quarta-feira, dezembro 31, 2003
Poder arranha ética do PT
O alto comando do PERIGO VERMELHO produz fatos que facilitam muito a vida deste bolg.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/80279.html
Principal legado do partido durante toda sua existência, a tão propalada ética do PT, ancorada na honestidade e transparência, não resistiu ao charme e sedução do poder. No primeiro ano de governo Lula, o PT destacou-se mais por adotar condutas inimagináveis até as eleições passadas do que pelas ações esperadas e prometidas, como avanços na área social e redução do desemprego.
Teve de tudo um pouco que combatia: proteção a sonegador de impostos, loteamento político de cargos em detrimento de critérios técnicos, enterro de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), cuja instalação o partido brigava até o ano passado, acusação de malversação de dinheiro público em viagens de ministro, recebimento de presentes pela primeira-dama, críticas às investigações do Ministério Público envolvendo membros do partido e até defesa da Lei da Mordaça para os procuradores calarem a boca. Tudo que o partido sempre combateu ferozmente.
“Realmente, é inevitável que, uma vez estando no governo, o ponto de vista defendido na oposição seja relativizado. No caso do PT, sua ênfase em termos éticos é uma parte importante de seu capital político. Portanto, o partido deve estar muito atento ao desgaste causado por esses contrastes”, alerta o cientista político e professor da USP Eduardo Kugelmas.
Segundo ele, essas atitudes conflitantes com posições claramente marcadas anteriormente serão cobradas no futuro. “A transformação é inevitável, mas, no caso do PT, como o seu capital político depende muito dessa postura, o desgaste tende a ser grande, mesmo que ainda não se manifeste em pesquisas de opinião, e terá conseqüências no futuro”. Para Kugelmas, faltou reflexão prévia do PT sobre esses problemas.
Vítima da guilhotina petista que, ao mesmo tempo tentou poupar o governador de Rondônia Flamarion Portela, recém-filiado ao partido, envolvido nas denúncias de corrupção no escândalo dos gafanhotos, a senadora Heloísa Helena resume essas ações do ex-partido: “Mudar de concepção frente à administração pública não é problema. Passa a sê-lo quando utilizamos os mesmos argumentos que combatíamos ferozmente e classificávamos como fraudulentos quando apresentados pelo outro lado”.
Vidraça dos ataques petistas quando estava no poder, o PSDB comemora. A assessoria de José Serra, que sonha com o Planalto em 2006, armazena agora a mesma munição que o PT usou contra o governo tucano. “O PT recomendava CPI para tudo, até para crise conjugal, mau-olhado e torção de joelho. Agora, não quer CPI nem para investigar o governo passado”, diz o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Recentemente, o governo articulou para sepultar a idéia de uma CPI para investigar a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/80279.html
Principal legado do partido durante toda sua existência, a tão propalada ética do PT, ancorada na honestidade e transparência, não resistiu ao charme e sedução do poder. No primeiro ano de governo Lula, o PT destacou-se mais por adotar condutas inimagináveis até as eleições passadas do que pelas ações esperadas e prometidas, como avanços na área social e redução do desemprego.
Teve de tudo um pouco que combatia: proteção a sonegador de impostos, loteamento político de cargos em detrimento de critérios técnicos, enterro de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), cuja instalação o partido brigava até o ano passado, acusação de malversação de dinheiro público em viagens de ministro, recebimento de presentes pela primeira-dama, críticas às investigações do Ministério Público envolvendo membros do partido e até defesa da Lei da Mordaça para os procuradores calarem a boca. Tudo que o partido sempre combateu ferozmente.
“Realmente, é inevitável que, uma vez estando no governo, o ponto de vista defendido na oposição seja relativizado. No caso do PT, sua ênfase em termos éticos é uma parte importante de seu capital político. Portanto, o partido deve estar muito atento ao desgaste causado por esses contrastes”, alerta o cientista político e professor da USP Eduardo Kugelmas.
Segundo ele, essas atitudes conflitantes com posições claramente marcadas anteriormente serão cobradas no futuro. “A transformação é inevitável, mas, no caso do PT, como o seu capital político depende muito dessa postura, o desgaste tende a ser grande, mesmo que ainda não se manifeste em pesquisas de opinião, e terá conseqüências no futuro”. Para Kugelmas, faltou reflexão prévia do PT sobre esses problemas.
Vítima da guilhotina petista que, ao mesmo tempo tentou poupar o governador de Rondônia Flamarion Portela, recém-filiado ao partido, envolvido nas denúncias de corrupção no escândalo dos gafanhotos, a senadora Heloísa Helena resume essas ações do ex-partido: “Mudar de concepção frente à administração pública não é problema. Passa a sê-lo quando utilizamos os mesmos argumentos que combatíamos ferozmente e classificávamos como fraudulentos quando apresentados pelo outro lado”.
Vidraça dos ataques petistas quando estava no poder, o PSDB comemora. A assessoria de José Serra, que sonha com o Planalto em 2006, armazena agora a mesma munição que o PT usou contra o governo tucano. “O PT recomendava CPI para tudo, até para crise conjugal, mau-olhado e torção de joelho. Agora, não quer CPI nem para investigar o governo passado”, diz o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Recentemente, o governo articulou para sepultar a idéia de uma CPI para investigar a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
domingo, dezembro 28, 2003
Poder faz PT descer do pedestal
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/28/pol010.html
O ano de 2003 passará aos registros da política como marco da conversão do PT ao mundo real, sem idealizações. Ganhou o poder e desceu daquele pedestal mais ou menos santificado em que viveu durante seus mais de 20 anos como oposição.
Para conseguir maioria no Congresso fez os mesmos acordos fisiológicos de sempre, lançou mão das emendas parlamentares para conseguir aprovar as reformas e o Orçamento da União, aliou-se a setores francamente atrasados e, diante de acusações , tentou desmoralizar os acusadores. Ou seja, nada de novo. Ao contrário: muito do que há de mais velho na política brasileira.
Não que o ano que agora se fecha tenha fornecido algum sinal de mudança. Se basearmos as expectativas na retrospectiva, realmente, tudo indica que a preocupação do governo na seara política não vai nessa direção. Caminha, isso sim, para um projeto de construção da hegemonia petista em detrimento dos outros partidos e, em última análise, em prejuízo do pluripartidarismo de fato.
Pode parecer exagero, até porque o discurso é o inverso: defende a consolidação dos partidos, a alternância de poder e tudo o mais. A prática, no entanto, foi de efetiva busca de fortalecimento do PT e indiferença - quase desprezo - pela preservação da dignidade das legendas aliadas.
Tanto houve pesos e medidas diferentes no que tange à concepção partidária dos ocupantes do poder que ao PT foram aplicadas as regras rígidas da disciplina e imposta certa restrição para adesões e, para os outros, prevaleceu o vale-tudo.
O Planalto incentivou o habitual festival de adesismo deslavado que assola todo início de governo e deu às legendas aliadas o tratamento de quintal do palácio.
A oposição foi pega de surpresa, porque jamais imaginava que o PT adotaria com tanta desenvoltura posições até outro dia execradas pelo partido. Com isso, os tucanos principalmente, ficaram sem um eixo para construir um diálogo de fácil tradução com o eleitorado.
A linha de raciocínio atual - do "bolchevismo sem utopia" - ainda é muito elaborada para ultrapassar os limites dos círculos mais informados. No entendimento do cidadão comum, para todos os efeitos o PSDB colaborou. E, se o fez, foi porque considerava corretas as propostas do governo.
O ano de 2003 passará aos registros da política como marco da conversão do PT ao mundo real, sem idealizações. Ganhou o poder e desceu daquele pedestal mais ou menos santificado em que viveu durante seus mais de 20 anos como oposição.
Para conseguir maioria no Congresso fez os mesmos acordos fisiológicos de sempre, lançou mão das emendas parlamentares para conseguir aprovar as reformas e o Orçamento da União, aliou-se a setores francamente atrasados e, diante de acusações , tentou desmoralizar os acusadores. Ou seja, nada de novo. Ao contrário: muito do que há de mais velho na política brasileira.
Não que o ano que agora se fecha tenha fornecido algum sinal de mudança. Se basearmos as expectativas na retrospectiva, realmente, tudo indica que a preocupação do governo na seara política não vai nessa direção. Caminha, isso sim, para um projeto de construção da hegemonia petista em detrimento dos outros partidos e, em última análise, em prejuízo do pluripartidarismo de fato.
Pode parecer exagero, até porque o discurso é o inverso: defende a consolidação dos partidos, a alternância de poder e tudo o mais. A prática, no entanto, foi de efetiva busca de fortalecimento do PT e indiferença - quase desprezo - pela preservação da dignidade das legendas aliadas.
Tanto houve pesos e medidas diferentes no que tange à concepção partidária dos ocupantes do poder que ao PT foram aplicadas as regras rígidas da disciplina e imposta certa restrição para adesões e, para os outros, prevaleceu o vale-tudo.
O Planalto incentivou o habitual festival de adesismo deslavado que assola todo início de governo e deu às legendas aliadas o tratamento de quintal do palácio.
A oposição foi pega de surpresa, porque jamais imaginava que o PT adotaria com tanta desenvoltura posições até outro dia execradas pelo partido. Com isso, os tucanos principalmente, ficaram sem um eixo para construir um diálogo de fácil tradução com o eleitorado.
A linha de raciocínio atual - do "bolchevismo sem utopia" - ainda é muito elaborada para ultrapassar os limites dos círculos mais informados. No entendimento do cidadão comum, para todos os efeitos o PSDB colaborou. E, se o fez, foi porque considerava corretas as propostas do governo.
sábado, dezembro 27, 2003
ALGUÉM AÍ TEM NOTÍCIAS DA ROSEANA SARNEY, DO ACM E DO JADER BARBALHO ?
Engraçado, depois que o pai da Rose virou presidente do senado e petista desde criancinha, ajudando a aprovar tudo que aparece na reta, ninguém mais falou naquela montanha de dinheiro vivo encontado na casa dela. Muito menos dos grampos e da vialação do painel eletrônico e do caso BANESTADO.
Êta partidozinho coerênte, sô.
Êta partidozinho coerênte, sô.
ISTO É GOLPE DE ESTADO, diria Zé Genoíno na era FHC
O politsBURGER está propondo uma reforma política, elaborada e relatada pelo ruralista, latifundiário, anti-MST, fundador da União Democrática Ruralista, deputado gioano Ronaldo Caiado, do PFL, então intitulado Partido do Fisiologismo Libarado pelo então PT opição à FHC e à tudo isto que estava aí naquele período.
A proposta tem dois pontos fundamentais : fortalecimento dos partidos e redução do poder econômico das pesoas físicas e jurídicas nas eleições. Há alguns aspectos importantes na proposta, mas o objetivo aqui não é elogiar o PERIGO VERMELHO, mas ressaltar a gritante contradição entre o PT governo e o PT oposição à FHC e à tudo isto que estava aí.
Pergunto : porque o politsBURGER está favorável à proposta de um latifundiário do PFL ? Porque eles estão de acordo com o fortalecimento dos partidos neste exato momento ? Será que há alguma conveniência nisto ? Faço minhas as palavras do ex-deputado José Então Genoíno : Isto é golpe de Estado discarado !!!
Proposta de reforma política muda radicalmente sistema eleitoral brasileiro
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/79681.html
Brasília - Financiamento público de campanhas eleitorais, fim das coligações partidárias e criação das federações partidárias para as eleições proporcionais e escolha de deputados federais e estaduais e vereadores em listas fechadas (ou pré-ordenadas). Estas são as principais mudanças propostas em projeto de lei elaborado por Comissão Especial temporária da Câmara dos Deputados. O projeto é o ponto de partida para a reforma política, um dos principais itens da agenda parlamentar em 2004.
Se aprovadas, somente essas alterações serão suficientes para mudar radicalmente o processo eleitoral brasileiro, que instituiu em 1932 o sistema proporcional como praticado até a última eleição em 2002, em que o eleitor vota em candidatos e não no partido. A proposta da comissão inverte a tendência, buscando fortalecer as agremiações partidárias, evitando o troca troca de partidos e o favorecimento do poder econômico a candidatos ou partidos, com o financiamento público das campanhas e reunindo dois ou mais partidos em federações partidárias, obrigando os partidos delas participantes a um programa comum de duração mínima de três anos.
O financiamento público das campanhas é um dos pontos mais ousados do projeto de lei, elaborado na Comissão Especial pelo relator deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO). A proposta final aprovada prevê que a cada ano eleitoral a lei orçamentária incluirá rubrica própria com recursos para financiamento de campanha equivalente a R$ 7,00 para cada eleitor. Se tivesse sido aplicado nas eleições de 2002, quando foram registrados para votar 115.254.113 eleitores, o financiamento público da campanha teria sido de R$ 806.778.791,00.
Com o financiamento público virá a proibição de qualquer outro tipo de ajuda financeira, seja de pessoas jurídicas, seja de pessoas físicas, até mesmo por meio de publicidade de qualquer espécie. O projeto prevê que tanto financiadores quanto beneficiários de contribuições ilegais serão punidos, com pagamento de multa de cinco a dez vezes o valor doado, e nas eleições majoritárias o candidato que infringir a regra estará sujeito à cassação do registro ou do diploma, se este já houver sido expedido.
As listas fechadas ou pré-ordenadas deverão representar possivelmente a maior resistência no âmbito do Congresso Nacional, pois representa uma tradição de mais de 70 anos. Pela proposta, o eleitor vota somente na legenda e os candidatos serão eleitos por uma lista pré-determinada em convenção do partido ou de federação partidária. O presidente da comissão, deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ), considera que o objetivo maior do projeto é o fortalecimento dos partidos, evitando "a deturpação do sistema eleitoral causada pelas coligações proporcionais; a extrema personalização do voto nas eleições proporcionais, da qual resulta o enfraquecimento das agremiações partidárias; a excessiva fragmentação do quadro partidário; e as intensas migrações entre as legendas, cujas bancadas no Legislativo oscilam substancialmente ao longo das legislaturas".
Na parte relativa à criação das federações partidárias temporárias, substitutivas das coligações restritas ao período eleitoral, que podem beneficiar os pequenos partidos, a proposta é que seja diminuído de cinco para dois por cento o percentual mínimo de votos para a Câmara dos Deputados, em pelo menos um terço dos estados (nove) e que o partido consiga eleger pelo menos um deputado no mínimo de cinco estados para poder permanecer com representação partidária no Congresso Nacional.
O projeto de lei, que deverá ter sua tramitação iniciada a partir de fevereiro próximo, procura alterar leis como o Código Eleitoral, de 1965; a Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1995, e a Lei Eleitoral, de 1997, e prevê ainda regras de maior transparência para a elaboração e divulgação das pesquisas eleitorais.
A proposta tem dois pontos fundamentais : fortalecimento dos partidos e redução do poder econômico das pesoas físicas e jurídicas nas eleições. Há alguns aspectos importantes na proposta, mas o objetivo aqui não é elogiar o PERIGO VERMELHO, mas ressaltar a gritante contradição entre o PT governo e o PT oposição à FHC e à tudo isto que estava aí.
Pergunto : porque o politsBURGER está favorável à proposta de um latifundiário do PFL ? Porque eles estão de acordo com o fortalecimento dos partidos neste exato momento ? Será que há alguma conveniência nisto ? Faço minhas as palavras do ex-deputado José Então Genoíno : Isto é golpe de Estado discarado !!!
Proposta de reforma política muda radicalmente sistema eleitoral brasileiro
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/79681.html
Brasília - Financiamento público de campanhas eleitorais, fim das coligações partidárias e criação das federações partidárias para as eleições proporcionais e escolha de deputados federais e estaduais e vereadores em listas fechadas (ou pré-ordenadas). Estas são as principais mudanças propostas em projeto de lei elaborado por Comissão Especial temporária da Câmara dos Deputados. O projeto é o ponto de partida para a reforma política, um dos principais itens da agenda parlamentar em 2004.
Se aprovadas, somente essas alterações serão suficientes para mudar radicalmente o processo eleitoral brasileiro, que instituiu em 1932 o sistema proporcional como praticado até a última eleição em 2002, em que o eleitor vota em candidatos e não no partido. A proposta da comissão inverte a tendência, buscando fortalecer as agremiações partidárias, evitando o troca troca de partidos e o favorecimento do poder econômico a candidatos ou partidos, com o financiamento público das campanhas e reunindo dois ou mais partidos em federações partidárias, obrigando os partidos delas participantes a um programa comum de duração mínima de três anos.
O financiamento público das campanhas é um dos pontos mais ousados do projeto de lei, elaborado na Comissão Especial pelo relator deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO). A proposta final aprovada prevê que a cada ano eleitoral a lei orçamentária incluirá rubrica própria com recursos para financiamento de campanha equivalente a R$ 7,00 para cada eleitor. Se tivesse sido aplicado nas eleições de 2002, quando foram registrados para votar 115.254.113 eleitores, o financiamento público da campanha teria sido de R$ 806.778.791,00.
Com o financiamento público virá a proibição de qualquer outro tipo de ajuda financeira, seja de pessoas jurídicas, seja de pessoas físicas, até mesmo por meio de publicidade de qualquer espécie. O projeto prevê que tanto financiadores quanto beneficiários de contribuições ilegais serão punidos, com pagamento de multa de cinco a dez vezes o valor doado, e nas eleições majoritárias o candidato que infringir a regra estará sujeito à cassação do registro ou do diploma, se este já houver sido expedido.
As listas fechadas ou pré-ordenadas deverão representar possivelmente a maior resistência no âmbito do Congresso Nacional, pois representa uma tradição de mais de 70 anos. Pela proposta, o eleitor vota somente na legenda e os candidatos serão eleitos por uma lista pré-determinada em convenção do partido ou de federação partidária. O presidente da comissão, deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ), considera que o objetivo maior do projeto é o fortalecimento dos partidos, evitando "a deturpação do sistema eleitoral causada pelas coligações proporcionais; a extrema personalização do voto nas eleições proporcionais, da qual resulta o enfraquecimento das agremiações partidárias; a excessiva fragmentação do quadro partidário; e as intensas migrações entre as legendas, cujas bancadas no Legislativo oscilam substancialmente ao longo das legislaturas".
Na parte relativa à criação das federações partidárias temporárias, substitutivas das coligações restritas ao período eleitoral, que podem beneficiar os pequenos partidos, a proposta é que seja diminuído de cinco para dois por cento o percentual mínimo de votos para a Câmara dos Deputados, em pelo menos um terço dos estados (nove) e que o partido consiga eleger pelo menos um deputado no mínimo de cinco estados para poder permanecer com representação partidária no Congresso Nacional.
O projeto de lei, que deverá ter sua tramitação iniciada a partir de fevereiro próximo, procura alterar leis como o Código Eleitoral, de 1965; a Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1995, e a Lei Eleitoral, de 1997, e prevê ainda regras de maior transparência para a elaboração e divulgação das pesquisas eleitorais.
sexta-feira, dezembro 26, 2003
REAL-POLITIK : foi-se o tempo em que viajámos na maionese
Agora que chegaram ao poder, os membros do politsBURGER resolveram colocar as teorias em prática. Começaram, evidentemente, pelo que sempre fizeram : viajar. Antes viajavam na maionese, propondo acabar com o capitalismo, com a Rede Globo de televisão, com o sistema financeiro internacional e com tudo isto que está aí. Agora, resolveram viajar de verdade, por conta do contribuinte, é claro. Ninguém deixou de ir à reuniões de empresários (capitalistas), ao enterro de jornalistas (Roberto Marinho), às reuniões do fórum econômico mundial (banqueiros) ou de visitar tudo isto que está aí (lojas de roupas em NY, museus na europa e praias nos quatro cantos do mundo).
Câmara gastou mais de R$ 800 mil com viagens
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/26/pol008.html?
A Câmara autorizou 31 deputados a viajar ao exterior depois da polêmica visita do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e de líderes partidários, à Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no fim de outubro. Só em diárias declaradas, a Câmara gastou com os viajantes início de novembro até agora US$ 33.580 - R$ 100.404, com o dólar turismo a R$ 2,99. Isso sem contar o valor das passagens na classe econômica, em média de US$ 700 para cada um. Mas nem todos os parlamentares fizeram a prestação de contas de suas viagens. As informações constam do site da Câmara na internet .
Até a ida de João Paulo e dos líderes à ONU, a Câmara autorizara 210 viagens ao exterior, com gastos totais de R$ 644.368,79. Levando-se em conta que as viagens dos parlamentares custaram no mínimo R$ 64.883 em passagens, mais os R$ 100 mil das diárias divulgadas e as de deputados como José Thomas Nonô (PFL-AL), Ivan Valente (PT-SP) e Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), que não disseram ainda quanto receberam, as idas e vindas deste ano da Câmara já ultrapassaram em muito os R$ 800 mil.
O presidente da Câmara insiste em defender essas viagens para o exterior, sob o argumento de que oferecem aos parlamentares contatos com experiências de outros países, como a forma de funcionamento de outros parlamentos e da ONU, por exemplo. "Essas viagens são importantes e trazem ganhos para o Legislativo", assegura João Paulo sempre que alguém faz qualquer referência a elas.
Câmara gastou mais de R$ 800 mil com viagens
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/26/pol008.html?
A Câmara autorizou 31 deputados a viajar ao exterior depois da polêmica visita do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e de líderes partidários, à Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no fim de outubro. Só em diárias declaradas, a Câmara gastou com os viajantes início de novembro até agora US$ 33.580 - R$ 100.404, com o dólar turismo a R$ 2,99. Isso sem contar o valor das passagens na classe econômica, em média de US$ 700 para cada um. Mas nem todos os parlamentares fizeram a prestação de contas de suas viagens. As informações constam do site da Câmara na internet .
Até a ida de João Paulo e dos líderes à ONU, a Câmara autorizara 210 viagens ao exterior, com gastos totais de R$ 644.368,79. Levando-se em conta que as viagens dos parlamentares custaram no mínimo R$ 64.883 em passagens, mais os R$ 100 mil das diárias divulgadas e as de deputados como José Thomas Nonô (PFL-AL), Ivan Valente (PT-SP) e Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), que não disseram ainda quanto receberam, as idas e vindas deste ano da Câmara já ultrapassaram em muito os R$ 800 mil.
O presidente da Câmara insiste em defender essas viagens para o exterior, sob o argumento de que oferecem aos parlamentares contatos com experiências de outros países, como a forma de funcionamento de outros parlamentos e da ONU, por exemplo. "Essas viagens são importantes e trazem ganhos para o Legislativo", assegura João Paulo sempre que alguém faz qualquer referência a elas.
MAMAE MIDIA, EU QUERO MAMAR !!
O lider supremo do politsBURGER, o alto comando do PERIGO VERMELHO, deu à sociedade brasileria um sensacional presente de natal : uma nova teoria jornalística, baseada em larga evidência empírica fornecida pela cardiologia, qual seja, o coração de mãe é maior que a maioria. Há também referência às qualidades do leite materno e ao fato de que seios grandes são mais confortáveis. Não é difícil concluir que os investimentos brasileiros em biotecnologia estão, direta ou indiretamente, voltados para a criação de mães midiáticas com multiplos corações e seios, convenientemente avantajados e fartos. Uma mídia Chester genéticamente modificada, com 70% do corpo composto de seios e coração !!!
A notícia e o coração de mãe
Alberto Dines
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/iq231220031.htm
A festa de encerramento deste primeiro ano do pós-graduação em Ciências Brasileiras converteu-se em portentosa Aula Magna proferida pelo Chefe da Nação com profícuos 87 minutos de duração, ao longo dos quais os 176 milhões de alunos aprenderam um monte de coisas sobre eles mesmos. Inclusive os economistas, filósofos, empresários, estatísticos, historiadores, geógrafos e cientistas políticos.
Os jornalistas foram privilegiados com, pelo menos, cinco proposições originalíssimas:
1. "Notícia é aquilo que não queremos que seja publicado. O resto é publicidade."
2. "Portanto, se falarmos menos e falarmos apenas o necessário, certamente ficaremos mais felizes a cada manhã quando abrirmos as páginas dos jornais e das revistas."
3. "A imprensa, na verdade, é como coração de mãe: por mais que a gente briga com ela, a gente sabe que precisa dela."
4. "Então, em vez de brigar [com a imprensa ] é melhor estabelecer uma política de boa convivência que todo o mundo ganhará mais."
5. "A vocês, jornalistas, tenham paciência comigo que eu tenho com vocês [aplausos da bancada da imprensa]."
No fundo, as proposições são complementares, peças de um mesmo raciocínio. Reunidas, relidas e reavaliadas revelam uma curiosa coerência que seria salutar não fosse a cândida revelação nela embutida, quase uma fixação:
É imperioso que a imprensa fale bem do governo. Se os ministros falarem pouco – escondendo o que poderia gerar debates –, se os jornalistas tiverem a mesma paciência com o governo que o governo tem com os jornalistas, e, se mesmo assim, as notícias publicadas não agradarem, esquece-se o jornalismo e recorre-se à publicidade. Com uma boa convivência todos ganham mais. A imprensa deve funcionar como um generoso coração de mãe capaz de esquecer os defeitos do filho (o governo), assim como o filho não enxerga as obsessões da mãe (a imprensa).
(...)
Uma coisa é certa: foi infeliz a incursão presidencial na teoria jornalística. Revela uma faceta voluntarista até então reservada aos críticos em matéria econômica ou política e poderá gerar perigosas confusões.
Se a mídia insistir no seu aspecto noticioso – isto é, publicar notícias – vai gerar muita irritação. Em compensação, será privilegiada pela publicidade.
Mãe é mãe.
A notícia e o coração de mãe
Alberto Dines
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/iq231220031.htm
A festa de encerramento deste primeiro ano do pós-graduação em Ciências Brasileiras converteu-se em portentosa Aula Magna proferida pelo Chefe da Nação com profícuos 87 minutos de duração, ao longo dos quais os 176 milhões de alunos aprenderam um monte de coisas sobre eles mesmos. Inclusive os economistas, filósofos, empresários, estatísticos, historiadores, geógrafos e cientistas políticos.
Os jornalistas foram privilegiados com, pelo menos, cinco proposições originalíssimas:
1. "Notícia é aquilo que não queremos que seja publicado. O resto é publicidade."
2. "Portanto, se falarmos menos e falarmos apenas o necessário, certamente ficaremos mais felizes a cada manhã quando abrirmos as páginas dos jornais e das revistas."
3. "A imprensa, na verdade, é como coração de mãe: por mais que a gente briga com ela, a gente sabe que precisa dela."
4. "Então, em vez de brigar [com a imprensa ] é melhor estabelecer uma política de boa convivência que todo o mundo ganhará mais."
5. "A vocês, jornalistas, tenham paciência comigo que eu tenho com vocês [aplausos da bancada da imprensa]."
No fundo, as proposições são complementares, peças de um mesmo raciocínio. Reunidas, relidas e reavaliadas revelam uma curiosa coerência que seria salutar não fosse a cândida revelação nela embutida, quase uma fixação:
É imperioso que a imprensa fale bem do governo. Se os ministros falarem pouco – escondendo o que poderia gerar debates –, se os jornalistas tiverem a mesma paciência com o governo que o governo tem com os jornalistas, e, se mesmo assim, as notícias publicadas não agradarem, esquece-se o jornalismo e recorre-se à publicidade. Com uma boa convivência todos ganham mais. A imprensa deve funcionar como um generoso coração de mãe capaz de esquecer os defeitos do filho (o governo), assim como o filho não enxerga as obsessões da mãe (a imprensa).
(...)
Uma coisa é certa: foi infeliz a incursão presidencial na teoria jornalística. Revela uma faceta voluntarista até então reservada aos críticos em matéria econômica ou política e poderá gerar perigosas confusões.
Se a mídia insistir no seu aspecto noticioso – isto é, publicar notícias – vai gerar muita irritação. Em compensação, será privilegiada pela publicidade.
Mãe é mãe.
quarta-feira, dezembro 24, 2003
FOME ZERO PARA OS BANQUEIROS
Os recursos para eliminar a fome e a miséria do país, bandeiras históricas do PT oposição à tudo isto que está aí durante a era FHC, estão sendo destinados pelo PT governo ao sistema financeiro internacional sem qualquer eufemismo.
Setor público gasta R$ 136 bi com juros no primeiro ano do PERIGO VERMELHO
http://www.superavit.com.br/noticias.asp?id=22133
O setor público gastou R$ 136,3 bilhões de janeiro a novembro deste ano com o pagamento de juros da dívida, o que representa 9,59% do Produto Interno Bruto (PIB).
De janeiro a novembro do ano passado, as despesas com juros de União, estados, municípios e estatais ficaram em R$ 96,6 bilhões - 7,91% do PIB.
Somente em novembro foram pagos R$ 12,6 bilhões em juros, ante R$ 9,9 bilhões em outubro. O principal motivo foi o resultado das operações de "swap" cambial (contratos que garantem ao investidor rentabilidade mais variação do dólar) do Banco Central.
Setor público gasta R$ 136 bi com juros no primeiro ano do PERIGO VERMELHO
http://www.superavit.com.br/noticias.asp?id=22133
O setor público gastou R$ 136,3 bilhões de janeiro a novembro deste ano com o pagamento de juros da dívida, o que representa 9,59% do Produto Interno Bruto (PIB).
De janeiro a novembro do ano passado, as despesas com juros de União, estados, municípios e estatais ficaram em R$ 96,6 bilhões - 7,91% do PIB.
Somente em novembro foram pagos R$ 12,6 bilhões em juros, ante R$ 9,9 bilhões em outubro. O principal motivo foi o resultado das operações de "swap" cambial (contratos que garantem ao investidor rentabilidade mais variação do dólar) do Banco Central.
terça-feira, dezembro 23, 2003
SALMÃO COM ALCAPARRAS PROVOCA AMNÉSIA
Depois que passou a comer como um rei e a gastar por conta do contribuinte, Mr. Peace and Love sofre de perda de memória.
http://www.uai.com.br/em.html
Não eram 8h da terça-feira passada quando o ministro das Cidades, Olívio Dutra, embarcou no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) de Brasília com destino a Guaribas. Ele foi à cidade representar o governo no lançamento do programa de abastecimento de água da região. O mesmo tempo que Olívio Dutra levou para percorrer os mais de dois mil quilômetros entre Brasília e Guaribas foi gasto pela dona-de-casa Leidiane Correia Maia, de 26 anos, para carregar na cabeça 20 litros de água de um poço a cinco quilômetros de distância de onde mora.
A casa de três cômodos que Leidiane divide com os cinco filhos e o marido João Mendes Maia fica no Brejão, povoado rural de Guaribas. Essa é uma das oito microrregiões que não foram assistidas pelo programa de abastecimento de água. Apenas quatro povoados, dos 12 que compõem o município, entraram no programa, uma parceria entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Segurança Alimentar e Combate à Fome.
A água é apenas uma das carências na casa de Leidiane. Apesar de não ter nenhuma fonte de renda, ela e os filhos não estão entre as famílias beneficiadas pelo Fome Zero. Sem o dinheiro do governo e a água para poder plantar, o casal sobrevive com a venda esporádica de porcos que a família cria solta, no meio das crianças, pelo povoado de Brejão. Em média, há um porco para cada morador. Por causa do contato direto com os animais, as crianças vivem doentes.
A situação da família de Valdirene da Rocha Silva, de 36 anos, é um exemplo de que só o dinheiro distribuído pelo governo é insuficiente para garantir cidadania. Beneficiária do Cartão-Alimentação desde fevereiro, a rotina de pobreza vivida pela dona-de-casa, seus três filhos e o marido mudou muito pouco.
Combustível
A madeira, cortada a facão, é o combustível do fogão de abode (terra batida) improvisado no quintal. Um fogão a gás permanece desligado dentro de casa. Um botijão em Guaribas custa R$ 33, luxo para quem tem como única fonte de renda R$ 50 da bolsa governamental. O dinheiro também está longe de permitir que a família se aproxime da meta do Fome Zero de dar a cada família três refeições por dia. O dinheiro mal dá para o almoço dos primeiros quinze dias. "Compro arroz, óleo, farinha e macarrão", conta Valdirene. Quando acabam os mantimentos, ela cozinha só o feijão, colhido na roça da família ainda em 2002. Sem chuva, a safra de 2003 não vingou.
http://www.uai.com.br/em.html
Não eram 8h da terça-feira passada quando o ministro das Cidades, Olívio Dutra, embarcou no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) de Brasília com destino a Guaribas. Ele foi à cidade representar o governo no lançamento do programa de abastecimento de água da região. O mesmo tempo que Olívio Dutra levou para percorrer os mais de dois mil quilômetros entre Brasília e Guaribas foi gasto pela dona-de-casa Leidiane Correia Maia, de 26 anos, para carregar na cabeça 20 litros de água de um poço a cinco quilômetros de distância de onde mora.
A casa de três cômodos que Leidiane divide com os cinco filhos e o marido João Mendes Maia fica no Brejão, povoado rural de Guaribas. Essa é uma das oito microrregiões que não foram assistidas pelo programa de abastecimento de água. Apenas quatro povoados, dos 12 que compõem o município, entraram no programa, uma parceria entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Segurança Alimentar e Combate à Fome.
A água é apenas uma das carências na casa de Leidiane. Apesar de não ter nenhuma fonte de renda, ela e os filhos não estão entre as famílias beneficiadas pelo Fome Zero. Sem o dinheiro do governo e a água para poder plantar, o casal sobrevive com a venda esporádica de porcos que a família cria solta, no meio das crianças, pelo povoado de Brejão. Em média, há um porco para cada morador. Por causa do contato direto com os animais, as crianças vivem doentes.
A situação da família de Valdirene da Rocha Silva, de 36 anos, é um exemplo de que só o dinheiro distribuído pelo governo é insuficiente para garantir cidadania. Beneficiária do Cartão-Alimentação desde fevereiro, a rotina de pobreza vivida pela dona-de-casa, seus três filhos e o marido mudou muito pouco.
Combustível
A madeira, cortada a facão, é o combustível do fogão de abode (terra batida) improvisado no quintal. Um fogão a gás permanece desligado dentro de casa. Um botijão em Guaribas custa R$ 33, luxo para quem tem como única fonte de renda R$ 50 da bolsa governamental. O dinheiro também está longe de permitir que a família se aproxime da meta do Fome Zero de dar a cada família três refeições por dia. O dinheiro mal dá para o almoço dos primeiros quinze dias. "Compro arroz, óleo, farinha e macarrão", conta Valdirene. Quando acabam os mantimentos, ela cozinha só o feijão, colhido na roça da família ainda em 2002. Sem chuva, a safra de 2003 não vingou.
GRE + fundo DI = ACESSO SO FOME ZERO
A matilha lacaia adotou criterios impessoais para evitar que pessoas desqualificadas e sem rentabilidade eleitoral tenham acesso ao programa fome zero : aqueles que, comparativamente, têm mais instrução e mais renda terão acesso ao programa. A lógica é simples. Nas regiões mais carentes, estas pessoas são formadoras de opinião e sabem qual é o preço de reserva do voto dos mais pobres. Assim, com grana do fome zero, formam um fundo para financiar a comprar de bens de duas peças para barganha eleitoral, tais como sapatos, chinelos e panelas com tampas. Como reza a tradição, uma parte é dada antes da eleição e a outra só depois do resultado das urnas.
E aí de quem discordar ! A expulsão arbitrária pelo tribunal de inquisição formado pelos fariseus moralistas pró-governo é líquida e certa.
http://www.uai.com.br/em.html
Município mais pobre do Piauí e com o terceiro pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País, Guaribas foi escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para provar que é possível acabar com a fome de milhões de brasileiros. Os 4.140 habitantes da cidade representam menos de 0,01% dos miseráveis do Brasil, que somam 44 milhões de pessoas. Mas apesar da concentração de esforços na região, vitrine do programa de combate à pobreza, um ano depois do início do mandato de Lula as falhas do Fome Zero em Guaribas e nos seus arredores são tão ou mais visíveis que os progressos conquistados nesse período.
Na última semana, a reportagem atravessou o Piauí de carro para chegar a Guaribas, distante 649 quilômetros da capital, Teresina. Em cada um dos 15 municípios visitados, as ações do Fome Zero se perdem em meio à má gestão. Em Caracol, a 50 quilômetros de Guaribas, professores, comerciantes e aposentados estão cadastrados no programa, mesmo não atendendo à principal exigência do governo federal: serem pobres. Na cidade, há pelo menos 20 famílias com renda superior a meio salário mínimo por pessoa beneficiadas pelo Fome Zero. O programa paga R$ 50 mensais para garantir alimentação mínima aos miseráveis.
Janelita Ribeiro Soares, 59 anos, uma das beneficiárias do programa, tem pelo menos seis fontes de renda. Entre elas, um sítio com piscina, onde as crianças da cidade podem nadar se pagarem ingresso de R$ 1. Em Caracol, há outras 527 famílias incluídas no programa.
Numa cidade em que a maioria das famílias sobrevive sem nenhuma renda fixa, Janelita seria a pessoa menos indicada para receber os R$ 50 do Cartão-Alimentação. Ela tem seis fontes de renda, entre elas o Fome Zero. Recebe também R$ 240 de aposentadoria rural do INSS, dá aulas e ganha outros R$ 345. As duas filhas são funcionárias da Prefeitura de Caracol. Com as economias, a família conseguiu comprar casa própria de cinco cômodos e um sítio.
Enquanto uma parte da população de Caracol recebe o dinheiro sem estar dentro dos critérios estabelecidos pelo governo, na área urbana de Guaribas ocorre o inverso: 43 das 281 famílias em situação de miséria não recebem nada desde abril. Elas só tiveram acesso até a terceira parcela do pagamento, iniciado este ano. “Já mandamos a relação dos cadastrados que não recebem para a Caixa Econômica Federal e para o ministério pelo menos umas seis vezes. Até agora não tivemos explicação”, afirma Lauro César de Morais, enfermeiro e integrante do Comitê Gestor da cidade, grupo constituído por pessoas da prefeitura e líderes da comunidade para fiscalizar o programa.
A pobreza persiste mesmo entre as famílias que recebem regularmente o dinheiro do Fome Zero. A principal carência das pessoas que sobrevivem da roça do feijão, milho e arroz é a água. Mas é justamente nesse ponto que a ação do governo ainda é muito primária. Em pelo menos oito das 12 microrregiões que fazem parte de Guaribas, não há sistema de abastecimento. A última chuva, de 4 de novembro, foi fraca. As mudas de feijão não vingaram, base do plantio no lugar. Ao mesmo tempo que a natureza não ajuda, o dinheiro enviado pelo governo é pouco para garantir a feira dos 30 dias. A maioria das famílias gasta a quantia na primeira quinzena do mês.
E aí de quem discordar ! A expulsão arbitrária pelo tribunal de inquisição formado pelos fariseus moralistas pró-governo é líquida e certa.
http://www.uai.com.br/em.html
Município mais pobre do Piauí e com o terceiro pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País, Guaribas foi escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para provar que é possível acabar com a fome de milhões de brasileiros. Os 4.140 habitantes da cidade representam menos de 0,01% dos miseráveis do Brasil, que somam 44 milhões de pessoas. Mas apesar da concentração de esforços na região, vitrine do programa de combate à pobreza, um ano depois do início do mandato de Lula as falhas do Fome Zero em Guaribas e nos seus arredores são tão ou mais visíveis que os progressos conquistados nesse período.
Na última semana, a reportagem atravessou o Piauí de carro para chegar a Guaribas, distante 649 quilômetros da capital, Teresina. Em cada um dos 15 municípios visitados, as ações do Fome Zero se perdem em meio à má gestão. Em Caracol, a 50 quilômetros de Guaribas, professores, comerciantes e aposentados estão cadastrados no programa, mesmo não atendendo à principal exigência do governo federal: serem pobres. Na cidade, há pelo menos 20 famílias com renda superior a meio salário mínimo por pessoa beneficiadas pelo Fome Zero. O programa paga R$ 50 mensais para garantir alimentação mínima aos miseráveis.
Janelita Ribeiro Soares, 59 anos, uma das beneficiárias do programa, tem pelo menos seis fontes de renda. Entre elas, um sítio com piscina, onde as crianças da cidade podem nadar se pagarem ingresso de R$ 1. Em Caracol, há outras 527 famílias incluídas no programa.
Numa cidade em que a maioria das famílias sobrevive sem nenhuma renda fixa, Janelita seria a pessoa menos indicada para receber os R$ 50 do Cartão-Alimentação. Ela tem seis fontes de renda, entre elas o Fome Zero. Recebe também R$ 240 de aposentadoria rural do INSS, dá aulas e ganha outros R$ 345. As duas filhas são funcionárias da Prefeitura de Caracol. Com as economias, a família conseguiu comprar casa própria de cinco cômodos e um sítio.
Enquanto uma parte da população de Caracol recebe o dinheiro sem estar dentro dos critérios estabelecidos pelo governo, na área urbana de Guaribas ocorre o inverso: 43 das 281 famílias em situação de miséria não recebem nada desde abril. Elas só tiveram acesso até a terceira parcela do pagamento, iniciado este ano. “Já mandamos a relação dos cadastrados que não recebem para a Caixa Econômica Federal e para o ministério pelo menos umas seis vezes. Até agora não tivemos explicação”, afirma Lauro César de Morais, enfermeiro e integrante do Comitê Gestor da cidade, grupo constituído por pessoas da prefeitura e líderes da comunidade para fiscalizar o programa.
A pobreza persiste mesmo entre as famílias que recebem regularmente o dinheiro do Fome Zero. A principal carência das pessoas que sobrevivem da roça do feijão, milho e arroz é a água. Mas é justamente nesse ponto que a ação do governo ainda é muito primária. Em pelo menos oito das 12 microrregiões que fazem parte de Guaribas, não há sistema de abastecimento. A última chuva, de 4 de novembro, foi fraca. As mudas de feijão não vingaram, base do plantio no lugar. Ao mesmo tempo que a natureza não ajuda, o dinheiro enviado pelo governo é pouco para garantir a feira dos 30 dias. A maioria das famílias gasta a quantia na primeira quinzena do mês.
segunda-feira, dezembro 22, 2003
Lula só investiu um terço do pior resultado de FHC
O mais impressionante é que matilha lacaia aponta como a principal heranca maldida de Fernando, o Magnífico, o défit da previdência. Será que eles se esqueceram que foi o PERIGO VERMELHO que impediu a aprovação da reforma previdenciária em 1995 e 1998 ? Tenha santa paciência !
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/22/pol013.html?
BRASÍLIA - Sufocado pelo peso da dívida pública e pelo déficit da Previdência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai encerrar seu primeiro ano de governo investindo apenas um terço do total aplicado por Fernando Henrique Cardoso em seu pior ano do governo. Se todos os empenhos feitos até o dia 12 forem efetivamente liquidados este mês, o governo terá investido R$ 4,2 bilhões em 2003, ou o equivalente a apenas 0,27% do Produto Interno Bruto (PIB).
A pior marca de Fernando Henrique ocorreu em 1999, com 0,71% do PIB investido, e a melhor, em 2001, com 1,21%. Em compensação, enquanto o ex-presidente assumiu com uma dívida federal equivalente a 14,9% do PIB e gastou em juros R$ 16,7 bilhões em 1995, o Lula herdou uma dívida de 40% do PIB e já gastou neste ano R$ 83 bilhões com juros.
Nas contas da Previdência, muita coisa também mudou desde o primeiro ano de governo Fernando Henrique. Na época, o déficit do INSS não chegava a R$ 500 milhões - este ano deve fechar em R$ 27 bilhões.
"Da forma como recebemos o País, não era possível fazer investimento nenhum.
Os tucanos não gostam que a gente fale na herança maldita, mas o Brasil estava inadministrável", afirma o deputado Paulo Bernardo, vice-líder do PT na Câmara. Segundo ele, se o governo tivesse liberado os gastos em 2003, correria o risco de perder o controle da dívida e "criar uma situação imponderável".
OBS :
Ô Mané, cê já parou pra pensar qual teria sido o impacto sobre a dinâmica da dívida pública de ter aprovado a reforma da previdência em 1995 ?
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/22/pol013.html?
BRASÍLIA - Sufocado pelo peso da dívida pública e pelo déficit da Previdência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai encerrar seu primeiro ano de governo investindo apenas um terço do total aplicado por Fernando Henrique Cardoso em seu pior ano do governo. Se todos os empenhos feitos até o dia 12 forem efetivamente liquidados este mês, o governo terá investido R$ 4,2 bilhões em 2003, ou o equivalente a apenas 0,27% do Produto Interno Bruto (PIB).
A pior marca de Fernando Henrique ocorreu em 1999, com 0,71% do PIB investido, e a melhor, em 2001, com 1,21%. Em compensação, enquanto o ex-presidente assumiu com uma dívida federal equivalente a 14,9% do PIB e gastou em juros R$ 16,7 bilhões em 1995, o Lula herdou uma dívida de 40% do PIB e já gastou neste ano R$ 83 bilhões com juros.
Nas contas da Previdência, muita coisa também mudou desde o primeiro ano de governo Fernando Henrique. Na época, o déficit do INSS não chegava a R$ 500 milhões - este ano deve fechar em R$ 27 bilhões.
"Da forma como recebemos o País, não era possível fazer investimento nenhum.
Os tucanos não gostam que a gente fale na herança maldita, mas o Brasil estava inadministrável", afirma o deputado Paulo Bernardo, vice-líder do PT na Câmara. Segundo ele, se o governo tivesse liberado os gastos em 2003, correria o risco de perder o controle da dívida e "criar uma situação imponderável".
OBS :
Ô Mané, cê já parou pra pensar qual teria sido o impacto sobre a dinâmica da dívida pública de ter aprovado a reforma da previdência em 1995 ?
domingo, dezembro 21, 2003
poltis-retrospectiva 2003, BURGER-perspectiva 2004
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/21/cad030.html
Daniel Piza
(...) Para quem sempre se disse progressista e honesto, portanto, 2003 foi um ano para esquecer. E isso sem mencionar as incontáveis gafes, os intermináveis discursos, a partidarização da máquina, as grossuras da assessoria de imprensa, as flagrantes contradições. Mesmo na política externa, único setor do governo ainda elogiado pela velha "esquerda", os desencontros são patentes. A retórica megalomaníaca sobre a importância mundial do Brasil não combina com viagens para países como Cuba e Líbia, de economia irrelevante e regime ditatorial, e com as confusões no trato da Alca, em que, a exemplo do que fez o Chile, se poderiam abrir muitas oportunidades comerciais. E a União Européia é mais protecionista que os EUA.
Se a conjuntura interna e externa parece sorrir para o governo em 2004, é preciso lembrar que o Brasil ainda continua a ser um país fundamentalmente despreparado para os tempos globalizantes, com uma produção afetada por educação ruim, infra-estrutura precária, burocracia cerrada, tecnologia primária, impostos pesados - dívidas que não se sanam de um ano para outro.
Ou o governo ataca sua própria massa falida e deixa que a sociedade se mova, ou quem vai crescer mais que tudo é a cobrança popular.
Daniel Piza
(...) Para quem sempre se disse progressista e honesto, portanto, 2003 foi um ano para esquecer. E isso sem mencionar as incontáveis gafes, os intermináveis discursos, a partidarização da máquina, as grossuras da assessoria de imprensa, as flagrantes contradições. Mesmo na política externa, único setor do governo ainda elogiado pela velha "esquerda", os desencontros são patentes. A retórica megalomaníaca sobre a importância mundial do Brasil não combina com viagens para países como Cuba e Líbia, de economia irrelevante e regime ditatorial, e com as confusões no trato da Alca, em que, a exemplo do que fez o Chile, se poderiam abrir muitas oportunidades comerciais. E a União Européia é mais protecionista que os EUA.
Se a conjuntura interna e externa parece sorrir para o governo em 2004, é preciso lembrar que o Brasil ainda continua a ser um país fundamentalmente despreparado para os tempos globalizantes, com uma produção afetada por educação ruim, infra-estrutura precária, burocracia cerrada, tecnologia primária, impostos pesados - dívidas que não se sanam de um ano para outro.
Ou o governo ataca sua própria massa falida e deixa que a sociedade se mova, ou quem vai crescer mais que tudo é a cobrança popular.
Lula é mais conservador do que FHC
Filósofo aponta retrocesso na área social e critica o aparelhamento da máquina: "A continuidade é muito mais nos erros do que nos acertos"
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/21/pol014.html
Estado - A expulsão dos radicais do PT demonstra que o sonho da esquerda acabou neste primeiro ano do governo Lula?
José Arthur Gianotti - Diria que o sonho desse pessoal já estava recheado de creme. A culpa não é minha se eles foram crédulos. É verdade que, no início do ano, eu também estava muito mais entusiasmado. Esperava que o governo acertasse mais, principalmente na área social. Eu também tinha sonhos, mas os meus já estavam fritos e bem passados.
Estado - O que os radicais não entenderam?
Gianotti - Primeiro, essa esquerda não tinha compreendido qual o intervalo em que a ação política pode ser feita no mundo capitalista dominado pelo capital financeiro. Não significa de modo nenhum que não se cometam nesses intervalos acertos e erros. Portanto, é calibrar a ação política nesses intervalos. Segundo, na medida em que o PT foi para o centro, nessa política do intervalo, para suprir a desconfiança com sua folha de serviços, o partido precisava jogar ao mar seus radicais, mostrar que é o escudeiro da nova ordem. Terceiro, como o PT era cristão-novo, precisava aplicar as políticas neoliberais de uma forma muito mais rigorosa do que o governo FHC aplicou e que certamente o (José) Serra aplicaria. Tudo para dar mais credibilidade.
Estado - E o tal "bolchevismo sem utopia" cunhado por José Serra? Existe mesmo?
Gianotti - Sim, esse é o quarto ponto. Aí o Serra foi feliz quando usou a expressão "bolchevismo sem utopia", apontando para o aparelhamento do Estado. É a possibilidade de o partido levar seus políticos profissionais para o poder. Há nisso um desmonte da política social a longo prazo, com políticas que tenham resultados o mais rapidamente possível.
Estado - Dá para identificar esse aparelhamento do Estado pelo partido?
Gianotti - Sem dúvida. Os quadros do segundo escalão foram todos nomeados pela Casa Civil com critérios políticos: ou para satisfazer o partido ou para a campanha eleitoral. Ninguém poderia imaginar que agora ressuscitaríamos o programa do leite do (José) Sarney, que todos sabem ser um programa altamente clientelista.
Estado - Então há um retrocesso na área social?
Gianotti - No caso das políticas públicas, houve um retrocesso. Não vamos chegar a uma situação como a de João Goulart (presidente deposto pelo golpe militar, em 1964), porque o Estado brasileiro e a democracia são mais fortes. Mas podemos cometer uma série de erros no início de um governo que deveria ser de uma continuidade. Por enquanto, estamos vendo que a continuidade é muito mais nos erros do que nos acertos.
Estado - Mas a política econômica não é igual?
Gianotti - A política econômica é uma continuação da política de Pedro Malan, mas aquela disputa que já havia, que é aquela guinada para o desenvolvimentismo, uma política industrial, tudo isso foi sufocado. A política econômica atual é muito mais conservadora do que a política anterior. Não é que a política econômica seja igual. Ela está na mesma direção, mas com um rigor desnecessário. Dizer que essa política é herdeira da política do Fernando Henrique, a meu ver, é um engano.
Estado - O senhor não acha que a manutenção das políticas econômica e externa podem significar uma dissociação entre as políticas de Estado e de governo?
Giannotti - Só poderiam estar dissociadas se tivéssemos uma burocracia competente e independente, de tal forma que pudesse dar continuidade às políticas públicas. Acontece que, com o atual aparelhamento do segundo escalão, essa burocracia escolhida por critérios partidários jamais permitirá tal dissociação.
Estado - Todas as pesquisas mostram as pessoas mais otimistas em relação ao próximo ano. Qual sua expectativa?
Giannotti - Que haverá um crescimento de 3% a 4% acho que é previsível. O problema é saber que desenvolvimento estamos construindo, se ele é sustentável ou não, e que Estado estamos formando. Por enquanto, não temos nenhum indício de que esse crescimento possa ser sustentável. Há gargalos no setor elétrico, nos transportes e você tem a questão da educação, que é o reflexo de um ministro (Cristovam Buarque) que tem uma idéia a cada dia.
Quem era muito assim era o Darcy Ribeiro (ex-chefe da Casa Civil de João Goulart). O fim do provão, por exemplo, é outro retrocesso. Assim como a questão das cotas para negros ou minorias nas universidades. Sou favorável às ações afirmativas e ao sistema de bolsas para a população negra, mas que venham desde o primário, a fim de que esses alunos possam competir em pé de igualdade com os outros.
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/21/pol014.html
Estado - A expulsão dos radicais do PT demonstra que o sonho da esquerda acabou neste primeiro ano do governo Lula?
José Arthur Gianotti - Diria que o sonho desse pessoal já estava recheado de creme. A culpa não é minha se eles foram crédulos. É verdade que, no início do ano, eu também estava muito mais entusiasmado. Esperava que o governo acertasse mais, principalmente na área social. Eu também tinha sonhos, mas os meus já estavam fritos e bem passados.
Estado - O que os radicais não entenderam?
Gianotti - Primeiro, essa esquerda não tinha compreendido qual o intervalo em que a ação política pode ser feita no mundo capitalista dominado pelo capital financeiro. Não significa de modo nenhum que não se cometam nesses intervalos acertos e erros. Portanto, é calibrar a ação política nesses intervalos. Segundo, na medida em que o PT foi para o centro, nessa política do intervalo, para suprir a desconfiança com sua folha de serviços, o partido precisava jogar ao mar seus radicais, mostrar que é o escudeiro da nova ordem. Terceiro, como o PT era cristão-novo, precisava aplicar as políticas neoliberais de uma forma muito mais rigorosa do que o governo FHC aplicou e que certamente o (José) Serra aplicaria. Tudo para dar mais credibilidade.
Estado - E o tal "bolchevismo sem utopia" cunhado por José Serra? Existe mesmo?
Gianotti - Sim, esse é o quarto ponto. Aí o Serra foi feliz quando usou a expressão "bolchevismo sem utopia", apontando para o aparelhamento do Estado. É a possibilidade de o partido levar seus políticos profissionais para o poder. Há nisso um desmonte da política social a longo prazo, com políticas que tenham resultados o mais rapidamente possível.
Estado - Dá para identificar esse aparelhamento do Estado pelo partido?
Gianotti - Sem dúvida. Os quadros do segundo escalão foram todos nomeados pela Casa Civil com critérios políticos: ou para satisfazer o partido ou para a campanha eleitoral. Ninguém poderia imaginar que agora ressuscitaríamos o programa do leite do (José) Sarney, que todos sabem ser um programa altamente clientelista.
Estado - Então há um retrocesso na área social?
Gianotti - No caso das políticas públicas, houve um retrocesso. Não vamos chegar a uma situação como a de João Goulart (presidente deposto pelo golpe militar, em 1964), porque o Estado brasileiro e a democracia são mais fortes. Mas podemos cometer uma série de erros no início de um governo que deveria ser de uma continuidade. Por enquanto, estamos vendo que a continuidade é muito mais nos erros do que nos acertos.
Estado - Mas a política econômica não é igual?
Gianotti - A política econômica é uma continuação da política de Pedro Malan, mas aquela disputa que já havia, que é aquela guinada para o desenvolvimentismo, uma política industrial, tudo isso foi sufocado. A política econômica atual é muito mais conservadora do que a política anterior. Não é que a política econômica seja igual. Ela está na mesma direção, mas com um rigor desnecessário. Dizer que essa política é herdeira da política do Fernando Henrique, a meu ver, é um engano.
Estado - O senhor não acha que a manutenção das políticas econômica e externa podem significar uma dissociação entre as políticas de Estado e de governo?
Giannotti - Só poderiam estar dissociadas se tivéssemos uma burocracia competente e independente, de tal forma que pudesse dar continuidade às políticas públicas. Acontece que, com o atual aparelhamento do segundo escalão, essa burocracia escolhida por critérios partidários jamais permitirá tal dissociação.
Estado - Todas as pesquisas mostram as pessoas mais otimistas em relação ao próximo ano. Qual sua expectativa?
Giannotti - Que haverá um crescimento de 3% a 4% acho que é previsível. O problema é saber que desenvolvimento estamos construindo, se ele é sustentável ou não, e que Estado estamos formando. Por enquanto, não temos nenhum indício de que esse crescimento possa ser sustentável. Há gargalos no setor elétrico, nos transportes e você tem a questão da educação, que é o reflexo de um ministro (Cristovam Buarque) que tem uma idéia a cada dia.
Quem era muito assim era o Darcy Ribeiro (ex-chefe da Casa Civil de João Goulart). O fim do provão, por exemplo, é outro retrocesso. Assim como a questão das cotas para negros ou minorias nas universidades. Sou favorável às ações afirmativas e ao sistema de bolsas para a população negra, mas que venham desde o primário, a fim de que esses alunos possam competir em pé de igualdade com os outros.
sábado, dezembro 20, 2003
A FORMIGA E A CIGARRA : VERSAO PERIGO VERMELHO
Era uma vez uma formiga que trabalhava duro no sol escaldante do verão construindo sua casa e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava.
A Cigarra pensou: Que idiota! E passou o tempo dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca e assim consumiu o verão.
Ao chegar o inverno, a cigarra, tremendo de frio, convocou a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações: " Por que é permitido à formiga um inverno com uma toca aquecida e boa alimentação enquanto outros estão expostos ao frio e morrendo de fome?"
Jornal do Brasil, Estadão, Rede Globo,TV Gaúcha, SBT, BAND e outros comparecem e tiram fotos da Cigarra trêmula de frio e com sinais de subnutrição. Imagens dramáticas na televisão mostram uma Cigarra em condições deploráveis e logo adiante a formiga em sua toca confortável com uma mesa farta e variada. O programa Aqui e Agora apresentou um quadro de 15 minutos, mostrando uma Cigarra cambaleante.
O Brasil fica perplexo e chocado com o contraste. A BBC de Londres manda uma equipe ao Brasil para fazer uma reportagem especial a ser distribuída em rede na Europa. A CBS nos Estados Unidos interrompe uma entrevista coletiva do Rumsfeld sobre a guerra para mostrar uma entrevista com imagens que a cigarra concedeu ao correspondente no Brasil.
A CNN, que também apresentou a matéria, obteve um significativo aumento de audiência e decidiu mandar um correspondente ao Brasil para montar um vídeo sobre a miséria das cigarras brasileiras. A empresa preconiza um ano fiscal bastante generoso com a exploração desses dois eventos: a guerra e a tragédia das cigarras.
"Como pode isto acontecer num país com uma das maiores produções agrícolas do mundo e em cujas metrópoles circulam automóveis de luxo! Como permitem os ricos que a pobre cigarra sofra tanto?"
O Ratinho introduz a cigarra em seu programa e todos choram O João Pedro Stédile, um dos dirigentes do MST (Movimento dos Sem Toca) promove uma demonstração que paralisa o trânsito de São Paulo por quatro horas, O José Rainha Jr., outro dirigente, promove uma marcha dos Sem-Toca à Brasília, partindo de vários pontos conflagrados do país. São recebidos pelo presidente da República que comparece vestido de verde em homenagem a cigarra, símbolo dos Sem-Toca.
Entram em cena os oganismos multilaterais. O Banco Mundial elogiou o programa Folhas Mil recém lançado pelo governo para socorrer as cigarras do MSF (Movimento dos Sem Folha). Lula conclamou o G7 a criar um fundo especial para um programa Folhas Mil mundial. Afinal, toda cigarra tem o direito a três folhas verdes por dia. Simultaneamente, milhares de invasões de tocas são promovidas em todo território nacional. O presidente pede uma trégua, mas não é atendido.
Em entrevista no programa do Jô Soares, Miguel Rosseto brada que as formigas enriqueceram às custas das pobres cigarras e que estas são vítimas das políticas discriminatórias do FMI e do imperialismo americano e conclama o Congresso a aprovar legislação aumentando imediatamente a alíquota de impostos para as formigas.
Outra medida, apoiada pelo Senador Paulo Paim, estabelece um imposto de 20% sobre as grandes fortunas das formigas, retroativo ao início do verão, destinado a promover a cidadania das cigarras. Recebe apoio imediato de José Dirceu, com a ressalva de que os recursos devam ser divididos igualitariamente entre os programas prioritários do governo. Cogita- se de uma emenda constitucional que obrigue as comunidades a promover a integração social das cigarras.
A CNBB propõe a criação do Banco das Tocas. Cria-se o BCC - Banco Cooperativo das cigarras, sendo as formigas obrigadas a entregar ao BCC uma cota anual de folhas verdes para distribuição as cigarras despossuidas. A formiga é multada por não ter entregue sua cota de folhas verdes e, não tendo como pagar as taxas e multas, pede falência.
A Câmara Federal instala uma CPI para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas, suspeitando de que tenham desviados recursos pela FF5 (Folhas Frescas no. 5 do Banco Central) com a utilização de folheiras (formigas operadoras do mercado paralelo de folhas) e formigas laranjas estabelecidas em Foz do Iguaçu. Suspeita-se também do envolvimento da UDC (União Democrática das Carregadeiras) no esquema fraudulento.
A Cigarra decide invadir a toca da formiga e lá acampa. A formiga pede ajuda da polícia, que informou não dispor de efetivos para atender a ocorrências desta natureza e também por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confrontos com os sem-tocas. Entra na justiça para obter a reintegração de posse mas o juiz nega, invocando o direito alternativo e sentencia que a formiga não provou a produtividade da toca.
O Ministério da Reforma Agrária desapropria a toca da formiga por não cumprir sua função social e a entrega a friorenta e desnutrida cigarra.
A formiga tenta na justiça cobrar a indenização pela desapropriação. Em outra ação, tenta provar a produtividade de sua toca. O processo continua correndo. A empresa de advogados Lia Pires sucessores) oferece-se para representar a cigarra em processo de difamação e perdas e danos contra a formiga que é condenada em várias instâncias da Justiça, perdendo seu último e derradeiro recurso perante o Superior Tribunal Federal, integrado por magistrados nomeados por indicação de Sarney,Collor,Fernando Henrique, Lula. A agilidade da justiça neste rumoroso caso foi alvo de rasgados elogios. O Ministério da Justiça descobriu que a cigarra foi presa no passado por promover desordem nas ruas e conseguiu sua inclusão no grupo de perseguidos políticos com direito a indenização federal e pensão vitalícia.
A lenda termina com a cigarra consumindo os últimos restos de comida da antiga toca da formiga, que está caindo aos pedaços e ruindo por falta de manutenção. A cigarra acaba morrendo em um incidente relacionado com drogas e uma gangue de aranhas toma conta da toca e passa a aterrorizar a vizinhança antes tranqüila e pacífica.
A Cigarra pensou: Que idiota! E passou o tempo dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca e assim consumiu o verão.
Ao chegar o inverno, a cigarra, tremendo de frio, convocou a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações: " Por que é permitido à formiga um inverno com uma toca aquecida e boa alimentação enquanto outros estão expostos ao frio e morrendo de fome?"
Jornal do Brasil, Estadão, Rede Globo,TV Gaúcha, SBT, BAND e outros comparecem e tiram fotos da Cigarra trêmula de frio e com sinais de subnutrição. Imagens dramáticas na televisão mostram uma Cigarra em condições deploráveis e logo adiante a formiga em sua toca confortável com uma mesa farta e variada. O programa Aqui e Agora apresentou um quadro de 15 minutos, mostrando uma Cigarra cambaleante.
O Brasil fica perplexo e chocado com o contraste. A BBC de Londres manda uma equipe ao Brasil para fazer uma reportagem especial a ser distribuída em rede na Europa. A CBS nos Estados Unidos interrompe uma entrevista coletiva do Rumsfeld sobre a guerra para mostrar uma entrevista com imagens que a cigarra concedeu ao correspondente no Brasil.
A CNN, que também apresentou a matéria, obteve um significativo aumento de audiência e decidiu mandar um correspondente ao Brasil para montar um vídeo sobre a miséria das cigarras brasileiras. A empresa preconiza um ano fiscal bastante generoso com a exploração desses dois eventos: a guerra e a tragédia das cigarras.
"Como pode isto acontecer num país com uma das maiores produções agrícolas do mundo e em cujas metrópoles circulam automóveis de luxo! Como permitem os ricos que a pobre cigarra sofra tanto?"
O Ratinho introduz a cigarra em seu programa e todos choram O João Pedro Stédile, um dos dirigentes do MST (Movimento dos Sem Toca) promove uma demonstração que paralisa o trânsito de São Paulo por quatro horas, O José Rainha Jr., outro dirigente, promove uma marcha dos Sem-Toca à Brasília, partindo de vários pontos conflagrados do país. São recebidos pelo presidente da República que comparece vestido de verde em homenagem a cigarra, símbolo dos Sem-Toca.
Entram em cena os oganismos multilaterais. O Banco Mundial elogiou o programa Folhas Mil recém lançado pelo governo para socorrer as cigarras do MSF (Movimento dos Sem Folha). Lula conclamou o G7 a criar um fundo especial para um programa Folhas Mil mundial. Afinal, toda cigarra tem o direito a três folhas verdes por dia. Simultaneamente, milhares de invasões de tocas são promovidas em todo território nacional. O presidente pede uma trégua, mas não é atendido.
Em entrevista no programa do Jô Soares, Miguel Rosseto brada que as formigas enriqueceram às custas das pobres cigarras e que estas são vítimas das políticas discriminatórias do FMI e do imperialismo americano e conclama o Congresso a aprovar legislação aumentando imediatamente a alíquota de impostos para as formigas.
Outra medida, apoiada pelo Senador Paulo Paim, estabelece um imposto de 20% sobre as grandes fortunas das formigas, retroativo ao início do verão, destinado a promover a cidadania das cigarras. Recebe apoio imediato de José Dirceu, com a ressalva de que os recursos devam ser divididos igualitariamente entre os programas prioritários do governo. Cogita- se de uma emenda constitucional que obrigue as comunidades a promover a integração social das cigarras.
A CNBB propõe a criação do Banco das Tocas. Cria-se o BCC - Banco Cooperativo das cigarras, sendo as formigas obrigadas a entregar ao BCC uma cota anual de folhas verdes para distribuição as cigarras despossuidas. A formiga é multada por não ter entregue sua cota de folhas verdes e, não tendo como pagar as taxas e multas, pede falência.
A Câmara Federal instala uma CPI para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas, suspeitando de que tenham desviados recursos pela FF5 (Folhas Frescas no. 5 do Banco Central) com a utilização de folheiras (formigas operadoras do mercado paralelo de folhas) e formigas laranjas estabelecidas em Foz do Iguaçu. Suspeita-se também do envolvimento da UDC (União Democrática das Carregadeiras) no esquema fraudulento.
A Cigarra decide invadir a toca da formiga e lá acampa. A formiga pede ajuda da polícia, que informou não dispor de efetivos para atender a ocorrências desta natureza e também por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confrontos com os sem-tocas. Entra na justiça para obter a reintegração de posse mas o juiz nega, invocando o direito alternativo e sentencia que a formiga não provou a produtividade da toca.
O Ministério da Reforma Agrária desapropria a toca da formiga por não cumprir sua função social e a entrega a friorenta e desnutrida cigarra.
A formiga tenta na justiça cobrar a indenização pela desapropriação. Em outra ação, tenta provar a produtividade de sua toca. O processo continua correndo. A empresa de advogados Lia Pires sucessores) oferece-se para representar a cigarra em processo de difamação e perdas e danos contra a formiga que é condenada em várias instâncias da Justiça, perdendo seu último e derradeiro recurso perante o Superior Tribunal Federal, integrado por magistrados nomeados por indicação de Sarney,Collor,Fernando Henrique, Lula. A agilidade da justiça neste rumoroso caso foi alvo de rasgados elogios. O Ministério da Justiça descobriu que a cigarra foi presa no passado por promover desordem nas ruas e conseguiu sua inclusão no grupo de perseguidos políticos com direito a indenização federal e pensão vitalícia.
A lenda termina com a cigarra consumindo os últimos restos de comida da antiga toca da formiga, que está caindo aos pedaços e ruindo por falta de manutenção. A cigarra acaba morrendo em um incidente relacionado com drogas e uma gangue de aranhas toma conta da toca e passa a aterrorizar a vizinhança antes tranqüila e pacífica.
sexta-feira, dezembro 19, 2003
PT, ano 1 : prevaleceu o realismo em relacao às idéias de elaboração simplificada
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/19/pol020.html
Do pronunciamento na posse à exposição do balanço de resultados 11 meses depois, o presidente Luiz Inácio da Silva mudou muito.
E não foi aquela "mudança" de que falava no discurso inaugural, cheio de referências grandiloqüentes à vitória da esperança sobre o medo, ao "esgotamento do modelo", às ameaças "à soberania nacional" e à união dos entusiasmos disponíveis como solução para tirar o Brasil do "impasse".
A transformação assemelha-se à mudança referida no discurso de ontem, mais realista, com "sentido de humildade", marcada pelo relato das dificuldades e cheia de cautela nas alusões às melhorias para o futuro. Um balanço positivo, mas contido.
Nada de conceitos vagos e gastos como pacto social - destaque, na posse, como carro-chefe de um governo "sem personalismos" -, vontade política ou esse tipo de idéia de elaboração simplificada.
"Vamos acabar com a fome em nosso país" fez grande sucesso da eleição até a cerimônia de posse, onde chegou a ganhar uma comparação com a campanha pela criação da Petrobrás em meados do século passado.
Ontem, o Fome Zero já estava relacionado a comportadíssimos números e distante das adjetivações que davam ao discurso inaugural um certo caráter de reinvenção do Brasil.
A reforma agrária, no dia 1.º de janeiro, seria feita "nos milhões de hectares hoje disponíveis" para famílias e sementes "que brotarão viçosas com linhas de crédito, assistência técnica e científica". Mas ontem manteve-se restrita ao anteriormente anunciado plano de doação de terras para 530 mil famílias em quatro anos e recuperação dos assentamentos já existentes.
Tudo muito mais sóbrio que há 11 meses, quando o presidente recém-chegado falava em "obsessão" pela criação de empregos e prometia pôr o governo "a serviço" de uma política "vigorosa" de segurança pública.
Agora, diante da constatação da pesquisa Ibope de que esses dois temas são exatamente os que maior insatisfação popular despertam em relação ao desempenho do governo, soou bem adequada a explanação presidencial plena de relatos sobre sacrifícios e obstáculos.
Houve apenas um toque de disfarce na realidade quando, para explicar a situação do País no início do ano, Lula falou na "crise profunda" em que estava o Brasil, sem dizer que a situação econômica se deteriorou a partir da certeza da vitória do PT.
Do pronunciamento na posse à exposição do balanço de resultados 11 meses depois, o presidente Luiz Inácio da Silva mudou muito.
E não foi aquela "mudança" de que falava no discurso inaugural, cheio de referências grandiloqüentes à vitória da esperança sobre o medo, ao "esgotamento do modelo", às ameaças "à soberania nacional" e à união dos entusiasmos disponíveis como solução para tirar o Brasil do "impasse".
A transformação assemelha-se à mudança referida no discurso de ontem, mais realista, com "sentido de humildade", marcada pelo relato das dificuldades e cheia de cautela nas alusões às melhorias para o futuro. Um balanço positivo, mas contido.
Nada de conceitos vagos e gastos como pacto social - destaque, na posse, como carro-chefe de um governo "sem personalismos" -, vontade política ou esse tipo de idéia de elaboração simplificada.
"Vamos acabar com a fome em nosso país" fez grande sucesso da eleição até a cerimônia de posse, onde chegou a ganhar uma comparação com a campanha pela criação da Petrobrás em meados do século passado.
Ontem, o Fome Zero já estava relacionado a comportadíssimos números e distante das adjetivações que davam ao discurso inaugural um certo caráter de reinvenção do Brasil.
A reforma agrária, no dia 1.º de janeiro, seria feita "nos milhões de hectares hoje disponíveis" para famílias e sementes "que brotarão viçosas com linhas de crédito, assistência técnica e científica". Mas ontem manteve-se restrita ao anteriormente anunciado plano de doação de terras para 530 mil famílias em quatro anos e recuperação dos assentamentos já existentes.
Tudo muito mais sóbrio que há 11 meses, quando o presidente recém-chegado falava em "obsessão" pela criação de empregos e prometia pôr o governo "a serviço" de uma política "vigorosa" de segurança pública.
Agora, diante da constatação da pesquisa Ibope de que esses dois temas são exatamente os que maior insatisfação popular despertam em relação ao desempenho do governo, soou bem adequada a explanação presidencial plena de relatos sobre sacrifícios e obstáculos.
Houve apenas um toque de disfarce na realidade quando, para explicar a situação do País no início do ano, Lula falou na "crise profunda" em que estava o Brasil, sem dizer que a situação econômica se deteriorou a partir da certeza da vitória do PT.
2 EM REALIZAÇÃO, 10 EM PROPAGANDA
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/19/pol027.html
BRASÍLIA - Os líderes do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), e na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior (BA), afirmaram ontem que o primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi um fracasso. Segundo eles, Lula não cumpriu nenhuma das promessas de campanha e o único segmento que ganhou, em 2003, foi o sistema financeiro, que teve lucros extraordinários.
As declarações dos tucanos foram dadas quatro horas após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter feito um balanço positivo de seu primeiro ano de governo e falado mais uma vez sobre a "herança maldita" de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.
"Este ano carregamos o governo Lula no colo. Está na hora de desmamá-lo e não passar mais a mão na sua cabeça", reagiu Virgílio, ao argumentar que o apoio dos partidos de oposição é que permitiu a aprovação das reformas tributária e da Previdência. Ao reprovar o governo, dando nota 2, ele disse que o PSDB vai se empenhar em 2004 em fiscalizar a ética, "que é frouxa no governo Lula". Tanto Virgílio quanto Jutahy observaram que o governo só está preocupado em fazer "espetáculos" e com o marketing. "Em marketing a nota do governo é 10. Nós estamos diante de um espetáculo virtual. É um balanço do fracasso", disse Jutahy.
Números - Munidos de números, os tucanos apresentaram um balanço pessimista do primeiro ano de governo Lula.
Argumentaram que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil não cresceu, que desde janeiro 648 mil pessoas ficaram desempregadas nas seis principais regiões metropolitanas, que haverá um aumento de quase R$ 50 bilhões na carga tributária para 2004, que o Orçamento proposto para o ano que vem para a área social é 8% menor do que o executado no último ano do governo Fernando Henrique e que no Fome Zero só foram gastos até hoje R$ 506 milhões dos R$ 1,68 bilhão destinados.
Apresentaram ainda dados sobre segurança pública, apontando que os investimento no setor somam 14,5% do total previsto no Orçamento deste ano.
"Foi um ano perdido. Qualquer setor que faça uma avaliação verá que tivemos retrocesso ou estagnação. Nada melhorou na área do emprego, da renda, da segurança. Só quem ganhou foi o sistema financeiro, que teve um lucro extraordinário", afirmou Jutahy. "O presidente não cumpriu nenhuma de suas promessas. O País não cresceu e este ano se fez o maior arrocho."
BRASÍLIA - Os líderes do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), e na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior (BA), afirmaram ontem que o primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi um fracasso. Segundo eles, Lula não cumpriu nenhuma das promessas de campanha e o único segmento que ganhou, em 2003, foi o sistema financeiro, que teve lucros extraordinários.
As declarações dos tucanos foram dadas quatro horas após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter feito um balanço positivo de seu primeiro ano de governo e falado mais uma vez sobre a "herança maldita" de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.
"Este ano carregamos o governo Lula no colo. Está na hora de desmamá-lo e não passar mais a mão na sua cabeça", reagiu Virgílio, ao argumentar que o apoio dos partidos de oposição é que permitiu a aprovação das reformas tributária e da Previdência. Ao reprovar o governo, dando nota 2, ele disse que o PSDB vai se empenhar em 2004 em fiscalizar a ética, "que é frouxa no governo Lula". Tanto Virgílio quanto Jutahy observaram que o governo só está preocupado em fazer "espetáculos" e com o marketing. "Em marketing a nota do governo é 10. Nós estamos diante de um espetáculo virtual. É um balanço do fracasso", disse Jutahy.
Números - Munidos de números, os tucanos apresentaram um balanço pessimista do primeiro ano de governo Lula.
Argumentaram que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil não cresceu, que desde janeiro 648 mil pessoas ficaram desempregadas nas seis principais regiões metropolitanas, que haverá um aumento de quase R$ 50 bilhões na carga tributária para 2004, que o Orçamento proposto para o ano que vem para a área social é 8% menor do que o executado no último ano do governo Fernando Henrique e que no Fome Zero só foram gastos até hoje R$ 506 milhões dos R$ 1,68 bilhão destinados.
Apresentaram ainda dados sobre segurança pública, apontando que os investimento no setor somam 14,5% do total previsto no Orçamento deste ano.
"Foi um ano perdido. Qualquer setor que faça uma avaliação verá que tivemos retrocesso ou estagnação. Nada melhorou na área do emprego, da renda, da segurança. Só quem ganhou foi o sistema financeiro, que teve um lucro extraordinário", afirmou Jutahy. "O presidente não cumpriu nenhuma de suas promessas. O País não cresceu e este ano se fez o maior arrocho."
quarta-feira, dezembro 17, 2003
OLHA QUEM ESTA FALANDO EM CONTRADICAO !!!
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/17/eco047.html
Ministra critica ação de tucanos no STF contra uso de MP
Para Dilma, é uma contradição, pois governo anterior usou mais de 20 MPs no setor elétrico
(sic! hic! click! plunc! plaf! mloct! zupletche!)
Ministra critica ação de tucanos no STF contra uso de MP
Para Dilma, é uma contradição, pois governo anterior usou mais de 20 MPs no setor elétrico
(sic! hic! click! plunc! plaf! mloct! zupletche!)
1.º ano de Lula 'não é de ruptura, mas de continuidade'
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/17/pol029.html
GENEBRA - Num balanço inicial do primeiro ano de governo de seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que ainda não há propostas que dêem "bases novas" ao Estado. "Não foi uma ruptura. E fico contente, pois mostra que era o caminho", disse, referindo-se à sua gestão.
Fernando Henrique hoje é conselheiro da Organização das Nações Unidas (ONU) para a reforma das suas relações com atores não-governamentais.
GENEBRA - Num balanço inicial do primeiro ano de governo de seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que ainda não há propostas que dêem "bases novas" ao Estado. "Não foi uma ruptura. E fico contente, pois mostra que era o caminho", disse, referindo-se à sua gestão.
Fernando Henrique hoje é conselheiro da Organização das Nações Unidas (ONU) para a reforma das suas relações com atores não-governamentais.
domingo, dezembro 14, 2003
RADICAIS, ENFIM, LIVRES !
Ispirado pelo que viu nos países ditatoriais que visitou recentemente no oriente médio , a matilha lacaia expulsou aqueles que, até então, nunca tiveram qualquer denúncia de envolvimento com corrupção e sempre defenderam as bandeiras democráticas e solidárias do PT, que outrora arrastou multidões em prol da moralidade ; e deixa aqueles que, até então, estão atolados até o pescoço com denúncias recheadas de evidências por parte do ministério público, nunca defenderam a lisura pública e sempre arrastaram nacos do erário para seus bolsos.
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/77443.html
O deputado João Batista Araújo, o Babá (PA), pouco depois de ser desligado do PT, afirmou que a legenda "expulsa os trabalhadores e fica com Flamarion [Portela, governador de Roraima]", acusado de envolvimento em desvio de dinheiro público.
Babá, considera que o PT mudou "completamente" desde sua fundação e não cumpre as promessas feitas quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda era candidato.
"O governo Lula vem seguindo todo o receituário neoliberal. Lula cede aos banqueiros e confronta os trabalhadores", afirmou Babá
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/77443.html
O deputado João Batista Araújo, o Babá (PA), pouco depois de ser desligado do PT, afirmou que a legenda "expulsa os trabalhadores e fica com Flamarion [Portela, governador de Roraima]", acusado de envolvimento em desvio de dinheiro público.
Babá, considera que o PT mudou "completamente" desde sua fundação e não cumpre as promessas feitas quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda era candidato.
"O governo Lula vem seguindo todo o receituário neoliberal. Lula cede aos banqueiros e confronta os trabalhadores", afirmou Babá
sábado, dezembro 13, 2003
PRIMEIROS RESULTADOS DA VIAGEM DE LULA AO ORIENTE MEDIO
Apesar de Brasil e Siria defenderem os mesmos principios (http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2003/dez/04/27.htm)
Bush ameaça Síria com sanções econômicas
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2003/dez/13/25.htm
Washington - O presidente americano George W. Bush assinou uma decreto que prevê sanções econômicas à Síria. Argumenta-se que o país, recém visitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não tem feito o suficiente para barrar o terrorismo no Oriente Médio e serve de porto-seguro para grupos como os palestinos Jihad Islâmica e o Hamas.
Para evitar o embargo, Bush exige que a Síria encerre o apoio a grupos terroristas, a presença militar no Líbano e os supostos esforços em obter armas de destruição em massa e mísseis de longo alcance. Caso contrário, Washington optará por medidas como o veto às exportações americanas para a Síria, o congelamento de fundos sírios nos EUA, restrições a vôos sírios e limitação das relações diplomáticas.
Bush ameaça Síria com sanções econômicas
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2003/dez/13/25.htm
Washington - O presidente americano George W. Bush assinou uma decreto que prevê sanções econômicas à Síria. Argumenta-se que o país, recém visitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não tem feito o suficiente para barrar o terrorismo no Oriente Médio e serve de porto-seguro para grupos como os palestinos Jihad Islâmica e o Hamas.
Para evitar o embargo, Bush exige que a Síria encerre o apoio a grupos terroristas, a presença militar no Líbano e os supostos esforços em obter armas de destruição em massa e mísseis de longo alcance. Caso contrário, Washington optará por medidas como o veto às exportações americanas para a Síria, o congelamento de fundos sírios nos EUA, restrições a vôos sírios e limitação das relações diplomáticas.
quinta-feira, dezembro 11, 2003
QUE TAL UM TENENTE DE 92 ANOS VIRAR GENERAL ?
Sob pena de abrir uma crise institucional entre exército e executivo, o PERIGO VERMELHO mais uma vez avança no quesito propostas surreais e propõe promoção à general de brigada para um tenente petista de 92 anos, um dos fundadores do balaio de gato com forro vermelho e estrelinha amarela. Ao que tudo indica, as visitas às principais ditaduras do mundo (Cuba e Líbia) estão influenciando fortemente as decisões do atual (?) governo.
Exército prevê crise com promoção de Apolônio
Comando expediu nota para a tropa comunicando a impossibilidade de concessão do posto de general a petista expulso da corporação na era Vargas
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/11/pol020.html#
BRASÍLIA - Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atender ao pedido do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de promover o ex-tenente Apolônio de Carvalho ao posto de general-de-brigada, pode abrir "uma crise institucional", no entendimento de oficiais que fazem parte do Alto Comando do Exército. Na sexta-feira, a Comissão de Anistia concedeu a Apolônio, militante do PT, expulso do Exército pela ditadura Vargas, pensão vitalícia correspondente ao posto de general-de-brigada, além de indenização. A decisão rachou o governo.
Enquanto Thomaz Bastos pede a promoção de Apolônio, o ministro da Defesa, José Viegas, endossa a avaliação do Comando do Exército, que anteontem expediu comunicado para a tropa alegando que a promoção não é possível, pois desrespeita a Lei 5.821, de 1972. Na nota, o general Augusto Heleno, diz que Apolônio não atende às condições necessárias para ser promovido a general-de-brigada: a lei prevê que o presidente da República escolha o general a partir de lista tríplice formada por oficiais que cumpram requisitos como aptidão física e tempo mínimo de permanência no posto.
"O Exército tem regulamentos que têm de ser observados. Eu sei que o Exército não é favorável a essa promoção e eu também não sou", disse Viegas.
No Rio, o advogado de Apolônio, Paulo Henrique Fagundes, lembrou que o requerimento de anistia feito por Apolônio em 2002 refere-se apenas a "reparação econômica" e não fala em promoção. A recomendação de dar-lhe o posto de general-de-brigada foi feita pela comissão do Ministério de Justiça. A decisão final cabe ao presidente Lula.
Apolônio, de 92 anos, foi expulso do Exército quando era segundo-tenente, durante a ditadura Vargas. Ele lutou como voluntário na Guerra Civil Espanhola, participou da Resistência Francesa e militou contra o regime militar brasileiro até partir para o exílio, em 1970. De volta ao Brasil, recorreu à Lei de Anistia e obteve em 1991 o posto de coronel do Exército.
Segundo Fagundes, Apolônio já tem direito aos vencimentos de coronel, mas sem acréscimos, como tempo de serviço, e recebe pensão mensal de pouco menos de R$ 4 mil. A reivindicação à comissão era de que tivesse remuneração de general, com direito aos acréscimos, o que aumentaria a pensão para cerca de R$ 10 mil mensais.
O advogado citou a Lei de Anistia, segundo a qual não se pode exigir do anistiado nenhum critério subjetivo para galgar postos. "Se ele sofreu um ato de exceção, foi excluído das Forças Armadas, como agora pode-se exigir dele ter cursos, por exemplo?", questiona.
Exército prevê crise com promoção de Apolônio
Comando expediu nota para a tropa comunicando a impossibilidade de concessão do posto de general a petista expulso da corporação na era Vargas
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/11/pol020.html#
BRASÍLIA - Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atender ao pedido do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de promover o ex-tenente Apolônio de Carvalho ao posto de general-de-brigada, pode abrir "uma crise institucional", no entendimento de oficiais que fazem parte do Alto Comando do Exército. Na sexta-feira, a Comissão de Anistia concedeu a Apolônio, militante do PT, expulso do Exército pela ditadura Vargas, pensão vitalícia correspondente ao posto de general-de-brigada, além de indenização. A decisão rachou o governo.
Enquanto Thomaz Bastos pede a promoção de Apolônio, o ministro da Defesa, José Viegas, endossa a avaliação do Comando do Exército, que anteontem expediu comunicado para a tropa alegando que a promoção não é possível, pois desrespeita a Lei 5.821, de 1972. Na nota, o general Augusto Heleno, diz que Apolônio não atende às condições necessárias para ser promovido a general-de-brigada: a lei prevê que o presidente da República escolha o general a partir de lista tríplice formada por oficiais que cumpram requisitos como aptidão física e tempo mínimo de permanência no posto.
"O Exército tem regulamentos que têm de ser observados. Eu sei que o Exército não é favorável a essa promoção e eu também não sou", disse Viegas.
No Rio, o advogado de Apolônio, Paulo Henrique Fagundes, lembrou que o requerimento de anistia feito por Apolônio em 2002 refere-se apenas a "reparação econômica" e não fala em promoção. A recomendação de dar-lhe o posto de general-de-brigada foi feita pela comissão do Ministério de Justiça. A decisão final cabe ao presidente Lula.
Apolônio, de 92 anos, foi expulso do Exército quando era segundo-tenente, durante a ditadura Vargas. Ele lutou como voluntário na Guerra Civil Espanhola, participou da Resistência Francesa e militou contra o regime militar brasileiro até partir para o exílio, em 1970. De volta ao Brasil, recorreu à Lei de Anistia e obteve em 1991 o posto de coronel do Exército.
Segundo Fagundes, Apolônio já tem direito aos vencimentos de coronel, mas sem acréscimos, como tempo de serviço, e recebe pensão mensal de pouco menos de R$ 4 mil. A reivindicação à comissão era de que tivesse remuneração de general, com direito aos acréscimos, o que aumentaria a pensão para cerca de R$ 10 mil mensais.
O advogado citou a Lei de Anistia, segundo a qual não se pode exigir do anistiado nenhum critério subjetivo para galgar postos. "Se ele sofreu um ato de exceção, foi excluído das Forças Armadas, como agora pode-se exigir dele ter cursos, por exemplo?", questiona.
quarta-feira, dezembro 10, 2003
Líbia e Síria não são modelos de convivência coletiva
E fica no ar mais uma pergunta que nao quer calar : o que o Brasil ganha estreitando relações com as mais sangrentas ditaduras do planeta, quais sejam, Cuba, Siria e Líbia ?
Celso Lafer critica viagem de Lula ao Oriente Médio
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2003/dez/10/6.htm
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/10/pol024.html
Genebra - A gestão da política externa do governo Lula foi alvo nesta terça-feira de um dos mais duros ataques já feitos por um ex-membro do governo Fernando Henrique Cardoso. De passagem por Genebra, o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, conversou com jornalistas e não economizou críticas à viagem de Lula ao Oriente Médio, acusou o governo de estar "jogando para a torcida" e ainda alertou: "Se o governo Lula transpuser para a política externa sua visão sindicalista de operário versus patrão, acho que há o risco de complicar a vida. O cenário internacional é um pouco mais complexo, mais diversificado e mais pluralista que isso".
O ex-ministro concentrou suas críticas às visitas de Lula à Líbia e à Síria, países que em sua avaliação "não são modelos de convivência coletiva". Para ele, "essa visita, como foi montada, é no mínimo discutível. O que o Brasil ganha com uma visita presidencial a Líbia e a Síria?", perguntou, para acrescentar: "Eu não consigo identificar. Do ponto de vista econômico, é claro que temos que criar oportunidades. Mas para fazer isso não precisa de uma viagem presidencial, que tem um componente simbólico. Tem o ministro do Desenvolvimento, que faz isso há muito tempo. Fazer essa viagem no primeiro ano de governo, quando se está definindo seu campo, é um equívoco de prioridade. Se eu fosse o presidente iria primeiro à China e Índia".
Celso Lafer critica viagem de Lula ao Oriente Médio
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2003/dez/10/6.htm
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/10/pol024.html
Genebra - A gestão da política externa do governo Lula foi alvo nesta terça-feira de um dos mais duros ataques já feitos por um ex-membro do governo Fernando Henrique Cardoso. De passagem por Genebra, o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, conversou com jornalistas e não economizou críticas à viagem de Lula ao Oriente Médio, acusou o governo de estar "jogando para a torcida" e ainda alertou: "Se o governo Lula transpuser para a política externa sua visão sindicalista de operário versus patrão, acho que há o risco de complicar a vida. O cenário internacional é um pouco mais complexo, mais diversificado e mais pluralista que isso".
O ex-ministro concentrou suas críticas às visitas de Lula à Líbia e à Síria, países que em sua avaliação "não são modelos de convivência coletiva". Para ele, "essa visita, como foi montada, é no mínimo discutível. O que o Brasil ganha com uma visita presidencial a Líbia e a Síria?", perguntou, para acrescentar: "Eu não consigo identificar. Do ponto de vista econômico, é claro que temos que criar oportunidades. Mas para fazer isso não precisa de uma viagem presidencial, que tem um componente simbólico. Tem o ministro do Desenvolvimento, que faz isso há muito tempo. Fazer essa viagem no primeiro ano de governo, quando se está definindo seu campo, é um equívoco de prioridade. Se eu fosse o presidente iria primeiro à China e Índia".
sexta-feira, dezembro 05, 2003
Uma viagem inoportuna
http://txt.estado.com.br/editorias/03/12/05/editoriais001.html
O giro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por cinco países árabes só se explica pela compulsão de superar a diplomacia presidencial desenvolvida por Fernando Henrique Cardoso. "No passado", explica o professor Marco Aurélio Garcia, assessor internacional de Lula, "as viagens projetavam mais o presidente Fernando Henrique que o Brasil. Não estou dizendo que ele procurava isso, mas era o que acontecia. Com o presidente Lula é diferente. Busca-se a projeção do Brasil". Ora, o sucesso de Fernando Henrique nos foros internacionais devia-se à sua superior capacidade de análise dos problemas globais, às propostas sensatas e criativas que fez, visando à reconstrução da ordem mundial na era da globalização, e à habilidade de sustentar posições que atendiam aos interesses nacionais com altivez, mas sem afrontar desnecessariamente os países que tinham interesses divergentes dos brasileiros.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu um momento inoportuno para fazer o seu périplo árabe. Passará dez dias no exterior quando sua presença no Brasil era necessária nas negociações de importantes projetos que tramitam no Congresso, exigindo a interferência presidencial, principalmente as reformas tributária e da Previdência e o Orçamento. No Oriente Médio, visita países cuja principal preocupação, agora, é o recrudescimento da intifada, nos territórios ocupados por Israel, a estagnação do plano Mapa para a Paz e as reações causadas pela Iniciativa Árabe de Paz, que Jerusalém e Washington já rejeitaram, e a acirrada e cruenta resistência à ocupação do Iraque pelos Estados Unidos e seus aliados.
Sobre esses problemas, que estão na base da crise do Oriente Médio - que resiste há 50 anos a soluções e mediações propostas pelas grandes potências -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nada pode fazer. Não inova nem mesmo quando anuncia que o Brasil apoiará, na Assembléia-Geral das Nações Unidas, as resoluções que determinam a devolução, por Israel, das Colinas de Golan à Síria e os territórios ocupados da Cisjordânia para a formação do Estado palestino. Afinal, durante a ditadura militar o Brasil votou a favor da resolução que considerava o sionismo uma forma de racismo e há 30 anos, pelo menos, vem defendendo sistematicamente a aplicação da Resolução 242 da ONU.
Ainda do ponto de vista diplomático, a viagem de Lula envolve riscos. Ela começou pela Síria, que há anos está na lista dos países que patrocinam o terrorismo, é acusada de tentar violar os regimes de não-proliferação de armas químicas e biológicas e de mísseis de longo alcance, e recentemente permitiu que grupos de guerrilheiros árabes passassem para o Iraque, para atacar tropas americanas. A viagem inclui também uma passagem pela Líbia do coronel Kadafi, até recentemente o mais notório coiteiro e financiador de grupos terroristas do mundo - seus agentes foram condenados, recentemente, pela explosão de um avião sobre Lockerbie, que resultou na morte de mais de 300 pessoas. Não seria de estranhar, portanto, que a aproximação do Brasil com esses regimes provocasse reações negativas nos Estados Unidos, principalmente depois que Lula declarou, para demonstrar uma independência que não precisava ser provada, que "durante muito tempo o Brasil nem podia falar com a Líbia, porque os americanos não gostavam dos líbios".
Para neutralizar essa impressão, o chanceler Celso Amorim sentiu-se na obrigação de declarar que "O Brasil vem aqui para potencializar suas relações comerciais e os investimentos, não com o objetivo de se contrapor à política externa dos Estados Unidos". E o assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, reforçou: "É preciso abandonar essa idéia de que a política externa brasileira deve afrontar ou indicar aproximação com os Estados Unidos. Não damos sinais nem de subordinação nem de independência." Além disso, é visível o cuidado que os diplomatas brasileiros tomaram na redação do parágrafo do comunicado conjunto Brasil-Síria que se refere à crise do Oriente Médio.
Se politicamente a viagem é arriscada, do ponto de vista comercial ela oferece poucas perspectivas. Os acordos a serem assinados são, em geral, simbólicos, abordando temas culturais e de cooperação. De resto, não se pode esquecer que o maior negócio feito pelo Brasil na região, e que resultou na descoberta pela Petrobrás de um dos maiores campos petrolíferos do Iraque, acabou com a encampação de Majnoon por preço vil.
O giro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por cinco países árabes só se explica pela compulsão de superar a diplomacia presidencial desenvolvida por Fernando Henrique Cardoso. "No passado", explica o professor Marco Aurélio Garcia, assessor internacional de Lula, "as viagens projetavam mais o presidente Fernando Henrique que o Brasil. Não estou dizendo que ele procurava isso, mas era o que acontecia. Com o presidente Lula é diferente. Busca-se a projeção do Brasil". Ora, o sucesso de Fernando Henrique nos foros internacionais devia-se à sua superior capacidade de análise dos problemas globais, às propostas sensatas e criativas que fez, visando à reconstrução da ordem mundial na era da globalização, e à habilidade de sustentar posições que atendiam aos interesses nacionais com altivez, mas sem afrontar desnecessariamente os países que tinham interesses divergentes dos brasileiros.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu um momento inoportuno para fazer o seu périplo árabe. Passará dez dias no exterior quando sua presença no Brasil era necessária nas negociações de importantes projetos que tramitam no Congresso, exigindo a interferência presidencial, principalmente as reformas tributária e da Previdência e o Orçamento. No Oriente Médio, visita países cuja principal preocupação, agora, é o recrudescimento da intifada, nos territórios ocupados por Israel, a estagnação do plano Mapa para a Paz e as reações causadas pela Iniciativa Árabe de Paz, que Jerusalém e Washington já rejeitaram, e a acirrada e cruenta resistência à ocupação do Iraque pelos Estados Unidos e seus aliados.
Sobre esses problemas, que estão na base da crise do Oriente Médio - que resiste há 50 anos a soluções e mediações propostas pelas grandes potências -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nada pode fazer. Não inova nem mesmo quando anuncia que o Brasil apoiará, na Assembléia-Geral das Nações Unidas, as resoluções que determinam a devolução, por Israel, das Colinas de Golan à Síria e os territórios ocupados da Cisjordânia para a formação do Estado palestino. Afinal, durante a ditadura militar o Brasil votou a favor da resolução que considerava o sionismo uma forma de racismo e há 30 anos, pelo menos, vem defendendo sistematicamente a aplicação da Resolução 242 da ONU.
Ainda do ponto de vista diplomático, a viagem de Lula envolve riscos. Ela começou pela Síria, que há anos está na lista dos países que patrocinam o terrorismo, é acusada de tentar violar os regimes de não-proliferação de armas químicas e biológicas e de mísseis de longo alcance, e recentemente permitiu que grupos de guerrilheiros árabes passassem para o Iraque, para atacar tropas americanas. A viagem inclui também uma passagem pela Líbia do coronel Kadafi, até recentemente o mais notório coiteiro e financiador de grupos terroristas do mundo - seus agentes foram condenados, recentemente, pela explosão de um avião sobre Lockerbie, que resultou na morte de mais de 300 pessoas. Não seria de estranhar, portanto, que a aproximação do Brasil com esses regimes provocasse reações negativas nos Estados Unidos, principalmente depois que Lula declarou, para demonstrar uma independência que não precisava ser provada, que "durante muito tempo o Brasil nem podia falar com a Líbia, porque os americanos não gostavam dos líbios".
Para neutralizar essa impressão, o chanceler Celso Amorim sentiu-se na obrigação de declarar que "O Brasil vem aqui para potencializar suas relações comerciais e os investimentos, não com o objetivo de se contrapor à política externa dos Estados Unidos". E o assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, reforçou: "É preciso abandonar essa idéia de que a política externa brasileira deve afrontar ou indicar aproximação com os Estados Unidos. Não damos sinais nem de subordinação nem de independência." Além disso, é visível o cuidado que os diplomatas brasileiros tomaram na redação do parágrafo do comunicado conjunto Brasil-Síria que se refere à crise do Oriente Médio.
Se politicamente a viagem é arriscada, do ponto de vista comercial ela oferece poucas perspectivas. Os acordos a serem assinados são, em geral, simbólicos, abordando temas culturais e de cooperação. De resto, não se pode esquecer que o maior negócio feito pelo Brasil na região, e que resultou na descoberta pela Petrobrás de um dos maiores campos petrolíferos do Iraque, acabou com a encampação de Majnoon por preço vil.
JUDEUS REPROVAM BESTEIROL PETISTA
Houve inequivoco repúdio do governo de Israel aos comentários do lider supremo do PERIGO VERMELHO sobre os conflitos no oriente médio entre arabes e judeus. Ao meter o bedelho onde não foi chamado, os israelenses não fizeram por menos e, de diversas formas, mandaram Lula ir catar coquinho. Não sem razão, pois, apesar das posições questionáveis de Israel no oriente médio, elas não constituem elemento para elogiar ou não deixar de criticar as monarquias ditatoriais ou simplesmente ditaduras que vigoram nos países árabes. Na verdade, a distribuição de adjetivos está de acordo com o potencial comercial . Os arabes podem comprar mais do Brasil que os judeus. Há, também, uma tentativa de firmar posição na região, de apresentar uma alternativa aos EUA, angerando simpatia para o Brasil daqueles que são estruturalmente antipáticos aos gringos da gringolândia.
Site da BBC diz que Israel reprova Lula
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/75630.html
Com o título "Discurso de Lula é mal recebido em Israel", o site da BBC noticiou que os israelenses reprovaram o discurso que o presidente brasileiro fez na Síria na quarta-feira.
Ele afirmou que apóia a criação de um Estado palestino e que é "inaceitável" a ocupação israelense de territórios palestinos. Também defendeu a saída de Israel das colinas sírias do Golã.
À BBC, o embaixador israelense no Brasil, Daniel Gazit, falou "com irritação" sobre o discurso de Lula. Afirmou que Israel só está nas colinas do Golã "por causa dos ataques sírios diários que partiam da região antes de 1967".
No governo de Israel, a resposta foi mais diplomática. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, David Saranga, disse que "não há nenhum motivo de discórdia entre Israel e Brasil".
A BBC também ouviu Efraim Innbar, professor da Universidade Bar-Ilan: "Lula deveria vir a Israel, e não ficar passeando por países ditatoriais".
O repórter político do jornal "Haaretz" Aluf Benn foi ainda mais duro: "A verdade é que Israel não se importa com o que pensa o Brasil. Está longe de ser a nossa prioridade".
Site da BBC diz que Israel reprova Lula
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/75630.html
Com o título "Discurso de Lula é mal recebido em Israel", o site da BBC noticiou que os israelenses reprovaram o discurso que o presidente brasileiro fez na Síria na quarta-feira.
Ele afirmou que apóia a criação de um Estado palestino e que é "inaceitável" a ocupação israelense de territórios palestinos. Também defendeu a saída de Israel das colinas sírias do Golã.
À BBC, o embaixador israelense no Brasil, Daniel Gazit, falou "com irritação" sobre o discurso de Lula. Afirmou que Israel só está nas colinas do Golã "por causa dos ataques sírios diários que partiam da região antes de 1967".
No governo de Israel, a resposta foi mais diplomática. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, David Saranga, disse que "não há nenhum motivo de discórdia entre Israel e Brasil".
A BBC também ouviu Efraim Innbar, professor da Universidade Bar-Ilan: "Lula deveria vir a Israel, e não ficar passeando por países ditatoriais".
O repórter político do jornal "Haaretz" Aluf Benn foi ainda mais duro: "A verdade é que Israel não se importa com o que pensa o Brasil. Está longe de ser a nossa prioridade".
segunda-feira, dezembro 01, 2003
A FE NAO MUDA, ENGANA
CRENÇA PETISTA NEGA LADO VISTOSO DA HERANÇA MALDITA
CARLOS A. SARDENBERG
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/01/eco050.html
(...) o acontecimento da semana (passada) foi a mancada do líder do PT no Senado, Tião Viana, que atribuiu aos "apenas dez meses" do governo Lula um êxito penosa e parcialmente construído ao longo de anos pelo governo FHC.
O êxito é a forte redução do número de subnutridos no Brasil, de 18,6 milhões, em 1992, para 15,6 milhões em 2001, conforme relatório divulgado pela FAO, o órgão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Fernando Henrique Cardoso governou de 1.º de janeiro de 94 a 31 de dezembro de 2002, cobrindo portanto a maior parte do período em que se conseguiu aquela redução sem dúvida expressiva. Como a população nacional cresceu nesse período, mais 25 milhões de pessoas, a queda do número de subnutridos é ainda mais relevante em termos proporcionais.
A notícia saiu nos jornais de quarta-feira. A mancada do senador Tião Viana deu-se na quinta, quando ele, da tribuna, contestava a bateria de críticas da senadora Heloisa Helena. Para mostrar que o governo Lula seguia fiel a seus princípios e sabia fazer as coisas, anunciou a redução da fome em apenas dez meses de administração petista.
É claro que o senador não hava lido a notícia inteira. Talvez tivesse batido os olhos nos títulos ou talvez algum assessor apressado tenha dado a dica azarada. Paciência, acontece. O senador estava empenhado nas negociações para votar a reforma da Previdência - e isso dá um trabalho danado.
Ainda assim, é interessante notar: como é que Tião Viana nem sequer desconfiou? Um segundo de reflexão mostraria que: 1) nem um programa social que fosse um prodígio de eficiência e tivesse um caminhão de dinheiro poderia eliminar a fome de tantos milhões de pessoas em dez meses; 2) o Fome Zero não é uma coisa, nem tem a outra; 3) mesmo que tivesse conseguido tal milagre, não seria possível medir os resultados em tão curto espaço de tempo.
Ou seja, a conclusão de que o atual governo pudesse ter obtido um sucesso tão instantâneo não resiste ao menor raciocínio. Só uma fé inabalável poderia levar a tal conclusão - e tal equívoco. Fé no PT, em Lula, na vontade política, a crença infinita de que este governo divide a história brasileira entre o tempo dos traidores da pátria e tempo dos justos e bons.
Não é exagero. Outro dia, os jornais registraram o comentário de um líder petista que discutia se o governo Lula será "apenas um bom governo" ou uma efetiva mudança histórica. O comentário foi registrado "em off" - jargão dos jornalistas para indicar que o nome do autor não será dado, a seu pedido. E por quê? Talvez porque o autor não quisesse melindrar os colegas ao levantar a hipótese de que seu governo pode ser "apenas bom".
É isso. Os petistas, a começar do próprio presidente Lula, se ofendem com críticas e se irritam profundamente quando se diz que seu governo é igual a outros nisto e naquilo. Na verdade, é igual em muitas coisas, melhor em algumas, pior em outras, mas eles não admitem. Reparem a quantidade de vezes que Lula e seu pessoal dizem "pela primeira vez..."
Às vezes, parece coisa do Duda Mendonça - escolher uma tese, uma frase e martelar na mídia. Mas não é, ou não é apenas isso. O pessoal acredita mesmo que está fazendo uma nova história. Tanto acredita que Tião Viana não vacilou: estão vendo? Tiramos 3 milhões da fome em apenas dez meses!
Crenças à parte, não foram dez meses, foram dez anos, dos quais sete no governo FHC, que pode, assim, reivindicar a maior parte do mérito. Há aí duas ações específicas: o Plano Real, com a eliminação da inflação, que dá um ganho de renda imediato para os mais pobres; 2) os programas de transferência de renda (tipo Bolsa-Escola) e os programas sociais que, entre outros resultados importantes, colocaram mais crianças nas escolas, reduziram a mortalidade infantil e aumentaram a esperança de vida.
(...) De todo modo, todos os indicadores sociais melhoraram no período FHC - isso medido por organismos internacionais - e que resultaram na melhora do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em todos os anos. Repetindo: não são números secretos, mas registrados e avaliados por insuspeitos institutos no Brasil e no exterior.
E, entretanto, os petistas não enxergam isso. Nem sequer cogitam, tanto que a ficha, óbvia, não caiu para o senador Tião Viana. Não lhe passou pela cabeça que a "herança maldita" pudesse incluir resultado tão vistoso.
É melhor ter no governo homens de boa-fé do que um bando de espertalhões. Mas homens de fé cega - isso é problema.
Exemplo: foi por pura fé e nenhum exame dos números que o governo Lula resolveu inventar o Fome Zero, achando que estava criando o verdadeiro programa social. Perdeu tempo, dinheiro e energia nisso, até que abriu os olhos e fez o racional, o programa Bolsa Família, que simplesmente reúne todos os programas criados na era FHC e trata de aperfeiçoá-los e colocar lá mais dinheiro.
É positivo que se tenha operado a mudança, mas a confusão inicial pode ter causado prejuízos, na forma de atrasos na distribuição das bolsas. Não será surpresa se houver alguma piora dos indicadores sociais neste ano.
Também há um desmonte no Ministério da Educação - e os números mostram que houve êxitos evidentes no período do ministro Paulo Renato, como o aumento expressivo de número de crianças na escola, a entrega dos livros didáticos e a redução muito forte do analfabetismo (de 14,8% da população de mais de 10 anos em 1995, para 10,9% em em 2002). Também não será surpresa se houver dados negativos nesta área.
De outro lado, grande parte do PT despreza o modelo agropecuário, considerado concentrador e excludente. É verdade que Lula colocou na Agricultura um legítimo representante do moderno agribusiness, Roberto Rodrigues, mas ele está a todo momento sendo atacado e atrapalhado por setores diversos do PT.
Ou seja, o governo Lula não corre o risco de ser "apenas um bom governo", como acreditam os fiéis, mas pode, sim, ser um mau governo em vários quesitos.
E será mesmo uma ironia se o governo Lula, eleito em nome do social, contra o neoliberalismo, acabar por apresentar resultados melhores que FHC justamente na seara dita neoliberal (a reforma da Previdência mais ampla, as metas de inflação mais apertadas, o superávit primário maior) e piores no campo social. (com jah prvisto por este blog no subtitulo)
Para o pessoal perceber que a fé não muda a história, nem para frente, nem para trás.
CARLOS A. SARDENBERG
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/01/eco050.html
(...) o acontecimento da semana (passada) foi a mancada do líder do PT no Senado, Tião Viana, que atribuiu aos "apenas dez meses" do governo Lula um êxito penosa e parcialmente construído ao longo de anos pelo governo FHC.
O êxito é a forte redução do número de subnutridos no Brasil, de 18,6 milhões, em 1992, para 15,6 milhões em 2001, conforme relatório divulgado pela FAO, o órgão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Fernando Henrique Cardoso governou de 1.º de janeiro de 94 a 31 de dezembro de 2002, cobrindo portanto a maior parte do período em que se conseguiu aquela redução sem dúvida expressiva. Como a população nacional cresceu nesse período, mais 25 milhões de pessoas, a queda do número de subnutridos é ainda mais relevante em termos proporcionais.
A notícia saiu nos jornais de quarta-feira. A mancada do senador Tião Viana deu-se na quinta, quando ele, da tribuna, contestava a bateria de críticas da senadora Heloisa Helena. Para mostrar que o governo Lula seguia fiel a seus princípios e sabia fazer as coisas, anunciou a redução da fome em apenas dez meses de administração petista.
É claro que o senador não hava lido a notícia inteira. Talvez tivesse batido os olhos nos títulos ou talvez algum assessor apressado tenha dado a dica azarada. Paciência, acontece. O senador estava empenhado nas negociações para votar a reforma da Previdência - e isso dá um trabalho danado.
Ainda assim, é interessante notar: como é que Tião Viana nem sequer desconfiou? Um segundo de reflexão mostraria que: 1) nem um programa social que fosse um prodígio de eficiência e tivesse um caminhão de dinheiro poderia eliminar a fome de tantos milhões de pessoas em dez meses; 2) o Fome Zero não é uma coisa, nem tem a outra; 3) mesmo que tivesse conseguido tal milagre, não seria possível medir os resultados em tão curto espaço de tempo.
Ou seja, a conclusão de que o atual governo pudesse ter obtido um sucesso tão instantâneo não resiste ao menor raciocínio. Só uma fé inabalável poderia levar a tal conclusão - e tal equívoco. Fé no PT, em Lula, na vontade política, a crença infinita de que este governo divide a história brasileira entre o tempo dos traidores da pátria e tempo dos justos e bons.
Não é exagero. Outro dia, os jornais registraram o comentário de um líder petista que discutia se o governo Lula será "apenas um bom governo" ou uma efetiva mudança histórica. O comentário foi registrado "em off" - jargão dos jornalistas para indicar que o nome do autor não será dado, a seu pedido. E por quê? Talvez porque o autor não quisesse melindrar os colegas ao levantar a hipótese de que seu governo pode ser "apenas bom".
É isso. Os petistas, a começar do próprio presidente Lula, se ofendem com críticas e se irritam profundamente quando se diz que seu governo é igual a outros nisto e naquilo. Na verdade, é igual em muitas coisas, melhor em algumas, pior em outras, mas eles não admitem. Reparem a quantidade de vezes que Lula e seu pessoal dizem "pela primeira vez..."
Às vezes, parece coisa do Duda Mendonça - escolher uma tese, uma frase e martelar na mídia. Mas não é, ou não é apenas isso. O pessoal acredita mesmo que está fazendo uma nova história. Tanto acredita que Tião Viana não vacilou: estão vendo? Tiramos 3 milhões da fome em apenas dez meses!
Crenças à parte, não foram dez meses, foram dez anos, dos quais sete no governo FHC, que pode, assim, reivindicar a maior parte do mérito. Há aí duas ações específicas: o Plano Real, com a eliminação da inflação, que dá um ganho de renda imediato para os mais pobres; 2) os programas de transferência de renda (tipo Bolsa-Escola) e os programas sociais que, entre outros resultados importantes, colocaram mais crianças nas escolas, reduziram a mortalidade infantil e aumentaram a esperança de vida.
(...) De todo modo, todos os indicadores sociais melhoraram no período FHC - isso medido por organismos internacionais - e que resultaram na melhora do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em todos os anos. Repetindo: não são números secretos, mas registrados e avaliados por insuspeitos institutos no Brasil e no exterior.
E, entretanto, os petistas não enxergam isso. Nem sequer cogitam, tanto que a ficha, óbvia, não caiu para o senador Tião Viana. Não lhe passou pela cabeça que a "herança maldita" pudesse incluir resultado tão vistoso.
É melhor ter no governo homens de boa-fé do que um bando de espertalhões. Mas homens de fé cega - isso é problema.
Exemplo: foi por pura fé e nenhum exame dos números que o governo Lula resolveu inventar o Fome Zero, achando que estava criando o verdadeiro programa social. Perdeu tempo, dinheiro e energia nisso, até que abriu os olhos e fez o racional, o programa Bolsa Família, que simplesmente reúne todos os programas criados na era FHC e trata de aperfeiçoá-los e colocar lá mais dinheiro.
É positivo que se tenha operado a mudança, mas a confusão inicial pode ter causado prejuízos, na forma de atrasos na distribuição das bolsas. Não será surpresa se houver alguma piora dos indicadores sociais neste ano.
Também há um desmonte no Ministério da Educação - e os números mostram que houve êxitos evidentes no período do ministro Paulo Renato, como o aumento expressivo de número de crianças na escola, a entrega dos livros didáticos e a redução muito forte do analfabetismo (de 14,8% da população de mais de 10 anos em 1995, para 10,9% em em 2002). Também não será surpresa se houver dados negativos nesta área.
De outro lado, grande parte do PT despreza o modelo agropecuário, considerado concentrador e excludente. É verdade que Lula colocou na Agricultura um legítimo representante do moderno agribusiness, Roberto Rodrigues, mas ele está a todo momento sendo atacado e atrapalhado por setores diversos do PT.
Ou seja, o governo Lula não corre o risco de ser "apenas um bom governo", como acreditam os fiéis, mas pode, sim, ser um mau governo em vários quesitos.
E será mesmo uma ironia se o governo Lula, eleito em nome do social, contra o neoliberalismo, acabar por apresentar resultados melhores que FHC justamente na seara dita neoliberal (a reforma da Previdência mais ampla, as metas de inflação mais apertadas, o superávit primário maior) e piores no campo social. (com jah prvisto por este blog no subtitulo)
Para o pessoal perceber que a fé não muda a história, nem para frente, nem para trás.