficit de US$ 2,294 bilhões nos 7 primeiros meses do ano. A situação é agravada pela disparada do preço do petróleo no mercado internacional, o que provocou uma alta de 82,4% nos gastos com a importação de óleo cru.
Extração de petróleo teve queda de 1,2% por causa do atraso na construção de plataformas
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/09/15/eco052.html
O atraso na construção de plataformas vem atrapalhando os planos da Petrobrás de se manter como empresa superavitária em sua balança comercial. Desde o início do ano, a produção nacional de petróleo caiu 1,2%, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), por causa da demora no início das operações dos campos de Barracuda, Caratinga e Albacora Leste, todos na Bacia de Santos. De outra parte, o consumo interno de combustíveis aumentou 5,7% no período, acompanhando a retomada da economia. Para suprir a demanda, a estatal foi buscar petróleo no exterior, o já que provocou um aumento de 54% nas importações brasileiras de óleo cru.
A balança comercial do setor acumula déficit de US$ 2,294 bilhões nos 7 primeiros meses do ano. A situação é agravada pela disparada do preço do petróleo no mercado internacional, o que provocou uma alta de 82,4% nos gastos com a importação de óleo cru.
terça-feira, setembro 14, 2004
!!!!!!!!!!!!!!!!!!
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/09/14/pol015.html
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que, com a criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav), a sociedade terá valores fundamentais assegurados, porque "setores estratégicos estarão mais livres do fascismo das grandes corporações da mídia". A declaração foi feita ao Em Questão, espaço que o governo tem na internet para, segundo a Secretaria da Comunicação de Governo, repor verdades.
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que, com a criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav), a sociedade terá valores fundamentais assegurados, porque "setores estratégicos estarão mais livres do fascismo das grandes corporações da mídia". A declaração foi feita ao Em Questão, espaço que o governo tem na internet para, segundo a Secretaria da Comunicação de Governo, repor verdades.
segunda-feira, setembro 13, 2004
Por que não me ufano
Daniel Piza
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/09/12/cad040.html
O fato de a previsão média de crescimento para este ano ser de 4% não valida esse governo. Não o redime de sua incompetência, corrupção e arbitrariedade.
A China deve crescer 9,2% neste ano; a Argentina, 7,3%; a Coréia do Sul, 5,3%. O Brasil, depois de três anos medíocres, está crescendo graças à expansão das exportações - herança irônica do governo anterior e da globalização. O crescimento tampouco valida na íntegra a política econômica do governo. A dívida continua alta (55% do PIB), os investimentos baixos (menos de 20%), a inflação sobe, o dólar desce, etc.
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/09/12/cad040.html
O fato de a previsão média de crescimento para este ano ser de 4% não valida esse governo. Não o redime de sua incompetência, corrupção e arbitrariedade.
A China deve crescer 9,2% neste ano; a Argentina, 7,3%; a Coréia do Sul, 5,3%. O Brasil, depois de três anos medíocres, está crescendo graças à expansão das exportações - herança irônica do governo anterior e da globalização. O crescimento tampouco valida na íntegra a política econômica do governo. A dívida continua alta (55% do PIB), os investimentos baixos (menos de 20%), a inflação sobe, o dólar desce, etc.
QUEM MANDA E' O BANKBOSTON
Meirelles rejeita proposta de Lula para mudar Copom
http://oglobo.globo.com/jornal/Economia/145858969.asp
BASILÉIA, Suíça O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, rejeitou ontem qualquer possibilidade de reduzir o número de reuniões anuais do Comitê de Política Monetária (Copom) — o órgão que decide a taxa de juros básica do país. Em entrevista à revista “Época” deste fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se incomodado com a expectativa criada no Brasil às vésperas de cada reunião mensal do Copom.
“Tem lógica fazerem reunião do Copom todo mês? Eu tenho vontade de decretar feriado nacional no dia da reunião”, teria indagado o presidente a Meirelles, segundo a “Época”. Para Lula, as reuniões do Copom acabam gerando uma “tensão desnecessária”. O presidente eleito da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também sugeriu, recentemente, que o comitê passasse a se reunir somente a cada dois meses.
País é mais bem visto pelo mercado, diz Meirelles
O presidente do BC, que está na Basiléia, confirmou que Lula discutiu essa questão com ele. Indagado se o BC avaliará a proposta, ele foi categórico:
— Não temos planos de mudar a agenda de reuniões do Copom — declarou o presidente do BC, sem mais comentários.
Meirelles confirmou que o BC estuda novas medidas administrativas e tributárias para reduzir os spreads (diferença entre a taxa paga na captação e a cobrada nos empréstimos) dos bancos, além das que já estão sendo encaminhadas, como a Lei de Falências.
— Tem muito espaço para reduzir o spread no Brasil. Há uma série de idéias, mas são prematuras para falar — disse.
O presidente do BC participou ontem de um encontro com dirigentes de bancos centrais na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS), dizendo que o Brasil deixou de ser visto por banqueiros como um país de risco. E lembrou que os mercados hoje estão mais bem informados e sabendo diferenciar os países emergentes. Perguntado se alguém levantou questões como juros e inflação na reunião do BIS, Meirelles respondeu:
— As dúvidas que tiveram são as mesmas que vocês (jornalistas) têm, que eu não posso falar e que também não pude responder. Mas a percepção geral é que o Brasil mudou e já começa a ser posto junto ao Chile e ao México nas avaliações, além de outros países asiáticos. Evidentemente que os indicadores são diferentes, mas o Brasil, aparentemente, está no caminho da Coréia do Sul — disse.
Ele se nega a prever quando o Brasil poderá ser premiado com um investment grade , ou seja, quando o país será recomendado para investimento, como é o caso de Chile e México.
Segundo Meirelles, nas reuniões anteriores do BIS, sempre existia uma visão positiva em relação ao Brasil, mas havia dúvidas se a recuperação era sustentável.
Expansão da economia anima banqueiros
Segundo ele, é a primeira vez em décadas que o mercado começa a ter confiança de que o Brasil está, de fato, numa rota de crescimento sustentável.
— O Brasil deixa de ser objeto de preocupação. As pessoas realmente acreditam que (o país) não vai mais patinar. É uma nova fase na história do país — afirmou.
Sem citar nomes, o presidente do BC disse que dirigentes de bancos centrais e privados enumeraram vários motivos para o otimismo, como o crescimento a taxas elevadas por quatro trimestres consecutivos, com indicações de crescimento no quinto trimestre.
Além disso, citaram a queda da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o cumprimento pelo segundo ano consecutivo das metas fiscais e o fato de o Brasil estar conseguindo expressivos saldos comerciais.
http://oglobo.globo.com/jornal/Economia/145858969.asp
BASILÉIA, Suíça O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, rejeitou ontem qualquer possibilidade de reduzir o número de reuniões anuais do Comitê de Política Monetária (Copom) — o órgão que decide a taxa de juros básica do país. Em entrevista à revista “Época” deste fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se incomodado com a expectativa criada no Brasil às vésperas de cada reunião mensal do Copom.
“Tem lógica fazerem reunião do Copom todo mês? Eu tenho vontade de decretar feriado nacional no dia da reunião”, teria indagado o presidente a Meirelles, segundo a “Época”. Para Lula, as reuniões do Copom acabam gerando uma “tensão desnecessária”. O presidente eleito da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também sugeriu, recentemente, que o comitê passasse a se reunir somente a cada dois meses.
País é mais bem visto pelo mercado, diz Meirelles
O presidente do BC, que está na Basiléia, confirmou que Lula discutiu essa questão com ele. Indagado se o BC avaliará a proposta, ele foi categórico:
— Não temos planos de mudar a agenda de reuniões do Copom — declarou o presidente do BC, sem mais comentários.
Meirelles confirmou que o BC estuda novas medidas administrativas e tributárias para reduzir os spreads (diferença entre a taxa paga na captação e a cobrada nos empréstimos) dos bancos, além das que já estão sendo encaminhadas, como a Lei de Falências.
— Tem muito espaço para reduzir o spread no Brasil. Há uma série de idéias, mas são prematuras para falar — disse.
O presidente do BC participou ontem de um encontro com dirigentes de bancos centrais na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS), dizendo que o Brasil deixou de ser visto por banqueiros como um país de risco. E lembrou que os mercados hoje estão mais bem informados e sabendo diferenciar os países emergentes. Perguntado se alguém levantou questões como juros e inflação na reunião do BIS, Meirelles respondeu:
— As dúvidas que tiveram são as mesmas que vocês (jornalistas) têm, que eu não posso falar e que também não pude responder. Mas a percepção geral é que o Brasil mudou e já começa a ser posto junto ao Chile e ao México nas avaliações, além de outros países asiáticos. Evidentemente que os indicadores são diferentes, mas o Brasil, aparentemente, está no caminho da Coréia do Sul — disse.
Ele se nega a prever quando o Brasil poderá ser premiado com um investment grade , ou seja, quando o país será recomendado para investimento, como é o caso de Chile e México.
Segundo Meirelles, nas reuniões anteriores do BIS, sempre existia uma visão positiva em relação ao Brasil, mas havia dúvidas se a recuperação era sustentável.
Expansão da economia anima banqueiros
Segundo ele, é a primeira vez em décadas que o mercado começa a ter confiança de que o Brasil está, de fato, numa rota de crescimento sustentável.
— O Brasil deixa de ser objeto de preocupação. As pessoas realmente acreditam que (o país) não vai mais patinar. É uma nova fase na história do país — afirmou.
Sem citar nomes, o presidente do BC disse que dirigentes de bancos centrais e privados enumeraram vários motivos para o otimismo, como o crescimento a taxas elevadas por quatro trimestres consecutivos, com indicações de crescimento no quinto trimestre.
Além disso, citaram a queda da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o cumprimento pelo segundo ano consecutivo das metas fiscais e o fato de o Brasil estar conseguindo expressivos saldos comerciais.
domingo, setembro 12, 2004
O espetáculo do casamento
Agamenon, O Globo, 12/09/2004
Primeiro foi a Angélica e o Luciano Huck e agora foi a vez do Ronaldinho, o Fenômeno, que anunciou em rede nacional de televisão o seu casamento com Daniellla Ciscarelli, a Fenômena. Vivemos na era dos megacasamentos de celebridades internacionais, em que uma simples e íntima cerimônia de pedido de mão da noiva tem que passar no “Fantástico” ou, no mínimo, no “Jornal Nacional”.
Se o noivado foi assim, imagina como vai ser a cobertura (com trocadilho, por favor) do casamento do Ronaldinho! A CNN vai retirar todos os correspondentes de guerra do Iraque para exibir flashes ao vivo da lua-de-mel. Para não ficar atrás (com muito mais trocadilho ainda), a BBC já contratou a sexóloga velhinha Susan Johanson do GNT (Ginecological Network Television) para comentar os melhores momentos da intimidade dos noivos. A Globo também vai entrar com tudo (com muito, muito mais trocadilho ainda) na cobertura e já convocou Galvão Bueno, Arnaldo César Coelho, Falcão e Casagrande para transmitir a conjunção carnal dos dois pombinhos. Gaiato e brincalhão, Ronaldinho já mandou tatuar a frase “Galvão, filma eu!” numa parte fenomenal de sua anatomia.
Ciscarelli faz questão de casar vestida de noiva na catedral de Notre Dame de Paris e a cerimônia será oficiada pelo Papa João Paulo II em pessoa, auxiliado pelo padre Marcelo Rossi e pelo irlandês maluco que agarrou o Vanderlei na maratona. Na verdade, sempre que um jovem casal apaixonado resolve se casar me, dá uma baita depressão porque eu e a Isaura, a minha patroa, mantemos um casamento de fachada. O casamento é de fachada mas a nossa vida sexual só acontece nos fundos
Primeiro foi a Angélica e o Luciano Huck e agora foi a vez do Ronaldinho, o Fenômeno, que anunciou em rede nacional de televisão o seu casamento com Daniellla Ciscarelli, a Fenômena. Vivemos na era dos megacasamentos de celebridades internacionais, em que uma simples e íntima cerimônia de pedido de mão da noiva tem que passar no “Fantástico” ou, no mínimo, no “Jornal Nacional”.
Se o noivado foi assim, imagina como vai ser a cobertura (com trocadilho, por favor) do casamento do Ronaldinho! A CNN vai retirar todos os correspondentes de guerra do Iraque para exibir flashes ao vivo da lua-de-mel. Para não ficar atrás (com muito mais trocadilho ainda), a BBC já contratou a sexóloga velhinha Susan Johanson do GNT (Ginecological Network Television) para comentar os melhores momentos da intimidade dos noivos. A Globo também vai entrar com tudo (com muito, muito mais trocadilho ainda) na cobertura e já convocou Galvão Bueno, Arnaldo César Coelho, Falcão e Casagrande para transmitir a conjunção carnal dos dois pombinhos. Gaiato e brincalhão, Ronaldinho já mandou tatuar a frase “Galvão, filma eu!” numa parte fenomenal de sua anatomia.
Ciscarelli faz questão de casar vestida de noiva na catedral de Notre Dame de Paris e a cerimônia será oficiada pelo Papa João Paulo II em pessoa, auxiliado pelo padre Marcelo Rossi e pelo irlandês maluco que agarrou o Vanderlei na maratona. Na verdade, sempre que um jovem casal apaixonado resolve se casar me, dá uma baita depressão porque eu e a Isaura, a minha patroa, mantemos um casamento de fachada. O casamento é de fachada mas a nossa vida sexual só acontece nos fundos
PPP
ou projeto de Participação da Patuléia nos Prejuízos
by Elio Gaspari, 12/09/2004
by Elio Gaspari, 12/09/2004
sábado, setembro 11, 2004
Serra ! Serra ! Serra !
‘Julgamento de FH já houve. Agora é o atual governo’
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/145846097.asp
11/09/2004
SÃO PAULO. Para o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso foram julgados em 2002, quando ele, Serra, perdeu a eleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, segundo Serra, é a vez de julgar Lula, e o desempenho do governo federal “é o pano de fundo” da eleição em São Paulo.
Na “Entrevista Pública” com os candidatos promovida pelo “Diário de S. Paulo”, com participação do GLOBO, na Câmara de Vereadores de São Paulo, Serra falou pela primeira vez nesta campanha de forma incisiva sobre questões nacionais. E não poupou o governo do PT. Segundo o tucano, projetos com o da Ancinav e Conselho Federal de Jornalismo mostram que a atriz Regina Duarte estava certa ao dizer que tinha medo da vitória do petista. Serra criticou ainda as farmácias populares, o Fome Zero e o orçamento participativo, mas defendeu as Parcerias Público-Privadas (PPPs).
A seguir, os principais trechos da entrevista, na qual Serra expôs suas idéias sobre a cidade, o país e o governo federal.
JULGAMENTO DE LULA: Nós perdemos a eleição. O Lula se elegeu dizendo que criaria 10 milhões de empregos e ganhou por causa disso. Acho engraçado o seguinte: tivemos o governo Fernando Henrique com seus erros e seus acertos — a meu ver acertou mais do que errou. Então tivemos a eleição, fui o candidato. Eu teria, creio, feito mais mudanças no Brasil, mas o eleitorado achou que Lula é quem faria. Ele se elegeu na base de que que iria fazer mudanças e criar 10 milhões de empregos. Isso é o que tem que ser julgado agora porque o julgamento do governo Fernando Henrique já houve depois de oito anos. Agora é o julgamento do atual governo. Ele prometeu criar 10 milhões de empregos. Onde estão os empregos?
PAÍS NÃO MUDOU: A qualidade do que mudou é o que tem que se ver. O que mudou para pior ou para melhor. Para melhor eu não vejo até agora.
PANO DE FUNDO: A eleição nacional é um pano de fundo. Disse desde o primeiro momento que esta campanha seria toda em cima de questões locais. E está sendo. Nunca ninguém me viu levar a discussão para o plano nacional. Eu apenas aceito quando ela é posta. Agora, é indiscutível que o quadro nacional dá um pano de fundo para o quadro local. Mas não é uma questão preponderante.
ANTIPATIA: Você acha que o presidente Fernando Henrique diria para o presidente da Argentina: “Meu candidato vai perder porque é antipático?” Essa história de antipático, as pesquisas da época (da eleição de 2002) e de hoje mostravam que a população não me via como antipático. Não quero dizer que me via como muito simpático.
FERNANDO HENRIQUE: Ele é um ex-presidente, e o papel dele não é ficar fazendo campanha na rua. Alguém duvida que ele está me apoiando? Todo mundo sabe que ele me apóia. Se a mídia duvida, vá lá e faça uma entrevista com ele. Aí vai para as primeiras páginas, para a televisão. O que nós queremos com isso é que ele apareça na mídia dizendo que me apóia.
MEDO: Foi uma declaração infeliz. Se o tempo voltasse atrás, ela (Marta) não faria. A prefeita não disse que se eu for eleito não administrarei bem a cidade. O que ela disse é que o governo federal boicotaria. Se estou numa disputa posso dizer: o fulano não vai administrar bem a cidade. Isso é legítimo. Outra coisa é dizer: se ele for eleito, o governo federal do meu partido vai boicotar. O regime democrático tem como um dos seus aspectos mais importantes a alternância do poder.
REGINA DUARTE: A Regina Duarte é uma pessoa que disse a opinião dela. Ela estava com medo e disse. E, convenhamos, quando a gente vê a tendência dessa Ancinav (Agência Nacional do Cinema e Audiovisual), do Conselho Federal de Jornalismo, a intolerância para alternância democrática eleitoral, tentativas de manipular a opinião pública... São coisas antidemocráticas. De repente ela pode, num certo momento, vir até a ter razão.
OPACIDADE: A doutrina desta prefeitura, como aliás é de outros governos do PT, não é a da transparência, é a da opacidade. Não sabemos direito, qual é a estrutura (das taxas), o que está acontecendo etc. Não se consegue levantar direito as despesas com convênios.
CATACUMBAS. De maio de 2003 a maio de 2004 a prefeitura do PT deu R$ 176 milhões em contratos de assessoria e consultoria. Tem coisas inacreditáveis. São R$ 20 milhões de consultoria para operação do Fura Fila. Para a escola de sociologia e política estudar o uso do subsolo em São Paulo outros R$ 10 milhões, eu creio. Só se tivesse catacumbas como em Roma. Porque sociólogos e “politólogos” estudando subsolo não é propriamente uma vocação.
DÍVIDA: Há duas dimensões. Uma é o estoque e o serviço da dívida. Mas tem um outro problema, que é o déficit que tem aumentado a cada ano. Em 2002 foi de R$ 250 milhões, em 2003 se aproximou dos R$ 600 milhões e este ano caminha para R$ 1 bilhão. É a despesa além da arrecadação. Este é o fator principal em relação às finanças da cidade. Isso desmente a tese de que a prefeitura acelerou obras porque a situação financeira melhorou. O estoque vai exigir revisão de indexadores e uma série de outras providências. Isso tem que ser enfrentado com revisão de custos e do empreguismo. A amortização definida pelo Senado é de R$ 3 bilhões ou R$ 4 bilhões e isso não tem como ser pago porque representa 20% do orçamento. Nem o Oliveira Salazar (líder fascista português) poderia fazer isso.
SUPERFATURAMENTO: O hospital da Cidade Tiradentes custa por metro quadrado R$ 2,5 mil. Se vocês pegarem hospitais do estado o custo foi de R$ 1,5 mil. Outro exemplo está no metro cúbico dos piscinões, que são dois terços mais caros que os do estado. Acho que são superfaturados. Há um descaso com isso. Não tenho provas para dizer que seja corrupção. Se você está comprando pode pagar mais por não prestar atenção no preço. Então fico por aí. Por enquanto é descaso.
REVISÃO DE CONTRATOS: Tudo vai ter que ser revisado para baixo. Já temos experiência disso no governo Montoro (82 a 86), quando revisamos todos os contratos do Maluf para baixo. Tudo foi 20% ou 25% mais barato.
AUSTERIDADE: Teremos que extrair o máximo de cada real aplicado. Vai ter que ter um programa de austeridade e de prioridades fortíssimo. Não tem outra alternativa. Esta é a questão número um da cidade.
TÚNEL CIDADE JARDIM: Alguém aqui já foi andar lá no túnel da Cidade Jardim? É a menor distância entre dois engarrafamentos. Encurtou-se o tempo para engarrafar. Agora demora menos. Estas obras todas estão custando R$ 220 milhões. Começou com R$ 140 milhões e provavelmente por causa da pressa aumentou o preço para render dividendos eleitorais.
NOVOS CEUs: Se a prefeitura deixar dinheiro não disfarçado no orçamento nós faremos. Se não, não faremos. Minha prioridade não será investir em prédios, mas em gente.
SALÁRIOS: Na prefeitura os salários na educação e saúde são melhores do que no estado. Esta é uma vantagem para quem vai administrar a prefeitura.
HOSPITAIS. A idéia é fazermos hospitais locais, pequenos, acoplados a outros hospitais. Tem um que está sendo feito em Sapopemba. É uma boa experiência, pois é um hospital barato que custa cerca de R$ 5 milhões. É uma obra modesta. Acho que serão construídos uns 7 ou 8.
LICITAÇÃO DO LIXO: Eu acho impróprio que a prefeitura tenha feito no final do mandato uma concorrência de 20 anos por R$ 10 bilhões. Chegando à prefeitura vamos examinar isso a fundo e, se houver provas convincentes, vamos anular a concorrência. Mas tenho que olhar isso a fundo.
PLEBISCITO: Estou disposto inclusive a usar a figura do plebiscito, se for o caso para grandes questões.
TOQUE DE RECOLHER: Um tipo de ação que pode ser feito para redução de criminalidade é o controle de horários de bares. Não é fechar bares mais cedo em toda a cidade, mas em lugares onde a taxa de criminalidade e homicídios é alta inclusive nos arredores. Isso tem funcionado em Diadema, diga-se de passagem, uma prefeitura do PT. Acredito que a grande maioria da população apoiaria, especialmente as mulheres.
REDUÇÕES DE IMPOSTOS: Sou a favor de reduções de impostos regionalizadas dentro da cidade. Por exemplo, o centro pode ter incentivo para atividades audiovisuais. É uma idéia concreta.
AULAS DE REPOSIÇÃO: Sou favorável à progressão continuada, mas acho que ela tem que ser acompanhada de aulas de reposição. Vamos contratar professores aposentados para darem estas aulas. Há muito professor aposentado jovem ainda com disposição para o trabalho. Há muitas empresas dispostas a fazer parcerias neste sentido. Educação não é prédio, como pensa este governo. Educação é investir no professor.
GASTOS DE CAMPANHA: O que o PT está fazendo aqui em São Paulo não tem comparação com nenhuma eleição que eu me lembre. Eu participo de eleições desde 1950. Eu tinha oito anos de idade e tinha uma banquinha de cédulas. Alguém me dava um sanduíche ou um guaraná e eu ficava entregando cédulas na porta do colégio Firmino de Proença.
RENDA MÍNIMA: Pretendo manter, até porque foi o governo Fernando Henrique que começou. Agora, que são uma caixa preta, são. Tente ver quem recebe. Não se sabe. O país ficou pasmo agora ao saber que o Bolsa Escola acabou. Porque o Bolsa Escola era a vinculação à freqüência escolar. Inclusive há rumores de que está aumentando a distribuição de dinheiro. Seria uma perversão total, que, queira Deus, não esteja sendo feita agora: aumentar (o Bolsa Escola) na véspera da eleição por canais legais com efeitos eleitorais.
MENDIGOS. Na minha opinião, a única solução é trabalhar com entidades religiosas. Porque o problema não é só a pobreza objetiva. Envolve em grande medida questões de vida, psicológicas, de alcoolismo etc. Creio que dedicação a este trabalho exige uma motivação por parte das pessoas. E a minha tendência é chamar todas as igrejas.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO: É puro marketing. Basta olhar na área da saúde. De todas as reivindicações não cumpriram nem 1%. Na verdade, o orçamento participativo ou é o óbvio — alguma coisa que vai ser feita de qualquer jeito — ou não é feito. Mas que é um instrumento de marketing formidável, é. Vejo pessoas do exterior querendo conhecer o fenômeno do orçamento participativo no Brasil. É como o Fome Zero: um programa que não existe na prática e que foi um sucesso tremendo mundialmente.
PPPs. Sou inteiramente aberto para isso. Na linha 4 do Metrô já tem uma espécie de PPP embutida. O PSDB não é contra as parcerias, é contra que (elas) sejam uma maneira de disfarçar geração de déficit público.
FARMÁCIAS POPULARES: Acho que não foram uma boa idéia. Você tira dinheiro do SUS, que é de distribuição gratuita, para vender. Tem que contratar funcionários, pagar preço de aluguel. Se for gasto tudo o que se previu no orçamento das farmácias populares, seria possível dar um salto espetacular no aumento da distribuição gratuita no Brasil, que é feita para quem não tem dinheiro para comprar. Genérico é para quem pode pagar. Se jogasse no SUS R$ 350 milhões (o que o governo pretende gastar com reformas populares), seria uma fábula.
MARTA E ALCKMIN: A relação poderia ser muito melhor. A prefeitura tem uma atitude de disputa. Os elogios dela (Marta) ao Alckmin são alternados pelas críticas, dependendo do que um assessor pode transmitir sobre um assunto do dia etc. O que acaba passando para população algo muito atrapalhado. A prefeita é crítica ou admiradora do governador? Ninguém fica sabendo porque uma hora é uma coisa outra hora é outra, porque depende do humor, da pesquisa, do palpite de alguém.
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/145846097.asp
11/09/2004
SÃO PAULO. Para o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso foram julgados em 2002, quando ele, Serra, perdeu a eleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, segundo Serra, é a vez de julgar Lula, e o desempenho do governo federal “é o pano de fundo” da eleição em São Paulo.
Na “Entrevista Pública” com os candidatos promovida pelo “Diário de S. Paulo”, com participação do GLOBO, na Câmara de Vereadores de São Paulo, Serra falou pela primeira vez nesta campanha de forma incisiva sobre questões nacionais. E não poupou o governo do PT. Segundo o tucano, projetos com o da Ancinav e Conselho Federal de Jornalismo mostram que a atriz Regina Duarte estava certa ao dizer que tinha medo da vitória do petista. Serra criticou ainda as farmácias populares, o Fome Zero e o orçamento participativo, mas defendeu as Parcerias Público-Privadas (PPPs).
A seguir, os principais trechos da entrevista, na qual Serra expôs suas idéias sobre a cidade, o país e o governo federal.
JULGAMENTO DE LULA: Nós perdemos a eleição. O Lula se elegeu dizendo que criaria 10 milhões de empregos e ganhou por causa disso. Acho engraçado o seguinte: tivemos o governo Fernando Henrique com seus erros e seus acertos — a meu ver acertou mais do que errou. Então tivemos a eleição, fui o candidato. Eu teria, creio, feito mais mudanças no Brasil, mas o eleitorado achou que Lula é quem faria. Ele se elegeu na base de que que iria fazer mudanças e criar 10 milhões de empregos. Isso é o que tem que ser julgado agora porque o julgamento do governo Fernando Henrique já houve depois de oito anos. Agora é o julgamento do atual governo. Ele prometeu criar 10 milhões de empregos. Onde estão os empregos?
PAÍS NÃO MUDOU: A qualidade do que mudou é o que tem que se ver. O que mudou para pior ou para melhor. Para melhor eu não vejo até agora.
PANO DE FUNDO: A eleição nacional é um pano de fundo. Disse desde o primeiro momento que esta campanha seria toda em cima de questões locais. E está sendo. Nunca ninguém me viu levar a discussão para o plano nacional. Eu apenas aceito quando ela é posta. Agora, é indiscutível que o quadro nacional dá um pano de fundo para o quadro local. Mas não é uma questão preponderante.
ANTIPATIA: Você acha que o presidente Fernando Henrique diria para o presidente da Argentina: “Meu candidato vai perder porque é antipático?” Essa história de antipático, as pesquisas da época (da eleição de 2002) e de hoje mostravam que a população não me via como antipático. Não quero dizer que me via como muito simpático.
FERNANDO HENRIQUE: Ele é um ex-presidente, e o papel dele não é ficar fazendo campanha na rua. Alguém duvida que ele está me apoiando? Todo mundo sabe que ele me apóia. Se a mídia duvida, vá lá e faça uma entrevista com ele. Aí vai para as primeiras páginas, para a televisão. O que nós queremos com isso é que ele apareça na mídia dizendo que me apóia.
MEDO: Foi uma declaração infeliz. Se o tempo voltasse atrás, ela (Marta) não faria. A prefeita não disse que se eu for eleito não administrarei bem a cidade. O que ela disse é que o governo federal boicotaria. Se estou numa disputa posso dizer: o fulano não vai administrar bem a cidade. Isso é legítimo. Outra coisa é dizer: se ele for eleito, o governo federal do meu partido vai boicotar. O regime democrático tem como um dos seus aspectos mais importantes a alternância do poder.
REGINA DUARTE: A Regina Duarte é uma pessoa que disse a opinião dela. Ela estava com medo e disse. E, convenhamos, quando a gente vê a tendência dessa Ancinav (Agência Nacional do Cinema e Audiovisual), do Conselho Federal de Jornalismo, a intolerância para alternância democrática eleitoral, tentativas de manipular a opinião pública... São coisas antidemocráticas. De repente ela pode, num certo momento, vir até a ter razão.
OPACIDADE: A doutrina desta prefeitura, como aliás é de outros governos do PT, não é a da transparência, é a da opacidade. Não sabemos direito, qual é a estrutura (das taxas), o que está acontecendo etc. Não se consegue levantar direito as despesas com convênios.
CATACUMBAS. De maio de 2003 a maio de 2004 a prefeitura do PT deu R$ 176 milhões em contratos de assessoria e consultoria. Tem coisas inacreditáveis. São R$ 20 milhões de consultoria para operação do Fura Fila. Para a escola de sociologia e política estudar o uso do subsolo em São Paulo outros R$ 10 milhões, eu creio. Só se tivesse catacumbas como em Roma. Porque sociólogos e “politólogos” estudando subsolo não é propriamente uma vocação.
DÍVIDA: Há duas dimensões. Uma é o estoque e o serviço da dívida. Mas tem um outro problema, que é o déficit que tem aumentado a cada ano. Em 2002 foi de R$ 250 milhões, em 2003 se aproximou dos R$ 600 milhões e este ano caminha para R$ 1 bilhão. É a despesa além da arrecadação. Este é o fator principal em relação às finanças da cidade. Isso desmente a tese de que a prefeitura acelerou obras porque a situação financeira melhorou. O estoque vai exigir revisão de indexadores e uma série de outras providências. Isso tem que ser enfrentado com revisão de custos e do empreguismo. A amortização definida pelo Senado é de R$ 3 bilhões ou R$ 4 bilhões e isso não tem como ser pago porque representa 20% do orçamento. Nem o Oliveira Salazar (líder fascista português) poderia fazer isso.
SUPERFATURAMENTO: O hospital da Cidade Tiradentes custa por metro quadrado R$ 2,5 mil. Se vocês pegarem hospitais do estado o custo foi de R$ 1,5 mil. Outro exemplo está no metro cúbico dos piscinões, que são dois terços mais caros que os do estado. Acho que são superfaturados. Há um descaso com isso. Não tenho provas para dizer que seja corrupção. Se você está comprando pode pagar mais por não prestar atenção no preço. Então fico por aí. Por enquanto é descaso.
REVISÃO DE CONTRATOS: Tudo vai ter que ser revisado para baixo. Já temos experiência disso no governo Montoro (82 a 86), quando revisamos todos os contratos do Maluf para baixo. Tudo foi 20% ou 25% mais barato.
AUSTERIDADE: Teremos que extrair o máximo de cada real aplicado. Vai ter que ter um programa de austeridade e de prioridades fortíssimo. Não tem outra alternativa. Esta é a questão número um da cidade.
TÚNEL CIDADE JARDIM: Alguém aqui já foi andar lá no túnel da Cidade Jardim? É a menor distância entre dois engarrafamentos. Encurtou-se o tempo para engarrafar. Agora demora menos. Estas obras todas estão custando R$ 220 milhões. Começou com R$ 140 milhões e provavelmente por causa da pressa aumentou o preço para render dividendos eleitorais.
NOVOS CEUs: Se a prefeitura deixar dinheiro não disfarçado no orçamento nós faremos. Se não, não faremos. Minha prioridade não será investir em prédios, mas em gente.
SALÁRIOS: Na prefeitura os salários na educação e saúde são melhores do que no estado. Esta é uma vantagem para quem vai administrar a prefeitura.
HOSPITAIS. A idéia é fazermos hospitais locais, pequenos, acoplados a outros hospitais. Tem um que está sendo feito em Sapopemba. É uma boa experiência, pois é um hospital barato que custa cerca de R$ 5 milhões. É uma obra modesta. Acho que serão construídos uns 7 ou 8.
LICITAÇÃO DO LIXO: Eu acho impróprio que a prefeitura tenha feito no final do mandato uma concorrência de 20 anos por R$ 10 bilhões. Chegando à prefeitura vamos examinar isso a fundo e, se houver provas convincentes, vamos anular a concorrência. Mas tenho que olhar isso a fundo.
PLEBISCITO: Estou disposto inclusive a usar a figura do plebiscito, se for o caso para grandes questões.
TOQUE DE RECOLHER: Um tipo de ação que pode ser feito para redução de criminalidade é o controle de horários de bares. Não é fechar bares mais cedo em toda a cidade, mas em lugares onde a taxa de criminalidade e homicídios é alta inclusive nos arredores. Isso tem funcionado em Diadema, diga-se de passagem, uma prefeitura do PT. Acredito que a grande maioria da população apoiaria, especialmente as mulheres.
REDUÇÕES DE IMPOSTOS: Sou a favor de reduções de impostos regionalizadas dentro da cidade. Por exemplo, o centro pode ter incentivo para atividades audiovisuais. É uma idéia concreta.
AULAS DE REPOSIÇÃO: Sou favorável à progressão continuada, mas acho que ela tem que ser acompanhada de aulas de reposição. Vamos contratar professores aposentados para darem estas aulas. Há muito professor aposentado jovem ainda com disposição para o trabalho. Há muitas empresas dispostas a fazer parcerias neste sentido. Educação não é prédio, como pensa este governo. Educação é investir no professor.
GASTOS DE CAMPANHA: O que o PT está fazendo aqui em São Paulo não tem comparação com nenhuma eleição que eu me lembre. Eu participo de eleições desde 1950. Eu tinha oito anos de idade e tinha uma banquinha de cédulas. Alguém me dava um sanduíche ou um guaraná e eu ficava entregando cédulas na porta do colégio Firmino de Proença.
RENDA MÍNIMA: Pretendo manter, até porque foi o governo Fernando Henrique que começou. Agora, que são uma caixa preta, são. Tente ver quem recebe. Não se sabe. O país ficou pasmo agora ao saber que o Bolsa Escola acabou. Porque o Bolsa Escola era a vinculação à freqüência escolar. Inclusive há rumores de que está aumentando a distribuição de dinheiro. Seria uma perversão total, que, queira Deus, não esteja sendo feita agora: aumentar (o Bolsa Escola) na véspera da eleição por canais legais com efeitos eleitorais.
MENDIGOS. Na minha opinião, a única solução é trabalhar com entidades religiosas. Porque o problema não é só a pobreza objetiva. Envolve em grande medida questões de vida, psicológicas, de alcoolismo etc. Creio que dedicação a este trabalho exige uma motivação por parte das pessoas. E a minha tendência é chamar todas as igrejas.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO: É puro marketing. Basta olhar na área da saúde. De todas as reivindicações não cumpriram nem 1%. Na verdade, o orçamento participativo ou é o óbvio — alguma coisa que vai ser feita de qualquer jeito — ou não é feito. Mas que é um instrumento de marketing formidável, é. Vejo pessoas do exterior querendo conhecer o fenômeno do orçamento participativo no Brasil. É como o Fome Zero: um programa que não existe na prática e que foi um sucesso tremendo mundialmente.
PPPs. Sou inteiramente aberto para isso. Na linha 4 do Metrô já tem uma espécie de PPP embutida. O PSDB não é contra as parcerias, é contra que (elas) sejam uma maneira de disfarçar geração de déficit público.
FARMÁCIAS POPULARES: Acho que não foram uma boa idéia. Você tira dinheiro do SUS, que é de distribuição gratuita, para vender. Tem que contratar funcionários, pagar preço de aluguel. Se for gasto tudo o que se previu no orçamento das farmácias populares, seria possível dar um salto espetacular no aumento da distribuição gratuita no Brasil, que é feita para quem não tem dinheiro para comprar. Genérico é para quem pode pagar. Se jogasse no SUS R$ 350 milhões (o que o governo pretende gastar com reformas populares), seria uma fábula.
MARTA E ALCKMIN: A relação poderia ser muito melhor. A prefeitura tem uma atitude de disputa. Os elogios dela (Marta) ao Alckmin são alternados pelas críticas, dependendo do que um assessor pode transmitir sobre um assunto do dia etc. O que acaba passando para população algo muito atrapalhado. A prefeita é crítica ou admiradora do governador? Ninguém fica sabendo porque uma hora é uma coisa outra hora é outra, porque depende do humor, da pesquisa, do palpite de alguém.
quinta-feira, setembro 09, 2004
Artigo 5
Influencia das eleições na economia
Gilson Geraldino Silva Junior
Professor do Departamento de Economia do Ibmec Minas
Gazeta Mercantil, 09/09/2004, p. A2
Durante o processo de industrialização, o Brasil registrou uma dinâmica de stop and go: momentos de crescimento, muitas vezes superando a média mundial, alternando com períodos de estagnação ou recessão. A principal explicação para este comportamento é a relação entre ciclos econômicos e eleições.
Economicamente, o formulador de políticas se depara com diversos dilemas, tais como inflação, crescimento e o grau de regulação nas atividades econômicas. O governante, entretanto, se preocupa não só com os impactos da proposta econômica sobre o desempenho do mercado, mas principalmente com os efeitos destas medidas sobre sua popularidade. Trata-se das possibilidades de reeleição ou eleição de correligionários.
Neste sentido, ações que visam o longo prazo podem ser preteridas pelas ações que exclusivamente beneficiam o curto prazo. Na perspectiva eleitoral, é mais rentável criar uma bolha de crescimento e induzir o eleitor menos atento a crer que o país entrou numa irreversível rota de prosperidade. A ilusão provocada pelo sucesso imediato muitas vezes engana até mesmo quem tem a última palavra na condução da política econômica. Chega-se a predizer que o país rapidamente passará a integrar o seleto grupo de nações ricas.
Mas, entrar neste clube não é tarefa fácil por duas principais razões. Primeiro, os outros paises não estão parados, esperando o Brasil enriquecer.Também estão trabalhando para manter ou aumentar suas riquezas e poder. Segundo, a fragilidade estrutural da economia brasileira ainda não foi definitivamente superada. Muito pelo contrário. Concentração industrial e atraso tecnológico permitem que as empresas especulem com a debilidade da conjuntura.
O visível monopólio em diversos mercados e o decorrente poder das firmas, tornam a interação estratégica entre setor publico e privado algo muito mais complexo que aparenta. Estas companhias sabem que não é possível, de imediato, que novos empreendimentos façam parte do mercado. Assim, aumentam preços sem medo da concorrência doméstica.
Sabem também que a única forma de, no curto prazo, conter a inflação gerada pelo sistemático aumento de preços, sem recorrer a congelamentos e afins, é expondo-as à competição externa. Monopólios e cartéis, porém, estão cientes que não é possível sustentar longos períodos de elevada importação de bens e serviços. Assim, dada a impossibilidade do país conviver com grandes déficits comerciais, estas empresas também dão pouca importância para a competição externa.
Alem disso, existe a defasagem tecnológica. Demoramos muito para ter certo domínio das técnicas de eletro-metal-mecânica, a tecnologia do início do século XX. Ainda há deficiências no paradigma tecnológico que está consolidado (microeletrônica) e muito a fazer para nos inserirmos no paradigma que se consolida : bio e nano tecnologias.
Os principais produtos de exportação ainda vêm da agricultura, como no começo do século passado. Mudou somente a composição do portfolio de bens primários – mais soja e menos café. Os bens industrializados e os intensivos em conhecimento continuam em segundo plano, tornando a troca de bens e serviços entre o Brasil e o resto do mundo desfavoráveis para nos.
Concentrar esforços somente no curto prazo compromete o desempenho de longo prazo. Vale lembrar que um país que cresce, sistematicamente, a taxa de 2% ao ano, dobra sua riqueza em 35 anos. Além disso, ganha todos os benefícios associados a um mínimo de previsibilidade de um ambiente econômico estável.
Observamos em 2004 grandes esforços para liberar crédito e fomentar exportações, mas pouca ação para eliminar as deficiências institucionais (burocracia, sistema jurídico e tributário, regulação estável) e para estimular a produção de ciência e tecnologia, essenciais para haver inovação.
O comportamento econômico errático, causado pela ênfase na política, na garantia de perpetuação no poder, resulta em elevada volatilidade dos macropreços, pouca previsibilidade e pífios resultados de longo prazo.
Em suma, ano eleitoral sempre tem clima de festa. Ano não eleitoral pode ter gosto de ressaca.
Gilson Geraldino Silva Junior
Professor do Departamento de Economia do Ibmec Minas
Gazeta Mercantil, 09/09/2004, p. A2
Durante o processo de industrialização, o Brasil registrou uma dinâmica de stop and go: momentos de crescimento, muitas vezes superando a média mundial, alternando com períodos de estagnação ou recessão. A principal explicação para este comportamento é a relação entre ciclos econômicos e eleições.
Economicamente, o formulador de políticas se depara com diversos dilemas, tais como inflação, crescimento e o grau de regulação nas atividades econômicas. O governante, entretanto, se preocupa não só com os impactos da proposta econômica sobre o desempenho do mercado, mas principalmente com os efeitos destas medidas sobre sua popularidade. Trata-se das possibilidades de reeleição ou eleição de correligionários.
Neste sentido, ações que visam o longo prazo podem ser preteridas pelas ações que exclusivamente beneficiam o curto prazo. Na perspectiva eleitoral, é mais rentável criar uma bolha de crescimento e induzir o eleitor menos atento a crer que o país entrou numa irreversível rota de prosperidade. A ilusão provocada pelo sucesso imediato muitas vezes engana até mesmo quem tem a última palavra na condução da política econômica. Chega-se a predizer que o país rapidamente passará a integrar o seleto grupo de nações ricas.
Mas, entrar neste clube não é tarefa fácil por duas principais razões. Primeiro, os outros paises não estão parados, esperando o Brasil enriquecer.Também estão trabalhando para manter ou aumentar suas riquezas e poder. Segundo, a fragilidade estrutural da economia brasileira ainda não foi definitivamente superada. Muito pelo contrário. Concentração industrial e atraso tecnológico permitem que as empresas especulem com a debilidade da conjuntura.
O visível monopólio em diversos mercados e o decorrente poder das firmas, tornam a interação estratégica entre setor publico e privado algo muito mais complexo que aparenta. Estas companhias sabem que não é possível, de imediato, que novos empreendimentos façam parte do mercado. Assim, aumentam preços sem medo da concorrência doméstica.
Sabem também que a única forma de, no curto prazo, conter a inflação gerada pelo sistemático aumento de preços, sem recorrer a congelamentos e afins, é expondo-as à competição externa. Monopólios e cartéis, porém, estão cientes que não é possível sustentar longos períodos de elevada importação de bens e serviços. Assim, dada a impossibilidade do país conviver com grandes déficits comerciais, estas empresas também dão pouca importância para a competição externa.
Alem disso, existe a defasagem tecnológica. Demoramos muito para ter certo domínio das técnicas de eletro-metal-mecânica, a tecnologia do início do século XX. Ainda há deficiências no paradigma tecnológico que está consolidado (microeletrônica) e muito a fazer para nos inserirmos no paradigma que se consolida : bio e nano tecnologias.
Os principais produtos de exportação ainda vêm da agricultura, como no começo do século passado. Mudou somente a composição do portfolio de bens primários – mais soja e menos café. Os bens industrializados e os intensivos em conhecimento continuam em segundo plano, tornando a troca de bens e serviços entre o Brasil e o resto do mundo desfavoráveis para nos.
Concentrar esforços somente no curto prazo compromete o desempenho de longo prazo. Vale lembrar que um país que cresce, sistematicamente, a taxa de 2% ao ano, dobra sua riqueza em 35 anos. Além disso, ganha todos os benefícios associados a um mínimo de previsibilidade de um ambiente econômico estável.
Observamos em 2004 grandes esforços para liberar crédito e fomentar exportações, mas pouca ação para eliminar as deficiências institucionais (burocracia, sistema jurídico e tributário, regulação estável) e para estimular a produção de ciência e tecnologia, essenciais para haver inovação.
O comportamento econômico errático, causado pela ênfase na política, na garantia de perpetuação no poder, resulta em elevada volatilidade dos macropreços, pouca previsibilidade e pífios resultados de longo prazo.
Em suma, ano eleitoral sempre tem clima de festa. Ano não eleitoral pode ter gosto de ressaca.
segunda-feira, setembro 06, 2004
O gringo foi perfeito
Plan to Tame Journalists Just Stirs Them Up in Brazil
By LARRY ROHTER
Published: September 6, 2004
http://www.nytimes.com/2004/09/06/international/americas/06brazil.html
RIO DE JANEIRO, Sept. 5 - A plan by President Luiz Inácio Lula da Silva to create a national journalists' council to regulate Brazil's boisterous press has prompted mounting criticism here. News organizations that would be affected by the bill call it the most serious threat to freedom of expression here since a right-wing military dictatorship was toppled two decades ago.
Under the legislation, the council would be empowered to "orient, discipline and monitor" journalists, who would be obliged to register with the body, and their work. Penalties for violations of the council's rules or rulings would range from fines to revocation of a reporter's official registration, which in theory would prevent the offender from working in the profession.
The legislation, which was introduced in August, has been severely criticized not just by journalists but also by human rights groups and associations representing lawyers and judges. In a typical protest, the National Association of Magistrates accused the government of succumbing to "authoritarian logic" and said Brazil had "no need for any organ with powers to fetter the freedom of expression."
The government has also prepared legislation that would establish the National Cinema and Audiovisual Agency, which would have the authority to judge whether television programs are living up to "editorial responsibility" and to require those who produce television programs and films to work "in harmony with the goals of social development of the country." The proposal has been widely criticized by television networks and film directors.
After promising to "redefine articles that smack of authoritarianism," the culture minister, Gilberto Gil, agreed last week to soften the language of the film, television and radio proposal.
But the government has not shown the same willingness to back away from the press council, which would be a nominally autonomous body with some characteristics of a union.
"In a society, no right is absolute," Luiz Gushiken, Mr. da Silva's chief adviser on communications issues, said recently. At a public meeting with proponents of the council in April at the presidential palace, Mr. Gushiken also said the Brazilian news media should adopt a "positive agenda" and avoid "exploiting contradictions that foment discord and ego conflicts."
Indeed, top government officials have characterized the outcry against the legislation as an example of the kind of news media abuse that the new system would prevent. "They are trying to restrict the debate with hollering, to win by making an uproar, and that is authoritarianism," said José Dirceu de Oliveira e Silva, Mr. da Silva's chief of staff.
Mr. da Silva's government is confronting a series of allegations of corruption and administrative irregularities, all widely reported in the news media.
This year, the cases have included accusations that Mr. Dirceu's chief assistant solicited campaign donations from the operators of an illegal numbers game, and scandals over money transfers by the president of the central bank and the fund-raising practices of the treasurer of the governing party.
Government press officers have repeatedly denied any relationship between those incidents and the timing of the press regulation plans. But other government officials have criticized the general tone of recent coverage of Brazil's first elected left-wing government, which took office in January 2003 with widespread support but has gradually lost popularity.
"We are surfing on a wave of accusations in Brazil," Justice Minister Márcio Thomaz Bastos said recently. "These are accusations without the control of verification or investigation, that destroy reputations and place persons in a defensive situation."
Opposition leaders have retorted that during the 20 years Mr. da Silva's Workers' Party was itself in the opposition, it frequently denounced alleged corruption by the government and passed on incriminating dossiers to reporters. They accuse Mr. da Silva, a former leader of the metalworkers union whose party is in power for the first time, of hypocrisy and of antidemocratic behavior.
The Workers' Party and the president have come to the conclusion that their government cannot be criticized," said José Carlos Aleluia, leader of the congressional delegation of a conservative party in the opposition. "If the opposition plays its role, it's acting in a harmful manner, and if the press makes an accusation, it's an impertinent, irresponsible provocation. So put a gag on them."
Mr. da Silva has vigorously defended the proposal, sometimes in language that itself has drawn additional criticism. "If you start defending the press council, I'll give" an interview, he said in mid-August in what appeared to be a joking tone.
On another occasion, using a similar approach, he told journalists covering one of his trips abroad that "you're really a bunch of cowards" for not supporting his plan.
An opposition leader retorted that "Lula is suffering from the Chávez effect," a reference to attacks on the news media in Venezuela by President Hugo Chávez. But the president of the Workers' Party, José Genoino, minimized Mr. da Silva's remarks, saying that he was "getting something off his chest more as a labor leader" than "expressing a government position."
Mr. da Silva's administration has also issued a new "code of ethics" for government employees that prohibits all but cabinet ministers and press officers from discussing official investigations with reporters. The chief justice of the Supreme Court, Edison Vidigal, said the measure displayed "a certain terrorism" and also suggested it was unconstitutional.
Government officials have promised that a press council would be a professional body, similar to those that regulate the activities of doctors, engineers and lawyers, and would be free from political control. The purpose is to "guarantee society the completeness of freedom of the press, and not the freedom for some professionals and companies to publish what they feel like, at the service of their own interests," Ricardo Kotscho, the president's press secretary wrote in a widely disseminated essay.
Alberto Dines, a longtime columnist and editor, called the initiative "the most inept and bewildering in the area of the press that any government has produced since the return of democracy in 1985," in an essay on the Press Observer Web site, which monitors the news media. "At a moment when the government is being beset by accusations, it can't propose something like this, which foresees punishing journalists."
By LARRY ROHTER
Published: September 6, 2004
http://www.nytimes.com/2004/09/06/international/americas/06brazil.html
RIO DE JANEIRO, Sept. 5 - A plan by President Luiz Inácio Lula da Silva to create a national journalists' council to regulate Brazil's boisterous press has prompted mounting criticism here. News organizations that would be affected by the bill call it the most serious threat to freedom of expression here since a right-wing military dictatorship was toppled two decades ago.
Under the legislation, the council would be empowered to "orient, discipline and monitor" journalists, who would be obliged to register with the body, and their work. Penalties for violations of the council's rules or rulings would range from fines to revocation of a reporter's official registration, which in theory would prevent the offender from working in the profession.
The legislation, which was introduced in August, has been severely criticized not just by journalists but also by human rights groups and associations representing lawyers and judges. In a typical protest, the National Association of Magistrates accused the government of succumbing to "authoritarian logic" and said Brazil had "no need for any organ with powers to fetter the freedom of expression."
The government has also prepared legislation that would establish the National Cinema and Audiovisual Agency, which would have the authority to judge whether television programs are living up to "editorial responsibility" and to require those who produce television programs and films to work "in harmony with the goals of social development of the country." The proposal has been widely criticized by television networks and film directors.
After promising to "redefine articles that smack of authoritarianism," the culture minister, Gilberto Gil, agreed last week to soften the language of the film, television and radio proposal.
But the government has not shown the same willingness to back away from the press council, which would be a nominally autonomous body with some characteristics of a union.
"In a society, no right is absolute," Luiz Gushiken, Mr. da Silva's chief adviser on communications issues, said recently. At a public meeting with proponents of the council in April at the presidential palace, Mr. Gushiken also said the Brazilian news media should adopt a "positive agenda" and avoid "exploiting contradictions that foment discord and ego conflicts."
Indeed, top government officials have characterized the outcry against the legislation as an example of the kind of news media abuse that the new system would prevent. "They are trying to restrict the debate with hollering, to win by making an uproar, and that is authoritarianism," said José Dirceu de Oliveira e Silva, Mr. da Silva's chief of staff.
Mr. da Silva's government is confronting a series of allegations of corruption and administrative irregularities, all widely reported in the news media.
This year, the cases have included accusations that Mr. Dirceu's chief assistant solicited campaign donations from the operators of an illegal numbers game, and scandals over money transfers by the president of the central bank and the fund-raising practices of the treasurer of the governing party.
Government press officers have repeatedly denied any relationship between those incidents and the timing of the press regulation plans. But other government officials have criticized the general tone of recent coverage of Brazil's first elected left-wing government, which took office in January 2003 with widespread support but has gradually lost popularity.
"We are surfing on a wave of accusations in Brazil," Justice Minister Márcio Thomaz Bastos said recently. "These are accusations without the control of verification or investigation, that destroy reputations and place persons in a defensive situation."
Opposition leaders have retorted that during the 20 years Mr. da Silva's Workers' Party was itself in the opposition, it frequently denounced alleged corruption by the government and passed on incriminating dossiers to reporters. They accuse Mr. da Silva, a former leader of the metalworkers union whose party is in power for the first time, of hypocrisy and of antidemocratic behavior.
The Workers' Party and the president have come to the conclusion that their government cannot be criticized," said José Carlos Aleluia, leader of the congressional delegation of a conservative party in the opposition. "If the opposition plays its role, it's acting in a harmful manner, and if the press makes an accusation, it's an impertinent, irresponsible provocation. So put a gag on them."
Mr. da Silva has vigorously defended the proposal, sometimes in language that itself has drawn additional criticism. "If you start defending the press council, I'll give" an interview, he said in mid-August in what appeared to be a joking tone.
On another occasion, using a similar approach, he told journalists covering one of his trips abroad that "you're really a bunch of cowards" for not supporting his plan.
An opposition leader retorted that "Lula is suffering from the Chávez effect," a reference to attacks on the news media in Venezuela by President Hugo Chávez. But the president of the Workers' Party, José Genoino, minimized Mr. da Silva's remarks, saying that he was "getting something off his chest more as a labor leader" than "expressing a government position."
Mr. da Silva's administration has also issued a new "code of ethics" for government employees that prohibits all but cabinet ministers and press officers from discussing official investigations with reporters. The chief justice of the Supreme Court, Edison Vidigal, said the measure displayed "a certain terrorism" and also suggested it was unconstitutional.
Government officials have promised that a press council would be a professional body, similar to those that regulate the activities of doctors, engineers and lawyers, and would be free from political control. The purpose is to "guarantee society the completeness of freedom of the press, and not the freedom for some professionals and companies to publish what they feel like, at the service of their own interests," Ricardo Kotscho, the president's press secretary wrote in a widely disseminated essay.
Alberto Dines, a longtime columnist and editor, called the initiative "the most inept and bewildering in the area of the press that any government has produced since the return of democracy in 1985," in an essay on the Press Observer Web site, which monitors the news media. "At a moment when the government is being beset by accusations, it can't propose something like this, which foresees punishing journalists."
domingo, setembro 05, 2004
Os bípedes sustentam uma entidade que edita um livro de receitas para quadrúpedes
Elio Gaspari
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/gaspari.asp
05/09/2004
A editora do Serviço Nacional de Aprendizado do Comércio do Rio, o Senac-Rio, lançou na semana passada o livro “Bom pra cachorro - Gastronomia canina”, de Roberta Sudbrack, chefe da cozinha de FFHH no Palácio da Alvorada de 1997 a 2002.
O Senac é uma daquelas entidades semi-patronais, semi-estatais e semi-coisa-nenhuma que formam o Sistema S. Elas custam à choldra algo como R$ 3,5 bilhões por ano. No caso do Senac, seu sustento vem do desconto de 1% do valor da folha de pagamento de todos os estabelecimentos comerciais brasileiros. Algo como R$ 450 milhões em 2003. Dois dias de trabalho anuais de cada comerciário. São muitas as suas atribuições, entre elas a de dar o que fazer, no Rio, a um encarregado das “atividades com animais”.
Os bípedes sustentam uma entidade que edita um livro de receitas para quadrúpedes. A dieta canina foi trabalhada pela cozinheira que deu de comer a potentados como Fidel Castro (tortinha de maçã caramelizada), Bill Clinton (caldo de carne com trufas), Sofia da Espanha (aspargos em gema caipira, ela é vegetariana), Tony Blair (salmão e laranja lima) e FFHH (picadinho com farofa).
Uma mulher que cozinha ouvindo Billie Holiday merece respeito. Aos 43 anos, Sudbrack faz bem ao paladar brasileiro. Seu livro de memórias culinárias do tucanato é um primor e a tiragem de quatro mil exemplares esgotou-se. Chama-se “Roberta Sudbrack, uma chef, um palácio”. Mesmo assim, fica uma pergunta: qual é o país do mundo onde o cozinheiro da corte publicou um livro de comida para bichos? É sabido que as mulheres da Casa de Windsor gostam de cavalos, cachorros e homens, nesta ordem, mas nenhum cozinheiro do Palácio de Buckingham comercializou receitas para quadrúpedes. Seria divertido ouvir um lorde inglês, pedindo a FFHH (ou a Lula, depois de expor seu Fome Zero Mundial) um livro de comidinhas para sua matilha.
Num país com os indicadores sociais do Brasil, uma entidade para-governamental lança um livro de receitas de petiscos para cachorros, preparada pela ex-chefe das cozinhas reais e ainda há quem acredite que o Morro do Borel é o Borel por causa da choldra do Borel. O buraco é mais em cima.
Condenar liminarmente a senhora Sudbrack é coisa de faquir. Ela amou seu golden retriever “Junior” em quem via “um animal de alma elevada”. Sofreu quando bicho morreu de câncer. Como ela disse à repórter Monica Bergamo, “sempre fiz comida para ele como se estivesse cozinhando para o presidente ou para um rei.” Sudbrack publicou doze receitas de cumbucas, mais seis de sobremesas e biscoitos. “Bom pra cachorro” ensina a fazer ragu de cordeiro, cozido de perdiz e risoto de codorna para au-aus. No seu cotidiano, Sudbrack ensina o ofício da cozinha a adolescentes da Rocinha. Faz isso uma vez por semana e só trata do assunto se for provocada. Ela teve suas razões para publicar “Bom pra cachorro”.
A editora do Senac-Rio também teve seus motivos. O responsável pela “área de atividades com animais” conta que preparou um ossobuco com polenta para sua querida cachorrinha Kika e o acepipe agradou até a sua mulher. A primeira edição de três mil exemplares da “opus canina” de Sudbrack está praticamente esgotada. A R$ 48 a cópia, foi um bom negócio para a editora. A bem da justiça, registre-se que entre os 39 livros publicados pelo Senac-Rio há títulos que tem muito a ver com a aprendizado do comércio. Por exemplo: “O novo mercado de trabalho - Guia para iniciantes e sobreviventes”, ou até “Sommelier - Profissão do futuro”.
Se a senhora Sudbrack tivesse publicado seu livro numa editora privada, como fez com o primeiro, ninguém poderia latir. Fazê-lo numa dessas instituições marfagafescas que vivem à custa do confisco do dinheiro dos empresários e dos trabalhadores é coisa que retrata, num só episódio, Pindorama de FFHH e Pindorovski de Lula. No reinado de FFHH, Sudbrack cozinhou para bípedes do andar de cima. No de Lula, publicou um livro para quadrúpedes.
Chegou-se a argumentar que, apesar do título, “Bom pra cachorro” é um livro que conta uma história de afeto, a de Subrack com “Junior”, acrescentando receitas de cumbucas que podem ser comidas tanto por cães como por contribuintes. Falso como uma nota de R$ 3. Dois nativos que comeram o ragu de cordeiro da senhora Sudbrack, preparado com todo respeito à receita, asseguram que se trata de um manjar inesquecível pela ruindade. Falta-lhe sal e abunda-lhe o pior dos travos de gordura. É provável que tenha sabor de suco de escapamento de caminhão. Não lhes foi possível obter a opinião de quadrúpedes.
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/gaspari.asp
05/09/2004
A editora do Serviço Nacional de Aprendizado do Comércio do Rio, o Senac-Rio, lançou na semana passada o livro “Bom pra cachorro - Gastronomia canina”, de Roberta Sudbrack, chefe da cozinha de FFHH no Palácio da Alvorada de 1997 a 2002.
O Senac é uma daquelas entidades semi-patronais, semi-estatais e semi-coisa-nenhuma que formam o Sistema S. Elas custam à choldra algo como R$ 3,5 bilhões por ano. No caso do Senac, seu sustento vem do desconto de 1% do valor da folha de pagamento de todos os estabelecimentos comerciais brasileiros. Algo como R$ 450 milhões em 2003. Dois dias de trabalho anuais de cada comerciário. São muitas as suas atribuições, entre elas a de dar o que fazer, no Rio, a um encarregado das “atividades com animais”.
Os bípedes sustentam uma entidade que edita um livro de receitas para quadrúpedes. A dieta canina foi trabalhada pela cozinheira que deu de comer a potentados como Fidel Castro (tortinha de maçã caramelizada), Bill Clinton (caldo de carne com trufas), Sofia da Espanha (aspargos em gema caipira, ela é vegetariana), Tony Blair (salmão e laranja lima) e FFHH (picadinho com farofa).
Uma mulher que cozinha ouvindo Billie Holiday merece respeito. Aos 43 anos, Sudbrack faz bem ao paladar brasileiro. Seu livro de memórias culinárias do tucanato é um primor e a tiragem de quatro mil exemplares esgotou-se. Chama-se “Roberta Sudbrack, uma chef, um palácio”. Mesmo assim, fica uma pergunta: qual é o país do mundo onde o cozinheiro da corte publicou um livro de comida para bichos? É sabido que as mulheres da Casa de Windsor gostam de cavalos, cachorros e homens, nesta ordem, mas nenhum cozinheiro do Palácio de Buckingham comercializou receitas para quadrúpedes. Seria divertido ouvir um lorde inglês, pedindo a FFHH (ou a Lula, depois de expor seu Fome Zero Mundial) um livro de comidinhas para sua matilha.
Num país com os indicadores sociais do Brasil, uma entidade para-governamental lança um livro de receitas de petiscos para cachorros, preparada pela ex-chefe das cozinhas reais e ainda há quem acredite que o Morro do Borel é o Borel por causa da choldra do Borel. O buraco é mais em cima.
Condenar liminarmente a senhora Sudbrack é coisa de faquir. Ela amou seu golden retriever “Junior” em quem via “um animal de alma elevada”. Sofreu quando bicho morreu de câncer. Como ela disse à repórter Monica Bergamo, “sempre fiz comida para ele como se estivesse cozinhando para o presidente ou para um rei.” Sudbrack publicou doze receitas de cumbucas, mais seis de sobremesas e biscoitos. “Bom pra cachorro” ensina a fazer ragu de cordeiro, cozido de perdiz e risoto de codorna para au-aus. No seu cotidiano, Sudbrack ensina o ofício da cozinha a adolescentes da Rocinha. Faz isso uma vez por semana e só trata do assunto se for provocada. Ela teve suas razões para publicar “Bom pra cachorro”.
A editora do Senac-Rio também teve seus motivos. O responsável pela “área de atividades com animais” conta que preparou um ossobuco com polenta para sua querida cachorrinha Kika e o acepipe agradou até a sua mulher. A primeira edição de três mil exemplares da “opus canina” de Sudbrack está praticamente esgotada. A R$ 48 a cópia, foi um bom negócio para a editora. A bem da justiça, registre-se que entre os 39 livros publicados pelo Senac-Rio há títulos que tem muito a ver com a aprendizado do comércio. Por exemplo: “O novo mercado de trabalho - Guia para iniciantes e sobreviventes”, ou até “Sommelier - Profissão do futuro”.
Se a senhora Sudbrack tivesse publicado seu livro numa editora privada, como fez com o primeiro, ninguém poderia latir. Fazê-lo numa dessas instituições marfagafescas que vivem à custa do confisco do dinheiro dos empresários e dos trabalhadores é coisa que retrata, num só episódio, Pindorama de FFHH e Pindorovski de Lula. No reinado de FFHH, Sudbrack cozinhou para bípedes do andar de cima. No de Lula, publicou um livro para quadrúpedes.
Chegou-se a argumentar que, apesar do título, “Bom pra cachorro” é um livro que conta uma história de afeto, a de Subrack com “Junior”, acrescentando receitas de cumbucas que podem ser comidas tanto por cães como por contribuintes. Falso como uma nota de R$ 3. Dois nativos que comeram o ragu de cordeiro da senhora Sudbrack, preparado com todo respeito à receita, asseguram que se trata de um manjar inesquecível pela ruindade. Falta-lhe sal e abunda-lhe o pior dos travos de gordura. É provável que tenha sabor de suco de escapamento de caminhão. Não lhes foi possível obter a opinião de quadrúpedes.
a bancada do crime e da fraude
Crime e política
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/145752809.asp
05/09/2004
Acusados de homicídio, tráfico de drogas, contrabando de armas, peculato, estelionato, lenocínio e até estupro. Envolvidos em superfaturamento de obras, desvio de recursos, contratação de servidores fantasmas. Dirigentes públicos com contas rejeitadas. Políticos que ainda trocam votos por dinheiro, cesta básica e emprego. Todos integram uma chapa que todos os anos disputa livremente as eleições: a bancada do crime e da fraude, que se vale das falhas da lei, do excesso de recursos e da falta de entrosamento entre os órgãos públicos para pedir ao eleitor um voto de confiança.
(...)
A longa folha penal dos candidatos às eleições municipais mostra que o Brasil ainda não se livrou desta aliança entre o mundo político e o mundo do crime. Levantamento feito no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio mostra que, só na capital, entre os 1.132 candidatos a cargos de vereador, prefeito e vice, pelo menos 220 (20%) têm algum tipo de anotação penal. A situação é pior na Baixada Fluminense, onde se estima que cerca de 40% tenham algum tipo de anotação penal.
A falta de critério na elaboração das listas de candidatos abre caminho para a formação da bancada do crime. Seus integrantes são prova de que vinganças, queima de arquivo e matadores de aluguel não são marcas exclusivas de grotões nordestinos. No Grande Rio, a parceria entre a pistolagem e o voto resiste ao tempo. Há policiais militares envolvidos em grupos de extermínio candidatando-se. Outros candidatos respondem por crimes que vitimaram políticos. No estado, foram 25 crimes políticos em dez anos, incluindo 11 vereadores e um prefeito assassinados.
Só na última sexta-feira o TRE-RJ julgou dois casos em que os candidatos são acusados de homicídio. Na quarta-feira, o TRE julgou e aceitou o recurso de um acusado de estupro. (...)
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/145752809.asp
05/09/2004
Acusados de homicídio, tráfico de drogas, contrabando de armas, peculato, estelionato, lenocínio e até estupro. Envolvidos em superfaturamento de obras, desvio de recursos, contratação de servidores fantasmas. Dirigentes públicos com contas rejeitadas. Políticos que ainda trocam votos por dinheiro, cesta básica e emprego. Todos integram uma chapa que todos os anos disputa livremente as eleições: a bancada do crime e da fraude, que se vale das falhas da lei, do excesso de recursos e da falta de entrosamento entre os órgãos públicos para pedir ao eleitor um voto de confiança.
(...)
A longa folha penal dos candidatos às eleições municipais mostra que o Brasil ainda não se livrou desta aliança entre o mundo político e o mundo do crime. Levantamento feito no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio mostra que, só na capital, entre os 1.132 candidatos a cargos de vereador, prefeito e vice, pelo menos 220 (20%) têm algum tipo de anotação penal. A situação é pior na Baixada Fluminense, onde se estima que cerca de 40% tenham algum tipo de anotação penal.
A falta de critério na elaboração das listas de candidatos abre caminho para a formação da bancada do crime. Seus integrantes são prova de que vinganças, queima de arquivo e matadores de aluguel não são marcas exclusivas de grotões nordestinos. No Grande Rio, a parceria entre a pistolagem e o voto resiste ao tempo. Há policiais militares envolvidos em grupos de extermínio candidatando-se. Outros candidatos respondem por crimes que vitimaram políticos. No estado, foram 25 crimes políticos em dez anos, incluindo 11 vereadores e um prefeito assassinados.
Só na última sexta-feira o TRE-RJ julgou dois casos em que os candidatos são acusados de homicídio. Na quarta-feira, o TRE julgou e aceitou o recurso de um acusado de estupro. (...)
Os herdeiros
Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente da República
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/opiniao/63886.html
05/09/2004
Há duas semanas fui a São Francisco participar da reunião anual da Sociedade Americana de Sociologia. Nos anos 80 fui presidente da Associação Internacional de Sociologia e estive presente em muitas reuniões, até que as obrigações políticas não permitiram mais esse tipo de atividade. Agora, como ex-presidente, voltei a ser convidado para participar de encontros acadêmicos.
O convite era atraente. O presidente da ASA, Michael Burowoy, meu colega em 1982 no departamento de sociologia, em Berkeley, está fazendo um esforço admirável para despertar o interesse da comunidade acadêmica americana para as questões de interesse público. Achou que, tendo sido presidente do Brasil, seria útil uma apresentação minha sobre como um sociólogo vê o exercício da Presidência. Porém, como dizem os americanos, "nada de boca livre" (there is no free lunch). Antes da homenagem, um desafio: dialogar com Paul Krugman a respeito do futuro do neoliberalismo, diante de mais de 3 mil pessoas. Expus o que penso sobre o tema, sem muita discrepância com Krugman. Não disse, mas pensei, que os sociólogos interessados no debate público deveriam estar mais preocupados com o neoconservadorismo triunfante nos Estados Unidos (dos neocons, como são qualificados os ideólogos do atual governo) do que com o liberalismo. Este está declinando. É só ver como se amplia a resistência ao livre comércio na opinião pública daquele país, como o estado americano intervém cada vez mais para beneficiar grandes empresas, como aumentam as restrições à liberdade individual em nome da segurança etc. Surge um estado menor (os impostos são cortados) com uma política mais conservadora.
Terminado o diálogo, vieram as perguntas do público e, necessariamente, a alfinetada: o senhor, que foi "acusado" de comandar um governo neoliberal, não acha que o presidente Lula está fazendo a mesma coisa? Respondi que ao atuar com responsabilidade no plano econômico o governo Lula talvez possa, neste aspecto, ser considerado herdeiro do meu, mesmo que não goste muito da herança. Mas, acrescentei, nem fui ou sou neoliberal nem o governo atual deve ser assim qualificado. Seguir os fundamentos sólidos que deixei para manejar o Orçamento, respeitar a lei de responsabilidade fiscal, manter o câmbio flutuando e ter metas de controle da inflação, não é razão para qualificar a política do governo Lula como neoliberal.
Em outros aspectos o governo atual é muito diferente do anterior. Por exemplo, no trato da cultura, na questão da liberdade de informação, no funcionamento das agências reguladoras, na forma das parcerias entre o setor público e o privado, enfim, na forma de conceber as relações entre o estado e a sociedade e de gerir a máquina pública. Essas diferenças, entretanto, não tornam o governo Lula menos neoliberal nem o governo anterior mais próximo daquela qualificação.
Tanto antes como agora (com maior velocidade antes) o gasto público na área social se expandiu. No governo passado, ele saltou de 11 para 14% do PIB. Isso permitiu criar uma "rede de proteção social", com as bolsas-escola, os programas de combate ao trabalho infantil, as bolsas-alimentação etc., além do assentamento de mais de 500 mil famílias no campo, a criação de linhas de crédito para a agricultura familiar e assim por diante. Foram sentadas as bases para que o atual governo, trocando os nomes, pudesse continuar e, Deus queira, expandir, os programas sociais que reduzem a pobreza. Tomara também isso continue a ser feito mantendo parcerias com a sociedade civil e não aumentando a ação burocrática do estado.
Ao respeitar os fundamentos para que a economia de mercado funcione, ambos governos não o fazem com o propósito de eliminar ou de diminuir a ação do estado. Muito menos porque pensem que o mercado seja o princípio único ou principal para regular a ação das pessoas e assegurar seu bem estar. Diante da crise fiscal e das dívidas conseqüentes, o preço da acomodação entre as restrições do mercado e a necessidade da ação pública foi um aumento mais ou menos contínuo dos impostos. Preço duro porque limita o vigor econômico do País, mas que teve de ser pago em razão das distorções geradas pela inflação anterior ao Plano Real e pela indisciplina fiscal dela decorrente.
Pode-se e deve-se questionar o nível suportável da carga fiscal, da taxa de juros que o Banco Central pratica para controlar a inflação, assim como é pertinente indagar se e quando, no passado, teria sido mais oportuno desvalorizar o real. Os mais desconhecedores das rugosidades da vida política e econômica sempre dirão que "faltou coragem" para tomar decisões melhores. Os mais maliciosos dirão que não desvalorizar o real foi um ardil eleitoral, e assim por diante, em uma tentativa simplista de culpar governos passados pelos males do presente. Argumentação que bem poderia ter sido utilizada por mim para "culpar" meus antecessores. Nunca o fiz porque, não sendo ilusionista nem maldoso, sei que há mais coisas entre o céu e a Terra do que a vã verborragia.
De toda maneira, esperneando ou não, o governo atual é herdeiro de um período no qual a sociedade e o governo aprenderam a lidar com a inflação, de um sistema de câmbio flutuante que, em 1999, nos tirou da camisa de força da rigidez cambial sem que a inflação disparasse, de uma lei de responsabilidade fiscal e da privatização dos bancos estaduais que impedem o surgimento de focos inflacionários autônomos desafiadores das políticas do governo federal etc. E, o que é de notar, nos livramos de muitos dos males apontados, com sacrifícios e erros, mas mantendo uma economia agrícola e industrial sólida, capaz de produzir para o mercado interno e de exportar, graças à abertura dos mercados, seguida de políticas de promoção de investimentos e de inovação, como o Moderfrota e as iniciativas da Embrapa, para citar apenas dois exemplos. E graças aos ganhos de produtividade obtidos com a estabilização e com a valorização do real, pois já é tempo também de reconhecer que, a despeito de seus inconvenientes, ela permitiu a importação mais barata de equipamentos.
O importante hoje é evitar retrocessos – que, às vezes, são pouco perceptíveis no início, como vem ocorrendo com a Lei de Responsabilidade Fiscal – e avançar na definição de regras claras do jogo e no fortalecimento de instrumentos adequados ao desenvolvimento. O risco não está no neoliberalismo, mas nos sinais de aparelhamento do estado e de um dirigismo econômico e político tão anacrônico e negativo para o desenvolvimento e a para a democracia.
Ex-presidente da República
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/opiniao/63886.html
05/09/2004
Há duas semanas fui a São Francisco participar da reunião anual da Sociedade Americana de Sociologia. Nos anos 80 fui presidente da Associação Internacional de Sociologia e estive presente em muitas reuniões, até que as obrigações políticas não permitiram mais esse tipo de atividade. Agora, como ex-presidente, voltei a ser convidado para participar de encontros acadêmicos.
O convite era atraente. O presidente da ASA, Michael Burowoy, meu colega em 1982 no departamento de sociologia, em Berkeley, está fazendo um esforço admirável para despertar o interesse da comunidade acadêmica americana para as questões de interesse público. Achou que, tendo sido presidente do Brasil, seria útil uma apresentação minha sobre como um sociólogo vê o exercício da Presidência. Porém, como dizem os americanos, "nada de boca livre" (there is no free lunch). Antes da homenagem, um desafio: dialogar com Paul Krugman a respeito do futuro do neoliberalismo, diante de mais de 3 mil pessoas. Expus o que penso sobre o tema, sem muita discrepância com Krugman. Não disse, mas pensei, que os sociólogos interessados no debate público deveriam estar mais preocupados com o neoconservadorismo triunfante nos Estados Unidos (dos neocons, como são qualificados os ideólogos do atual governo) do que com o liberalismo. Este está declinando. É só ver como se amplia a resistência ao livre comércio na opinião pública daquele país, como o estado americano intervém cada vez mais para beneficiar grandes empresas, como aumentam as restrições à liberdade individual em nome da segurança etc. Surge um estado menor (os impostos são cortados) com uma política mais conservadora.
Terminado o diálogo, vieram as perguntas do público e, necessariamente, a alfinetada: o senhor, que foi "acusado" de comandar um governo neoliberal, não acha que o presidente Lula está fazendo a mesma coisa? Respondi que ao atuar com responsabilidade no plano econômico o governo Lula talvez possa, neste aspecto, ser considerado herdeiro do meu, mesmo que não goste muito da herança. Mas, acrescentei, nem fui ou sou neoliberal nem o governo atual deve ser assim qualificado. Seguir os fundamentos sólidos que deixei para manejar o Orçamento, respeitar a lei de responsabilidade fiscal, manter o câmbio flutuando e ter metas de controle da inflação, não é razão para qualificar a política do governo Lula como neoliberal.
Em outros aspectos o governo atual é muito diferente do anterior. Por exemplo, no trato da cultura, na questão da liberdade de informação, no funcionamento das agências reguladoras, na forma das parcerias entre o setor público e o privado, enfim, na forma de conceber as relações entre o estado e a sociedade e de gerir a máquina pública. Essas diferenças, entretanto, não tornam o governo Lula menos neoliberal nem o governo anterior mais próximo daquela qualificação.
Tanto antes como agora (com maior velocidade antes) o gasto público na área social se expandiu. No governo passado, ele saltou de 11 para 14% do PIB. Isso permitiu criar uma "rede de proteção social", com as bolsas-escola, os programas de combate ao trabalho infantil, as bolsas-alimentação etc., além do assentamento de mais de 500 mil famílias no campo, a criação de linhas de crédito para a agricultura familiar e assim por diante. Foram sentadas as bases para que o atual governo, trocando os nomes, pudesse continuar e, Deus queira, expandir, os programas sociais que reduzem a pobreza. Tomara também isso continue a ser feito mantendo parcerias com a sociedade civil e não aumentando a ação burocrática do estado.
Ao respeitar os fundamentos para que a economia de mercado funcione, ambos governos não o fazem com o propósito de eliminar ou de diminuir a ação do estado. Muito menos porque pensem que o mercado seja o princípio único ou principal para regular a ação das pessoas e assegurar seu bem estar. Diante da crise fiscal e das dívidas conseqüentes, o preço da acomodação entre as restrições do mercado e a necessidade da ação pública foi um aumento mais ou menos contínuo dos impostos. Preço duro porque limita o vigor econômico do País, mas que teve de ser pago em razão das distorções geradas pela inflação anterior ao Plano Real e pela indisciplina fiscal dela decorrente.
Pode-se e deve-se questionar o nível suportável da carga fiscal, da taxa de juros que o Banco Central pratica para controlar a inflação, assim como é pertinente indagar se e quando, no passado, teria sido mais oportuno desvalorizar o real. Os mais desconhecedores das rugosidades da vida política e econômica sempre dirão que "faltou coragem" para tomar decisões melhores. Os mais maliciosos dirão que não desvalorizar o real foi um ardil eleitoral, e assim por diante, em uma tentativa simplista de culpar governos passados pelos males do presente. Argumentação que bem poderia ter sido utilizada por mim para "culpar" meus antecessores. Nunca o fiz porque, não sendo ilusionista nem maldoso, sei que há mais coisas entre o céu e a Terra do que a vã verborragia.
De toda maneira, esperneando ou não, o governo atual é herdeiro de um período no qual a sociedade e o governo aprenderam a lidar com a inflação, de um sistema de câmbio flutuante que, em 1999, nos tirou da camisa de força da rigidez cambial sem que a inflação disparasse, de uma lei de responsabilidade fiscal e da privatização dos bancos estaduais que impedem o surgimento de focos inflacionários autônomos desafiadores das políticas do governo federal etc. E, o que é de notar, nos livramos de muitos dos males apontados, com sacrifícios e erros, mas mantendo uma economia agrícola e industrial sólida, capaz de produzir para o mercado interno e de exportar, graças à abertura dos mercados, seguida de políticas de promoção de investimentos e de inovação, como o Moderfrota e as iniciativas da Embrapa, para citar apenas dois exemplos. E graças aos ganhos de produtividade obtidos com a estabilização e com a valorização do real, pois já é tempo também de reconhecer que, a despeito de seus inconvenientes, ela permitiu a importação mais barata de equipamentos.
O importante hoje é evitar retrocessos – que, às vezes, são pouco perceptíveis no início, como vem ocorrendo com a Lei de Responsabilidade Fiscal – e avançar na definição de regras claras do jogo e no fortalecimento de instrumentos adequados ao desenvolvimento. O risco não está no neoliberalismo, mas nos sinais de aparelhamento do estado e de um dirigismo econômico e político tão anacrônico e negativo para o desenvolvimento e a para a democracia.
sábado, setembro 04, 2004
Para FH, modelo Vargas concentrou renda
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/145748072.asp
04/09/2004
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem um balanço otimista do Brasil atual, apesar das dificuldades e da desigualdade social. Ao analisar o legado da Era Vargas para o futuro, em debate no GLOBO com uma platéia de leitores, Fernando Henrique afirmou que o modelo econômico criado por Getúlio foi altamente concentrador de renda, baseado em grandes empresas estatais ou em empresas privadas beneficiadas por recursos públicos. O evento foi o último do ciclo de debates realizado pelo jornal para analisar os governos de Vargas 50 anos depois de sua morte.
O ex-presidente não criticou o modelo de Vargas: disse que ele foi fruto daquele período e que ajudou a transformar o Brasil, mas que hoje seria anacrônico.
— A despeito de uma tendência de crescimento da população, a renda per capita está aumentando. Houve melhoria. As pessoas repetem que piorou, mas onde estão os dados? Não devemos perder a perspectiva de que foi muito pior no passado — disse o ex-presidente, reconhecendo, no entanto, que o problema do desemprego é grave e deve persistir.
O ex-presidente traçou um panorama dos últimos 80 anos da História nacional e aproveitou para corrigir a interpretação de suas palavras ao tomar posse na Presidência, dez anos atrás, quando decretara o fim da Era Vargas. Ele afirmou que nunca foi um antigetulista, a não ser no aspecto do autoritarismo. E comparou a capacidade de Getúlio de se adaptar às diversas circunstâncias de sua época e tirar proveito das situações ao estratagema do poeta português Fernando Pessoa, que escrevia com diferentes nomes:
— Se Vargas fosse poeta, faria como Fernando Pessoa e teria vários nomes para expressar sentimentos diante das circunstâncias.
“O mundo hoje é outro”, diz
Ao analisar as circunstâncias históricas, Fernando Henrique lembrou que a sociedade brasileira mudou independentemente do Estado e que, por isso, as fórmulas varguistas não servem mais.
— A idéia de pensar que hoje esse tipo de manobra ou aquele tipo de Estado pode funcionar é anacrônica. A sociedade é outra, o mercado é outro, o mundo é outro — disse, ressalvando a capacidade de Vargas para lidar com os problemas:
— As qualidades para governar hoje são as mesmas, de liderança pessoal e equilíbrio de visão. Mas tentar de novo construir à maneira de Getúlio o que foi feito por Getúlio é uma tarefa difícil — disse.
Para Fernando Henrique, os presidentes que se mantiveram no poder em tempos democráticos foram os que tiveram capacidade de compreender a diversidade do país e conseguiram “sair do jogo”, se comportando como “imperadores”:
— Quando o presidente se deixa envolver no turbilhão dos interesses, não tem condições de governar. Deve sair um pouco da confusão e procurar, aí sim, levar para uma certa direção.
O perigo, disse Fernando Henrique, é quando o presidente não percebe os limites do jogo, na democracia, onde atuam as forças da sociedade, os partidos políticos e o Congresso:
— Aí também não governa. Porque o Congresso tem capacidade de bloquear. Jânio Quadros (ex-presidente que governou por sete meses o país) é o exemplo mais vivo disso.
Para Fernando Henrique, Getúlio entendeu essas barreiras e agiu com ambiguidade sempre que necessário. Foi capaz de incorporar as massas trabalhadoras como novos atores da vida política, mas as manteve sob controle.
— Não conheço outro caso na História de um presidente que governou com dois partidos que socialmente eram tão diferentes, o PSD com os velhos caciques, e o PTB a partir dos sindicatos. E depois continuou assim, com JK, Jango.
Além disso, acrescentou Fernando Henrique, Getúlio criou inúmeros conselhos para tratar de política externa, comércio e outros temas.
— Getúlio fez anéis burocráticos. Levou para dento do Estado o interesse partidário e da sociedade. Foi capaz de equilibrar-se nessa confusão. Mas talvez não tenha percebido que em 1953 estavam se esgotando as bases para esse tipo de regime. E foi levado a ganhar morrendo, se matando. É trágico — disse.
Ele também abordou o legado mais festejado de Vargas, a criação das leis trabalhistas, e defendeu a reforma urgente do setor:
— A luta política, em campanha, passou a leitura de que a reforma seria acabar com os direitos trabalhistas. Talvez agora o governo Lula possa flexibilizar. Já devia ter feito, porque com o tempo perde condição. É mais difícil dizer do Lula o que diziam de mim, já que ele vem do sindicato e eu não. Nunca quis acabar com os direitos, quis ampliá-los.
Para o ex-presidente, a oposição à reforma vem da visão diferente de uma sociedade democrática. Disse que hoje o problema é o oposto daquele dos tempos de Getúlio:
— É uma visão em que o Estado carimba e reconhece seu direito, ou é uma sociedade na qual os indivíduos são capazes de se organizar e têm direito eles próprios. O Brasil custa a aceitar essa ideia da democracia. Se Getúlio teve aspectos positivos ao incorporar ao Estado as classes trabalhadoras, hoje o problema é oposto, é valorizar a sociedade e ter um Estado mais universal. É banal, mas difícil de implantar. Vamos ter de conseguir.
O ex-presidente considerou que entre as lições que Getúlio deixou estão a idéia de que o presidente não pode se deixar levar pela corrente, e que precisa criar instituições para atingir bons objetivos. Para Fernando Henrique, Getúlio criou as instituições de sua época — o BNDES, as leis trabalhistas, por exemplo. Disse que, em seus oito anos de governo, cabia criar outras, destinadas a valorizar a sociedade. Ele citou o Provão, o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental, o programa para a agricultura familiar (Pronaf) e as agências reguladoras dos setores privatizados:
— Nossa época é mais da sociedade do que do Estado.
Já a pior herança getulista, elegeu Fernando Henrique, foi o autoritarismo que, segundo ele, teima em voltar à tona. O ex-presidente não foi específico, mas, respondendo a uma pergunta da platéia, citou a tentativa de controle da imprensa, com a proposta de criação de um conselho nacional de jornalismo.
— Vejo avaliações positivas do governo Geisel (do período militar). No fundo há uma certa paixão pelo autoritarismo. “Ah, se o presidente tivesse a caneta! Assinou, mandou e fez”. Isso é muito ruim. Francamente, essas recaídas de uma visão autoritária e voluntarista são um risco muito grande — disse, ponderando que hoje as instituições estão mais fortes para reagir:
— Você hoje dificilmente consegue voltar a um tempo de controle efetivo da imprensa. Há muitas maneiras de controlar, e há muitas maneiras de controlar indiretamente. Mas de qualquer maneira é muito difícil que possa acontecer.
04/09/2004
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem um balanço otimista do Brasil atual, apesar das dificuldades e da desigualdade social. Ao analisar o legado da Era Vargas para o futuro, em debate no GLOBO com uma platéia de leitores, Fernando Henrique afirmou que o modelo econômico criado por Getúlio foi altamente concentrador de renda, baseado em grandes empresas estatais ou em empresas privadas beneficiadas por recursos públicos. O evento foi o último do ciclo de debates realizado pelo jornal para analisar os governos de Vargas 50 anos depois de sua morte.
O ex-presidente não criticou o modelo de Vargas: disse que ele foi fruto daquele período e que ajudou a transformar o Brasil, mas que hoje seria anacrônico.
— A despeito de uma tendência de crescimento da população, a renda per capita está aumentando. Houve melhoria. As pessoas repetem que piorou, mas onde estão os dados? Não devemos perder a perspectiva de que foi muito pior no passado — disse o ex-presidente, reconhecendo, no entanto, que o problema do desemprego é grave e deve persistir.
O ex-presidente traçou um panorama dos últimos 80 anos da História nacional e aproveitou para corrigir a interpretação de suas palavras ao tomar posse na Presidência, dez anos atrás, quando decretara o fim da Era Vargas. Ele afirmou que nunca foi um antigetulista, a não ser no aspecto do autoritarismo. E comparou a capacidade de Getúlio de se adaptar às diversas circunstâncias de sua época e tirar proveito das situações ao estratagema do poeta português Fernando Pessoa, que escrevia com diferentes nomes:
— Se Vargas fosse poeta, faria como Fernando Pessoa e teria vários nomes para expressar sentimentos diante das circunstâncias.
“O mundo hoje é outro”, diz
Ao analisar as circunstâncias históricas, Fernando Henrique lembrou que a sociedade brasileira mudou independentemente do Estado e que, por isso, as fórmulas varguistas não servem mais.
— A idéia de pensar que hoje esse tipo de manobra ou aquele tipo de Estado pode funcionar é anacrônica. A sociedade é outra, o mercado é outro, o mundo é outro — disse, ressalvando a capacidade de Vargas para lidar com os problemas:
— As qualidades para governar hoje são as mesmas, de liderança pessoal e equilíbrio de visão. Mas tentar de novo construir à maneira de Getúlio o que foi feito por Getúlio é uma tarefa difícil — disse.
Para Fernando Henrique, os presidentes que se mantiveram no poder em tempos democráticos foram os que tiveram capacidade de compreender a diversidade do país e conseguiram “sair do jogo”, se comportando como “imperadores”:
— Quando o presidente se deixa envolver no turbilhão dos interesses, não tem condições de governar. Deve sair um pouco da confusão e procurar, aí sim, levar para uma certa direção.
O perigo, disse Fernando Henrique, é quando o presidente não percebe os limites do jogo, na democracia, onde atuam as forças da sociedade, os partidos políticos e o Congresso:
— Aí também não governa. Porque o Congresso tem capacidade de bloquear. Jânio Quadros (ex-presidente que governou por sete meses o país) é o exemplo mais vivo disso.
Para Fernando Henrique, Getúlio entendeu essas barreiras e agiu com ambiguidade sempre que necessário. Foi capaz de incorporar as massas trabalhadoras como novos atores da vida política, mas as manteve sob controle.
— Não conheço outro caso na História de um presidente que governou com dois partidos que socialmente eram tão diferentes, o PSD com os velhos caciques, e o PTB a partir dos sindicatos. E depois continuou assim, com JK, Jango.
Além disso, acrescentou Fernando Henrique, Getúlio criou inúmeros conselhos para tratar de política externa, comércio e outros temas.
— Getúlio fez anéis burocráticos. Levou para dento do Estado o interesse partidário e da sociedade. Foi capaz de equilibrar-se nessa confusão. Mas talvez não tenha percebido que em 1953 estavam se esgotando as bases para esse tipo de regime. E foi levado a ganhar morrendo, se matando. É trágico — disse.
Ele também abordou o legado mais festejado de Vargas, a criação das leis trabalhistas, e defendeu a reforma urgente do setor:
— A luta política, em campanha, passou a leitura de que a reforma seria acabar com os direitos trabalhistas. Talvez agora o governo Lula possa flexibilizar. Já devia ter feito, porque com o tempo perde condição. É mais difícil dizer do Lula o que diziam de mim, já que ele vem do sindicato e eu não. Nunca quis acabar com os direitos, quis ampliá-los.
Para o ex-presidente, a oposição à reforma vem da visão diferente de uma sociedade democrática. Disse que hoje o problema é o oposto daquele dos tempos de Getúlio:
— É uma visão em que o Estado carimba e reconhece seu direito, ou é uma sociedade na qual os indivíduos são capazes de se organizar e têm direito eles próprios. O Brasil custa a aceitar essa ideia da democracia. Se Getúlio teve aspectos positivos ao incorporar ao Estado as classes trabalhadoras, hoje o problema é oposto, é valorizar a sociedade e ter um Estado mais universal. É banal, mas difícil de implantar. Vamos ter de conseguir.
O ex-presidente considerou que entre as lições que Getúlio deixou estão a idéia de que o presidente não pode se deixar levar pela corrente, e que precisa criar instituições para atingir bons objetivos. Para Fernando Henrique, Getúlio criou as instituições de sua época — o BNDES, as leis trabalhistas, por exemplo. Disse que, em seus oito anos de governo, cabia criar outras, destinadas a valorizar a sociedade. Ele citou o Provão, o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental, o programa para a agricultura familiar (Pronaf) e as agências reguladoras dos setores privatizados:
— Nossa época é mais da sociedade do que do Estado.
Já a pior herança getulista, elegeu Fernando Henrique, foi o autoritarismo que, segundo ele, teima em voltar à tona. O ex-presidente não foi específico, mas, respondendo a uma pergunta da platéia, citou a tentativa de controle da imprensa, com a proposta de criação de um conselho nacional de jornalismo.
— Vejo avaliações positivas do governo Geisel (do período militar). No fundo há uma certa paixão pelo autoritarismo. “Ah, se o presidente tivesse a caneta! Assinou, mandou e fez”. Isso é muito ruim. Francamente, essas recaídas de uma visão autoritária e voluntarista são um risco muito grande — disse, ponderando que hoje as instituições estão mais fortes para reagir:
— Você hoje dificilmente consegue voltar a um tempo de controle efetivo da imprensa. Há muitas maneiras de controlar, e há muitas maneiras de controlar indiretamente. Mas de qualquer maneira é muito difícil que possa acontecer.
Artigo 4
Do Estado Máximo ao Estado Mínimo
Gilson Geraldino Silva Junior
Professor do Departamento de Economia do Ibmec Minas
Gazeta Mercantil, 30/08/2004, p. A2
O Brasil relembra 50 anos da morte de Getúlio Vargas alterando por completo as estruturas criadas por ele. Sob a perspectiva econômica, Getúlio herdou uma nação eminentemente agrária, dependente de importações de produtos manufaturados e em transição do trabalho escravo para o assalariado. O café era o principal produto da economia nacional e da pauta das exportações. Havia predominância de capitais ingleses e prevalecia o padrão ouro – apesar de sempre termos tido problemas para honrar com a perfeita conversão entre papel moeda e o metal.
A primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929 indicam o inicio de ruptura com o século XIX. A hegemonia inglesa dá lugar à americana. O dólar substitui o ouro como moeda internacional. Percebe-se que não há porque o país ficar a mercê das flutuações do preço do café e dependente da importação de bens e serviços industrializados. Inicia-se a reformulação da sociedade escravocrata e da economia agrário-exportadora.
As constituições de 1934 e 1937, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a criação da Superintendência de Moeda e Credito (SUMOC) - precursora do Banco Central - o código de águas, e a troca da moeda de Real para Cruzeiro - `a taxa de um mil Reis por Cruzeiro - são algumas mudanças implementadas por Vargas entre 1930 e 1945 que causaram impactos decisivos na sociedade brasileira ao longo do século XX. O Estado começou a assumir a forma máxima.
Sob estas novas regras, implementa-se, em cerca de 50 anos, o Processo de Substituição de Importações (PSI). O objetivo era minimizar os efeitos negativos dos termos de troca desfavoráveis entre bens primários e bens industrializados. Vargas dá os primeiros passos ao criar a siderúrgica de Volta Redonda e ao lançar a campanha “o petróleo é nosso”. O Plano Marshall e o inicio da guerra fria mudam o cenário internacional. A América Latina é preterida pela Europa.
O próximo ciclo de Vargas no poder (1951-54) começa gerando grande expectativa na sociedade. Imaginava-se que os grandes projetos seriam retomados e a inflação controlada. Os EUA sinalizam apoio com a criação da Comissão Mista. Os rumos mudam com a chegada do General Eisenhower a presidência americana. O apoio ao projeto de desenvolvimento brasileiro é retirado e há manifesta antipatia às constantes manipulações de preço do café, resultante das sistemáticas intervenções do governo brasileiro na oferta deste bem.
A era Vargas se encerra com a paralisação do Processo de Substituição de Importações e com o fracasso da estabilização da inflação – de cerca de 20 % ao ano em 1954. O projeto, porem, sobrevive. O presidente JK retoma a idéia e os militares, após o politicamente turbulento período 1960-1964, também dão continuidade a tentativa de reduzir a fragilidade estrutural da economia brasileira.
As instituições internacionais criadas no pós-guerra começam a ruir com os choques do petróleo. O mundo muda, se integra mais devido aos choques tecnológicos, em particular nas telecomunicações e transporte, que permitem um fluxo de bens, pessoas e informações em quantidade e velocidade jamais vistas. Muda também o papel do Estado. Os custos dos compromissos assumidos no inicio do século XX ficam extremamente elevados. Inicia-se a redução da participação do setor publico na economia. Vários paises seguem os passos liberalizantes dados pelos ingleses nos anos 80.
No caso do Brasil, a impossibilidade do Estado arcar com os compromissos que assumiu desde a Era Vargas se manifesta na solução dada ao conflito distributivo: inflação. Fica cada vez mais claro que não é possível contar com um Estado produtor. O paradigma é um Estado coordenador, regulador das atividades do setor privado. Um Estado bem menor, mínimo em relação ao tamanho que tinha no inicio do século XX. Curiosamente, as primeiras empresas privatizadas são justamente aquelas criadas por Getúlio.
O fato é que Vargas operou uma ruptura institucional e agora, 59 anos depois, a sociedade tenta implementar outro processo de mudança, diametralmente oposto aos pressupostos estabelecidos pelo presidente populista.
Gilson Geraldino Silva Junior
Professor do Departamento de Economia do Ibmec Minas
Gazeta Mercantil, 30/08/2004, p. A2
O Brasil relembra 50 anos da morte de Getúlio Vargas alterando por completo as estruturas criadas por ele. Sob a perspectiva econômica, Getúlio herdou uma nação eminentemente agrária, dependente de importações de produtos manufaturados e em transição do trabalho escravo para o assalariado. O café era o principal produto da economia nacional e da pauta das exportações. Havia predominância de capitais ingleses e prevalecia o padrão ouro – apesar de sempre termos tido problemas para honrar com a perfeita conversão entre papel moeda e o metal.
A primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929 indicam o inicio de ruptura com o século XIX. A hegemonia inglesa dá lugar à americana. O dólar substitui o ouro como moeda internacional. Percebe-se que não há porque o país ficar a mercê das flutuações do preço do café e dependente da importação de bens e serviços industrializados. Inicia-se a reformulação da sociedade escravocrata e da economia agrário-exportadora.
As constituições de 1934 e 1937, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a criação da Superintendência de Moeda e Credito (SUMOC) - precursora do Banco Central - o código de águas, e a troca da moeda de Real para Cruzeiro - `a taxa de um mil Reis por Cruzeiro - são algumas mudanças implementadas por Vargas entre 1930 e 1945 que causaram impactos decisivos na sociedade brasileira ao longo do século XX. O Estado começou a assumir a forma máxima.
Sob estas novas regras, implementa-se, em cerca de 50 anos, o Processo de Substituição de Importações (PSI). O objetivo era minimizar os efeitos negativos dos termos de troca desfavoráveis entre bens primários e bens industrializados. Vargas dá os primeiros passos ao criar a siderúrgica de Volta Redonda e ao lançar a campanha “o petróleo é nosso”. O Plano Marshall e o inicio da guerra fria mudam o cenário internacional. A América Latina é preterida pela Europa.
O próximo ciclo de Vargas no poder (1951-54) começa gerando grande expectativa na sociedade. Imaginava-se que os grandes projetos seriam retomados e a inflação controlada. Os EUA sinalizam apoio com a criação da Comissão Mista. Os rumos mudam com a chegada do General Eisenhower a presidência americana. O apoio ao projeto de desenvolvimento brasileiro é retirado e há manifesta antipatia às constantes manipulações de preço do café, resultante das sistemáticas intervenções do governo brasileiro na oferta deste bem.
A era Vargas se encerra com a paralisação do Processo de Substituição de Importações e com o fracasso da estabilização da inflação – de cerca de 20 % ao ano em 1954. O projeto, porem, sobrevive. O presidente JK retoma a idéia e os militares, após o politicamente turbulento período 1960-1964, também dão continuidade a tentativa de reduzir a fragilidade estrutural da economia brasileira.
As instituições internacionais criadas no pós-guerra começam a ruir com os choques do petróleo. O mundo muda, se integra mais devido aos choques tecnológicos, em particular nas telecomunicações e transporte, que permitem um fluxo de bens, pessoas e informações em quantidade e velocidade jamais vistas. Muda também o papel do Estado. Os custos dos compromissos assumidos no inicio do século XX ficam extremamente elevados. Inicia-se a redução da participação do setor publico na economia. Vários paises seguem os passos liberalizantes dados pelos ingleses nos anos 80.
No caso do Brasil, a impossibilidade do Estado arcar com os compromissos que assumiu desde a Era Vargas se manifesta na solução dada ao conflito distributivo: inflação. Fica cada vez mais claro que não é possível contar com um Estado produtor. O paradigma é um Estado coordenador, regulador das atividades do setor privado. Um Estado bem menor, mínimo em relação ao tamanho que tinha no inicio do século XX. Curiosamente, as primeiras empresas privatizadas são justamente aquelas criadas por Getúlio.
O fato é que Vargas operou uma ruptura institucional e agora, 59 anos depois, a sociedade tenta implementar outro processo de mudança, diametralmente oposto aos pressupostos estabelecidos pelo presidente populista.
Artigo 3
Atacar os dois lados
Gilson Geraldino Silva Junior
Professor do Departamento de Economia do IBMEC-MG
O Tempo, 24/07/2004, p. A9
Uma das razoes para haver cooperação no comercio internacional e’ a possibilidade de ganhos de bem estar, uma vez que bens e serviços que não seriam produzidos no pais por restrições tecnológicas ou ausência de algum fator de produção relevante poderiam ser consumidos via importação. Na pratica, há interação estratégica entre os paises. Se necessário, agem de forma não cooperativa para defender os interesses dos respectivos empresários. Em geral há mais ações desfavoráveis que favoráveis ao multilateralismo, tais como subsídios, barreiras tarifarias e não tarifarias, e uso de artimanhas jurídicas nos organismos multilaterais.
Adiciona-se o fato de, cada vez mais, prevalecer concorrência imperfeita, o que torna o jogo na economia internacional muito mais complexo. As industrias automobilística, de petróleo e de aviação ilustram que, em vários setores, o poder de barganha dos agentes privados envolvidos supera o de alguns Estados Nacionais. Neste sentido, a recente aposta do governo federal de induzir o crescimento fomentando o comercio internacional deve ser vista com cautela.
Aumentar exportações pode ser uma saída para retirar a economia brasileira da estagnação. A demanda do resto do mundo por bens e serviços domésticos induziria ao aumento da produção nacional, gerando mais emprego e renda, o que colocaria o pais num circulo virtuoso de crescimento. Porem, há ausência de benevolência efetiva por parte de qualquer nação. Por mais amigo do Brasil que o pais se declare, quando os interesses nacionais estão ameaçados, as nações não titubeiam em defender seus compatriotas. Exemplos recentes são a postura da China e da Argentina com relação ao Brasil, e a guerra com os EUA na Organização Mundial do Comercio com relação aos subsídios dados aos produtores americanos de algodão.
Há também restrições internas. A taxa de juros elevada desloca investimentos que o setor privado faria no lado real para o lado monetário da economia. O ambiente regulatorio pouco desenvolvido, instável e lento na tomada de decisões não contribui para concretização de investimentos de longo prazo, tais como expansão da capacidade instalada da industria. Por fim, tributos elevados e burocracia contraproducente contribuem para tornar o ambiente de negócios no Brasil pouco favorável.
Na ausência de expansão do parque produtivo, o aumento da demanda externa por bens domésticos pode fazer com que a industria nacional rapidamente atinja o limite da capacidade instalada. Quando adicionarmos o aumento da demanda domestica, dada a ausência de investimentos em expansão da produção, pode haver inflação. O governo precisa atacar os dois lados. Externamente, negociando espaço para os bens e serviços brasileiros. Internamente, reestruturando as instituições reguladoras, reduzindo a taxa de juros, reformulando a estrutura tributaria e a burocracia, e fomentando geração de tecnologia. Não seria prudente nem deixar de estimular o mercado interno nem acreditar cegamente na benevolência do mercado externo.
Gilson Geraldino Silva Junior
Professor do Departamento de Economia do IBMEC-MG
O Tempo, 24/07/2004, p. A9
Uma das razoes para haver cooperação no comercio internacional e’ a possibilidade de ganhos de bem estar, uma vez que bens e serviços que não seriam produzidos no pais por restrições tecnológicas ou ausência de algum fator de produção relevante poderiam ser consumidos via importação. Na pratica, há interação estratégica entre os paises. Se necessário, agem de forma não cooperativa para defender os interesses dos respectivos empresários. Em geral há mais ações desfavoráveis que favoráveis ao multilateralismo, tais como subsídios, barreiras tarifarias e não tarifarias, e uso de artimanhas jurídicas nos organismos multilaterais.
Adiciona-se o fato de, cada vez mais, prevalecer concorrência imperfeita, o que torna o jogo na economia internacional muito mais complexo. As industrias automobilística, de petróleo e de aviação ilustram que, em vários setores, o poder de barganha dos agentes privados envolvidos supera o de alguns Estados Nacionais. Neste sentido, a recente aposta do governo federal de induzir o crescimento fomentando o comercio internacional deve ser vista com cautela.
Aumentar exportações pode ser uma saída para retirar a economia brasileira da estagnação. A demanda do resto do mundo por bens e serviços domésticos induziria ao aumento da produção nacional, gerando mais emprego e renda, o que colocaria o pais num circulo virtuoso de crescimento. Porem, há ausência de benevolência efetiva por parte de qualquer nação. Por mais amigo do Brasil que o pais se declare, quando os interesses nacionais estão ameaçados, as nações não titubeiam em defender seus compatriotas. Exemplos recentes são a postura da China e da Argentina com relação ao Brasil, e a guerra com os EUA na Organização Mundial do Comercio com relação aos subsídios dados aos produtores americanos de algodão.
Há também restrições internas. A taxa de juros elevada desloca investimentos que o setor privado faria no lado real para o lado monetário da economia. O ambiente regulatorio pouco desenvolvido, instável e lento na tomada de decisões não contribui para concretização de investimentos de longo prazo, tais como expansão da capacidade instalada da industria. Por fim, tributos elevados e burocracia contraproducente contribuem para tornar o ambiente de negócios no Brasil pouco favorável.
Na ausência de expansão do parque produtivo, o aumento da demanda externa por bens domésticos pode fazer com que a industria nacional rapidamente atinja o limite da capacidade instalada. Quando adicionarmos o aumento da demanda domestica, dada a ausência de investimentos em expansão da produção, pode haver inflação. O governo precisa atacar os dois lados. Externamente, negociando espaço para os bens e serviços brasileiros. Internamente, reestruturando as instituições reguladoras, reduzindo a taxa de juros, reformulando a estrutura tributaria e a burocracia, e fomentando geração de tecnologia. Não seria prudente nem deixar de estimular o mercado interno nem acreditar cegamente na benevolência do mercado externo.