sexta-feira, abril 30, 2004
se eu pudesse, dava um tabefe nele
Decoradora chama Lula de traidor durante Agrishow
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/abr/30/54.htm
Ribeirão Preto, SP - A decoradora e comerciante paraense Maria do Socorro Moura de Oliveira Gabriel foi retirada nesta manhã da platéia que acompanhava o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Agrishow, em Ribeirão Preto, depois de chamá-lo, aos gritos, de "traidor". Segundo ela, após trabalhar para o presidente durante todas as suas campanhas, ela perdeu as esperanças de que ele faça um bom governo. "Ele continua fazendo discurso de campanha para presidente; se eu pudesse, dava um tabefe nele e me mudava para o Chile, afirmou Maria do Socorro depois de ter sido retirada do evento pelos seguranças do presidente da República.
Indagada pela Agência Estado sobre em qual momento teria perdido as esperanças no governo Lula, ela disse que foi a partir do que ela classificou de "fracasso" do programa Fome Zero. "E ele ainda ficou fazendo pose de que era embaixador da fome no mundo", disse Maria do Socorro, que mora em Ribeirão Preto há 20 anos, e que está com uma banca de alimentos na feira agrícola.
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/abr/30/54.htm
Ribeirão Preto, SP - A decoradora e comerciante paraense Maria do Socorro Moura de Oliveira Gabriel foi retirada nesta manhã da platéia que acompanhava o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Agrishow, em Ribeirão Preto, depois de chamá-lo, aos gritos, de "traidor". Segundo ela, após trabalhar para o presidente durante todas as suas campanhas, ela perdeu as esperanças de que ele faça um bom governo. "Ele continua fazendo discurso de campanha para presidente; se eu pudesse, dava um tabefe nele e me mudava para o Chile, afirmou Maria do Socorro depois de ter sido retirada do evento pelos seguranças do presidente da República.
Indagada pela Agência Estado sobre em qual momento teria perdido as esperanças no governo Lula, ela disse que foi a partir do que ela classificou de "fracasso" do programa Fome Zero. "E ele ainda ficou fazendo pose de que era embaixador da fome no mundo", disse Maria do Socorro, que mora em Ribeirão Preto há 20 anos, e que está com uma banca de alimentos na feira agrícola.
ELE GOSTARAM
JP Morgan mantém recomendação para dívida do Brasil
DKW mantém recomendação para Brasil e elogia mínimo
Londres - O banco de investimentos Dresdner Kleinwort Wasserstein (DKW) disse que, apesar da volatilidade (oscilação) que vem afetando os ativos brasileiros nos últimos dias, mantém a recomendação "marketweight´ (média da carteira de investimentos) para o Brasil. "Mantemos a posição, ainda mais porque consideramos que a maior probabilidade é de valorização dos ativos", disse à Agência Estado Nuno Camara, economista senior do banco.
Ele considerou positiva a decisão do governo de estabelecer o salário mínimo em R$ 260. "Mais importante do que a mensagem de austeridade fiscal, esse mínimo é um sinal concreto que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, continua forte no governo", disse Camara. "Essa decisão afasta os temores de que o governo estaria pensando relaxar sua austeridade fiscal."
DKW mantém recomendação para Brasil e elogia mínimo
Londres - O banco de investimentos Dresdner Kleinwort Wasserstein (DKW) disse que, apesar da volatilidade (oscilação) que vem afetando os ativos brasileiros nos últimos dias, mantém a recomendação "marketweight´ (média da carteira de investimentos) para o Brasil. "Mantemos a posição, ainda mais porque consideramos que a maior probabilidade é de valorização dos ativos", disse à Agência Estado Nuno Camara, economista senior do banco.
Ele considerou positiva a decisão do governo de estabelecer o salário mínimo em R$ 260. "Mais importante do que a mensagem de austeridade fiscal, esse mínimo é um sinal concreto que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, continua forte no governo", disse Camara. "Essa decisão afasta os temores de que o governo estaria pensando relaxar sua austeridade fiscal."
ELES NAO GOSTARAM
OAB e CNBB dizem que novo mínimo é frustrante
CUT acha mínimo "lamentável" e cobra promessa de Lula
Luiz Marinho se diz frustrado com reajuste do mínimo
Base aliada acha aumento do mínimo insignificante
Petistas estão indignados com o mínimo de R$ 260
CUT acha mínimo "lamentável" e cobra promessa de Lula
Luiz Marinho se diz frustrado com reajuste do mínimo
Base aliada acha aumento do mínimo insignificante
Petistas estão indignados com o mínimo de R$ 260
Novo mínimo ou o parto do camundongo
Governo renega mais uma promessa
Villas-Bôas Corrêa
30.04.2004 | Depois de uma dezena de reuniões, que engoliram três dias, entraram pela madrugada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu chegar à decisão consensual sobre o segundo aumento do salário mínimo no dia em que, em clima de velório, alcança a marca de um terço do mandato de quatro anos.
Foram mais de 30 horas de conversa, com novas rodadas na manhã de ontem até o anúncio oficial: R$ 260,00, a partir de amanhã, 1o de maio, Dia do Trabalho. Não é nada, não é nada, é pouca coisa mesmo: 8,3% de aumento sobre o vigente, moribundo e esquálido R$ 240 e o salto acrobático, digno da Daiane, de 1,73% sobre a inflação.
Francamente, tanto esforço, tantas angústias, a mobilização de ministros insones no rodízio das consultas para chegar a tão frustrante e mofino resultado. O parto do camundongo que aprofundou as olheiras fundas dos ministros da Fazenda, do Planejamento, do Trabalho, da Previdência, da Articulação Política, que rodopiaram em volta do núcleo de duvidosa dureza do Palácio do Planalto, fazendo e refazendo cálculos, buscando fórmulas mágicas para o reajuste do mínimo que juntasse as pontas dos compromissos históricos do presidente e do PT com a promessa jurada do ministro Antonio Palocci, sacramentada por Lula, de manter o equilíbrio fiscal para segurar a inflação pela cauda.
Baixando das alturas da discussão que contrapõe argumentos econômicos às promessas eleitorais, à objetividade dos números e do respeito à palavra empenhada, o balão que tantos sopraram até doer as bochechas murchou, encolheu, virou o cisco que se varre na limpeza doméstica.
Comecemos nas alturas da reverência à ética, que vinca a testa esticada de Lula e amargura a sensibilidade do líder sindicalista. Convém repisar o sabido tão desrespeitado nas intermináveis e inócuas maratonas do palavrório palaciano: Lula não apenas comprometeu-se a recuperar o poder de compra do salário mínimo mas, com a leviandade da boa fé e a arrogância de quem acha que tudo pode, quantificou a palavra empenhada na solene afirmação de que dobraria o mínimo.
A lógica aprisiona a credibilidade da promessa na imagem de uma escada com quatro degraus, para o coerente esforço de galgar um a cada ano. O governo trocou de mal com seu passado, dá o dito pelo não dito com a maior cara-de-pau e acredita que pode enganar os trouxas, que somos todos nós.
O quebra-cabeça na montagem do mínimo rodopiou em torno de migalhas. A proposta inicial do dono da área, ministro Palocci, mandava às favas os compromissos de 20 anos de oposição para fincar pé na reposição do índice de inflação, com o agrado com gosto de fel e o azedo do logro do mínimo de R$ 256 – o doce de coco para o empresariado e a felicidade do FMI. Depois de longas e sofisticadas avaliações, reconheceu que com mais um real dava para bater o martelo.
As noites são longas e companheiras da fadiga. Adiou-se várias vezes o recomeço da lengalenga, com o presidente abastecido de tabelas e cálculos para sua decisão. Espremendo-se o caldo da fruta de casca seca, pingaram as dúvidas: se optasse pelo critério político, oscilariam entre R$ 260 ou alguns reais a menos de R$ 270.
Na conta da fome do salário-mínimo sobrevivem mais de 21 milhões de trabalhadores. Pelo seu valor são calculados os salários de muitos milhões. Não é, portanto, um assunto desprezível.
Em dinheiro vivo, o que representa a diferença entre a somiticaria dos tecnocratas e a generosidade do eleito com 52 milhões de votos? O rato gerado pela montanha acrescenta R$ 20 aos R$ 240 do mínimo com fôlego de bichano que durou 13 meses, um a mais de marota sobrevida.
Asas à imaginação no vôo da esperança. Do patamar dos R$ 240 que deve ser enterrado amanhã, com um mês de atraso, para os R$ 260 são mais R$ 20 que estufam os bolsos e engordam as contas bancárias de 20 milhões à beira da indigência. Quer dizer, no embalo do sonho, menos de um real por dia. Exatamente sessenta e seis centavos. Dá para comprar algumas balas avulsas ou o pacotinho fino de amendoim oferecidos nos ônibus, trens, nas barraquinhas. Refresco, só de groselha aguado. Não paga uma passagem de ônibus.
Claro, que um aumento para valer quebraria a Previdência Social, levaria municípios à falência. Argumentos que só se invocam quando se trata dos interesses dos pobres, no limite da miséria. Agora, mesmo, com a desfaçatez da crise de decoro coletivo que grassa no Congresso, o Senado aprovou a contratação de 2.793 servidores pelo governo, para cargos comissionados, a serem distribuídos pelos cupinchas que ainda não levaram o seu naco no rateio do bingo petista e de aliados. E, corre-se para aprovar a emenda constitucional que reduz o corte de 8.500 vereadores, aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para 5.062, da proposta da Câmara ou para apenas três mil da descarada manobra aprovada pelo Senado.
O presidente Lula não cumprirá a promessa de dobrar o salário mínimo nos reajustes dos últimos dois anos do seu mandato. Perdeu o embalo e encurtou o prazo. Com o reajuste de 8,3% ficou mais distante do juramento de campanha.
A coerência não entra em férias nem em conchavos para a emergência das contradições. O governo brigou com seu passado; Lula desviou-se do rumo das duas décadas de lutas. Desgovernada, a geringonça disparou de ladeira abaixo na contramão do imediatismo. Tudo se promete, nada se cumpre. A máquina não anda, sem comando e sem destino.
E levou na bagagem o PT, com as defecções e resistências sabidas. No Congresso, desfibrado, a bancada petista confunde-se com o baixo clero. Segue o governo na vereda da aventura do oportunismo e da demagogia.
Villas-Bôas Corrêa
30.04.2004 | Depois de uma dezena de reuniões, que engoliram três dias, entraram pela madrugada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu chegar à decisão consensual sobre o segundo aumento do salário mínimo no dia em que, em clima de velório, alcança a marca de um terço do mandato de quatro anos.
Foram mais de 30 horas de conversa, com novas rodadas na manhã de ontem até o anúncio oficial: R$ 260,00, a partir de amanhã, 1o de maio, Dia do Trabalho. Não é nada, não é nada, é pouca coisa mesmo: 8,3% de aumento sobre o vigente, moribundo e esquálido R$ 240 e o salto acrobático, digno da Daiane, de 1,73% sobre a inflação.
Francamente, tanto esforço, tantas angústias, a mobilização de ministros insones no rodízio das consultas para chegar a tão frustrante e mofino resultado. O parto do camundongo que aprofundou as olheiras fundas dos ministros da Fazenda, do Planejamento, do Trabalho, da Previdência, da Articulação Política, que rodopiaram em volta do núcleo de duvidosa dureza do Palácio do Planalto, fazendo e refazendo cálculos, buscando fórmulas mágicas para o reajuste do mínimo que juntasse as pontas dos compromissos históricos do presidente e do PT com a promessa jurada do ministro Antonio Palocci, sacramentada por Lula, de manter o equilíbrio fiscal para segurar a inflação pela cauda.
Baixando das alturas da discussão que contrapõe argumentos econômicos às promessas eleitorais, à objetividade dos números e do respeito à palavra empenhada, o balão que tantos sopraram até doer as bochechas murchou, encolheu, virou o cisco que se varre na limpeza doméstica.
Comecemos nas alturas da reverência à ética, que vinca a testa esticada de Lula e amargura a sensibilidade do líder sindicalista. Convém repisar o sabido tão desrespeitado nas intermináveis e inócuas maratonas do palavrório palaciano: Lula não apenas comprometeu-se a recuperar o poder de compra do salário mínimo mas, com a leviandade da boa fé e a arrogância de quem acha que tudo pode, quantificou a palavra empenhada na solene afirmação de que dobraria o mínimo.
A lógica aprisiona a credibilidade da promessa na imagem de uma escada com quatro degraus, para o coerente esforço de galgar um a cada ano. O governo trocou de mal com seu passado, dá o dito pelo não dito com a maior cara-de-pau e acredita que pode enganar os trouxas, que somos todos nós.
O quebra-cabeça na montagem do mínimo rodopiou em torno de migalhas. A proposta inicial do dono da área, ministro Palocci, mandava às favas os compromissos de 20 anos de oposição para fincar pé na reposição do índice de inflação, com o agrado com gosto de fel e o azedo do logro do mínimo de R$ 256 – o doce de coco para o empresariado e a felicidade do FMI. Depois de longas e sofisticadas avaliações, reconheceu que com mais um real dava para bater o martelo.
As noites são longas e companheiras da fadiga. Adiou-se várias vezes o recomeço da lengalenga, com o presidente abastecido de tabelas e cálculos para sua decisão. Espremendo-se o caldo da fruta de casca seca, pingaram as dúvidas: se optasse pelo critério político, oscilariam entre R$ 260 ou alguns reais a menos de R$ 270.
Na conta da fome do salário-mínimo sobrevivem mais de 21 milhões de trabalhadores. Pelo seu valor são calculados os salários de muitos milhões. Não é, portanto, um assunto desprezível.
Em dinheiro vivo, o que representa a diferença entre a somiticaria dos tecnocratas e a generosidade do eleito com 52 milhões de votos? O rato gerado pela montanha acrescenta R$ 20 aos R$ 240 do mínimo com fôlego de bichano que durou 13 meses, um a mais de marota sobrevida.
Asas à imaginação no vôo da esperança. Do patamar dos R$ 240 que deve ser enterrado amanhã, com um mês de atraso, para os R$ 260 são mais R$ 20 que estufam os bolsos e engordam as contas bancárias de 20 milhões à beira da indigência. Quer dizer, no embalo do sonho, menos de um real por dia. Exatamente sessenta e seis centavos. Dá para comprar algumas balas avulsas ou o pacotinho fino de amendoim oferecidos nos ônibus, trens, nas barraquinhas. Refresco, só de groselha aguado. Não paga uma passagem de ônibus.
Claro, que um aumento para valer quebraria a Previdência Social, levaria municípios à falência. Argumentos que só se invocam quando se trata dos interesses dos pobres, no limite da miséria. Agora, mesmo, com a desfaçatez da crise de decoro coletivo que grassa no Congresso, o Senado aprovou a contratação de 2.793 servidores pelo governo, para cargos comissionados, a serem distribuídos pelos cupinchas que ainda não levaram o seu naco no rateio do bingo petista e de aliados. E, corre-se para aprovar a emenda constitucional que reduz o corte de 8.500 vereadores, aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para 5.062, da proposta da Câmara ou para apenas três mil da descarada manobra aprovada pelo Senado.
O presidente Lula não cumprirá a promessa de dobrar o salário mínimo nos reajustes dos últimos dois anos do seu mandato. Perdeu o embalo e encurtou o prazo. Com o reajuste de 8,3% ficou mais distante do juramento de campanha.
A coerência não entra em férias nem em conchavos para a emergência das contradições. O governo brigou com seu passado; Lula desviou-se do rumo das duas décadas de lutas. Desgovernada, a geringonça disparou de ladeira abaixo na contramão do imediatismo. Tudo se promete, nada se cumpre. A máquina não anda, sem comando e sem destino.
E levou na bagagem o PT, com as defecções e resistências sabidas. No Congresso, desfibrado, a bancada petista confunde-se com o baixo clero. Segue o governo na vereda da aventura do oportunismo e da demagogia.
O PREÇO DE UM ANALFABETO FUNCIONAL NUM CARGO DE ALTO ESCALÃO
Lula não sabe governar
Villas-Bôas Corrêa
28.04.2004 | O erro ensina mais do que o acerto a quem tem a humildade de aprender a lição. É exatamente a virtude que o presidente Luís Inácio Lula da Silva ainda não demonstrou no ano e quase quatro meses de desacertos do exercício do mandato, com sinais de desgaste e as seguidas advertências dos índices em queda nas pesquisas, da bagunça administrativa, da morosidade paralisante e da irritação que permeia a safra de discursos na recaída dos excessos oratórios.
Lula distribui carapuças sem a exata identificação dos agraciados pelas críticas freqüentes dos desafogos da impaciência. Continua a cometer os mesmos equívocos, com pequenas corrigendas que não levam a coisa nenhuma.
Pois a autocrítica não passa pelo fundo estreito da agulha para os alinhavos da revisão na conversa franca diante do espelho. Reconheça-se que não é fácil esticar a mão para os bolos da palmatória. E bem mais difícil para quem chega ao pico do monte com a história de vida do torneiro mecânico que funda o Partido dos Trabalhadores, elege-se presidente na quarta tentativa e com os adornos do ineditismo da troca dos donos do poder.
O deslumbramento da vitória com 52 milhões de votos, explodindo na onda de euforia e esperança que varreu o país e comoveu até os derrotados, levantou a poeira que toldou a visão crítica e atropelou a avaliação das fragilidades que se escondiam nas frestas da sua biografia. Viramos deficiências pelo avesso, saudadas como qualidades. E que pouco a pouco furam a casca e se expõem na sua exata dimensão.
Uma a uma desmascara-se a cada denúncia de promessas não cumpridas, de omissões, falhas, desentrosamento, prenúncios de fracasso, o medo de um desastre ruinoso e que ameaça a estabilidade das instituições fragilizadas. Vai se apurar, o erro vem de cima, pendura-se no erro inicial que não pode ser cometido. A inexperiência administrativa do presidente, que desperdiçou os 12 anos em que sua única ocupação – remunerada pelo PT e regada pela dupla aposentadoria – era de candidato efetivo a presidente da República, sem o menor esforço para suprir as deficiências do seu modesto currículo escolar ou para a aprendizagem prática no primeiro degrau do exercício do mandato de prefeito, como secretário de Estado ou em qualquer cargo ao alcance dos seus dedos. O presidente do Partido dos Trabalhadores, o líder popular, com os bugalhos vidrados no Palácio do Planalto, não se rebaixava a tais bagatelas. Para quê, se sabia tudo?
Agora, purga as duras cobranças. Desespera-se porque o governo empacado não saiu do lugar. Não dá o braço a torcer na confissão do crasso desvio na ponta da linha da montagem do aleijão ministerial, com 35 ministros e secretários com apelido de ministro, agravado com os critérios de escolha, a escandalosa maioria petista, para agasalhar os companheiros desempregados pela ingratidão das urnas.
O governo parece que vai recomeçar todo dia, com novas promessas ou a recauchutagem das que apodreceram por desuso. O programa ambicioso do primeiro emprego, que não empregou um único jovem, retorna em nova encadernação.
Com o ligeiro atraso de quase um terço do mandato, o presidente descobriu que dobrar de 50 mil para 100 mil o número de convocados para prestar serviço militar obrigatório, com o complemento da aprendizagem de uma profissão, alivia o fiasco e retira das ruas milhares de moços que são atraídos pelo tráfico de drogas.
Exemplos multiplicam-se para todos os lados que se olhe. Do desafio desmoralizante das invasões do MST, o aliado que Lula se jactava de ser o mais capacitado para negociar a reforma agrária dentro da lei, à insatisfação dos governadores e prefeitos, insaciáveis nas reivindicações nem sempre justas.
Mas, o centro da crise é o presidente que não sabe governar. Não aprendeu nos livros, que não se habituou a consultar, nem na escola prática da vida. Viagens não suprem as falhas da formação. A fulminante ascensão na liderança sindical juntou as virtudes e a mania das reuniões que se prolongam por horas e nada decidem. Acariciam a vaidade presidencial e ajustam-se ao seu temperamento incompatível com a rotina burocrática, com a obediência aos horários, às agendas, ao entediante exame de processos, à leitura do papelório, ao despacho com os ministros.
Por temperamento detesta a solidão. Cultiva a convivência com amigos: nunca está só. Conversador fluente e bem-humorado, de celebrada facilidade de comunicação e excelente contador de casos vividos ou sabidos no meio século de vida de trajetória fascinante.
Mas, o governo não consegue cadenciar o passo no rumo dos compromissos de campanha, tantas vezes reiterados. A impaciência irritada dos seus últimos desabafos sopra as brasas da esperança, sem desatar o nó da decepção. O erro vem de cima. As falhas que corroem o governo começam, com raras exceções, em decisões equivocadas do presidente nas escolhas de ministros, assessores, nas hesitações, na desobediência ou no desconhecimento da teoria e da prática da administração.
A reforma deve começar do pico do monte.
E já viria tarde, talvez tarde demais.
Villas-Bôas Corrêa
28.04.2004 | O erro ensina mais do que o acerto a quem tem a humildade de aprender a lição. É exatamente a virtude que o presidente Luís Inácio Lula da Silva ainda não demonstrou no ano e quase quatro meses de desacertos do exercício do mandato, com sinais de desgaste e as seguidas advertências dos índices em queda nas pesquisas, da bagunça administrativa, da morosidade paralisante e da irritação que permeia a safra de discursos na recaída dos excessos oratórios.
Lula distribui carapuças sem a exata identificação dos agraciados pelas críticas freqüentes dos desafogos da impaciência. Continua a cometer os mesmos equívocos, com pequenas corrigendas que não levam a coisa nenhuma.
Pois a autocrítica não passa pelo fundo estreito da agulha para os alinhavos da revisão na conversa franca diante do espelho. Reconheça-se que não é fácil esticar a mão para os bolos da palmatória. E bem mais difícil para quem chega ao pico do monte com a história de vida do torneiro mecânico que funda o Partido dos Trabalhadores, elege-se presidente na quarta tentativa e com os adornos do ineditismo da troca dos donos do poder.
O deslumbramento da vitória com 52 milhões de votos, explodindo na onda de euforia e esperança que varreu o país e comoveu até os derrotados, levantou a poeira que toldou a visão crítica e atropelou a avaliação das fragilidades que se escondiam nas frestas da sua biografia. Viramos deficiências pelo avesso, saudadas como qualidades. E que pouco a pouco furam a casca e se expõem na sua exata dimensão.
Uma a uma desmascara-se a cada denúncia de promessas não cumpridas, de omissões, falhas, desentrosamento, prenúncios de fracasso, o medo de um desastre ruinoso e que ameaça a estabilidade das instituições fragilizadas. Vai se apurar, o erro vem de cima, pendura-se no erro inicial que não pode ser cometido. A inexperiência administrativa do presidente, que desperdiçou os 12 anos em que sua única ocupação – remunerada pelo PT e regada pela dupla aposentadoria – era de candidato efetivo a presidente da República, sem o menor esforço para suprir as deficiências do seu modesto currículo escolar ou para a aprendizagem prática no primeiro degrau do exercício do mandato de prefeito, como secretário de Estado ou em qualquer cargo ao alcance dos seus dedos. O presidente do Partido dos Trabalhadores, o líder popular, com os bugalhos vidrados no Palácio do Planalto, não se rebaixava a tais bagatelas. Para quê, se sabia tudo?
Agora, purga as duras cobranças. Desespera-se porque o governo empacado não saiu do lugar. Não dá o braço a torcer na confissão do crasso desvio na ponta da linha da montagem do aleijão ministerial, com 35 ministros e secretários com apelido de ministro, agravado com os critérios de escolha, a escandalosa maioria petista, para agasalhar os companheiros desempregados pela ingratidão das urnas.
O governo parece que vai recomeçar todo dia, com novas promessas ou a recauchutagem das que apodreceram por desuso. O programa ambicioso do primeiro emprego, que não empregou um único jovem, retorna em nova encadernação.
Com o ligeiro atraso de quase um terço do mandato, o presidente descobriu que dobrar de 50 mil para 100 mil o número de convocados para prestar serviço militar obrigatório, com o complemento da aprendizagem de uma profissão, alivia o fiasco e retira das ruas milhares de moços que são atraídos pelo tráfico de drogas.
Exemplos multiplicam-se para todos os lados que se olhe. Do desafio desmoralizante das invasões do MST, o aliado que Lula se jactava de ser o mais capacitado para negociar a reforma agrária dentro da lei, à insatisfação dos governadores e prefeitos, insaciáveis nas reivindicações nem sempre justas.
Mas, o centro da crise é o presidente que não sabe governar. Não aprendeu nos livros, que não se habituou a consultar, nem na escola prática da vida. Viagens não suprem as falhas da formação. A fulminante ascensão na liderança sindical juntou as virtudes e a mania das reuniões que se prolongam por horas e nada decidem. Acariciam a vaidade presidencial e ajustam-se ao seu temperamento incompatível com a rotina burocrática, com a obediência aos horários, às agendas, ao entediante exame de processos, à leitura do papelório, ao despacho com os ministros.
Por temperamento detesta a solidão. Cultiva a convivência com amigos: nunca está só. Conversador fluente e bem-humorado, de celebrada facilidade de comunicação e excelente contador de casos vividos ou sabidos no meio século de vida de trajetória fascinante.
Mas, o governo não consegue cadenciar o passo no rumo dos compromissos de campanha, tantas vezes reiterados. A impaciência irritada dos seus últimos desabafos sopra as brasas da esperança, sem desatar o nó da decepção. O erro vem de cima. As falhas que corroem o governo começam, com raras exceções, em decisões equivocadas do presidente nas escolhas de ministros, assessores, nas hesitações, na desobediência ou no desconhecimento da teoria e da prática da administração.
A reforma deve começar do pico do monte.
E já viria tarde, talvez tarde demais.
quarta-feira, abril 28, 2004
transbordamento populista
Lula e Ratinho, tudo a ver?
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=274IMQ002
Luiz Weis
Depois de um ano, três meses e 21 dias no Palácio do Planalto sem ter concedido uma única entrevista coletiva à imprensa de seu país, o presidente Lula abriu na semana passada a Granja do Torto ao apresentador de televisão Ratinho – que representa como poucos o que a mídia de massa brasileira tem de pior – para conceder-lhe, durante três horas, uma exclusiva "entrevista-churrasco", na apropriada expressão do colunista de TV da Folha de S.Paulo, Daniel Castro.
A imprensa, de seu lado, reagiu com imperdoável complacência a esse capítulo raso da operação dudamendoncista destinada a estancar a sangria da popularidade de um presidente que fala ao povo sem parar, mas cujo governo fica entre a marcha-a-ré e o ponto-morto em matéria de política social.
Segundo Ratinho, ele mesmo teria pedido a Lula, há um mês, "uma força" para o seu programa no SBT – que, assim como o presidente, já foi mais popular. Segundo uma não identificada "assessoria" citada pelo colunista da Folha, Lula teria atendido ao convite do "amigo" (as aspas são do texto publicado).
Claro como o dia: temendo, ou dissuadido a se expor à inquirição daqueles cujo ofício os desaconselha a serem amigos dos poderosos de turno – e, quando o forem, os obriga a tratar as verdades recebidas com profissional ceticismo –, Lula optou por encenar uma sabatina com quem de forma alguma o colocará contra a parede, numa situação de mutua conveniência.
Além de postiça, a sabatina foi gravada (para ir ao ar, ao que se informou, nesta sexta-feira, 30). O que proporciona a vantagem adicional de permitir expurgar do que for servido ao incauto público do senhor Carlos Massa qualquer impropriedade que o seu amigo Luiz Inácio da Silva possa ter cometido enquanto proseavam passeando pelo Torto, ou atacando uma carne com feijão tropeiro, sob o olhar de seis câmaras de TV.
Ao vivo e em cores
Cada qual tem os amigos que escolheu ter, com os bônus e os ônus que isso traz. Pode não ser problema para Lula que no seu círculo de amizades haja lugar para um cidadão que, diria o velho clichê, galgou os degraus da fama midiática (ou da infâmia, como se queira) promovendo a violência, "expressa com absoluta literalidade pelo cassetete que marcava o compasso dos insultos, da incitação à tortura e da apologia da pena de morte", ao que se seguiu "a exploração do grotesco, das patologias e infelicidades que assombram o dia-a-dia da parcela mais miserável e embrutecida da população" (texto deste leitor, de julho de 1999).
Naquele ano, pobre Brasil, Ratinho confraternizou com o então presidente Fernando Henrique, que o convidou em segredo para um papo informal no Alvorada, e recebeu Lula pela primeira vez em casa, também sem alarde. (Quem divulgou este último encontro foi a repórter Mônica Bergamo, da Folha.) Depois, Ratinho revelou ter aconselhado Fernando Henrique a "falar duro", porque "o povo gosta".
Mas os amigos do presidente (dos governadores, prefeitos e tutti quanti) são, obviamente, problemas da imprensa – quanto mais não seja porque algumas dessas amizades se escrevem com um cifrão antes do nome, ou do apelido, do amigo.
E sendo quem é o amigão do Lula, a imprensa precisaria ter ido além da justa crítica da colunista Dora Kramer de que, em vez de circular por programas de televisão – o Planalto tinha engatilhado também uma entrevista a Jô Soares, da TV Globo, afinal adiada por iniciativa deste –, melhor faria a sua Comunicação se convocasse uma coletiva com transmissão ao vivo, "como costumam fazer os chefes de nações democráticas".
Versão duvidosa
O noticiário, as colunas políticas e as páginas de editoriais falharam feio em não chamar a atenção para o "logo quem" Lula, com toda a sua biografia às costas, chamou para a montagem de um espetáculo de propaganda e marketing. Trazer esse "logo quem" para o proscênio, por sua vez, não é apenas avivar a memória do leitorado para a folha corrida do amigo – o que, aliás, a Folha fez.
É mostrar, interpretar e julgar o fato de que, mais espinhoso fica o abacaxi do governo e mais descrente começa a ficar o povão, mais Lula se agarra a um populismo escrachado que não guarda o menor parentesco com a trajetória do Partido dos Trabalhadores (goste-se ou não dela).
Nesse sentido, a combinada aparição do presidente no Programa do Ratinho é a transposição de uma fronteira política. É um transbordamento populista que merecia estar no foco da mídia tanto quanto estão a política econômica, a improdutividade do governo, o aparelhamento/loteamento da máquina e a mancebia do Planalto com os Sarneys e ACMs.
Parece haver um nexo – que precisa ser trabalhado, exposto, debatido e avaliado – entre o presidente que diz, sem se dar conta da demonstração de paternalismo explícito, que não governa o Brasil, mas cuida do país "com o mesmo carinho que cuido da minha mulher e dos meus filhos", e o presidente que aceita dar uma força ao Ratinho e usar o seu tempo de TV para vender a duvidosa versão de que "arou a terra no primeiro ano, jogou adubo, plantou no começo deste ano e começa a colher em junho".
Existe, em suma, uma pauta "Lula" a ser debulhada.
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=274IMQ002
Luiz Weis
Depois de um ano, três meses e 21 dias no Palácio do Planalto sem ter concedido uma única entrevista coletiva à imprensa de seu país, o presidente Lula abriu na semana passada a Granja do Torto ao apresentador de televisão Ratinho – que representa como poucos o que a mídia de massa brasileira tem de pior – para conceder-lhe, durante três horas, uma exclusiva "entrevista-churrasco", na apropriada expressão do colunista de TV da Folha de S.Paulo, Daniel Castro.
A imprensa, de seu lado, reagiu com imperdoável complacência a esse capítulo raso da operação dudamendoncista destinada a estancar a sangria da popularidade de um presidente que fala ao povo sem parar, mas cujo governo fica entre a marcha-a-ré e o ponto-morto em matéria de política social.
Segundo Ratinho, ele mesmo teria pedido a Lula, há um mês, "uma força" para o seu programa no SBT – que, assim como o presidente, já foi mais popular. Segundo uma não identificada "assessoria" citada pelo colunista da Folha, Lula teria atendido ao convite do "amigo" (as aspas são do texto publicado).
Claro como o dia: temendo, ou dissuadido a se expor à inquirição daqueles cujo ofício os desaconselha a serem amigos dos poderosos de turno – e, quando o forem, os obriga a tratar as verdades recebidas com profissional ceticismo –, Lula optou por encenar uma sabatina com quem de forma alguma o colocará contra a parede, numa situação de mutua conveniência.
Além de postiça, a sabatina foi gravada (para ir ao ar, ao que se informou, nesta sexta-feira, 30). O que proporciona a vantagem adicional de permitir expurgar do que for servido ao incauto público do senhor Carlos Massa qualquer impropriedade que o seu amigo Luiz Inácio da Silva possa ter cometido enquanto proseavam passeando pelo Torto, ou atacando uma carne com feijão tropeiro, sob o olhar de seis câmaras de TV.
Ao vivo e em cores
Cada qual tem os amigos que escolheu ter, com os bônus e os ônus que isso traz. Pode não ser problema para Lula que no seu círculo de amizades haja lugar para um cidadão que, diria o velho clichê, galgou os degraus da fama midiática (ou da infâmia, como se queira) promovendo a violência, "expressa com absoluta literalidade pelo cassetete que marcava o compasso dos insultos, da incitação à tortura e da apologia da pena de morte", ao que se seguiu "a exploração do grotesco, das patologias e infelicidades que assombram o dia-a-dia da parcela mais miserável e embrutecida da população" (texto deste leitor, de julho de 1999).
Naquele ano, pobre Brasil, Ratinho confraternizou com o então presidente Fernando Henrique, que o convidou em segredo para um papo informal no Alvorada, e recebeu Lula pela primeira vez em casa, também sem alarde. (Quem divulgou este último encontro foi a repórter Mônica Bergamo, da Folha.) Depois, Ratinho revelou ter aconselhado Fernando Henrique a "falar duro", porque "o povo gosta".
Mas os amigos do presidente (dos governadores, prefeitos e tutti quanti) são, obviamente, problemas da imprensa – quanto mais não seja porque algumas dessas amizades se escrevem com um cifrão antes do nome, ou do apelido, do amigo.
E sendo quem é o amigão do Lula, a imprensa precisaria ter ido além da justa crítica da colunista Dora Kramer de que, em vez de circular por programas de televisão – o Planalto tinha engatilhado também uma entrevista a Jô Soares, da TV Globo, afinal adiada por iniciativa deste –, melhor faria a sua Comunicação se convocasse uma coletiva com transmissão ao vivo, "como costumam fazer os chefes de nações democráticas".
Versão duvidosa
O noticiário, as colunas políticas e as páginas de editoriais falharam feio em não chamar a atenção para o "logo quem" Lula, com toda a sua biografia às costas, chamou para a montagem de um espetáculo de propaganda e marketing. Trazer esse "logo quem" para o proscênio, por sua vez, não é apenas avivar a memória do leitorado para a folha corrida do amigo – o que, aliás, a Folha fez.
É mostrar, interpretar e julgar o fato de que, mais espinhoso fica o abacaxi do governo e mais descrente começa a ficar o povão, mais Lula se agarra a um populismo escrachado que não guarda o menor parentesco com a trajetória do Partido dos Trabalhadores (goste-se ou não dela).
Nesse sentido, a combinada aparição do presidente no Programa do Ratinho é a transposição de uma fronteira política. É um transbordamento populista que merecia estar no foco da mídia tanto quanto estão a política econômica, a improdutividade do governo, o aparelhamento/loteamento da máquina e a mancebia do Planalto com os Sarneys e ACMs.
Parece haver um nexo – que precisa ser trabalhado, exposto, debatido e avaliado – entre o presidente que diz, sem se dar conta da demonstração de paternalismo explícito, que não governa o Brasil, mas cuida do país "com o mesmo carinho que cuido da minha mulher e dos meus filhos", e o presidente que aceita dar uma força ao Ratinho e usar o seu tempo de TV para vender a duvidosa versão de que "arou a terra no primeiro ano, jogou adubo, plantou no começo deste ano e começa a colher em junho".
Existe, em suma, uma pauta "Lula" a ser debulhada.
terça-feira, abril 27, 2004
ATEÍSMO E ANARQUISMO : É DISSO QUE O BRASIL PRECISA
Nietzsche e o abril no Brasil
Ubiratan Jorge Iorio
http://www.ubirataniorio.org/
Doutor em Economia (EPGE/FGV), Vice-Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (Cieep) e Professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
http://www.midiasemmascara.org/?id=38,1,article,2,2338,sid,1,ch
27/04/2004
Três gravíssimos problemas vêm, como efeitos retardados de pretéritas bombas de conseqüências imprevisíveis, explodindo neste mês de abril, o mesmo de nosso Descobrimento. Podemos até rotular este abril de 2004 como o de um novo descobrimento, o da falência institucional e moral em que o país está mergulhado.
O primeiro é a onda de invasões em que os líderes radicais do MST e dos sem-teto, espargindo raiva por todos os poros, contra tudo o que representa as tradições de respeito ao próximo que sempre marcaram o nosso povo, vêm promovendo em propriedades alheias, garantidas até mesmo por nossa infeliz Constituição “cidadã”. Não importa se as fazendas, invadidas por hordas de analfabetos funcionais, cujo comportamento é idêntico ao das boiadas conduzidas pelo som dos berrantes, sejam “produtivas” ou não; o que importa para eles é invadí-las, para nelas implantarem a sua agricultura medieval movida a foices e enxadas, plantando as culturas que lhes vierem às cabeças. Esperam, com esse tipo de comportamento criminoso, forçar o governo a acelerar uma reforma agrária que, além de desnecessária, é de um anacronismo capaz de fazer até uma avestruz enfiar a cabeça na areia, de vergonha. No caso dos sem-teto, valem as mesmas observações, uma vez que as propriedades urbanas, vazias ou não, por definição, têm donos.
O segundo grave problema é o do massacre de dezenas de garimpeiros pelos índios da tribo cintas-largas, com sinais claros de tortura, sem que as habitualmente barulhentas ONG’s, a OAB, a ala radical da CNBB, os colunistas de esquerda que inundam jornais e revistas com sua cegueira ideológica e os demais defensores dos “direitos humanos” tenham levantado uma só palavra de indignação, omissão ainda mais grave quando há fortes suspeitas de que os índios estariam negociando as reservas de minério com grupos ligados a algumas dessas “entidades”. Ademais, são índios que só agem como tal quando lhes convém serem tratados como “minoria excluída”, pois usam relógios modernos, portam celulares na cintura, andam de automóvel e de avião e... negociam, como todos os demais brasileiros. Ou não serão eles também brasileiros?
E o terceiro é a situação de absoluta calamidade pública, em termos de insegurança, a que chegou a outrora maravilhosa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, com traficantes promovendo uma verdadeira guerra civil na favela-bairro da Rocinha, trocando tiros entre si e com a despreparada polícia carioca e ceifando vidas de inocentes, pouco se lixando para as passeatas em favor da paz com distribuição de flores, promovidas por ONG’s como o movimento Viva Rio, cujo único objetivo, certamente não declarado em seu estatuto, mas facilmente dedutível pela observação, é aparecer na mídia e obter recursos para poder pagar polpudos estipêndios a seus membros.
Há várias lições a serem extraídas dessas explosões de rebeldia e de falta de respeito à lei, mas a principal é a de que nossas instituições – entre elas o nosso sistema político – vêm mostrando absoluta incapacidade de lidar com problemas de porte tão grave e que podem comprometer a estabilidade social.
E não se trata apenas de atribuir a inércia de nossas autoridades à mais do que demonstrada incompetência administrativa e atraso ideológico do governo federal do PT, ou ao populismo demagógico e messiânico do casal que vem governando o estado do Rio de Janeiro. Não; é pior, muito pior, porque a causa de toda a anomia que vem caracterizando nossa sociedade, deixando os cidadãos honestos, trabalhadores e cumpridores de suas obrigações para com o Estado, absolutamente inermes diante da paralisia das autoridades e da ausência de soluções definitivas para a erradicação desses males. Para que servem, afinal, os ministérios da Justiça, da Agricultura, da Reforma Agrária e das “Cidades”, bem como a Polícia Federal, os gênios petistas em segurança, a Funai, o Incra, a governadora do Rio, seu secretário-marido, a polícia carioca, a prefeita de São Paulo e seus milhares de subordinados, que vivem às custas do erário? Para que existem, afinal, as normas de conduta a que chamamos leis? Para proteger vândalos e criminosos, apenas porque pertencem aos chamados movimentos sociais?
Chega de palpites de sociólogos, antropólogos, (des)educadores, socialites, donos de ONG’s e congêneres marxistas, sempre com a velha e surrada cantilena de que as causas únicas dessa onda de violência são a pobreza e a má distribuição de renda. Chega de se tentar colocar a culpa desses descalabros nos banqueiros, nos empresários, nos ricos, no FMI e no Banco Central. Chega de discursos politicamente corretos, que encobrem a verdade para forjarem mentiras de sabor socialista e empurrá-las goela abaixo de uma população que não lê, não estuda, não sabe pensar e que aceita, portanto, imposturas como se fossem verdades absolutas ou brocardos inquestionáveis. Chega de omissão e de conivência por parte de autoridades. Chega de declarações irresponsáveis de governadores, secretários de segurança, presidentes do Incra, da Funai, de ministros e do Presidente da República. Quem protege bandidos, bandido também é, no mínimo, por conivência.
O axioma cantado e recantado há tantos anos entre nós de que a causa da violência e do desrespeito à lei é a miséria e a má distribuição de renda, aceito por algo como sete em cada dez brasileiros, é um falso axioma: é uma mentira deslavada e um argumento facilmente refutável, inclusive pela observação de que, em nível internacional, não existe correlação forte entre pobreza e má distribuição de renda e altos níveis de criminalidade e de desrespeito à lei.
Quem dentre os leitores não conhece dezenas – e, talvez, centenas, milhares – de pobres, sem qualquer perspectiva de melhorar materialmente, mas que são pessoas honestas, trabalhadoras e cumpridoras da lei? Quem não conhece desempregados nas mesmas condições de penúria e de falta de perspectiva, mas também corretos e respeitadores das normas de conduta?
Se redistribuir radicalmente a renda resolvesse o problema, como explicar então o elevado grau de corrupção existente em Cuba e em todos os países que tiveram a infelicidade de cair na esparrela do socialismo? Se os índices de criminalidade nesses infernos terrestres são menores do que nos países capitalistas, é apenas porque, em uma sociedade onde todos, por definição – e imposição estatal – são pobres, não há de quem furtar, ou não há a quem assaltar, ou a quem tomar um automóvel. Quem irá desejar, por exemplo, encostar uma arma na cabeça do proprietário de um Chevrolet Belair modelo 1957 com pneus de banda branca – o ápice da modernidade nas ruas de Havana – para apoderar-se dele? O crime, nesses países, assume outras formas, das quais podemos ressaltar o ágio, o câmbio negro, a prostituição generalizada e as micaretas políticas que duram 365 dias seguidos, ano após ano e que distribuem carnavalescamente favores entre os membros do partido único...
A causa de toda essa violência, a verdadeira raiz desse abril sangrento, desse estado de lei ao léu, embora seja mais facilmente visualizada na economia e na política, é de natureza essencialmente moral e remonta à influência das idéias de Nietzsche sobre o mundo: o relativismo moral, a vontade de poder e a busca individual pelo super-homem.
Para Nietzsche (1844-1897) – um filho, sobrinho e neto de pastores luteranos, que morreu louco – por algum trauma de infância não devidamente explicado, Deus era um estorvo, na medida em que tolhia a liberdade humana. Por isso, o novo homem nietzschiano é bem diferente do homem novo de São Paulo, aquele revestido da armadura da fé: é, pelo contrário, aquele que não apenas não crê em Deus, mas que assassina Deus, o grande inibidor de sua liberdade de criar as suas próprias regras de comportamento moral e de fazer a vida à sua maneira. Deus, além disso, é um enorme impedimento para que o candidato a super-homem possa ganhar poder, subir na vida, quer no plano econômico, quer na política. Em suma, Deus é contrário à vida como afirmação de si própria, como vontade de poder. Matando Deus, essa vontade de poder estaria liberada. Os quase imperceptíveis fios que ligam, embora grosseiramente, os seus infindáveis aforismos, estão muito mais para o antiteísmo do que para o ateísmo. Em A Gaia Ciência (Abril, São Paulo, 1983, aforismo 343), escreveu o filósofo alemão:
“Deus está morto; os nossos corações transbordam de gratidão, de admiração, de pressentimento e de expectativa. O horizonte aparece, finalmente, mais uma vez aberto, mesmo que tenhamos de admitir que não é brilhante; os nossos navios podem, por fim, sair para o mar, enfrentando qualquer perigo; todo o risco está agora ao alcance daquele que for prudente; o mar, o nosso mar, está novamente aberto diante de nós, e talvez nunca tenha existido um mar aberto dessa natureza”.
E em Assim Falou Zaratustra (Abril, São Paulo, 1983, pág. 7):
“Aconselho-vos, meus irmãos, a manter-vos fiéis à terra e a não acreditar naqueles que vos falam em esperanças para além da terra. Esses homens são envenenadores, quer o saibam, quer não”.
Coisas típicas de um “profeta”, apenas com a observação de que se escondeu sob as barbas persas de Zaratustra para anunciar suas adivinhações e que construiu seu pretenso carisma na base de aforismos esparsos, do tipo daquelas frases bonitinhas que as colegiais escrevem em seus caderninhos orlados de florzinhas e decalques. O caderno pode ser bonito, mas não há um nexo claro de ligação, uma implicação de causalidade entre as diversas frases da enxurrada de aforismos nietzschianos. A “morte de Deus”, por exemplo, é tomada por ele como axioma incontestável, como verdade absoluta, o que o eximiu de qualquer tentativa no sentido de, ao menos, tentar demonstrá-la. Filósofo? Escritor? Basta lembrarmos que os escritores o consideravam com substância, porém sem estilo, enquanto os filósofos de sua época o julgavam com estilo, porém sem substância...
Pois foi a partir das idéias desse homem, inteligente ao extremo – não há como negar - mas cuja única filosofia baseava-se no racionalismo de Descartes e Schopenhauer, com tinturas de Kant e da dialética de Hegel, a partir de sua revolta contra qualquer forma de transcendência, que o mundo “mudou”, na medida em que, influenciado por ele, jogou fora, de forma progressiva, ao longo do século XX, séculos e mais séculos da tradição judaico-cristã, aquela mesma que dizia, em poucas palavras, que o criminoso é o culpado pelo crime que comete; aquela que respeitava e amava a Deus sobre todas as coisas; aquela que amava o próximo; enfim, aquela que baseava as suas ações em regras de conduta moral consagradas no Ocidente.
O capítulo 1 de Tempos Modernos, magistral livro escrito por Paul Johnson, retrata bem a origem do relativismo moral derivado do pensamento de Nietzsche e os demais capítulos descrevem os seus efeitos devastadores sobre o mundo do século XX.
E os graves acontecimentos deste abril vermelho em nosso país nada mais são do que reflexo desse processo de relativização moral que contaminou os tecidos político, econômico, ético-moral e, portanto, o social.
Só vamos sair dessa anomia quando redescobrirmos, primeiro, que o culpado de um roubo é o ladrão - e não a sociedade; de um estupro, é o estuprador – e não a concentração de renda; de um assassinato, é o assassino – e não as desigualdades; da violência nas favelas, dos traficantes - e não do ministro da Fazenda; da corrupção na polícia, dos corruptos e corruptores – e não dos baixos salários dos policiais. E quando voltarmos a tratar os que transgridem flagrantemente a lei, sejam invasores de terras e prédios em cidades, traficantes, policiais, índios, brancos ou negros, ou, ainda, políticos omissos, sejam, enfim, quem forem, souberem que serão punidos.
Nada disso será possível enquanto o relativismo moral não for definitivamente banido da sociedade. Enquanto não voltarmos a valorizar a tradição que fez nascer e florescer a civilização ocidental. Em suma, enquanto Deus não for ressuscitado, verdadeiramente, nos corações das pessoas, varrendo definitivamente o lixo do relativismo original e do marxismo que nele pegou uma oportuna carona.
Digam o que disserem em contrário, esbravejem o que esbravejarem, estarão deixando de atacar a raiz do problema, que é a incrível ausência do respeito aos mandamentos de Deus no mundo de hoje.
Sublata causa, tollitur efectus! Ditado óbvio como ele só, tão verdadeiro como três mais três são seis mas que quase ninguém no Brasil conhece!
Ubiratan Jorge Iorio
http://www.ubirataniorio.org/
Doutor em Economia (EPGE/FGV), Vice-Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (Cieep) e Professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
http://www.midiasemmascara.org/?id=38,1,article,2,2338,sid,1,ch
27/04/2004
Três gravíssimos problemas vêm, como efeitos retardados de pretéritas bombas de conseqüências imprevisíveis, explodindo neste mês de abril, o mesmo de nosso Descobrimento. Podemos até rotular este abril de 2004 como o de um novo descobrimento, o da falência institucional e moral em que o país está mergulhado.
O primeiro é a onda de invasões em que os líderes radicais do MST e dos sem-teto, espargindo raiva por todos os poros, contra tudo o que representa as tradições de respeito ao próximo que sempre marcaram o nosso povo, vêm promovendo em propriedades alheias, garantidas até mesmo por nossa infeliz Constituição “cidadã”. Não importa se as fazendas, invadidas por hordas de analfabetos funcionais, cujo comportamento é idêntico ao das boiadas conduzidas pelo som dos berrantes, sejam “produtivas” ou não; o que importa para eles é invadí-las, para nelas implantarem a sua agricultura medieval movida a foices e enxadas, plantando as culturas que lhes vierem às cabeças. Esperam, com esse tipo de comportamento criminoso, forçar o governo a acelerar uma reforma agrária que, além de desnecessária, é de um anacronismo capaz de fazer até uma avestruz enfiar a cabeça na areia, de vergonha. No caso dos sem-teto, valem as mesmas observações, uma vez que as propriedades urbanas, vazias ou não, por definição, têm donos.
O segundo grave problema é o do massacre de dezenas de garimpeiros pelos índios da tribo cintas-largas, com sinais claros de tortura, sem que as habitualmente barulhentas ONG’s, a OAB, a ala radical da CNBB, os colunistas de esquerda que inundam jornais e revistas com sua cegueira ideológica e os demais defensores dos “direitos humanos” tenham levantado uma só palavra de indignação, omissão ainda mais grave quando há fortes suspeitas de que os índios estariam negociando as reservas de minério com grupos ligados a algumas dessas “entidades”. Ademais, são índios que só agem como tal quando lhes convém serem tratados como “minoria excluída”, pois usam relógios modernos, portam celulares na cintura, andam de automóvel e de avião e... negociam, como todos os demais brasileiros. Ou não serão eles também brasileiros?
E o terceiro é a situação de absoluta calamidade pública, em termos de insegurança, a que chegou a outrora maravilhosa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, com traficantes promovendo uma verdadeira guerra civil na favela-bairro da Rocinha, trocando tiros entre si e com a despreparada polícia carioca e ceifando vidas de inocentes, pouco se lixando para as passeatas em favor da paz com distribuição de flores, promovidas por ONG’s como o movimento Viva Rio, cujo único objetivo, certamente não declarado em seu estatuto, mas facilmente dedutível pela observação, é aparecer na mídia e obter recursos para poder pagar polpudos estipêndios a seus membros.
Há várias lições a serem extraídas dessas explosões de rebeldia e de falta de respeito à lei, mas a principal é a de que nossas instituições – entre elas o nosso sistema político – vêm mostrando absoluta incapacidade de lidar com problemas de porte tão grave e que podem comprometer a estabilidade social.
E não se trata apenas de atribuir a inércia de nossas autoridades à mais do que demonstrada incompetência administrativa e atraso ideológico do governo federal do PT, ou ao populismo demagógico e messiânico do casal que vem governando o estado do Rio de Janeiro. Não; é pior, muito pior, porque a causa de toda a anomia que vem caracterizando nossa sociedade, deixando os cidadãos honestos, trabalhadores e cumpridores de suas obrigações para com o Estado, absolutamente inermes diante da paralisia das autoridades e da ausência de soluções definitivas para a erradicação desses males. Para que servem, afinal, os ministérios da Justiça, da Agricultura, da Reforma Agrária e das “Cidades”, bem como a Polícia Federal, os gênios petistas em segurança, a Funai, o Incra, a governadora do Rio, seu secretário-marido, a polícia carioca, a prefeita de São Paulo e seus milhares de subordinados, que vivem às custas do erário? Para que existem, afinal, as normas de conduta a que chamamos leis? Para proteger vândalos e criminosos, apenas porque pertencem aos chamados movimentos sociais?
Chega de palpites de sociólogos, antropólogos, (des)educadores, socialites, donos de ONG’s e congêneres marxistas, sempre com a velha e surrada cantilena de que as causas únicas dessa onda de violência são a pobreza e a má distribuição de renda. Chega de se tentar colocar a culpa desses descalabros nos banqueiros, nos empresários, nos ricos, no FMI e no Banco Central. Chega de discursos politicamente corretos, que encobrem a verdade para forjarem mentiras de sabor socialista e empurrá-las goela abaixo de uma população que não lê, não estuda, não sabe pensar e que aceita, portanto, imposturas como se fossem verdades absolutas ou brocardos inquestionáveis. Chega de omissão e de conivência por parte de autoridades. Chega de declarações irresponsáveis de governadores, secretários de segurança, presidentes do Incra, da Funai, de ministros e do Presidente da República. Quem protege bandidos, bandido também é, no mínimo, por conivência.
O axioma cantado e recantado há tantos anos entre nós de que a causa da violência e do desrespeito à lei é a miséria e a má distribuição de renda, aceito por algo como sete em cada dez brasileiros, é um falso axioma: é uma mentira deslavada e um argumento facilmente refutável, inclusive pela observação de que, em nível internacional, não existe correlação forte entre pobreza e má distribuição de renda e altos níveis de criminalidade e de desrespeito à lei.
Quem dentre os leitores não conhece dezenas – e, talvez, centenas, milhares – de pobres, sem qualquer perspectiva de melhorar materialmente, mas que são pessoas honestas, trabalhadoras e cumpridoras da lei? Quem não conhece desempregados nas mesmas condições de penúria e de falta de perspectiva, mas também corretos e respeitadores das normas de conduta?
Se redistribuir radicalmente a renda resolvesse o problema, como explicar então o elevado grau de corrupção existente em Cuba e em todos os países que tiveram a infelicidade de cair na esparrela do socialismo? Se os índices de criminalidade nesses infernos terrestres são menores do que nos países capitalistas, é apenas porque, em uma sociedade onde todos, por definição – e imposição estatal – são pobres, não há de quem furtar, ou não há a quem assaltar, ou a quem tomar um automóvel. Quem irá desejar, por exemplo, encostar uma arma na cabeça do proprietário de um Chevrolet Belair modelo 1957 com pneus de banda branca – o ápice da modernidade nas ruas de Havana – para apoderar-se dele? O crime, nesses países, assume outras formas, das quais podemos ressaltar o ágio, o câmbio negro, a prostituição generalizada e as micaretas políticas que duram 365 dias seguidos, ano após ano e que distribuem carnavalescamente favores entre os membros do partido único...
A causa de toda essa violência, a verdadeira raiz desse abril sangrento, desse estado de lei ao léu, embora seja mais facilmente visualizada na economia e na política, é de natureza essencialmente moral e remonta à influência das idéias de Nietzsche sobre o mundo: o relativismo moral, a vontade de poder e a busca individual pelo super-homem.
Para Nietzsche (1844-1897) – um filho, sobrinho e neto de pastores luteranos, que morreu louco – por algum trauma de infância não devidamente explicado, Deus era um estorvo, na medida em que tolhia a liberdade humana. Por isso, o novo homem nietzschiano é bem diferente do homem novo de São Paulo, aquele revestido da armadura da fé: é, pelo contrário, aquele que não apenas não crê em Deus, mas que assassina Deus, o grande inibidor de sua liberdade de criar as suas próprias regras de comportamento moral e de fazer a vida à sua maneira. Deus, além disso, é um enorme impedimento para que o candidato a super-homem possa ganhar poder, subir na vida, quer no plano econômico, quer na política. Em suma, Deus é contrário à vida como afirmação de si própria, como vontade de poder. Matando Deus, essa vontade de poder estaria liberada. Os quase imperceptíveis fios que ligam, embora grosseiramente, os seus infindáveis aforismos, estão muito mais para o antiteísmo do que para o ateísmo. Em A Gaia Ciência (Abril, São Paulo, 1983, aforismo 343), escreveu o filósofo alemão:
“Deus está morto; os nossos corações transbordam de gratidão, de admiração, de pressentimento e de expectativa. O horizonte aparece, finalmente, mais uma vez aberto, mesmo que tenhamos de admitir que não é brilhante; os nossos navios podem, por fim, sair para o mar, enfrentando qualquer perigo; todo o risco está agora ao alcance daquele que for prudente; o mar, o nosso mar, está novamente aberto diante de nós, e talvez nunca tenha existido um mar aberto dessa natureza”.
E em Assim Falou Zaratustra (Abril, São Paulo, 1983, pág. 7):
“Aconselho-vos, meus irmãos, a manter-vos fiéis à terra e a não acreditar naqueles que vos falam em esperanças para além da terra. Esses homens são envenenadores, quer o saibam, quer não”.
Coisas típicas de um “profeta”, apenas com a observação de que se escondeu sob as barbas persas de Zaratustra para anunciar suas adivinhações e que construiu seu pretenso carisma na base de aforismos esparsos, do tipo daquelas frases bonitinhas que as colegiais escrevem em seus caderninhos orlados de florzinhas e decalques. O caderno pode ser bonito, mas não há um nexo claro de ligação, uma implicação de causalidade entre as diversas frases da enxurrada de aforismos nietzschianos. A “morte de Deus”, por exemplo, é tomada por ele como axioma incontestável, como verdade absoluta, o que o eximiu de qualquer tentativa no sentido de, ao menos, tentar demonstrá-la. Filósofo? Escritor? Basta lembrarmos que os escritores o consideravam com substância, porém sem estilo, enquanto os filósofos de sua época o julgavam com estilo, porém sem substância...
Pois foi a partir das idéias desse homem, inteligente ao extremo – não há como negar - mas cuja única filosofia baseava-se no racionalismo de Descartes e Schopenhauer, com tinturas de Kant e da dialética de Hegel, a partir de sua revolta contra qualquer forma de transcendência, que o mundo “mudou”, na medida em que, influenciado por ele, jogou fora, de forma progressiva, ao longo do século XX, séculos e mais séculos da tradição judaico-cristã, aquela mesma que dizia, em poucas palavras, que o criminoso é o culpado pelo crime que comete; aquela que respeitava e amava a Deus sobre todas as coisas; aquela que amava o próximo; enfim, aquela que baseava as suas ações em regras de conduta moral consagradas no Ocidente.
O capítulo 1 de Tempos Modernos, magistral livro escrito por Paul Johnson, retrata bem a origem do relativismo moral derivado do pensamento de Nietzsche e os demais capítulos descrevem os seus efeitos devastadores sobre o mundo do século XX.
E os graves acontecimentos deste abril vermelho em nosso país nada mais são do que reflexo desse processo de relativização moral que contaminou os tecidos político, econômico, ético-moral e, portanto, o social.
Só vamos sair dessa anomia quando redescobrirmos, primeiro, que o culpado de um roubo é o ladrão - e não a sociedade; de um estupro, é o estuprador – e não a concentração de renda; de um assassinato, é o assassino – e não as desigualdades; da violência nas favelas, dos traficantes - e não do ministro da Fazenda; da corrupção na polícia, dos corruptos e corruptores – e não dos baixos salários dos policiais. E quando voltarmos a tratar os que transgridem flagrantemente a lei, sejam invasores de terras e prédios em cidades, traficantes, policiais, índios, brancos ou negros, ou, ainda, políticos omissos, sejam, enfim, quem forem, souberem que serão punidos.
Nada disso será possível enquanto o relativismo moral não for definitivamente banido da sociedade. Enquanto não voltarmos a valorizar a tradição que fez nascer e florescer a civilização ocidental. Em suma, enquanto Deus não for ressuscitado, verdadeiramente, nos corações das pessoas, varrendo definitivamente o lixo do relativismo original e do marxismo que nele pegou uma oportuna carona.
Digam o que disserem em contrário, esbravejem o que esbravejarem, estarão deixando de atacar a raiz do problema, que é a incrível ausência do respeito aos mandamentos de Deus no mundo de hoje.
Sublata causa, tollitur efectus! Ditado óbvio como ele só, tão verdadeiro como três mais três são seis mas que quase ninguém no Brasil conhece!
domingo, abril 25, 2004
LULA TROCA PT POR ALIADOS
Nem o Mulá supremo ägüenta mais os membros do politsburger .
Para acomodar os partidos da base, que ameaçavam se rebelar, o Palácio do Planalto dividiu o bolo dos cargos federais, antes ocupados majoritariamente por petistas. Ainda há resistência
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/103167.html
Brasília – Não teve jeito. Detentor da maioria dos cargos espalhados na estrutura governamental, o PT de Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a ceder espaço para abrigar o PMDB e contentar aliados insatisfeitos com a pouca participação no plano governamental. O primeiro sacrifício veio do setor elétrico no meio desta semana, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, e foi direto: “O PMDB tem voto. O Pinguelli não. Preciso da Eletrobrás”, afirmou ele, incisivo. Lula referia-se ao presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, substituído por Silas Rondeau, ex-presidente da Eletronorte indicado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Começou assim a avalanche de substituições que promete tomar conta do Poder Executivo e deve ultrapassar o dia do Trabalho.
O PT foi o principal obstáculo à acomodação dos novos aliados. O Palácio do Planalto também acreditava ser possível manter uma fórmula de gestão compartilhada. Por esse esquema, os petistas, infiltrados na estrutura governamental, funcionavam como “bedéis” em órgãos controlados por outros partidos. A rebelião dos aliados, especialmente do PMDB, que paralisou o Congresso, e a avaliação de que o modelo era um dos entraves ao andamento da máquina administrativa foram os impulsionadores da ordem de substituir os petistas.
Mesmo com a ordem emitida, o PT ainda esperneia. “Não adianta ganhar governabilidade e perder identidade”, critica o deputado Chico Alencar, integrante do PT fluminense, que se sentiu atingido com a exoneração de Pinguelli. “O preço da busca da maioria não pode ser eficiência, ética e transparência.” Uma das áreas em que o partido resiste em abrir a guarda e os cargos é a econômica. Embora os presidentes da Caixa Econômica Federal, Jorge Matoso, e o do Banco do Brasil, Cássio Casseb, tenham sido chamados ao Planalto com a ordem de decidirem logo as nomeações pendentes, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tenta evitar as substituições. A área econômica, por sinal, é uma das poucas em que o PT manteve a maioria dos técnicos que trabalhavam no governo Fernando Henrique Cardoso.
Até agora, segundo informações de que dispõem os partidos, o PMDB só conseguirá fincar a sua bandeira na vice-presidência de crédito da Caixa e na diretoria de micro-crédito e cooperativas do Banco do Brasil. O partido já acha um avanço. Afinal, nesses cargos, dizem alguns peemedebistas, é possível fazer política, ou seja, liberar financiamentos para as pequenas cidades e empresas. Outros partidos aliados, porém, estão de olho nos cargos econômicos. O motivo das duras críticas do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a Palocci, por exemplo, foi o seu sonho de nomear um diretor da Caixa e outro da Petrobrás.
A intenção do Planalto é processar também essas nomeações nos cargos estaduais. Mas em respeito ao PT e suas preocupações eleitorais o governo fixou um limite para as nomeações. Não era admitida a troca de um petista pelo partido que seja seu mais ferrenho adversário no estado, para não deixar transparecer um enfraquecimento dos petistas. Mas o partido já perdeu. Com a inclusão do PMDB na base aliada, o governo autorizou a verticalização nos ministérios, um ponto que o PT sempre lutou contra.
Educação
Depois de pressão política e cancelamento inédito de uma reunião por falta das nomeações, o governo anunciou ontem os 12 novos integrantes da Conselho Nacional de Educação (CNE), uma renovação de 50% dos conselheiros das câmaras de educação básica e superior. A lista deveria ter sido divulgada em 15 de março. A nomeação saiu ao final de uma semana em que o governo resolveu pendências para acomodar a base aliada. O lobby do PMDB para nomear a reitora da Universidade Salgado de Oliveira, Marlene Salgado, não funcionou. Já o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) conseguiu vaga para a conterrânea Anaci Bispo Paim, secretária de Educação da Bahia e vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação.
Para acomodar os partidos da base, que ameaçavam se rebelar, o Palácio do Planalto dividiu o bolo dos cargos federais, antes ocupados majoritariamente por petistas. Ainda há resistência
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/103167.html
Brasília – Não teve jeito. Detentor da maioria dos cargos espalhados na estrutura governamental, o PT de Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a ceder espaço para abrigar o PMDB e contentar aliados insatisfeitos com a pouca participação no plano governamental. O primeiro sacrifício veio do setor elétrico no meio desta semana, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, e foi direto: “O PMDB tem voto. O Pinguelli não. Preciso da Eletrobrás”, afirmou ele, incisivo. Lula referia-se ao presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, substituído por Silas Rondeau, ex-presidente da Eletronorte indicado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Começou assim a avalanche de substituições que promete tomar conta do Poder Executivo e deve ultrapassar o dia do Trabalho.
O PT foi o principal obstáculo à acomodação dos novos aliados. O Palácio do Planalto também acreditava ser possível manter uma fórmula de gestão compartilhada. Por esse esquema, os petistas, infiltrados na estrutura governamental, funcionavam como “bedéis” em órgãos controlados por outros partidos. A rebelião dos aliados, especialmente do PMDB, que paralisou o Congresso, e a avaliação de que o modelo era um dos entraves ao andamento da máquina administrativa foram os impulsionadores da ordem de substituir os petistas.
Mesmo com a ordem emitida, o PT ainda esperneia. “Não adianta ganhar governabilidade e perder identidade”, critica o deputado Chico Alencar, integrante do PT fluminense, que se sentiu atingido com a exoneração de Pinguelli. “O preço da busca da maioria não pode ser eficiência, ética e transparência.” Uma das áreas em que o partido resiste em abrir a guarda e os cargos é a econômica. Embora os presidentes da Caixa Econômica Federal, Jorge Matoso, e o do Banco do Brasil, Cássio Casseb, tenham sido chamados ao Planalto com a ordem de decidirem logo as nomeações pendentes, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tenta evitar as substituições. A área econômica, por sinal, é uma das poucas em que o PT manteve a maioria dos técnicos que trabalhavam no governo Fernando Henrique Cardoso.
Até agora, segundo informações de que dispõem os partidos, o PMDB só conseguirá fincar a sua bandeira na vice-presidência de crédito da Caixa e na diretoria de micro-crédito e cooperativas do Banco do Brasil. O partido já acha um avanço. Afinal, nesses cargos, dizem alguns peemedebistas, é possível fazer política, ou seja, liberar financiamentos para as pequenas cidades e empresas. Outros partidos aliados, porém, estão de olho nos cargos econômicos. O motivo das duras críticas do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a Palocci, por exemplo, foi o seu sonho de nomear um diretor da Caixa e outro da Petrobrás.
A intenção do Planalto é processar também essas nomeações nos cargos estaduais. Mas em respeito ao PT e suas preocupações eleitorais o governo fixou um limite para as nomeações. Não era admitida a troca de um petista pelo partido que seja seu mais ferrenho adversário no estado, para não deixar transparecer um enfraquecimento dos petistas. Mas o partido já perdeu. Com a inclusão do PMDB na base aliada, o governo autorizou a verticalização nos ministérios, um ponto que o PT sempre lutou contra.
Educação
Depois de pressão política e cancelamento inédito de uma reunião por falta das nomeações, o governo anunciou ontem os 12 novos integrantes da Conselho Nacional de Educação (CNE), uma renovação de 50% dos conselheiros das câmaras de educação básica e superior. A lista deveria ter sido divulgada em 15 de março. A nomeação saiu ao final de uma semana em que o governo resolveu pendências para acomodar a base aliada. O lobby do PMDB para nomear a reitora da Universidade Salgado de Oliveira, Marlene Salgado, não funcionou. Já o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) conseguiu vaga para a conterrânea Anaci Bispo Paim, secretária de Educação da Bahia e vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação.
sexta-feira, abril 23, 2004
Força Sindical diz que País está à beira do caos
Se os amigos do Athayde disseram que sim, quem vai discordar ?
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/43325.html
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, divulgou nota ontem em que faz críticas à política econômica do governo, afirmando ser ela “desastrosa e prejudicial aos trabalhadores”. Na nota, Paulo Pereira considera grave a situação do desemprego no País e afirma que o Brasil está “à beira do caos social”. Ele fez as críticas a partir da pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade/Dieese sobre a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo. A pesquisa constatou que a taxa de desemprego subiu de 19,8% em fevereiro para 20,6% em março, elevando o número de desempregados para 2 milhões de pessoas.
Paulo Pereira alerta que o quadro “é grave” também para quem está empregado. Ele lembra que, pelo segundo mês consecutivo, foi registrada queda no rendimento médio do trabalhador, com um recuo de 3,3%, em fevereiro. “Isso é o resultado de um governo que se curva aos especuladores e dá as costas aos trabalhadores”, afirma o presidente da Força Sindical.
“É uma vergonha que esse governo – eleito com promessas de recuperar a dignidade dos trabalhadores e de criar 10 milhões de empregos – continue a política do anterior, de colocar mais e mais pessoas em situação de completo desespero, sem nenhuma perspectiva de melhora”, afirma Paulo Pereira na nota.
O presidente da Força Sindical cobra do governo medidas urgentes. “O governo parece ignorar que o desemprego é multiplicador de injustiça social, de desagregação familiar, da fome e da violência”. “Não suportamos mais a verborragia enganosa do governo. Chega de promessas. Precisamos de ações que resultem em melhorias para os brasileiros. Estamos tristemente assistindo o 'espetáculo do crescimento' se transformar na tragédia do povo brasileiro”, acrescenta Paulo Pereira.
p.s. o politsBURGER subscreve as declarações deste sensato sindicalista e acrescenta :
FORA LULA !
FORA ZÉ DIRCEU !
FFFHHH JÁ !
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/43325.html
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, divulgou nota ontem em que faz críticas à política econômica do governo, afirmando ser ela “desastrosa e prejudicial aos trabalhadores”. Na nota, Paulo Pereira considera grave a situação do desemprego no País e afirma que o Brasil está “à beira do caos social”. Ele fez as críticas a partir da pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade/Dieese sobre a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo. A pesquisa constatou que a taxa de desemprego subiu de 19,8% em fevereiro para 20,6% em março, elevando o número de desempregados para 2 milhões de pessoas.
Paulo Pereira alerta que o quadro “é grave” também para quem está empregado. Ele lembra que, pelo segundo mês consecutivo, foi registrada queda no rendimento médio do trabalhador, com um recuo de 3,3%, em fevereiro. “Isso é o resultado de um governo que se curva aos especuladores e dá as costas aos trabalhadores”, afirma o presidente da Força Sindical.
“É uma vergonha que esse governo – eleito com promessas de recuperar a dignidade dos trabalhadores e de criar 10 milhões de empregos – continue a política do anterior, de colocar mais e mais pessoas em situação de completo desespero, sem nenhuma perspectiva de melhora”, afirma Paulo Pereira na nota.
O presidente da Força Sindical cobra do governo medidas urgentes. “O governo parece ignorar que o desemprego é multiplicador de injustiça social, de desagregação familiar, da fome e da violência”. “Não suportamos mais a verborragia enganosa do governo. Chega de promessas. Precisamos de ações que resultem em melhorias para os brasileiros. Estamos tristemente assistindo o 'espetáculo do crescimento' se transformar na tragédia do povo brasileiro”, acrescenta Paulo Pereira.
p.s. o politsBURGER subscreve as declarações deste sensato sindicalista e acrescenta :
FORA LULA !
FORA ZÉ DIRCEU !
FFFHHH JÁ !
FHC : O governo está substituindo quadros técnicos por quadros partidários
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http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/43325.html
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a atacar o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, em entrevista à Rede TV, o governo está “desencontrado dentro dele próprio (...) porque não estão fazendo muito com convicção”, em alusão à oposição interna de setores do PT. O programa vai ao ar no próximo domingo. “A pregação de 20 anos era outra. A cúpula entendeu, mas a base, não. Então tem ministro que não concorda, tem militante que não concorda, tem deputado que não concorda”, declarou.
FHC negou ter legado a chamada “herança maldita”, situação econômica em que o governo diz ter recebido o País em janeiro de 2003. “Não tem herança maldita. Se fosse maldita estariam mudando tudo. Não estão mudando nada. (...) O lado positivo do presidente Lula foi consolidar o que estava vindo”, afirmou. Para o ex-presidente, o caso Waldomiro Diniz – maior crise que o governo Lula viveu até agora com a divulgação de uma fita em que o ex-assessor da Casa Civil pediu propina e contribuição de campanha em 2002 – “minou a aura de que o PT não tem mácula”. “O que minou foi a sensação que passou de que estão querendo esconder. Não quiseram a CPI. No meu governo foram realizadas várias CPIs. O que ficou mal foi a idéia de que não pode chamar um ministro (José Dirceu) ao Senado. Passa a sensação que quer esconder algo. Não deixaram investigar. Os mais responsáveis não foram ouvidos. Cadê a democracia?”, avaliou.
Fernando Henrique apontou o que chama de “característica positiva do governo Lula”: "o sentido de responsabilidade na gerência da situação econômica brasileira”. Ele criticou, no entanto, a aliança feita pelo PT, que garantiu maioria ampla da base no Congresso, afirmando que o “aliados custam caro e não têm utilidade”. "Não entendi por que foi feita uma aliança tão grande no Congresso. Eu fiz. Mas por que eu fiz? Porque eu queria mudar a Constituição. Mudei mais de 20 vezes. Foi um processo difícil. Agora, quando o governo do presidente Lula quis mudar, nós votamos a favor”. E completou: “O governo está substituindo quadros técnicos por quadros partidários. Até mesmo em setores que eu acho que não se deveria, como nos setores mais econômicos. E isso tem efeito de longo prazo. Diminui a eficiência da máquina administrativa”.
REELEIÇÃO FHC voltou a negar que queira sair candidato à Presidência em 2006 e citou novamente quatro pré-candidatos tucanos para a sucessão de Lula: Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente do PSDB, José Serra, e o senador Tasso Jereissati (CE). Nas últimas semanas, o ex-presidente voltou ao centro do debate ao criticar o governo Lula. Chegou a polemizar publicamente com o petista, o que deu força à tese de setores aliados e da oposição de que prepara a sua volta ao Planalto daqui a dois anos. “Não acho que seria bom nem para mim nem para o País porque para eu aceitar é porque está muito complicada a situação. Acho que não é normal que eu vá de novo me candidatar. Não é normal um terceiro mandato. É boa a renovação. Não cogito um terceiro mandato”, disse. “Qual dos quatro será o candidato não vai depender de mim, mas do que aconteça nos próximos dois anos. Temos que ter espírito aberto. O que somar mais vou apoiar”, completou.
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/43325.html
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a atacar o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, em entrevista à Rede TV, o governo está “desencontrado dentro dele próprio (...) porque não estão fazendo muito com convicção”, em alusão à oposição interna de setores do PT. O programa vai ao ar no próximo domingo. “A pregação de 20 anos era outra. A cúpula entendeu, mas a base, não. Então tem ministro que não concorda, tem militante que não concorda, tem deputado que não concorda”, declarou.
FHC negou ter legado a chamada “herança maldita”, situação econômica em que o governo diz ter recebido o País em janeiro de 2003. “Não tem herança maldita. Se fosse maldita estariam mudando tudo. Não estão mudando nada. (...) O lado positivo do presidente Lula foi consolidar o que estava vindo”, afirmou. Para o ex-presidente, o caso Waldomiro Diniz – maior crise que o governo Lula viveu até agora com a divulgação de uma fita em que o ex-assessor da Casa Civil pediu propina e contribuição de campanha em 2002 – “minou a aura de que o PT não tem mácula”. “O que minou foi a sensação que passou de que estão querendo esconder. Não quiseram a CPI. No meu governo foram realizadas várias CPIs. O que ficou mal foi a idéia de que não pode chamar um ministro (José Dirceu) ao Senado. Passa a sensação que quer esconder algo. Não deixaram investigar. Os mais responsáveis não foram ouvidos. Cadê a democracia?”, avaliou.
Fernando Henrique apontou o que chama de “característica positiva do governo Lula”: "o sentido de responsabilidade na gerência da situação econômica brasileira”. Ele criticou, no entanto, a aliança feita pelo PT, que garantiu maioria ampla da base no Congresso, afirmando que o “aliados custam caro e não têm utilidade”. "Não entendi por que foi feita uma aliança tão grande no Congresso. Eu fiz. Mas por que eu fiz? Porque eu queria mudar a Constituição. Mudei mais de 20 vezes. Foi um processo difícil. Agora, quando o governo do presidente Lula quis mudar, nós votamos a favor”. E completou: “O governo está substituindo quadros técnicos por quadros partidários. Até mesmo em setores que eu acho que não se deveria, como nos setores mais econômicos. E isso tem efeito de longo prazo. Diminui a eficiência da máquina administrativa”.
REELEIÇÃO FHC voltou a negar que queira sair candidato à Presidência em 2006 e citou novamente quatro pré-candidatos tucanos para a sucessão de Lula: Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente do PSDB, José Serra, e o senador Tasso Jereissati (CE). Nas últimas semanas, o ex-presidente voltou ao centro do debate ao criticar o governo Lula. Chegou a polemizar publicamente com o petista, o que deu força à tese de setores aliados e da oposição de que prepara a sua volta ao Planalto daqui a dois anos. “Não acho que seria bom nem para mim nem para o País porque para eu aceitar é porque está muito complicada a situação. Acho que não é normal que eu vá de novo me candidatar. Não é normal um terceiro mandato. É boa a renovação. Não cogito um terceiro mandato”, disse. “Qual dos quatro será o candidato não vai depender de mim, mas do que aconteça nos próximos dois anos. Temos que ter espírito aberto. O que somar mais vou apoiar”, completou.
PALOCCI ADMITE TER FRACASSADO
.
http://www.estaminas.com.br/emonline/estaminas/cadernos/economia/
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, admitiu ontem que o governo ainda não conseguiu enfrentar o desemprego da forma como o País necessita, mas disse que a geração de vagas no primeiro trimestre foi a maior dos últimos 12 anos. “O Brasil neste momento não conseguiu enfrentar a questão do desemprego na dimensão que o País exige, mas o que há de positivo é que a geração de empregos é positiva, fortemente positiva neste ano”, disse.
A declaração de Palocci foi sua reação à pesquisa divulgada pela Fundação Seade/Dieese, informando que a Região Metropolitana de São Paulo tem dois milhões de desempregados. A taxa de desemprego aumentou de 19,8% em fevereiro para 20,6% da população economicamente ativa (PEA) em março. Esse índice é recorde da série e se iguala ao mesmo patamar registrado nos meses de abril, maio e setembro de 2003. Foi a terceira alta consecutiva na taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo. Em fevereiro, o número de desempregados atingiu 1,92 milhão.
Para críticos do governo, a frágil situação do mercado de trabalho deve-se à política de juros e superávites primários (receita menos despesa, excluído o pagamento de juros) altos implementada pelo governo federal. Segundo Palocci, entretanto, o aumento do desemprego deve-se ao crescimento da procura por uma vaga. “Continua havendo um fenômeno de crescimento da procura do emprego e crescimento do número de vagas abertos”, afirmou. De acordo com o Dieese, 74 mil pessoas passaram a engrossar a lista de desempregados de São Paulo no mês passado.
Em março, cerca de 20 mil pessoas deixaram de procurar emprego no mês passado. O setor que mais demitiu foi a indústria. Foram fechadas 87 mil ocupações. Serviços reduziu o número de vagas em 27 mil e comércio em 15 mil. O aumento nas ocupações foi registrado nos setores de serviços domésticos e na construção civil (35 mil). Houve decréscimo no número de trabalhadores autônomos (44 mil), de assalariados com carteira de trabalho assinada no setor privado (23 mil) e de empregados no setor público (15 mil).O número de ocupados caiu 1,2% entre fevereiro e março, atingindo 7,637 milhões de pessoas na região metropolitana. Em fevereiro, o rendimento médio real dos ocupados diminuiu pelo segundo mês consecutivo, passando a equivaler a R$ 953,00, valor 3,3% menor do que em janeiro. O salário médio decresceu 2,1%, após dois meses de estabilidade e passou a R$ 1.007,00.
Ontem foi também divulgada queda de 1,1% no preço da cesta básica do paulistano este mês, segundo pesquisa do Procon paulista. Na quarta prévia de abril, a queda foi de 0,55% e o custo baixou de R$ 209,03 no dia 15 para R$ 207,87 nesta quinta-feira. Os três grupos de produtos apresentaram deflação. Os alimentos ficaram em média 0,63% mais baratos e os de higiene pessoal tiveram queda de 0,53% nos preços. Nos produtos de limpeza a redução foi de 0,04%, indicando praticamente estabilidade.
http://www.estaminas.com.br/emonline/estaminas/cadernos/economia/
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, admitiu ontem que o governo ainda não conseguiu enfrentar o desemprego da forma como o País necessita, mas disse que a geração de vagas no primeiro trimestre foi a maior dos últimos 12 anos. “O Brasil neste momento não conseguiu enfrentar a questão do desemprego na dimensão que o País exige, mas o que há de positivo é que a geração de empregos é positiva, fortemente positiva neste ano”, disse.
A declaração de Palocci foi sua reação à pesquisa divulgada pela Fundação Seade/Dieese, informando que a Região Metropolitana de São Paulo tem dois milhões de desempregados. A taxa de desemprego aumentou de 19,8% em fevereiro para 20,6% da população economicamente ativa (PEA) em março. Esse índice é recorde da série e se iguala ao mesmo patamar registrado nos meses de abril, maio e setembro de 2003. Foi a terceira alta consecutiva na taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo. Em fevereiro, o número de desempregados atingiu 1,92 milhão.
Para críticos do governo, a frágil situação do mercado de trabalho deve-se à política de juros e superávites primários (receita menos despesa, excluído o pagamento de juros) altos implementada pelo governo federal. Segundo Palocci, entretanto, o aumento do desemprego deve-se ao crescimento da procura por uma vaga. “Continua havendo um fenômeno de crescimento da procura do emprego e crescimento do número de vagas abertos”, afirmou. De acordo com o Dieese, 74 mil pessoas passaram a engrossar a lista de desempregados de São Paulo no mês passado.
Em março, cerca de 20 mil pessoas deixaram de procurar emprego no mês passado. O setor que mais demitiu foi a indústria. Foram fechadas 87 mil ocupações. Serviços reduziu o número de vagas em 27 mil e comércio em 15 mil. O aumento nas ocupações foi registrado nos setores de serviços domésticos e na construção civil (35 mil). Houve decréscimo no número de trabalhadores autônomos (44 mil), de assalariados com carteira de trabalho assinada no setor privado (23 mil) e de empregados no setor público (15 mil).O número de ocupados caiu 1,2% entre fevereiro e março, atingindo 7,637 milhões de pessoas na região metropolitana. Em fevereiro, o rendimento médio real dos ocupados diminuiu pelo segundo mês consecutivo, passando a equivaler a R$ 953,00, valor 3,3% menor do que em janeiro. O salário médio decresceu 2,1%, após dois meses de estabilidade e passou a R$ 1.007,00.
Ontem foi também divulgada queda de 1,1% no preço da cesta básica do paulistano este mês, segundo pesquisa do Procon paulista. Na quarta prévia de abril, a queda foi de 0,55% e o custo baixou de R$ 209,03 no dia 15 para R$ 207,87 nesta quinta-feira. Os três grupos de produtos apresentaram deflação. Os alimentos ficaram em média 0,63% mais baratos e os de higiene pessoal tiveram queda de 0,53% nos preços. Nos produtos de limpeza a redução foi de 0,04%, indicando praticamente estabilidade.
quinta-feira, abril 22, 2004
UM DIA ALGUNS CANTARAM : SEM MEDO DE SER, SEM MEDO DE SER, SEM MEDO DE SER FELIZ
A esquizofrenia no poder
Daniel Piza
O Estado de São Paulo 18 de abril de 2004
http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=1700
Era uma das frases de efeito em maio de 68, um evento aí do século passado: "A imaginação no poder." Não quer dizer muita coisa, apenas que os governos poderiam ser menos burocráticos e autoritários. Mas não deixa de ser irônico que o governo Lula, com tanta gente oriunda da contracultura, exerça o poder de forma tão pouco imaginativa, tão dura, apática e confusa. Seu slogan é outro: "A esquizofrenia no poder." Esquizofrenia, diz o Houaiss, é uma psicose cujos sintomas "apontam a existência de uma dissociação da ação e do pensamento, expressa em uma sintomatologia variada, como delírios persecutórios, alucinações", etc. Diagnóstico preciso.
Essa dissociação, por sinal, está ligada à idéia de utopia que a contracultura e o PT alimentavam tão ansiosamente. Depois da guinada eleitoreira em 2002 e depois de o partido ter sido sensatamente convidado por FHC a assumir suas responsabilidades perante o mercado financeiro, o governo se viu diante do programa Utopia Zero. Como seu DNA tem dificuldade para se adaptar a tal realidade, entrou em parafuso psicológico. No começo, o otimismo infantil da população embalou seus delírios de grandeza; aos poucos, porém, as fichas foram caindo e o bingo das grandes esperanças, fechado. A sociedade passou a ver todos os defeitos do partido, entre outros a leniência com a corrupção de seus altos funcionários, e o governo entrou nessa rebordosa da qual não parece capaz de sair. Mesmo que a dona Marisa mande esculpir a estrela do PT no jardim do Alvorada, idéias e ações continuam escassas e descasadas.
O que está mais claro do que nunca é a divisão da equipe ao meio, como um cérebro sem o corpo caloso para ligar os hemisférios. Um governo que tem um vice-presidente que pensa de modo oposto ao do ministro da Fazenda, um ministro da Agricultura ao da ministra do Meio Ambiente, um presidente do BNDES ao do presidente da República; que defende o arrocho fiscal e aumenta os gastos em conta corrente; que implanta políticas intervencionistas mas não tem o que investir; que fala em "Universidade para todos" mas não sabe quantas bolsas são distribuídas no País; que acha que o capital produtivo é mais importante que o financeiro e pouco faz para desatravancar a produção - um governo assim não pode funcionar a contento.
Além disso, a própria qualidade da equipe é desigual. A maioria dos ministros está fazendo um trabalho muito ruim, de muita retórica e pouco resultado, de muito show e pouco senso, embalados na ideologia juvenil de um mundo em que o Estado realiza a justiça social por meio da "vontade política", não da eficiência gestora - do assembleísmo, não da racionalidade. Enquanto isso, os cargos técnicos da máquina pública são ocupados por "companheiros de luta" que nunca administraram nem sequer uma oficina mecânica. Na luta entre utopia e necessidade, dança a competência, o sentido dos fatos. Uma instituição como a Embrapa, ilha de excelência em pesquisa, é supostamente "voltada para a agricultura familiar" e termina paralisada.
O governo não é, claro, o único culpado pelo caos social que o País vive neste momento: invasões de terras produtivas pelo MST, guerra de gangues do narcotráfico no Rio, greves e mais greves abusivas ou não. Mas sua inação e sua incoerência dão margem e corda para esse descontrole. Incapaz de fazer valer a lei, de tomar iniciativas eficazes para proteger o cidadão de bem, de combater fraudes e estimular a economia formal, que moral pode ter? Se não tem firmeza para punir um Waldomiro Diniz, como pode impedir que as pessoas usem e abusem da "esperteza" para fraudar verbas e desrespeitar contratos? Se vive oscilando da paranóia à megalomania, enfim, que consistência pode ter?
(...)
Pobre Rio, governado por Garotinho e senhora. Pobre São Paulo, que dá a Maluf a primazia das intenções de voto para prefeito, enquanto Marta o imita com viadutos e mais viadutos. Até quando essas opções?
Daniel Piza
O Estado de São Paulo 18 de abril de 2004
http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=1700
Era uma das frases de efeito em maio de 68, um evento aí do século passado: "A imaginação no poder." Não quer dizer muita coisa, apenas que os governos poderiam ser menos burocráticos e autoritários. Mas não deixa de ser irônico que o governo Lula, com tanta gente oriunda da contracultura, exerça o poder de forma tão pouco imaginativa, tão dura, apática e confusa. Seu slogan é outro: "A esquizofrenia no poder." Esquizofrenia, diz o Houaiss, é uma psicose cujos sintomas "apontam a existência de uma dissociação da ação e do pensamento, expressa em uma sintomatologia variada, como delírios persecutórios, alucinações", etc. Diagnóstico preciso.
Essa dissociação, por sinal, está ligada à idéia de utopia que a contracultura e o PT alimentavam tão ansiosamente. Depois da guinada eleitoreira em 2002 e depois de o partido ter sido sensatamente convidado por FHC a assumir suas responsabilidades perante o mercado financeiro, o governo se viu diante do programa Utopia Zero. Como seu DNA tem dificuldade para se adaptar a tal realidade, entrou em parafuso psicológico. No começo, o otimismo infantil da população embalou seus delírios de grandeza; aos poucos, porém, as fichas foram caindo e o bingo das grandes esperanças, fechado. A sociedade passou a ver todos os defeitos do partido, entre outros a leniência com a corrupção de seus altos funcionários, e o governo entrou nessa rebordosa da qual não parece capaz de sair. Mesmo que a dona Marisa mande esculpir a estrela do PT no jardim do Alvorada, idéias e ações continuam escassas e descasadas.
O que está mais claro do que nunca é a divisão da equipe ao meio, como um cérebro sem o corpo caloso para ligar os hemisférios. Um governo que tem um vice-presidente que pensa de modo oposto ao do ministro da Fazenda, um ministro da Agricultura ao da ministra do Meio Ambiente, um presidente do BNDES ao do presidente da República; que defende o arrocho fiscal e aumenta os gastos em conta corrente; que implanta políticas intervencionistas mas não tem o que investir; que fala em "Universidade para todos" mas não sabe quantas bolsas são distribuídas no País; que acha que o capital produtivo é mais importante que o financeiro e pouco faz para desatravancar a produção - um governo assim não pode funcionar a contento.
Além disso, a própria qualidade da equipe é desigual. A maioria dos ministros está fazendo um trabalho muito ruim, de muita retórica e pouco resultado, de muito show e pouco senso, embalados na ideologia juvenil de um mundo em que o Estado realiza a justiça social por meio da "vontade política", não da eficiência gestora - do assembleísmo, não da racionalidade. Enquanto isso, os cargos técnicos da máquina pública são ocupados por "companheiros de luta" que nunca administraram nem sequer uma oficina mecânica. Na luta entre utopia e necessidade, dança a competência, o sentido dos fatos. Uma instituição como a Embrapa, ilha de excelência em pesquisa, é supostamente "voltada para a agricultura familiar" e termina paralisada.
O governo não é, claro, o único culpado pelo caos social que o País vive neste momento: invasões de terras produtivas pelo MST, guerra de gangues do narcotráfico no Rio, greves e mais greves abusivas ou não. Mas sua inação e sua incoerência dão margem e corda para esse descontrole. Incapaz de fazer valer a lei, de tomar iniciativas eficazes para proteger o cidadão de bem, de combater fraudes e estimular a economia formal, que moral pode ter? Se não tem firmeza para punir um Waldomiro Diniz, como pode impedir que as pessoas usem e abusem da "esperteza" para fraudar verbas e desrespeitar contratos? Se vive oscilando da paranóia à megalomania, enfim, que consistência pode ter?
(...)
Pobre Rio, governado por Garotinho e senhora. Pobre São Paulo, que dá a Maluf a primazia das intenções de voto para prefeito, enquanto Marta o imita com viadutos e mais viadutos. Até quando essas opções?
terça-feira, abril 20, 2004
Os Suplicympsons
Zé Dirceu, o Mazzaropi da esquerda
Agamenon Mendes Pedreira
já foi enviado em várias guerras mas prefere não falar sobre este assunto.
No Rio de Janeiro a violência come solta! Pelo interior, os despossuídos do MST semeiam o terror! O desemprego bate recordes! Os juros continuam lá em cima! O País não cresce! Até aí tudo bem. O brasileiro vive reclamando de barriga vazia. O Brasil é uma paraíso. Em que outro lugar do mundo o cidadão pode participar de um filme de ação policial com direito a tiroteios de balas traçantes, disparo de mísseis balísticos e perseguição de automóveis? E tudo isso de graça!
Mas ainda existe uma esperança! Depois de criar uma comissão interministerial, consultar amplos setores da sociedade e discutir o assunto com a sua base parlamentar, o presidente Luis Inércio Lula da Silva resolveu tomar uma atitude. Com gelo, limão e açúcar. Enquanto isso, o ministro Zé Dirceu, o Mazzaropi da esquerda, bolou uma solução criativa para o problema da violência no Rio de Janeiro: vai mandar o Stédile e o pessoal do MST ocupar a Rocinha. Depois de tacar fogo nos barracos para plantar maconha e cocaína, o MST vai trocar o nome da tradicional favela para Assentamento Popular Che Guevara. E para preservar a integridade deste novo estado comuno-socialista, o vice-governador Cocônde vai mandar construir um novo Muro de Berlim.
Desesperados, os cariocas já não sabem mais o que fazer e pedem que o Exército dê um jeito na situação. Mas os nossos soldados, preocupados com o poderio bélico dos traficantes, mandaram avisar que, se puderem escolher, preferem ser mandados para Bagdá, Cisjordânia, Faixa de Gaza ou qualquer outro lugar mais pacífico.
Só existe uma saída para o Rio de Janeiro. É a descriminalização do crime e a legalização das drogas pesadas como a governadora Rocinha e o Secreotário de Segurança Molequinho.
já foi enviado em várias guerras mas prefere não falar sobre este assunto.
No Rio de Janeiro a violência come solta! Pelo interior, os despossuídos do MST semeiam o terror! O desemprego bate recordes! Os juros continuam lá em cima! O País não cresce! Até aí tudo bem. O brasileiro vive reclamando de barriga vazia. O Brasil é uma paraíso. Em que outro lugar do mundo o cidadão pode participar de um filme de ação policial com direito a tiroteios de balas traçantes, disparo de mísseis balísticos e perseguição de automóveis? E tudo isso de graça!
Mas ainda existe uma esperança! Depois de criar uma comissão interministerial, consultar amplos setores da sociedade e discutir o assunto com a sua base parlamentar, o presidente Luis Inércio Lula da Silva resolveu tomar uma atitude. Com gelo, limão e açúcar. Enquanto isso, o ministro Zé Dirceu, o Mazzaropi da esquerda, bolou uma solução criativa para o problema da violência no Rio de Janeiro: vai mandar o Stédile e o pessoal do MST ocupar a Rocinha. Depois de tacar fogo nos barracos para plantar maconha e cocaína, o MST vai trocar o nome da tradicional favela para Assentamento Popular Che Guevara. E para preservar a integridade deste novo estado comuno-socialista, o vice-governador Cocônde vai mandar construir um novo Muro de Berlim.
Desesperados, os cariocas já não sabem mais o que fazer e pedem que o Exército dê um jeito na situação. Mas os nossos soldados, preocupados com o poderio bélico dos traficantes, mandaram avisar que, se puderem escolher, preferem ser mandados para Bagdá, Cisjordânia, Faixa de Gaza ou qualquer outro lugar mais pacífico.
Só existe uma saída para o Rio de Janeiro. É a descriminalização do crime e a legalização das drogas pesadas como a governadora Rocinha e o Secreotário de Segurança Molequinho.
sábado, abril 17, 2004
CRIE VOCE TAMBEM O SEU CAMELO PETISTA
A arte de criar camelos
Por João Mellão Netto
jornalista
E-mail: j.mellao@uol.com.br
Site: www.mellao.com.br
Fax: (11) 3845-1794
"Governo Lula já criou 55 grupos de trabalho", deu no Estadão no último sábado. "Mas pode haver muito mais", continua o jornal, "a cada dia surgem subgrupos e comissões gerados a partir do primeiro núcleo." A manchete de capa diz tudo: Gosto do PT por formar comissão trava o governo.
Não sei por quê, mas a matéria não teve maiores desdobramentos além de um excelente editorial na terça-feira. Esse tema merecia ser mais bem explorado. Provavelmente é essa a principal causa do baixíssimo grau de resolução deste governo.
O PT já mostrava uma irresistível vocação para o assembleísmo mesmo antes de nascer, em 1980. Lembro-me de meus tempos de diretório acadêmico, na faculdade, nos finais dos anos 70. Havia reuniões para tudo, até mesmo para se estudar a conveniência de convocar novas reuniões. Os militantes estudantis da época, pouco depois, estariam cerrando fileiras na fundação do partido.
Os manuais de administração são quase todos reticentes quanto à eficácia de comissões e grupos de estudos. Um autor chegou a desabafar que o número ideal de membros para uma comissão minimamente eficiente é três: desde que um esteja sempre doente e um outro esteja sempre ausente. Faz sentido.
Quando você junta um grupo de pessoas diferentes, cada uma com as suas preferências, seus conceitos, preconceitos e idiossincrasias, dificilmente obterá dele um resultado consensual e eficaz.
Como me fartei de assembléias quando estudante, nunca me entusiasmei em ingressar num partido político cujo processo de decisões se dá sempre em longas e intermináveis reuniões de debate. Você, leitor, caso tenha freqüentado grêmios estudantis, sabe bem do que estou falando.
Quando, mais tarde, trabalhei no meu primeiro emprego - um banco -, o meu chefe sempre me alertava: "Cuidado! Quando a solução de um problema exige muitas reuniões, com o tempo as reuniões se tornarão mais importantes do que o problema."
Mas o PT, infelizmente, é assim. E a lerdeza do governo, com certeza, é reflexo disso. A biografia de Lula se construiu nas assembléias, quer sindicais, quer partidárias. Ele construiu a sua carreira com base nos consensos ou, pelo menos, através de sua intuição para descobrir qual é a opinião predominante. Não dá para exigir dele, a esta altura, que tome decisões firmes unicamente lastreado em suas convicções pessoais.
Na minha opinião, a manchete do Estadão está incompleta: 55 grupos de trabalho é o que existe apenas no Palácio do Planalto. Se incluirmos nesse cálculo os ministérios, autarquias e demais órgãos, vamos chegar a centenas de comissões, cada uma encarregada de um problema específico, que, como sempre ficará sem uma solução final. Eu, pelo menos, nunca vi um grupo de estudos chegar a uma conclusão cabal e definitiva. O governo de Erundina, em São Paulo, foi a primeira grande experiência do PT no poder e funcionava exatamente dessa forma. O resultado foi uma paralisia que durou anos. Como é possível governar assim?
Se você, leitor, algum dia pretende compor uma dessas comissões governamentais, tenha em mente algumas dicas de conduta. Eu as li num interessantíssimo manual, elaborado na época da Erundina. Elas não garantem o sucesso das comissões - até porque isso é impossível -, mas ao menos farão com que você granjeie o respeito e a admiração dos seus colegas de grupo.
Nunca chegue na hora. Você pode ser tachado de novato.
Não diga nada na primeira metade da reunião. Seu silêncio fará você parecer mais sábio.
Suas idéias serão aceitas mais depressa se você disser que Marx (ou Lenin ou Trotski) pensou nelas primeiro.
Citar fontes secretas sempre encontra maior crédito.
Mesmo que um de seus companheiros seja um rematado idiota, jamais discuta com ele. Os outros podem não perceber quem é quem.
Quando alguém diz que concorda com as suas idéias em princípio, é porque não tem a menor intenção de apoiá-las na prática.
Se estiver em dúvida, ao falar seja, ao menos, convincente.
Se não der para convencer, confunda.
Se mesmo assim não der certo, sugira a criação de uma subcomissão.
Bastante discussão acaba provando qualquer teoria.
Se os fatos não confirmam a teoria, abandone os fatos.
Depois de duas horas de reunião, seja o primeiro a sugerir um adiamento. Pega bem porque é o que todos estão querendo.
Agindo assim, você, em breve, será considerado um craque e com certeza será convidado a participar de mais e mais comissões. Sem nunca decidir nada, o único risco que você corre é o de ser considerado, ao final, uma das pessoas mais influentes do partido.
Mesmo assim, não se iluda quanto à utilidade de seu trabalho. Como dizem os americanos, Deus criou o cavalo; já o camelo é um cavalo recriado por uma comissão de estudos.
Crie você também o seu camelo. Ou mesmo um extravagante e inovador ornitorrinco. Basta, para tanto, filiar-se ao PT. E boa sorte, companheiro!
Por João Mellão Netto
jornalista
E-mail: j.mellao@uol.com.br
Site: www.mellao.com.br
Fax: (11) 3845-1794
"Governo Lula já criou 55 grupos de trabalho", deu no Estadão no último sábado. "Mas pode haver muito mais", continua o jornal, "a cada dia surgem subgrupos e comissões gerados a partir do primeiro núcleo." A manchete de capa diz tudo: Gosto do PT por formar comissão trava o governo.
Não sei por quê, mas a matéria não teve maiores desdobramentos além de um excelente editorial na terça-feira. Esse tema merecia ser mais bem explorado. Provavelmente é essa a principal causa do baixíssimo grau de resolução deste governo.
O PT já mostrava uma irresistível vocação para o assembleísmo mesmo antes de nascer, em 1980. Lembro-me de meus tempos de diretório acadêmico, na faculdade, nos finais dos anos 70. Havia reuniões para tudo, até mesmo para se estudar a conveniência de convocar novas reuniões. Os militantes estudantis da época, pouco depois, estariam cerrando fileiras na fundação do partido.
Os manuais de administração são quase todos reticentes quanto à eficácia de comissões e grupos de estudos. Um autor chegou a desabafar que o número ideal de membros para uma comissão minimamente eficiente é três: desde que um esteja sempre doente e um outro esteja sempre ausente. Faz sentido.
Quando você junta um grupo de pessoas diferentes, cada uma com as suas preferências, seus conceitos, preconceitos e idiossincrasias, dificilmente obterá dele um resultado consensual e eficaz.
Como me fartei de assembléias quando estudante, nunca me entusiasmei em ingressar num partido político cujo processo de decisões se dá sempre em longas e intermináveis reuniões de debate. Você, leitor, caso tenha freqüentado grêmios estudantis, sabe bem do que estou falando.
Quando, mais tarde, trabalhei no meu primeiro emprego - um banco -, o meu chefe sempre me alertava: "Cuidado! Quando a solução de um problema exige muitas reuniões, com o tempo as reuniões se tornarão mais importantes do que o problema."
Mas o PT, infelizmente, é assim. E a lerdeza do governo, com certeza, é reflexo disso. A biografia de Lula se construiu nas assembléias, quer sindicais, quer partidárias. Ele construiu a sua carreira com base nos consensos ou, pelo menos, através de sua intuição para descobrir qual é a opinião predominante. Não dá para exigir dele, a esta altura, que tome decisões firmes unicamente lastreado em suas convicções pessoais.
Na minha opinião, a manchete do Estadão está incompleta: 55 grupos de trabalho é o que existe apenas no Palácio do Planalto. Se incluirmos nesse cálculo os ministérios, autarquias e demais órgãos, vamos chegar a centenas de comissões, cada uma encarregada de um problema específico, que, como sempre ficará sem uma solução final. Eu, pelo menos, nunca vi um grupo de estudos chegar a uma conclusão cabal e definitiva. O governo de Erundina, em São Paulo, foi a primeira grande experiência do PT no poder e funcionava exatamente dessa forma. O resultado foi uma paralisia que durou anos. Como é possível governar assim?
Se você, leitor, algum dia pretende compor uma dessas comissões governamentais, tenha em mente algumas dicas de conduta. Eu as li num interessantíssimo manual, elaborado na época da Erundina. Elas não garantem o sucesso das comissões - até porque isso é impossível -, mas ao menos farão com que você granjeie o respeito e a admiração dos seus colegas de grupo.
Nunca chegue na hora. Você pode ser tachado de novato.
Não diga nada na primeira metade da reunião. Seu silêncio fará você parecer mais sábio.
Suas idéias serão aceitas mais depressa se você disser que Marx (ou Lenin ou Trotski) pensou nelas primeiro.
Citar fontes secretas sempre encontra maior crédito.
Mesmo que um de seus companheiros seja um rematado idiota, jamais discuta com ele. Os outros podem não perceber quem é quem.
Quando alguém diz que concorda com as suas idéias em princípio, é porque não tem a menor intenção de apoiá-las na prática.
Se estiver em dúvida, ao falar seja, ao menos, convincente.
Se não der para convencer, confunda.
Se mesmo assim não der certo, sugira a criação de uma subcomissão.
Bastante discussão acaba provando qualquer teoria.
Se os fatos não confirmam a teoria, abandone os fatos.
Depois de duas horas de reunião, seja o primeiro a sugerir um adiamento. Pega bem porque é o que todos estão querendo.
Agindo assim, você, em breve, será considerado um craque e com certeza será convidado a participar de mais e mais comissões. Sem nunca decidir nada, o único risco que você corre é o de ser considerado, ao final, uma das pessoas mais influentes do partido.
Mesmo assim, não se iluda quanto à utilidade de seu trabalho. Como dizem os americanos, Deus criou o cavalo; já o camelo é um cavalo recriado por uma comissão de estudos.
Crie você também o seu camelo. Ou mesmo um extravagante e inovador ornitorrinco. Basta, para tanto, filiar-se ao PT. E boa sorte, companheiro!
Jardins "aparelhados"
.
O Estado de SP - 17/4/2004
Como se não bastassem as atribulações que sofre o governo Lula, que se acrescentam todos os dias desde a eclosão do caso Waldogate, agora vem a público, para constrangimento geral da Nação, as estrelas vermelhas - símbolo maior do Partido dos Trabalhadores - literalmente plantadas nos jardins do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto, lugares de abrigo especialmente simbólicos da Presidência da República, que jamais poderiam ser visualmente associados, por que marcas ou crivos estéticos fossem, a partidos políticos.
Antes de tudo a infeliz idéia denota uma ignorância histórica, política e institucional que leva a não distinguir o que é republicano do que é partidário, o que é permanente e pertence à Nação do que é usufruído por um grupo momentaneamente governante. Mais do que isso, no entanto, a idéia revela uma profunda ignorância do valor dos símbolos - talvez por confundi-los com adornos ou enfeites -, visto que, certamente, o que levou a esse tipo de "decoração" dos jardins dos palácios presidenciais não foi o espírito que, em trágicos períodos da história humana, enfeitou palácios de governo com bandeiras contendo suásticas, foice e martelo ou signos do gênero, que sinalizam os regimes de partido único, ou seja, totalitários.
Descobertas e fotografadas as estrelas vermelhas plantadas nos gramados presidenciais - que certamente terão uma péssima repercussão estético-política internacional -, o porta-voz do Planalto se apressou em explicar que a idéia havia sido "dos próprios jardineiros", contratados pelo governo do Distrito Federal. Se realmente fosse, o presidente da República e sua família estariam abrigando dentro de seus muros um verdadeiro "cavalo de Tróia" empenhado em desmoralizá-los perante o País e o mundo. Mas o porta-voz do governo de Brasília, Paulo Fona, prontamente negou essa versão, declarando que a Novacap (empresa responsável pela administração da capital) "só faz o que determina a primeira-dama". Ora, mesmo que algum desinformado jardineiro, com o intuito de agradar aos "patrões" dos palácios presidenciais, tivesse tido essa infeliz idéia, não a teria executado sem a devida concordância da primeira-dama.
O Plano Piloto, parte central de Brasília onde fica o Palácio da Alvorada, é Patrimônio Cultural da Humanidade, título dado pela Unesco em 1988. O jardim que passou a ser adornado pela estrela do PT teve seu desenho tradicional doado pelo imperador Hiroito do Japão ao então presidente Juscelino Kubitscheck, construtor de Brasília e primeiro morador do palácio, está tombado e sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Certamente, se consultado, o instituto vetaria no ato o aberrante adorno. Mas não se trata de discutir a legalidade ou não do "aparelhamento estético" dos jardins presidenciais. Como disse o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Haroldo Pinheiro, trata-se de um "desrespeito". Ele afirmou: "Independentemente da questão do tombamento, o que se espera do funcionário público número um do País é que preserve o que lhe foi oferecido para representar o País. Tem de ter zelo pela coisa pública porque senão, daqui a pouco, vamos ter estrelas, tucanos, foices e martelos e até cruzes suásticas, se houver liberação completa."
O presidente da República ou a primeira-dama poderiam ter pedido autorização ao Iphan para fazer alterações no jardim tombado, como afirmou o senador petista Eduardo Suplicy (SP). Mas, com toda a certeza, se tivessem obtido da instituição encarregada de zelar pelo patrimônio artístico do Brasil uma autorização dessa espécie - para o plantio da estrela petista -, não apenas uma, mas duas instituições nacionais estariam se oferecendo para ser ridicularizadas.
O Estado de SP - 17/4/2004
Como se não bastassem as atribulações que sofre o governo Lula, que se acrescentam todos os dias desde a eclosão do caso Waldogate, agora vem a público, para constrangimento geral da Nação, as estrelas vermelhas - símbolo maior do Partido dos Trabalhadores - literalmente plantadas nos jardins do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto, lugares de abrigo especialmente simbólicos da Presidência da República, que jamais poderiam ser visualmente associados, por que marcas ou crivos estéticos fossem, a partidos políticos.
Antes de tudo a infeliz idéia denota uma ignorância histórica, política e institucional que leva a não distinguir o que é republicano do que é partidário, o que é permanente e pertence à Nação do que é usufruído por um grupo momentaneamente governante. Mais do que isso, no entanto, a idéia revela uma profunda ignorância do valor dos símbolos - talvez por confundi-los com adornos ou enfeites -, visto que, certamente, o que levou a esse tipo de "decoração" dos jardins dos palácios presidenciais não foi o espírito que, em trágicos períodos da história humana, enfeitou palácios de governo com bandeiras contendo suásticas, foice e martelo ou signos do gênero, que sinalizam os regimes de partido único, ou seja, totalitários.
Descobertas e fotografadas as estrelas vermelhas plantadas nos gramados presidenciais - que certamente terão uma péssima repercussão estético-política internacional -, o porta-voz do Planalto se apressou em explicar que a idéia havia sido "dos próprios jardineiros", contratados pelo governo do Distrito Federal. Se realmente fosse, o presidente da República e sua família estariam abrigando dentro de seus muros um verdadeiro "cavalo de Tróia" empenhado em desmoralizá-los perante o País e o mundo. Mas o porta-voz do governo de Brasília, Paulo Fona, prontamente negou essa versão, declarando que a Novacap (empresa responsável pela administração da capital) "só faz o que determina a primeira-dama". Ora, mesmo que algum desinformado jardineiro, com o intuito de agradar aos "patrões" dos palácios presidenciais, tivesse tido essa infeliz idéia, não a teria executado sem a devida concordância da primeira-dama.
O Plano Piloto, parte central de Brasília onde fica o Palácio da Alvorada, é Patrimônio Cultural da Humanidade, título dado pela Unesco em 1988. O jardim que passou a ser adornado pela estrela do PT teve seu desenho tradicional doado pelo imperador Hiroito do Japão ao então presidente Juscelino Kubitscheck, construtor de Brasília e primeiro morador do palácio, está tombado e sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Certamente, se consultado, o instituto vetaria no ato o aberrante adorno. Mas não se trata de discutir a legalidade ou não do "aparelhamento estético" dos jardins presidenciais. Como disse o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Haroldo Pinheiro, trata-se de um "desrespeito". Ele afirmou: "Independentemente da questão do tombamento, o que se espera do funcionário público número um do País é que preserve o que lhe foi oferecido para representar o País. Tem de ter zelo pela coisa pública porque senão, daqui a pouco, vamos ter estrelas, tucanos, foices e martelos e até cruzes suásticas, se houver liberação completa."
O presidente da República ou a primeira-dama poderiam ter pedido autorização ao Iphan para fazer alterações no jardim tombado, como afirmou o senador petista Eduardo Suplicy (SP). Mas, com toda a certeza, se tivessem obtido da instituição encarregada de zelar pelo patrimônio artístico do Brasil uma autorização dessa espécie - para o plantio da estrela petista -, não apenas uma, mas duas instituições nacionais estariam se oferecendo para ser ridicularizadas.
PARTICIPE DA CAMPANHA "GOVERNA, LULA ! "
Lula reprova governo Lula
p.s. Manchete na íntegra, como saiu no jornal.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/101652.html
O governo se comunica mal. Carece de articulação política. Precisa azeitar sua gestão interna e apresentar à população resultados concretos. O diagnóstico acima não partiu de um líder de oposição. É do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo dirigentes do PMDB recebidos por Lula na noite de quinta-feira, no Palácio da Alvorada. Pelo relato dos comandantes peemedebistas, não contestado por assessores presidenciais procurados ontem pelo Correio, o presidente disse que seu governo ainda não atende às expectativas das pessoas e que ele está consciente das dificuldades que o governo atravessa. Angustiado, quer resolvê-las o mais depressa possível.
Participaram do jantar com Lula o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), os líderes do PMDB na Câmara e no Senado, José Borba (PR) e Renan Calheiros (AL), os ministros peemedebistas das Comunicações, Eunício Oliveira, e da Previdência, Amir Lando, e os ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Coordenação Política, Aldo Rebelo.
Os peemedebistas não encontraram Lula irritado ou de mau humor. Seu tom era sereno. Mas preocupado. As últimas pesquisas de opinião mostram que ele e seu governo queimam rápido suas reservas de popularidade. Os partidos da base não se entendem e ameaçam rompimentos. Os ministros perdem-se em disputas políticas pessoais. Falta unidade dentro do próprio PT. E o governo não consegue desfazer nas pessoas a sensação de total paralisia. Ciente disso, o presidente dirigiu críticas a todos os níveis de atuação de seu governo, segundo contaram os peemedebistas.
Lula disse, de acordo com os relatos, que uma das coisas que mais tem feito nos últimos dias é distribuir broncas. "Tenho tido reuniões muito duras com a equipe ministerial", revelou. As reuniões têm o propósito de cobrar resultados. Não há, segundo Lula, um acompanhamento de perto dos projetos de cada setor para verificar se realmente estão evoluindo e sendo realizados.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), lembrou ao presidente a sua proposta de um pacto para o desenvolvimento do País. Disse que não gostaria que se tornasse uma agenda perdida no Congresso. Que seria importante uma integração de esforços das forças políticas e do governo. Emendando com os problemas elencados por Lula na gestão interna do governo, Renan disse que uma das coisas que vinha estudando era uma forma de tornar menos lenta e emperrada a máquina pública. “Eu ando preocupado com isso mesmo”, respondeu Lula. “Há um excesso de burocracia no governo. Já cheguei até a pensar se não era o caso de criar um cargo de ministro da desburocratização, ou coisa parecida”, disse o presidente, segundo relato do senador.
Descoordenação
Outro foco de problemas citado pelo presidente foi a desarticulação política. De acordo com os participantes da reunião, Lula afirmou que a relação política do governo desorganizou-se completamente após o caso Waldomiro Diniz. O caso coincidiu com o momento em que o governo acabava de alterar seu esquema de trabalho nessa área. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, viu-se no centro da crise antes de estar familiarizado com a nova tarefa de gerenciar a equipe de governo. E o novo ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, era também um novato na tarefa que antes pertencia a Dirceu. Descoordenados, os dois ministros acabaram permitindo que se acumulassem os problemas na base do governo, que estouram agora. “A articulação sofreu um baque com a crise Waldomiro”, constatou o presidente.
Lula explicou que, diante dessa descoordenação, resolveu assumir ele mesmo mais tarefas no trato político do governo. “Vou pessoalmente preencher os vazios na articulação”, informou. O presidente disse que abrirá espaço na sua agenda para receber os aliados. E determinou a todos os seus ministros que façam o mesmo. “Chega de parlamentar reclamar que chefe de gabinete de ministério não retorna ligação”.
Lula determinou a Aldo Rebelo que convoque para os próximos dias uma reunião do Conselho Político (conselho que reúne, além do núcleo político, os presidentes dos partidos da base de sustentação). E, mais do que isso, estabeleça uma agenda para que o conselho se reúna de forma freqüente. "Precisamos envolver mais os partidos aliados nas nossas decisões”, pregou o presidente.
As disputas internas também foram mencionadas. O presidente cobrou uma maior interação entre a Câmara e o Senado na discussão dos temas de importância para o governo. Os peemedebistas concordaram. Renan Calheiros e o presidente do Senado, José Sarney, comentaram que não têm sentido o Senado ou a Câmara desfazerem o que foi feito pela outra casa do Congresso. Um exemplo disso era a tramitação da reforma da Previdência, com as discussões sobre a PEC paralela.
Propaganda
As maiores reclamações de Lula quanto ao desempenho da sua equipe foram reservadas à área de comunicação. Para o presidente, o setor chefiado pelo ministro da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, não tem sido competente na publicidade dos atos do governo. “Nossa publicidade é ineficiente. Não relata o que estamos fazendo”, queixou-se. Para Lula, falta um bom diálogo com a população, a partir das propagandas oficiais. Falta azeitar a relação com a imprensa. E falta mesmo comunicar aos próprios políticos aliados as boas ações do governo, para que eles, no Congresso ou em seus estados, possam listar e defender as realizações. Quando ocorre de os ministros conseguirem expor o que fazem, acabam vencendo numa comparação com o que ocorria no governo anterior. Um exemplo disso foram os depoimentos do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao Senado.
Na área de publicidade oficial, o presidente citou como exemplo do que gostaria as propagandas do governo do Distrito Federal. Segundo Lula, a equipe do governador Joaquim Roriz consegue obter o resultado que ele sonha para as propagandas de seu governo. “Eles são muito bons em mostrar o que o Roriz faz. As propagandas têm o tom de prestação de contas que eu gostaria de ver no governo”, comentou o presidente.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/101652.html
O governo se comunica mal. Carece de articulação política. Precisa azeitar sua gestão interna e apresentar à população resultados concretos. O diagnóstico acima não partiu de um líder de oposição. É do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo dirigentes do PMDB recebidos por Lula na noite de quinta-feira, no Palácio da Alvorada. Pelo relato dos comandantes peemedebistas, não contestado por assessores presidenciais procurados ontem pelo Correio, o presidente disse que seu governo ainda não atende às expectativas das pessoas e que ele está consciente das dificuldades que o governo atravessa. Angustiado, quer resolvê-las o mais depressa possível.
Participaram do jantar com Lula o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), os líderes do PMDB na Câmara e no Senado, José Borba (PR) e Renan Calheiros (AL), os ministros peemedebistas das Comunicações, Eunício Oliveira, e da Previdência, Amir Lando, e os ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Coordenação Política, Aldo Rebelo.
Os peemedebistas não encontraram Lula irritado ou de mau humor. Seu tom era sereno. Mas preocupado. As últimas pesquisas de opinião mostram que ele e seu governo queimam rápido suas reservas de popularidade. Os partidos da base não se entendem e ameaçam rompimentos. Os ministros perdem-se em disputas políticas pessoais. Falta unidade dentro do próprio PT. E o governo não consegue desfazer nas pessoas a sensação de total paralisia. Ciente disso, o presidente dirigiu críticas a todos os níveis de atuação de seu governo, segundo contaram os peemedebistas.
Lula disse, de acordo com os relatos, que uma das coisas que mais tem feito nos últimos dias é distribuir broncas. "Tenho tido reuniões muito duras com a equipe ministerial", revelou. As reuniões têm o propósito de cobrar resultados. Não há, segundo Lula, um acompanhamento de perto dos projetos de cada setor para verificar se realmente estão evoluindo e sendo realizados.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), lembrou ao presidente a sua proposta de um pacto para o desenvolvimento do País. Disse que não gostaria que se tornasse uma agenda perdida no Congresso. Que seria importante uma integração de esforços das forças políticas e do governo. Emendando com os problemas elencados por Lula na gestão interna do governo, Renan disse que uma das coisas que vinha estudando era uma forma de tornar menos lenta e emperrada a máquina pública. “Eu ando preocupado com isso mesmo”, respondeu Lula. “Há um excesso de burocracia no governo. Já cheguei até a pensar se não era o caso de criar um cargo de ministro da desburocratização, ou coisa parecida”, disse o presidente, segundo relato do senador.
Descoordenação
Outro foco de problemas citado pelo presidente foi a desarticulação política. De acordo com os participantes da reunião, Lula afirmou que a relação política do governo desorganizou-se completamente após o caso Waldomiro Diniz. O caso coincidiu com o momento em que o governo acabava de alterar seu esquema de trabalho nessa área. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, viu-se no centro da crise antes de estar familiarizado com a nova tarefa de gerenciar a equipe de governo. E o novo ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, era também um novato na tarefa que antes pertencia a Dirceu. Descoordenados, os dois ministros acabaram permitindo que se acumulassem os problemas na base do governo, que estouram agora. “A articulação sofreu um baque com a crise Waldomiro”, constatou o presidente.
Lula explicou que, diante dessa descoordenação, resolveu assumir ele mesmo mais tarefas no trato político do governo. “Vou pessoalmente preencher os vazios na articulação”, informou. O presidente disse que abrirá espaço na sua agenda para receber os aliados. E determinou a todos os seus ministros que façam o mesmo. “Chega de parlamentar reclamar que chefe de gabinete de ministério não retorna ligação”.
Lula determinou a Aldo Rebelo que convoque para os próximos dias uma reunião do Conselho Político (conselho que reúne, além do núcleo político, os presidentes dos partidos da base de sustentação). E, mais do que isso, estabeleça uma agenda para que o conselho se reúna de forma freqüente. "Precisamos envolver mais os partidos aliados nas nossas decisões”, pregou o presidente.
As disputas internas também foram mencionadas. O presidente cobrou uma maior interação entre a Câmara e o Senado na discussão dos temas de importância para o governo. Os peemedebistas concordaram. Renan Calheiros e o presidente do Senado, José Sarney, comentaram que não têm sentido o Senado ou a Câmara desfazerem o que foi feito pela outra casa do Congresso. Um exemplo disso era a tramitação da reforma da Previdência, com as discussões sobre a PEC paralela.
Propaganda
As maiores reclamações de Lula quanto ao desempenho da sua equipe foram reservadas à área de comunicação. Para o presidente, o setor chefiado pelo ministro da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, não tem sido competente na publicidade dos atos do governo. “Nossa publicidade é ineficiente. Não relata o que estamos fazendo”, queixou-se. Para Lula, falta um bom diálogo com a população, a partir das propagandas oficiais. Falta azeitar a relação com a imprensa. E falta mesmo comunicar aos próprios políticos aliados as boas ações do governo, para que eles, no Congresso ou em seus estados, possam listar e defender as realizações. Quando ocorre de os ministros conseguirem expor o que fazem, acabam vencendo numa comparação com o que ocorria no governo anterior. Um exemplo disso foram os depoimentos do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao Senado.
Na área de publicidade oficial, o presidente citou como exemplo do que gostaria as propagandas do governo do Distrito Federal. Segundo Lula, a equipe do governador Joaquim Roriz consegue obter o resultado que ele sonha para as propagandas de seu governo. “Eles são muito bons em mostrar o que o Roriz faz. As propagandas têm o tom de prestação de contas que eu gostaria de ver no governo”, comentou o presidente.
sexta-feira, abril 16, 2004
ATÉ LULA ESTÁ CANSADO DE SUAS MENTIRAS
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Lula revela insatisfação com o próprio governo
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/101471.html
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou nesta quinta-feira a presença da cúpula do PMDB, durante jantar no Palácio da Alvorada, para fazer um desabafo: não está satisfeito com o desempenho de seu governo. O presidente, segundo parlamentares presentes, fez uma espécie de auto-análise, ao reconhecer erros e falhas na gestão administrativa.
Na conversa, Lula afirmou que tem feito reuniões duras com sua equipe para cobrar resultados e reclamar do excesso de burocracia, um dos principais entraves. Disse, inclusive, que até pensou em criar uma pasta para cuidar especificamente de desburocratizar a máquina administrativa. “A burocracia torna o governo ainda mais lento”, comentou.
Na avaliação do presidente, o governo não estaria também conseguindo passar para a população, por meio de publicidade oficial, as ações que estão sendo desenvolvidas. Além disso, ele queixou-se de que, mesmo dentro do governo, não está havendo acompanhamento adequado dos programas lançados pelo Executivo.
As cobranças têm sido diárias e, segundo políticos, o presidente está preocupado com a demora na implantação de programas prometidos por ele durante e depois da campanha. “Quando é que eu vou inaugurar uma farmácia popular?”, perguntou Lula recentemente ao ministro da Saúde, Humberto Costa, ao se referir ao programa anunciado pelo governo, mas que ainda não saiu do papel.
Lula revela insatisfação com o próprio governo
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/101471.html
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou nesta quinta-feira a presença da cúpula do PMDB, durante jantar no Palácio da Alvorada, para fazer um desabafo: não está satisfeito com o desempenho de seu governo. O presidente, segundo parlamentares presentes, fez uma espécie de auto-análise, ao reconhecer erros e falhas na gestão administrativa.
Na conversa, Lula afirmou que tem feito reuniões duras com sua equipe para cobrar resultados e reclamar do excesso de burocracia, um dos principais entraves. Disse, inclusive, que até pensou em criar uma pasta para cuidar especificamente de desburocratizar a máquina administrativa. “A burocracia torna o governo ainda mais lento”, comentou.
Na avaliação do presidente, o governo não estaria também conseguindo passar para a população, por meio de publicidade oficial, as ações que estão sendo desenvolvidas. Além disso, ele queixou-se de que, mesmo dentro do governo, não está havendo acompanhamento adequado dos programas lançados pelo Executivo.
As cobranças têm sido diárias e, segundo políticos, o presidente está preocupado com a demora na implantação de programas prometidos por ele durante e depois da campanha. “Quando é que eu vou inaugurar uma farmácia popular?”, perguntou Lula recentemente ao ministro da Saúde, Humberto Costa, ao se referir ao programa anunciado pelo governo, mas que ainda não saiu do papel.
quinta-feira, abril 15, 2004
ONGs : Lula descumpre promessas da campanha
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http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/abr/15/209.htm
Rio de Janeiro - O Conselho Diretor da Associação Brasileira de organizações não governamentais (Abong) divulgou nota hoje com várias críticas ao governo pela condução da economia. "Lula não considera a hipótese de tocar nas cláusulas pétreas da atual política econômica: o elevado superávit primário e a busca de credibilidade junto aos credores da dívida pública", diz a nota ao final da reunião de 120 representantes de 270 ONGs num seminário realizado de terça até hoje no Rio.
A Abong considera que o presidente está deixando de cumprir o programa de governo e "questiona os rumos do governo a partir de princípios políticos que se contrapõem ao primado do mercado sobre a sociedade". As ONGs pedem mudanças. "Ainda que tal política pudesse se justificar no momento da crítica transição do governo anterior para o atual, seu prolongamento indefinido representará a renúncia do Estado ao cumprimento de suas irrenunciáveis obrigações para com a efetivação dos direitos sociais da população brasileira", diz a nota.
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/abr/15/209.htm
Rio de Janeiro - O Conselho Diretor da Associação Brasileira de organizações não governamentais (Abong) divulgou nota hoje com várias críticas ao governo pela condução da economia. "Lula não considera a hipótese de tocar nas cláusulas pétreas da atual política econômica: o elevado superávit primário e a busca de credibilidade junto aos credores da dívida pública", diz a nota ao final da reunião de 120 representantes de 270 ONGs num seminário realizado de terça até hoje no Rio.
A Abong considera que o presidente está deixando de cumprir o programa de governo e "questiona os rumos do governo a partir de princípios políticos que se contrapõem ao primado do mercado sobre a sociedade". As ONGs pedem mudanças. "Ainda que tal política pudesse se justificar no momento da crítica transição do governo anterior para o atual, seu prolongamento indefinido representará a renúncia do Estado ao cumprimento de suas irrenunciáveis obrigações para com a efetivação dos direitos sociais da população brasileira", diz a nota.
PUNIÇÃO ZERO
ABUSO : Perdão para o próprio bolso
Projeto que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados anistia as multas aplicadas aos parlamentares pela Justiça Eleitoral. As punições chegam a R$ 10 milhões
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/42184.html
"Foram muitas multas extremamente arbitrárias. Considero-me vítima do poder Judiciário" - Wladimir Costa (PMDB-PA), autor do projeto de anistia
Brasília – Está pronto para ser votado no plenário da Câmara, em regime de urgência, um projeto de lei que concede anistia às multas aplicadas pela Justiça Eleitoral nas eleições de 2002. A aprovação do projeto, que tem o apoio unânime dos líderes dos partidos, resultará numa auto-anistia para um grupo de 23 deputados e cinco senadores que receberam multas num total de R$ 376 mil em dez estados. O valor total que será perdoado nesses estados chega a R$ 10 milhões.
O autor do requerimento que resultou no regime de urgência, Wladimir Costa (PMDB-PA), tem multas no valor total de R$ 97,8 mil. O projeto que prevê a anistia foi apresentado em agosto do ano passado pelo deputado Ricardo Rique (PL-PB) e tramitou sem alarde na Câmara durante seis meses. Recebeu parecer contrário do deputado Inaldo Leitão (PMDB-PB) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 18 de março.
O projeto que prevê a anistia das multas, apresentado em agosto de 2003, tramitou sem alarde e ainda não foi votado na Câmara
Segundo o relator, "a anistia de infrações à legislação eleitoral é dificilmente justificável sob o prisma ético, porque possibilita ao legislador legislar em causa própria, além de contribuir de contribuir para a ampliação da impunidade em nosso país". Com a derrota na CCJ, Wladimir buscou o apoio dos líderes partidários e apresentou um requerimento, no dia 30 de março, pedindo a votação da matéria no plenário da Câmara com urgência.
SIMBÓLICA A votação do requerimento, no dia seguinte, foi simbólica. O presidente da sessão, deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE), avisou: "Consultei os líderes. Há alguma objeção? (Pausa) O projeto tem que ser votado por unanimidade. (Pausa) Não havendo objeção, em votação o requerimento de urgência. Os deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa) Aprovado".
Todo o processo de votação durou menos de um minuto. O projeto ainda não foi votado porque a pauta da Câmara está obstruída pela tramitação de medidas provisórias.. Assim que a pauta for desobstruída, como tem o apoio unânime dos líderes, o projeto de lei 935/2003 deve entrar em votação, possivelmente na próxima semana. Depois, terá que ser votado pelo Senado e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O projeto de Ricardo Rique, PL-1764/2003, havia sido anexado ao PL-935/2003, de autoria de Rogério Silva (PPS-MT), em setembro do ano passado. O PL-935/2003 previa originalmente anistia apenas para os eleitores que não votaram em 2002. Muitos dos deputados e senadores que foram multados já pagaram integralmente ou estão pagando de forma parcelada, em até 60 meses, as multas que receberam em 2002 por terem feito propaganda irregular. Se for aprovada a anistia, esse dinheiro deverá ser ressarcido pela Justiça Eleitoral.
A maior parte das multas é decorrência de pichação em locais públicos, colocação irregular de outdoors, propaganda antes do prazo previsto em lei e ataques a adversários em programas de rádio e televisão. A reportagem solicitou em dezembro do ano passado aos 27 Tribunais Regionais Eleitorais a relação das multas aplicadas em 2002. A maioria deles não respondeu ao ofício com o pedido até hoje. Houve resposta dos TREs de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará, Amazonas, Rio Grande do Norte, Acre e Distrito Federal.
Parlamentares dizem que são contra anistia
A maioria dos parlamentares devedores afirma ser contra a anistia às multas aplicadas pela Justiça Eleitoral. Entre aqueles que são a favor do projeto, no entanto, está um amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu voto a favor mesmo. Quando o cartório eleitoral nos notifica para retirar uma propaganda, nem discutimos. Vamos lá e retiramos o cartaz. Agora, às vezes escapa um ou outro”, diz o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). “Os proporcionais não têm rádio, TV, jornal. Só a rua para dizer que é candidato. Sempre vejo anúncios de bailes, shows, rodeios em locais proibidos e não há multas. Se tiver para os políticos, tem que ter para esse pessoal também”, afirma. Devanir é o único a anunciar antecipadamente que votará a favor do projeto. “Eu voto mesmo. Por que não? Sempre que o cartório eleitoral avisa, nós retiramos propaganda irregular. Os candidatos não têm controle direto sobre isso. Se os políticos não podem colocar propaganda em sinal, os anunciantes também deveriam ser multados. Canso de ver em São Paulo cartazes nos semáforos, do tipo. `Foi multado? Ligue para tal número'. isso também é propaganda indevida e ninguém pune”, afirma.
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), concorda, mas acredita que a Justiça tem que ser mais criteriosa nas sentenças. “Acho que esses projetos de anistia não têm chances de prosperar, mas o assunto é polêmico. Na eleição passada, tinha sentença que dizia que o candidato que faturou muito pode pagar muito. O que desmoraliza a Justiça é sentença mal aplicada”, comenta o pefelista, que terminou citado num processo de propaganda irregular da coligação para o governo do estado. O valor, segundo ele, terminou dividido entre o PFL e o PTB, que tinha Fernando Bezerra como candidato a governador
Projeto que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados anistia as multas aplicadas aos parlamentares pela Justiça Eleitoral. As punições chegam a R$ 10 milhões
http://www.uai.com.br/emonline/estaminas/cadernos/politica/42184.html
"Foram muitas multas extremamente arbitrárias. Considero-me vítima do poder Judiciário" - Wladimir Costa (PMDB-PA), autor do projeto de anistia
Brasília – Está pronto para ser votado no plenário da Câmara, em regime de urgência, um projeto de lei que concede anistia às multas aplicadas pela Justiça Eleitoral nas eleições de 2002. A aprovação do projeto, que tem o apoio unânime dos líderes dos partidos, resultará numa auto-anistia para um grupo de 23 deputados e cinco senadores que receberam multas num total de R$ 376 mil em dez estados. O valor total que será perdoado nesses estados chega a R$ 10 milhões.
O autor do requerimento que resultou no regime de urgência, Wladimir Costa (PMDB-PA), tem multas no valor total de R$ 97,8 mil. O projeto que prevê a anistia foi apresentado em agosto do ano passado pelo deputado Ricardo Rique (PL-PB) e tramitou sem alarde na Câmara durante seis meses. Recebeu parecer contrário do deputado Inaldo Leitão (PMDB-PB) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 18 de março.
O projeto que prevê a anistia das multas, apresentado em agosto de 2003, tramitou sem alarde e ainda não foi votado na Câmara
Segundo o relator, "a anistia de infrações à legislação eleitoral é dificilmente justificável sob o prisma ético, porque possibilita ao legislador legislar em causa própria, além de contribuir de contribuir para a ampliação da impunidade em nosso país". Com a derrota na CCJ, Wladimir buscou o apoio dos líderes partidários e apresentou um requerimento, no dia 30 de março, pedindo a votação da matéria no plenário da Câmara com urgência.
SIMBÓLICA A votação do requerimento, no dia seguinte, foi simbólica. O presidente da sessão, deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE), avisou: "Consultei os líderes. Há alguma objeção? (Pausa) O projeto tem que ser votado por unanimidade. (Pausa) Não havendo objeção, em votação o requerimento de urgência. Os deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa) Aprovado".
Todo o processo de votação durou menos de um minuto. O projeto ainda não foi votado porque a pauta da Câmara está obstruída pela tramitação de medidas provisórias.. Assim que a pauta for desobstruída, como tem o apoio unânime dos líderes, o projeto de lei 935/2003 deve entrar em votação, possivelmente na próxima semana. Depois, terá que ser votado pelo Senado e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O projeto de Ricardo Rique, PL-1764/2003, havia sido anexado ao PL-935/2003, de autoria de Rogério Silva (PPS-MT), em setembro do ano passado. O PL-935/2003 previa originalmente anistia apenas para os eleitores que não votaram em 2002. Muitos dos deputados e senadores que foram multados já pagaram integralmente ou estão pagando de forma parcelada, em até 60 meses, as multas que receberam em 2002 por terem feito propaganda irregular. Se for aprovada a anistia, esse dinheiro deverá ser ressarcido pela Justiça Eleitoral.
A maior parte das multas é decorrência de pichação em locais públicos, colocação irregular de outdoors, propaganda antes do prazo previsto em lei e ataques a adversários em programas de rádio e televisão. A reportagem solicitou em dezembro do ano passado aos 27 Tribunais Regionais Eleitorais a relação das multas aplicadas em 2002. A maioria deles não respondeu ao ofício com o pedido até hoje. Houve resposta dos TREs de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará, Amazonas, Rio Grande do Norte, Acre e Distrito Federal.
Parlamentares dizem que são contra anistia
A maioria dos parlamentares devedores afirma ser contra a anistia às multas aplicadas pela Justiça Eleitoral. Entre aqueles que são a favor do projeto, no entanto, está um amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu voto a favor mesmo. Quando o cartório eleitoral nos notifica para retirar uma propaganda, nem discutimos. Vamos lá e retiramos o cartaz. Agora, às vezes escapa um ou outro”, diz o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). “Os proporcionais não têm rádio, TV, jornal. Só a rua para dizer que é candidato. Sempre vejo anúncios de bailes, shows, rodeios em locais proibidos e não há multas. Se tiver para os políticos, tem que ter para esse pessoal também”, afirma. Devanir é o único a anunciar antecipadamente que votará a favor do projeto. “Eu voto mesmo. Por que não? Sempre que o cartório eleitoral avisa, nós retiramos propaganda irregular. Os candidatos não têm controle direto sobre isso. Se os políticos não podem colocar propaganda em sinal, os anunciantes também deveriam ser multados. Canso de ver em São Paulo cartazes nos semáforos, do tipo. `Foi multado? Ligue para tal número'. isso também é propaganda indevida e ninguém pune”, afirma.
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), concorda, mas acredita que a Justiça tem que ser mais criteriosa nas sentenças. “Acho que esses projetos de anistia não têm chances de prosperar, mas o assunto é polêmico. Na eleição passada, tinha sentença que dizia que o candidato que faturou muito pode pagar muito. O que desmoraliza a Justiça é sentença mal aplicada”, comenta o pefelista, que terminou citado num processo de propaganda irregular da coligação para o governo do estado. O valor, segundo ele, terminou dividido entre o PFL e o PTB, que tinha Fernando Bezerra como candidato a governador
terça-feira, abril 13, 2004
INFRA ESTRUTURA ZERO !!!
VEM AÍ A VOLTA DA MARIA FUMAÇA E DA CHARRETE. FICAREMOS COMPETITIVOS COMO NUNCA COM RELAÇÃO À ÁSIA.
Investimento em infra-estrutura cai pela metade em 2003
http://www.superavit.com.br/noticias.asp?id=25451
Os investimentos no setor de infra-estrutura e indústria de base em 2003 representaram menos da metade do realizado no ano anterior e ficaram bem abaixo das previsões que haviam sido traçadas inicialmente.
No ano passado, foram investidos US$ 6,6 bilhões, queda de 53,8% em relação a 2002 (US$ 14,3 bilhões) e de 67% se a base de comparação for 2001 - US$ 20 bilhões.
Os números foram divulgados esta terça-feira pela Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) que, em dezembro de 2002, projetava que em 2003 seriam investidos US$ 15,2 bilhões. Isso significa que apenas 43% do que havia sido projetado foi realmente efetivado.
Em 2000, o setor havia recebido US$ 18 bilhões em investimentos. "Houve um compasso de espera nos investimentos que duram até este ano (2004)", afirmou o presidente da Abdib, José Augusto Marques. Segundo ele, no ano passado, houve um freio nos investimentos por conta do começo do novo governo.
O início de uma nova gestão, principalmente na economia, foi o que mais pesou nas decisões de investimento no primeiro semestre. Nos últimos seis meses no ano, pesaram as indefinições sobre os novos marcos regulatórios, que só começaram a se dissipar no começo deste ano
Investimento em infra-estrutura cai pela metade em 2003
http://www.superavit.com.br/noticias.asp?id=25451
Os investimentos no setor de infra-estrutura e indústria de base em 2003 representaram menos da metade do realizado no ano anterior e ficaram bem abaixo das previsões que haviam sido traçadas inicialmente.
No ano passado, foram investidos US$ 6,6 bilhões, queda de 53,8% em relação a 2002 (US$ 14,3 bilhões) e de 67% se a base de comparação for 2001 - US$ 20 bilhões.
Os números foram divulgados esta terça-feira pela Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) que, em dezembro de 2002, projetava que em 2003 seriam investidos US$ 15,2 bilhões. Isso significa que apenas 43% do que havia sido projetado foi realmente efetivado.
Em 2000, o setor havia recebido US$ 18 bilhões em investimentos. "Houve um compasso de espera nos investimentos que duram até este ano (2004)", afirmou o presidente da Abdib, José Augusto Marques. Segundo ele, no ano passado, houve um freio nos investimentos por conta do começo do novo governo.
O início de uma nova gestão, principalmente na economia, foi o que mais pesou nas decisões de investimento no primeiro semestre. Nos últimos seis meses no ano, pesaram as indefinições sobre os novos marcos regulatórios, que só começaram a se dissipar no começo deste ano
domingo, abril 11, 2004
BOAS ESTA DO GASPARI
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/gaspari.asp
11/04/2004
O professor Delfim Netto conta uma história mais ou menos assim:
— Seja qual for a tua ideologia, o teu programa de governo e a linha política da tua equipe, na manhã seguinte à posse você precisa abrir a quitanda. Vai entrar uma velhinha, com uma nota de R$ 10 na mão, querendo um quilo de berinjelas. Você precisa ter berinjelas e troco para a velhinha.
A velhinha que entrou na quitanda de Lula no dia 2 de janeiro de 2003 ainda está esperando o troco. Seu marido perdeu o emprego e seu filho foi assaltado duas vezes. Parece que Dirceu já conseguiu as berinjelas, mas está reunido com o comissário Luiz Gushiken para decidir o troco.
Se Lula quer que o seu governo cumpra uma agenda positiva, precisa transmitir no sistema de som do Planalto os inesquecíveis versos de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra:
“Vou pedir ao meu Babalorixá
Pra fazer uma oração pra Xangô
Pra pôr pra trabalhar,
Gente que nunca trabalhou”
11/04/2004
O professor Delfim Netto conta uma história mais ou menos assim:
— Seja qual for a tua ideologia, o teu programa de governo e a linha política da tua equipe, na manhã seguinte à posse você precisa abrir a quitanda. Vai entrar uma velhinha, com uma nota de R$ 10 na mão, querendo um quilo de berinjelas. Você precisa ter berinjelas e troco para a velhinha.
A velhinha que entrou na quitanda de Lula no dia 2 de janeiro de 2003 ainda está esperando o troco. Seu marido perdeu o emprego e seu filho foi assaltado duas vezes. Parece que Dirceu já conseguiu as berinjelas, mas está reunido com o comissário Luiz Gushiken para decidir o troco.
Se Lula quer que o seu governo cumpra uma agenda positiva, precisa transmitir no sistema de som do Planalto os inesquecíveis versos de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra:
“Vou pedir ao meu Babalorixá
Pra fazer uma oração pra Xangô
Pra pôr pra trabalhar,
Gente que nunca trabalhou”
sábado, abril 10, 2004
GUSHIKENICES E AS ARMAS DE ENGANAÇÃO EM MASSA
Paulo C. Barreto
jornalista, em 09/04/2004
http://www.diegocasagrande.com.br/pages/artigos/view.php?uid=525
Então o ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, deu uma olhada nos jornais e tevês e ainda achou pouca a subserviência da imprensa ao governo Lula.
Pelo conjunto de sua carreira e pelo dever do ofício, Gushiken é o primeiro a conhecer a hegemonia dos "companheiros" nas redações. Sabe que, diante da grande causa, nem a mínima dissensão pode ser tratada como algo menos que uma força desagregadora. É por isso que questiona a imprensa que "opera com o raciocínio de explorar o contraditório e que muitas vezes fomenta discórdia e disputa de egos, quando são apenas discussões de idéias".
É por isso que podemos esperar chumbo grosso do ministro. Quando o assunto é defender o regime, ele não brinca nem com a brincadeira.
Por vários anos fui colaborador regular da revista Mad brasileira. Sim, aquela das sátiras de filmes, Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis, Dobradinhas e Livros do Ódio. Em 1994 fui encarregado de escrever roteiros de quadrinhos satirizando os dois principais concorrentes à presidência, que ganhariam matérias de capa em edições consecutivas. À época do encargo, ninguém tinha certeza de quem realmente venceria. Lula estava em queda nas pesquisas, mas ainda liderava; por isso, sua "homenagem" veio primeiro.
Escrevi uma fajutíssima entrevista com o candidato, com ênfase em detalhes (sobejamente conhecidos) de sua biografia e sua personalidade, acompanhados das devidas ilustrações. Enfim, nada que os leitores normais da Mad não esperassem, excluídos os militantes radicais e os puxa-sacos contumazes. Um leitor, representante de pelo menos um desses dois grupos, contra-atacou num piscar de olhos.
Em 13 de setembro de 1994 foi enviada ao fax da redação da Mad a carta de Nelson Jandir Canesin, de São Paulo, acompanhada de um abaixo-assinado de 25 nomes (somando a folha de rosto, era um despacho de quatro páginas). Dizia a mensagem:
"O último número da revista Mad, satirizando a candidatura Lula, é de tamanho baixo nível que chega a assustar. Os desenhos e as frases estão carregadas de preconceito não apenas em relação a um candidato a presidente, mas aos trabalhadores em geral. (...) Vocês da revista Mad estão seguindo a trilha aberta pela Rede Globo que aposta na ignorância política de toda uma nação e utiliza seu poder de mídia para fabricar e eleger o candidato que bem entender. Vocês ajudaram a fixar entre seus leitores a visão estreita de que operário serve apenas enquanto está na fábrica produzindo, e que política deve ser feita apenas pelos 'letrados'. Por acaso vocês não sabem que são estes mesmos 'letrados' que estão no poder a [sic] quase 500 anos e que são os responsáveis pela manutenção no Brasil de um dos piores índices de desigualdades sociais do planeta? (...)"
A isto seguiam-se a assinatura de Nelson e as outras 25, muitas difíceis de ler, mas todas acompanhadas dos números das carteiras de identidade. Deve ser coisa autêntica: um bajulador amador não se daria sozinho ao trabalho e à despesa do fax para o Rio só para peitar uma revista que todo mundo (menos ele) sabia que era disso que o Aurélio define como "qualquer escrito ou discurso picante ou maldizente, crítico; troça, zombaria, ironia; censura jocosa."
Quem assumiria esse encargo? A folha de rosto e os cabeçalhos de cada uma das páginas revelavam: o fax tinha sido transmitido do escritório paulistano do deputado federal Luiz Gushiken.
Por mera hipótese, suponhamos que Nelson Jandir Canesin, de carta na mão, tenha batido à porta de Gushiken em busca de ajuda, e que tivesse sido atendido. Talvez até o deputado conhecesse a fama da Mad e dispensasse sumariamente qualquer participação no envio do fax. Ou o ocupado parlamentar, através de um "quem indicou" razoavelmente bom, tenha recebido a carta e ficado tão "impactado" com o abaixo-assinado que foi conferir a revista que enfureceu Canesin & Cia – e, depois de detalhado exame da matéria, respondeu: "Tá certo que a Mad pegou pesado, mas aquilo é sátira, entendeu? Sá-ti-ra! Fichinha diante do que nossa turma fazia com os milicos! Eu é que não vou gastar verbas de gabinete para passar recibo de lambe-botas do chefe."
Como nada disso ocorreu, é mais fácil acreditar que o deputado não leu a carta nem a sátira: qualquer um, na era pré-Internet e pré-torpedo, poderia entrar no escritório de Luiz Gushiken e faxear a mensagem que quisesse, com a inocência de quem envia uma carta para a mamãe. Já que é o pagador de impostos que banca o interurbano, que há de mau nisso? Isso é que é isenção olímpica diante de picuinhas eleitorais, deixar o barco correr -- mesmo que, entre a produção da matéria e a chegada da revista às bancas (portanto, sem que o "poder de mídia" da Mad tivesse a menor culpa), Lula já tinha caído para o segundo lugar nas pesquisas, com sério risco (substanciado afinal) de não disputar o segundo turno. E, com isso, credenciar-se a um dia assumir um ministério e dar pitaco na falta de reverência da mídia.
jornalista, em 09/04/2004
http://www.diegocasagrande.com.br/pages/artigos/view.php?uid=525
Então o ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, deu uma olhada nos jornais e tevês e ainda achou pouca a subserviência da imprensa ao governo Lula.
Pelo conjunto de sua carreira e pelo dever do ofício, Gushiken é o primeiro a conhecer a hegemonia dos "companheiros" nas redações. Sabe que, diante da grande causa, nem a mínima dissensão pode ser tratada como algo menos que uma força desagregadora. É por isso que questiona a imprensa que "opera com o raciocínio de explorar o contraditório e que muitas vezes fomenta discórdia e disputa de egos, quando são apenas discussões de idéias".
É por isso que podemos esperar chumbo grosso do ministro. Quando o assunto é defender o regime, ele não brinca nem com a brincadeira.
Por vários anos fui colaborador regular da revista Mad brasileira. Sim, aquela das sátiras de filmes, Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis, Dobradinhas e Livros do Ódio. Em 1994 fui encarregado de escrever roteiros de quadrinhos satirizando os dois principais concorrentes à presidência, que ganhariam matérias de capa em edições consecutivas. À época do encargo, ninguém tinha certeza de quem realmente venceria. Lula estava em queda nas pesquisas, mas ainda liderava; por isso, sua "homenagem" veio primeiro.
Escrevi uma fajutíssima entrevista com o candidato, com ênfase em detalhes (sobejamente conhecidos) de sua biografia e sua personalidade, acompanhados das devidas ilustrações. Enfim, nada que os leitores normais da Mad não esperassem, excluídos os militantes radicais e os puxa-sacos contumazes. Um leitor, representante de pelo menos um desses dois grupos, contra-atacou num piscar de olhos.
Em 13 de setembro de 1994 foi enviada ao fax da redação da Mad a carta de Nelson Jandir Canesin, de São Paulo, acompanhada de um abaixo-assinado de 25 nomes (somando a folha de rosto, era um despacho de quatro páginas). Dizia a mensagem:
"O último número da revista Mad, satirizando a candidatura Lula, é de tamanho baixo nível que chega a assustar. Os desenhos e as frases estão carregadas de preconceito não apenas em relação a um candidato a presidente, mas aos trabalhadores em geral. (...) Vocês da revista Mad estão seguindo a trilha aberta pela Rede Globo que aposta na ignorância política de toda uma nação e utiliza seu poder de mídia para fabricar e eleger o candidato que bem entender. Vocês ajudaram a fixar entre seus leitores a visão estreita de que operário serve apenas enquanto está na fábrica produzindo, e que política deve ser feita apenas pelos 'letrados'. Por acaso vocês não sabem que são estes mesmos 'letrados' que estão no poder a [sic] quase 500 anos e que são os responsáveis pela manutenção no Brasil de um dos piores índices de desigualdades sociais do planeta? (...)"
A isto seguiam-se a assinatura de Nelson e as outras 25, muitas difíceis de ler, mas todas acompanhadas dos números das carteiras de identidade. Deve ser coisa autêntica: um bajulador amador não se daria sozinho ao trabalho e à despesa do fax para o Rio só para peitar uma revista que todo mundo (menos ele) sabia que era disso que o Aurélio define como "qualquer escrito ou discurso picante ou maldizente, crítico; troça, zombaria, ironia; censura jocosa."
Quem assumiria esse encargo? A folha de rosto e os cabeçalhos de cada uma das páginas revelavam: o fax tinha sido transmitido do escritório paulistano do deputado federal Luiz Gushiken.
Por mera hipótese, suponhamos que Nelson Jandir Canesin, de carta na mão, tenha batido à porta de Gushiken em busca de ajuda, e que tivesse sido atendido. Talvez até o deputado conhecesse a fama da Mad e dispensasse sumariamente qualquer participação no envio do fax. Ou o ocupado parlamentar, através de um "quem indicou" razoavelmente bom, tenha recebido a carta e ficado tão "impactado" com o abaixo-assinado que foi conferir a revista que enfureceu Canesin & Cia – e, depois de detalhado exame da matéria, respondeu: "Tá certo que a Mad pegou pesado, mas aquilo é sátira, entendeu? Sá-ti-ra! Fichinha diante do que nossa turma fazia com os milicos! Eu é que não vou gastar verbas de gabinete para passar recibo de lambe-botas do chefe."
Como nada disso ocorreu, é mais fácil acreditar que o deputado não leu a carta nem a sátira: qualquer um, na era pré-Internet e pré-torpedo, poderia entrar no escritório de Luiz Gushiken e faxear a mensagem que quisesse, com a inocência de quem envia uma carta para a mamãe. Já que é o pagador de impostos que banca o interurbano, que há de mau nisso? Isso é que é isenção olímpica diante de picuinhas eleitorais, deixar o barco correr -- mesmo que, entre a produção da matéria e a chegada da revista às bancas (portanto, sem que o "poder de mídia" da Mad tivesse a menor culpa), Lula já tinha caído para o segundo lugar nas pesquisas, com sério risco (substanciado afinal) de não disputar o segundo turno. E, com isso, credenciar-se a um dia assumir um ministério e dar pitaco na falta de reverência da mídia.
sexta-feira, abril 09, 2004
é preciso que nos livremos do instrumento subversivo do direito adquirido
ESPAÇO ABERTO
O ESTADO DE S.PAULO, Quarta-feira, 7 de abril de 2004
SAO OS IMPOSTOS !
FERNÃO LARA MESQUITA
jornalista
Procuram-se desesperadamente os meios e modos de reativar a economia brasileira. Mas não se mostra grande imaginação nessa busca. Ao fim de mais de uma década e meia indo e voltando por essa mesma velha e batida picada, o País assiste, com evidentes sinais de desânimo, a mais uma edição da infindável discussão sobre o que será possível, ainda, extrair ou não do ajuste fino da política macroeconômica ou da maior ou menor tolerância para com liberalidades "heterodoxas".
Na verdade, uma coisa puxa a outra, num esquema de círculo vicioso. A persistente ameaça de novas bruxarias heterodoxas deteriora as expectativas e desencadeia a ameaça iminente da desorganização da economia. Recorre-se, então, à boa e velha ortodoxia. Só que o desgaste político que resulta da conseqüente desaceleração da economia torna os governos vulneráveis, o que leva à reabilitação dos partidários da heterodoxia. Esse falso dilema passa a ser o eixo da disputa pelo poder político, os ânimos se acirram, constituem-se "partidos" defensores de cada uma dessas falsas soluções (e partidos dentro dos partidos, o que torna as coisas ainda mais complicadas), os oportunistas de sempre tomam posição, o barulho aumenta, o fantasma da instabilidade política leva ao entrincheiramento das partes em disputa e o País se afasta cada vez mais das verdadeiras soluções.
Para os leigos aqui de fora, que têm sido só as cobaias dessa querela nos últimos 16 anos, parece que nenhum dos lados tem razão. Dos resultados práticos das bruxarias heterodoxas já tomamos doses maciças, mais que suficientes. Não é preciso repetir. Quanto às ferramentas da ortodoxia, elas parecem excelentes para manter um determinado estado de coisas em equilíbrio, em matéria de economia. Mas não para alterá-lo. Funciona às mil maravilhas, portanto, quando se trata de preservar os fundamentos de uma economia suficientemente regulada para prover crescimento sustentável. Só que não é este o caso da economia brasileira. Ela, ao contrário, pede mudanças, e urgentes, que a aparelhem para voltar a crescer, e não conservação no presente estado de estagnação que leva a um pauperismo crescente da população.
Conclusão: nós temos perdido um tempo enorme discutindo a volta ao passado da felizmente revogada, e esperemos que para sempre, heterodoxia, ou um salto direto para o futuro quando, possivelmente, será bom usar os instrumentos da ortodoxia para manter uma regulagem ascendente do ritmo da economia... que ainda não obtivemos no presente.
A tarefa do presente é, portanto, elementar, e diz respeito à redistribuição das peças fundamentais do jogo econômico, sem a qual jamais recomeçaremos a andar.
Só uma política, dentro da intermitência característica de tudo quanto depende da administração publica neste país, não tem sido fragmentada pela sucessão dos partidos no poder desde o início desta Nova República: a do crescimento ininterrupto e vertiginoso da carga dos impostos. Entre os pouco mais de 20% do PIB que se exigia do País que trabalha em 1988 e os 40% do PIB que nos arrancam hoje por meio das mais perniciosas formas de tributos jamais inventadas, não houve uma única vitória do contribuinte. Houve quem lutasse por elas, é verdade. Mas foram sempre derrotados. As inúmeras tentativas de reformas com o objetivo de reduzir concretamente o custo do Estado fracassaram. Primeiro, no próprio Congresso. E, depois que este finalmente deixou de se opor ao clamor das ruas e aprovou algumas delas, no Judiciário, que mutilou as poucas que o Congresso aprovou até que perdessem completamente o efeito.
A verdade simples dos fatos é que o Estado nunca recuou um milímetro em seus dispêndios. Ao contrário. Da hiperinflação desencadeada pelo ataque dos municípios e dos Estados ao quinhão da União, na Constituição de 88, à "responsabilidade fiscal" de hoje, os ajustes acabaram sendo feitos sempre pelo ataque ao bolso dos contribuintes, acompanhado pelo crescente arrocho nos juros, outra conseqüência da fome inesgotável de recursos do Estado, e nunca pela redução dos gastos públicos.
O Brasil - isto é claro como a água - está mesmo é descambando desabaladamente pela perna descendente da "curva de Lafer", aquela em que se demonstrou que, a partir de certos níveis de exagero, o aumento da carga tributária não produz aumento de receita porque passa a asfixiar a economia.
Somos a prova empírica da verdade dessa proposição teórica. Raspou-se o fundo do tacho. A classe média foi colocada em rota de extinção, o mercado interno foi levado ao estado de coma e, hoje, o País mal sobrevive com pouco mais que os empregos sustentados pelas exportações.
Na vertente política, o aprofundamento da crise econômica torna os governos cada vez mais instáveis e periclitantes, o que os faz vítimas fáceis para a fauna que aluga "sustentação política" no Congresso em troca de verbas para comprar novas clientelas para as eleições dando assistência à crescente miséria nova criada nesse processo. E, assim, nos vamos afundando cada vez mais nesse buraco.
A passagem do PT pelo poder tira definitivamente de cena a perspectiva dos "milagres" feitos na base de pura "vontade política" que ainda enganava alguns incautos por aí. Está tudo na mão, portanto, para tratarmos da única coisa que realmente interessa e muda o sentido das coisas na relação entre governantes e governados, que é o tamanho e a qualidade dos impostos. Basta olhar o mundo ao nosso redor para comprovar que não há grande segredo para a prosperidade dos povos: crescem os países que reduzem impostos e desviam dinheiro da economia morta para a economia viva, e andam para trás os que fazem o contrário. Nós temos é de repactuar a relação entre o Estado e os contribuintes. E para criarmos a condição para a redução dos impostos é preciso que nos livremos, antes, do instrumento subversivo do "direito adquirido" a manter para sempre toda "teta" uma vez abocanhada que mantém o custo do Estado permanentemente em alta e arma a mão do Judiciário para desmantelar qualquer reforma que busque o objetivo contrário.
O resto é conversa mole.
O ESTADO DE S.PAULO, Quarta-feira, 7 de abril de 2004
SAO OS IMPOSTOS !
FERNÃO LARA MESQUITA
jornalista
Procuram-se desesperadamente os meios e modos de reativar a economia brasileira. Mas não se mostra grande imaginação nessa busca. Ao fim de mais de uma década e meia indo e voltando por essa mesma velha e batida picada, o País assiste, com evidentes sinais de desânimo, a mais uma edição da infindável discussão sobre o que será possível, ainda, extrair ou não do ajuste fino da política macroeconômica ou da maior ou menor tolerância para com liberalidades "heterodoxas".
Na verdade, uma coisa puxa a outra, num esquema de círculo vicioso. A persistente ameaça de novas bruxarias heterodoxas deteriora as expectativas e desencadeia a ameaça iminente da desorganização da economia. Recorre-se, então, à boa e velha ortodoxia. Só que o desgaste político que resulta da conseqüente desaceleração da economia torna os governos vulneráveis, o que leva à reabilitação dos partidários da heterodoxia. Esse falso dilema passa a ser o eixo da disputa pelo poder político, os ânimos se acirram, constituem-se "partidos" defensores de cada uma dessas falsas soluções (e partidos dentro dos partidos, o que torna as coisas ainda mais complicadas), os oportunistas de sempre tomam posição, o barulho aumenta, o fantasma da instabilidade política leva ao entrincheiramento das partes em disputa e o País se afasta cada vez mais das verdadeiras soluções.
Para os leigos aqui de fora, que têm sido só as cobaias dessa querela nos últimos 16 anos, parece que nenhum dos lados tem razão. Dos resultados práticos das bruxarias heterodoxas já tomamos doses maciças, mais que suficientes. Não é preciso repetir. Quanto às ferramentas da ortodoxia, elas parecem excelentes para manter um determinado estado de coisas em equilíbrio, em matéria de economia. Mas não para alterá-lo. Funciona às mil maravilhas, portanto, quando se trata de preservar os fundamentos de uma economia suficientemente regulada para prover crescimento sustentável. Só que não é este o caso da economia brasileira. Ela, ao contrário, pede mudanças, e urgentes, que a aparelhem para voltar a crescer, e não conservação no presente estado de estagnação que leva a um pauperismo crescente da população.
Conclusão: nós temos perdido um tempo enorme discutindo a volta ao passado da felizmente revogada, e esperemos que para sempre, heterodoxia, ou um salto direto para o futuro quando, possivelmente, será bom usar os instrumentos da ortodoxia para manter uma regulagem ascendente do ritmo da economia... que ainda não obtivemos no presente.
A tarefa do presente é, portanto, elementar, e diz respeito à redistribuição das peças fundamentais do jogo econômico, sem a qual jamais recomeçaremos a andar.
Só uma política, dentro da intermitência característica de tudo quanto depende da administração publica neste país, não tem sido fragmentada pela sucessão dos partidos no poder desde o início desta Nova República: a do crescimento ininterrupto e vertiginoso da carga dos impostos. Entre os pouco mais de 20% do PIB que se exigia do País que trabalha em 1988 e os 40% do PIB que nos arrancam hoje por meio das mais perniciosas formas de tributos jamais inventadas, não houve uma única vitória do contribuinte. Houve quem lutasse por elas, é verdade. Mas foram sempre derrotados. As inúmeras tentativas de reformas com o objetivo de reduzir concretamente o custo do Estado fracassaram. Primeiro, no próprio Congresso. E, depois que este finalmente deixou de se opor ao clamor das ruas e aprovou algumas delas, no Judiciário, que mutilou as poucas que o Congresso aprovou até que perdessem completamente o efeito.
A verdade simples dos fatos é que o Estado nunca recuou um milímetro em seus dispêndios. Ao contrário. Da hiperinflação desencadeada pelo ataque dos municípios e dos Estados ao quinhão da União, na Constituição de 88, à "responsabilidade fiscal" de hoje, os ajustes acabaram sendo feitos sempre pelo ataque ao bolso dos contribuintes, acompanhado pelo crescente arrocho nos juros, outra conseqüência da fome inesgotável de recursos do Estado, e nunca pela redução dos gastos públicos.
O Brasil - isto é claro como a água - está mesmo é descambando desabaladamente pela perna descendente da "curva de Lafer", aquela em que se demonstrou que, a partir de certos níveis de exagero, o aumento da carga tributária não produz aumento de receita porque passa a asfixiar a economia.
Somos a prova empírica da verdade dessa proposição teórica. Raspou-se o fundo do tacho. A classe média foi colocada em rota de extinção, o mercado interno foi levado ao estado de coma e, hoje, o País mal sobrevive com pouco mais que os empregos sustentados pelas exportações.
Na vertente política, o aprofundamento da crise econômica torna os governos cada vez mais instáveis e periclitantes, o que os faz vítimas fáceis para a fauna que aluga "sustentação política" no Congresso em troca de verbas para comprar novas clientelas para as eleições dando assistência à crescente miséria nova criada nesse processo. E, assim, nos vamos afundando cada vez mais nesse buraco.
A passagem do PT pelo poder tira definitivamente de cena a perspectiva dos "milagres" feitos na base de pura "vontade política" que ainda enganava alguns incautos por aí. Está tudo na mão, portanto, para tratarmos da única coisa que realmente interessa e muda o sentido das coisas na relação entre governantes e governados, que é o tamanho e a qualidade dos impostos. Basta olhar o mundo ao nosso redor para comprovar que não há grande segredo para a prosperidade dos povos: crescem os países que reduzem impostos e desviam dinheiro da economia morta para a economia viva, e andam para trás os que fazem o contrário. Nós temos é de repactuar a relação entre o Estado e os contribuintes. E para criarmos a condição para a redução dos impostos é preciso que nos livremos, antes, do instrumento subversivo do "direito adquirido" a manter para sempre toda "teta" uma vez abocanhada que mantém o custo do Estado permanentemente em alta e arma a mão do Judiciário para desmantelar qualquer reforma que busque o objetivo contrário.
O resto é conversa mole.
quinta-feira, abril 08, 2004
SAUDADES DE FHC PRESIDENTE
por Paulo G. M. de Moura, cientista político
Assisti no último dia 6 a palestra de Fernando Henrique Cardoso no 17º Fórum da Liberdade. Foi inevitável, ao ouvi-lo, estabelecer a comparação entre o presidente que temos e o presidente que tivemos. O contraste entre FHC e Lula favorece de forma gritante o primeiro.
Do alto da experiência que o tempo de vida e os dois mandatos de presidente da República lhe conferem, e da sólida formação acadêmica que tem, FHC falou com naturalidade e desenvoltura sobre os obstáculos e desafios de presidir um país como o Brasil, num mundo complexo como o de hoje. O domínio do passado, do presente e do futuro do nosso processo político transbordava de suas palavras com a naturalidade de quem sabe o que fala pela teoria e pela prática.
À noite, na sala de aula da universidade, uma aluna que também estivera no evento me fez o seguinte comentário: “professor, depois de ouvir FHC me deu vontade de ler novamente “A República” de Platão. Talvez ele tivesse razão ao defender o governo dos filósofos.”
Calma Adriana. Nem tanto. Talvez a razão estivesse com Aristóteles, para quem a filosofia deveria ser levada a todos. Especialmente, no nosso caso, ao presidente, pensei...
Mas não a contestei. Confesso que, enquanto ouvia FHC, passavam-me pela cabeça questionamentos sobre a importância de um presidente de qualquer nação hoje precisar de uma sólida formação teórica para governar. Talvez nos tempos de Lincoln fosse possível a um filho de lenhador semi-analfabeto presidir um país contando apenas com o dom da liderança e a sabedoria empírica. Mas hoje, numa sociedade em que a tecnologia tornou-se fator estratégico nas relações econômicas, políticas, sociais e culturais, e em que o mundo está interligado por redes de comunicação instantânea, distribuindo impactos de toda a natureza por todos os quadrantes do planeta, isso não é mais possível.
Em 1989, 1994 e 1998, a falta de formação acadêmica e de experiência administrativa certamente pesou como critério de decisão para que o eleitorado negasse a Lula a vitória nas urnas. Mas, cansado e desiludido com os presidentes do ciclo democrático recente, e carente de resposta urgente para suas demandas, em 2002 o povo brasileiro apostou suas últimas ilusões na possibilidade de que um líder messiânico pudesse ter soluções mágicas para seus problemas.
Conheci Lula pessoalmente quando trabalhei como produtor de vídeo da TV dos Trabalhadores, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, entre 1986 e 1989. Admiro-o como animal político, independentemente das diferenças ideológicas que, desde o final dos anos 80, nos separam. Reconheço nele uma inteligência fora do comum. Imagina se gostasse dos livros. Mas Lula não gosta de estudar. Um péssimo exemplo vindo de um líder popular, num país de analfabetos funcionais. Oportunidades para estudar não lhe faltaram. E não falo da educação formal, que Lula não freqüentou pelas mesmas razões que impedem muitos brasileiros pobres de estudar. Talvez o preconceito de Lula em relação aos intelectuais tenha origem, com certa dose de razão, nas idéias daqueles que o cercam, e que apareceram aos montes na sua propaganda eleitoral, mas que, felizmente, em sua maioria não estão na equipe desse governo.
Para quem, como eu, sente prazer em estudar, e persegue a condição de um dia poder viver para pesquisar e escrever apenas – coisa que o salário de professor universitário num país de lulas me impede - dói saber-se governado por alguém que diz que vai ensinar aos cientistas políticos como se governa, e que delira achando que fez mais em 15 meses de governo do que seus antecessores fizeram em 500 anos.
Presidente, cientistas políticos não estudam para governar. Muito embora o último que nos governou tenha muito a lhe ensinar.
Admiro também, o animal político FHC. Inclusive, já tive oportunidade de enaltecer suas realizações como governante. Em 09/02/2004, publiquei artigo intitulado “O milagre dos militares, o milagre de FHC e o milagre de Lula”, no qual afirmei que “(. . .) o tempo irá dar crédito ao ex-presidente, mudanças estruturais profundas e estratégicas para o futuro do país foram implantadas nesse período. A conquista e preservação da estabilidade da economia; a consolidação da democracia; as privatizações, especialmente das telecomunicações; a atração de investimentos industriais e em infra-estrutura; a descentralização industrial com a instalação de montadoras de automóveis e outras empresas em vários estados; o impulso ao agro-negócio brasileiro, que se tornou líder mundial de produção em vários setores; o saneamento do sistema financeiro nacional; a consolidação da cultura da responsabilidade fiscal, e as políticas sociais cujos resultados positivos as estatísticas sócio-econômicas de hoje atestam; entre outros feitos, certamente, elevam Fernando Henrique Cardoso à galeria dos grandes presidentes que esse país já teve.”
Ouvi atentamente sua aula no Fórum da Liberdade, e também o aplaudi de pé. Mas nem por isso deixei de perceber a forma esperta com que ele se esquivou da responsabilidade pelo aumento da carga tributária de 28% para 36% do PIB, sob seu governo. Também não poupo críticas ao ex-presidente, por ter desperdiçado o prestígio político que tinha, na batalha pela sua própria reeleição, quando talvez, melhor fizesse pela nação se tivesse usado a força política que o Plano Real lhe concedeu, para levar a cabo uma efetiva Reforma do Estado, que nos poupasse o overprice que hoje pagamos pelo Estado e pelo governo que temos. Ainda assim, acho que ele tem mais méritos do que deméritos como governante.
Em princípio, não teria porque criticar Lula. Mas Lula é uma personalidade pública, e como líder e presidente da República, é um mau exemplo. Decidi escrever esse artigo pois percebi, na atenta platéia de mais de 3.000 pessoas que ouvia FHC, um sentimento análogo.
Talvez seja difícil para quem não é porto-alegrense, saber o que significa viver numa cidade em que o PT tem (ou teve?), hegemonia política. Não faz muito tempo, criticar o PT na imprensa, no meio acadêmico e em certos círculos da classe média nessa cidade, condenava o crítico ao isolamento social e à rotulagens de toda a natureza. Quando não, à calúnia, à difamação e a processos por delito de opinião.
O público do Fórum da Liberdade, embora eclético, sempre foi a exceção que confirma a regra da enorme ascendência que o PT tem (ou tinha?) sobre a classe média dessa província. Mas, dessa vez, os organizadores inovaram. O Fórum foi transferido do distante auditório da Federação das Indústrias do RS, para o Centro de Eventos da PUC. O público, agora, tinha pelo menos o dobro das melhores audiências que as edições anteriores do evento já tiveram. Quando FHC entrou no recinto, uma minoria ensaiou uma vaia. Pois pasmem, a vaia foi sufocada pela reação da maioria, composta de jovens estudantes que aplaudiram de pé o ex-presidente na chegada e no fim da sua palestra. No meio da fala de FHC, um grupo de estudantes do PC do B tentou perturbar a interessada audiência, com uma ruidosa bagunça, devidamente contida pela segurança. Pois, pasmem mais uma vez, outro grupo de estudantes saiu da platéia para o saguão e protagonizou uma manifestação espontânea de contestação aos comunistas. Algo impensável em Porto Alegre até pouco tempo atrás.
As coisas estão mudando profundamente na capital do Fórum Social Mundial, cuja população nutria, até recentemente, uma cega paixão política pelo PT.
Eu não me atreveria a caracterizar essas reações à presença de FHC no ninho do mais arraigado petismo existente no Brasil, como um sentimento de “saudades de FHC presidente”. Mas que muita gente aqui na província deve estar repensando seus critérios de opção política e eleitoral, com certeza está.
Assisti no último dia 6 a palestra de Fernando Henrique Cardoso no 17º Fórum da Liberdade. Foi inevitável, ao ouvi-lo, estabelecer a comparação entre o presidente que temos e o presidente que tivemos. O contraste entre FHC e Lula favorece de forma gritante o primeiro.
Do alto da experiência que o tempo de vida e os dois mandatos de presidente da República lhe conferem, e da sólida formação acadêmica que tem, FHC falou com naturalidade e desenvoltura sobre os obstáculos e desafios de presidir um país como o Brasil, num mundo complexo como o de hoje. O domínio do passado, do presente e do futuro do nosso processo político transbordava de suas palavras com a naturalidade de quem sabe o que fala pela teoria e pela prática.
À noite, na sala de aula da universidade, uma aluna que também estivera no evento me fez o seguinte comentário: “professor, depois de ouvir FHC me deu vontade de ler novamente “A República” de Platão. Talvez ele tivesse razão ao defender o governo dos filósofos.”
Calma Adriana. Nem tanto. Talvez a razão estivesse com Aristóteles, para quem a filosofia deveria ser levada a todos. Especialmente, no nosso caso, ao presidente, pensei...
Mas não a contestei. Confesso que, enquanto ouvia FHC, passavam-me pela cabeça questionamentos sobre a importância de um presidente de qualquer nação hoje precisar de uma sólida formação teórica para governar. Talvez nos tempos de Lincoln fosse possível a um filho de lenhador semi-analfabeto presidir um país contando apenas com o dom da liderança e a sabedoria empírica. Mas hoje, numa sociedade em que a tecnologia tornou-se fator estratégico nas relações econômicas, políticas, sociais e culturais, e em que o mundo está interligado por redes de comunicação instantânea, distribuindo impactos de toda a natureza por todos os quadrantes do planeta, isso não é mais possível.
Em 1989, 1994 e 1998, a falta de formação acadêmica e de experiência administrativa certamente pesou como critério de decisão para que o eleitorado negasse a Lula a vitória nas urnas. Mas, cansado e desiludido com os presidentes do ciclo democrático recente, e carente de resposta urgente para suas demandas, em 2002 o povo brasileiro apostou suas últimas ilusões na possibilidade de que um líder messiânico pudesse ter soluções mágicas para seus problemas.
Conheci Lula pessoalmente quando trabalhei como produtor de vídeo da TV dos Trabalhadores, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, entre 1986 e 1989. Admiro-o como animal político, independentemente das diferenças ideológicas que, desde o final dos anos 80, nos separam. Reconheço nele uma inteligência fora do comum. Imagina se gostasse dos livros. Mas Lula não gosta de estudar. Um péssimo exemplo vindo de um líder popular, num país de analfabetos funcionais. Oportunidades para estudar não lhe faltaram. E não falo da educação formal, que Lula não freqüentou pelas mesmas razões que impedem muitos brasileiros pobres de estudar. Talvez o preconceito de Lula em relação aos intelectuais tenha origem, com certa dose de razão, nas idéias daqueles que o cercam, e que apareceram aos montes na sua propaganda eleitoral, mas que, felizmente, em sua maioria não estão na equipe desse governo.
Para quem, como eu, sente prazer em estudar, e persegue a condição de um dia poder viver para pesquisar e escrever apenas – coisa que o salário de professor universitário num país de lulas me impede - dói saber-se governado por alguém que diz que vai ensinar aos cientistas políticos como se governa, e que delira achando que fez mais em 15 meses de governo do que seus antecessores fizeram em 500 anos.
Presidente, cientistas políticos não estudam para governar. Muito embora o último que nos governou tenha muito a lhe ensinar.
Admiro também, o animal político FHC. Inclusive, já tive oportunidade de enaltecer suas realizações como governante. Em 09/02/2004, publiquei artigo intitulado “O milagre dos militares, o milagre de FHC e o milagre de Lula”, no qual afirmei que “(. . .) o tempo irá dar crédito ao ex-presidente, mudanças estruturais profundas e estratégicas para o futuro do país foram implantadas nesse período. A conquista e preservação da estabilidade da economia; a consolidação da democracia; as privatizações, especialmente das telecomunicações; a atração de investimentos industriais e em infra-estrutura; a descentralização industrial com a instalação de montadoras de automóveis e outras empresas em vários estados; o impulso ao agro-negócio brasileiro, que se tornou líder mundial de produção em vários setores; o saneamento do sistema financeiro nacional; a consolidação da cultura da responsabilidade fiscal, e as políticas sociais cujos resultados positivos as estatísticas sócio-econômicas de hoje atestam; entre outros feitos, certamente, elevam Fernando Henrique Cardoso à galeria dos grandes presidentes que esse país já teve.”
Ouvi atentamente sua aula no Fórum da Liberdade, e também o aplaudi de pé. Mas nem por isso deixei de perceber a forma esperta com que ele se esquivou da responsabilidade pelo aumento da carga tributária de 28% para 36% do PIB, sob seu governo. Também não poupo críticas ao ex-presidente, por ter desperdiçado o prestígio político que tinha, na batalha pela sua própria reeleição, quando talvez, melhor fizesse pela nação se tivesse usado a força política que o Plano Real lhe concedeu, para levar a cabo uma efetiva Reforma do Estado, que nos poupasse o overprice que hoje pagamos pelo Estado e pelo governo que temos. Ainda assim, acho que ele tem mais méritos do que deméritos como governante.
Em princípio, não teria porque criticar Lula. Mas Lula é uma personalidade pública, e como líder e presidente da República, é um mau exemplo. Decidi escrever esse artigo pois percebi, na atenta platéia de mais de 3.000 pessoas que ouvia FHC, um sentimento análogo.
Talvez seja difícil para quem não é porto-alegrense, saber o que significa viver numa cidade em que o PT tem (ou teve?), hegemonia política. Não faz muito tempo, criticar o PT na imprensa, no meio acadêmico e em certos círculos da classe média nessa cidade, condenava o crítico ao isolamento social e à rotulagens de toda a natureza. Quando não, à calúnia, à difamação e a processos por delito de opinião.
O público do Fórum da Liberdade, embora eclético, sempre foi a exceção que confirma a regra da enorme ascendência que o PT tem (ou tinha?) sobre a classe média dessa província. Mas, dessa vez, os organizadores inovaram. O Fórum foi transferido do distante auditório da Federação das Indústrias do RS, para o Centro de Eventos da PUC. O público, agora, tinha pelo menos o dobro das melhores audiências que as edições anteriores do evento já tiveram. Quando FHC entrou no recinto, uma minoria ensaiou uma vaia. Pois pasmem, a vaia foi sufocada pela reação da maioria, composta de jovens estudantes que aplaudiram de pé o ex-presidente na chegada e no fim da sua palestra. No meio da fala de FHC, um grupo de estudantes do PC do B tentou perturbar a interessada audiência, com uma ruidosa bagunça, devidamente contida pela segurança. Pois, pasmem mais uma vez, outro grupo de estudantes saiu da platéia para o saguão e protagonizou uma manifestação espontânea de contestação aos comunistas. Algo impensável em Porto Alegre até pouco tempo atrás.
As coisas estão mudando profundamente na capital do Fórum Social Mundial, cuja população nutria, até recentemente, uma cega paixão política pelo PT.
Eu não me atreveria a caracterizar essas reações à presença de FHC no ninho do mais arraigado petismo existente no Brasil, como um sentimento de “saudades de FHC presidente”. Mas que muita gente aqui na província deve estar repensando seus critérios de opção política e eleitoral, com certeza está.
quarta-feira, abril 07, 2004
MAIS DETALHES SOBRE O CRIME ORGANIZADO NO BRASIL
Nas trevas da escuridão!
Agamenon Mendes Pedreira
já foi enviado em várias guerras mas prefere não falar sobre este assunto.
O mundo está acabando! E começou logo pelo casamento da Luma de Oliveira. E as coisas não param por aí. Comandos terroristas arábico- fanáticos ameaçam a Humanidade com crimes cada vez mais superproduzidos. Dizem que os fascínoras da Al Qaeda contrataram o cineasta Jon Woo para dirigir o seu próximo mega atentado. Em depoimento no Congresso Americano, o ex-diretor da CIA, Anthony Garotinho, revelou que a rede Habib's financia o grupo terroristas Mártires de Al Kafta. Realmente existe algo de muito nebuloso numa rede lanchonetes que consegue o milagre de vender meia dúzia de esfihas por menos de um real! E o Habibs não atua sozinho. Uma vasta rede subterrânea e secreta alia o fast food de kibes ao Clube Monte Líbano, o Kalil M. Gebara Tecidos, o ex-prefeito Paulo Maluf e o empresário Eike Batista que não é árabe mas também esta querendo destruir a civilização judaico-cristã ocidental e o Corpo de Bombeiros. Não necessariamente nesta ordem.
O mundo não terá paz enquanto não prenderem o Osama Bin Laden que continua circulando livremente e fazendo o que bem entende, como se fosse um traficante no Rio de Janeiro. Dizem até que o perigoso terrorista internacional foi visto fazendo uma ponta no filme "A Paixão de Cristo", de Mel Lisboa Gibson, onde aparece perseguindo um grupo de judeus. Na verdade, os serviços secretos americanos são muito piores que o do seriado "24 Horas". Por que eles até hoje não conseguiram encontrar o esconderijo do Osama? Ora, todo mundo sabe que um arqui-criminoso deste calibre só pode estar escondido dentro de um vulcão numa ilha deserta como nos filmes do James Bond.
Para dar um jeito no terrorismo internacional o presidente Luis Inércio Lula da Silva, sempre pronto para resolver os pobremas da Humanidade, propôs uma taxação, uma espécie de CPMF, para os grupos terroristas internacionais. Para cada atentado sangrento seria cobrada um imposto de 20% . Uma parte ficava com a ONU, outra parte com o Fome Zero e 1% iria para a caixinha do PT.
Agamenon Mendes Pedreira
já foi enviado em várias guerras mas prefere não falar sobre este assunto.
O mundo está acabando! E começou logo pelo casamento da Luma de Oliveira. E as coisas não param por aí. Comandos terroristas arábico- fanáticos ameaçam a Humanidade com crimes cada vez mais superproduzidos. Dizem que os fascínoras da Al Qaeda contrataram o cineasta Jon Woo para dirigir o seu próximo mega atentado. Em depoimento no Congresso Americano, o ex-diretor da CIA, Anthony Garotinho, revelou que a rede Habib's financia o grupo terroristas Mártires de Al Kafta. Realmente existe algo de muito nebuloso numa rede lanchonetes que consegue o milagre de vender meia dúzia de esfihas por menos de um real! E o Habibs não atua sozinho. Uma vasta rede subterrânea e secreta alia o fast food de kibes ao Clube Monte Líbano, o Kalil M. Gebara Tecidos, o ex-prefeito Paulo Maluf e o empresário Eike Batista que não é árabe mas também esta querendo destruir a civilização judaico-cristã ocidental e o Corpo de Bombeiros. Não necessariamente nesta ordem.
O mundo não terá paz enquanto não prenderem o Osama Bin Laden que continua circulando livremente e fazendo o que bem entende, como se fosse um traficante no Rio de Janeiro. Dizem até que o perigoso terrorista internacional foi visto fazendo uma ponta no filme "A Paixão de Cristo", de Mel Lisboa Gibson, onde aparece perseguindo um grupo de judeus. Na verdade, os serviços secretos americanos são muito piores que o do seriado "24 Horas". Por que eles até hoje não conseguiram encontrar o esconderijo do Osama? Ora, todo mundo sabe que um arqui-criminoso deste calibre só pode estar escondido dentro de um vulcão numa ilha deserta como nos filmes do James Bond.
Para dar um jeito no terrorismo internacional o presidente Luis Inércio Lula da Silva, sempre pronto para resolver os pobremas da Humanidade, propôs uma taxação, uma espécie de CPMF, para os grupos terroristas internacionais. Para cada atentado sangrento seria cobrada um imposto de 20% . Uma parte ficava com a ONU, outra parte com o Fome Zero e 1% iria para a caixinha do PT.